Quando o incidente em Porti chegou ao fim, Lubella e Weig retornaram ao quartel-general dos Karuwiman. Atuando como sede por muito tempo, o Grande Templo, Yuras, parecia estar sempre cercado pelas bênçãos de Karuna.
— Quanto tempo faz que não venho pra esse lugar lindo!
Também era a casa de Lubella. Após passar por tantos problemas, ela entrou no lugar que nem uma criança que se alegrava ao ver sua casa depois de uma longa viagem. Weig a deixou desfrutar de seu retorno e das emoções. Merecia, depois de ter passado por tanta coisa.
Ambos subiram uma escada branca e entraram no local. Sacerdotes e Cavaleiros Sagrados os cumprimentaram, e os dois retribuíram as saudações. Queriam se reportar ao papa de imediato, mas quando souberam que ele estava em uma reunião com um casal de sumos sacerdotes, mudaram de ideia.
— Quanto tempo vai demorar?
— Não acho que muito. É uma reunião periódica e terminará no horário normal.
— Posso ir ao pátio um pouco então?
— Existe uma razão para não ir? Eu a acompanharei, senhorita.
Ela riu ao ver o guarda-costas estendendo a mão sarcasticamente. Aí, imitou uma aristocrática e aceitou a mão.
Foram a um jardim isolado no templo. Não era grande e não havia muitas pessoas. Tinha flores coloridas plantadas no chão de aparência simples. A única coisa diferente na área era uma pequena fonte no meio.
No entanto, Lubella gostava dali. Desde jovem, sempre que estava triste, esse lugar acalmava o seu coração; guardava muitas memórias importantes.
— Minha nossa, quem é?
Contudo, uma pessoa sujava este florindo cheio de memórias. Ela soltou um suspirou e Weig apertou os olhos.
— Quanto tempo, Lubella.
— Sim… Já faz um tempo, Windne. — A cumprimentou, mas surpreendentemente, um traço de desagrado invadira a voz. Algo chocante, considerando a personalidade dela.
— Quanto tempo mesmo, senhorita Lubella e senhor Weig. — O homem de meia-idade atrás de Windne os saudou junto. Usava um uniforme branco e uma espada no quadril, para que qualquer um pudesse dizer que era um Cavaleiro Sagrado.
— É, como é bom revê-lo, senhor Dyner.
Winstin Dyner era um Cavaleiro encarregado de uma candidata da mesma forma que Weig.
— Digo o mesmo, senhor Weig.
Chelsea Windne. Ela era a outra candidata que rivalizava com Lubella à posição. Entretanto, Weig não achava que fosse uma concorrente viável.
“Tanto seu coração quanto as habilidades são vulgares.”
Mesmo com títulos violentos como “assassino” ou “exterminador” ligados a ele, ele era um devoto crente à religião. Era apenas severo e cruel aos malfeitores, e o caráter era de uma boa pessoa. Assim, era raro descrever alguém próximo com um insulto; não alteraria o julgamento, porém.
“Os critérios para ser candidata a Santa Karuwiman atingiram um novo patamar” pensou na incapacidade de ela se candidatar.
— Ei, ouvi dizer que você passou por muita coisa desta vez.
O esperado: Windne agiu preocupada, mas tanto Lubella quanto Weig sabiam que ela não poderia estar mais feliz ao ouvir do sufoco da outra.
— Deve ter sido muito difícil. Ouvi dizer que você andava por aí como uma sem-teto, é verdade?
— Sim.
— Uau, incrível. Se fosse eu, teria me matado em vez de passar por algo traumático do tipo. Isso que é perseverança.
— Acha mesmo?
— Sim. E mais do que isso, ouvi dizer que você estava envolvido em um esquema dos Bellid. É verdade? Não ligo tanto, mas eu me preocupo com o que os outros podem pensar. “De que forma uma candidata a santa cairia nos esquemas dos Bellids?”.
— Agradeço por se preocupar comigo. — Lubella continuou a responder suave, o que fez Windne se irritar mais, erguendo as sobrancelhas.
— Mas você realmente não ponderou sobre? Mesmo que esses Bellids se escondam muito bem, se você é uma Karuwiman, não deveria ser capaz de perceber a essência disso pelo menos, né? — Então, de repente fez uma cara surpresa — Minha nossa! Peço perdão. Não quis dizer que foi culpa sua, só estou preocupada. Você me entende, não? — E olhou para Weig — Eu também quero me desculpar com você. Se alguém com más intenções me ouvisse, teriam pensado que eu estava insultando vocês dois.
“Mas esse é o seu objetivo.” Weig a olhou triste.
Windne era como uma massa amassada de ego com um complexo de inferioridade, então antagonizava a rival, a mais próxima de ser uma santa. Sempre que a encontrava, a destruía com falas fingindo estar preocupada.
“Quanta ousadia!”
Weig não podia cortá-la ao meio que nem fazia com os Bellid, já que ela era da Igreja. Não havia muitos que tratavam o maior Cavaleiro Sagrado assim.
“Bem, eu também sou um objeto de ressentimento.”
Muitos pensavam que Lubella estava mais próxima de ser uma santa não apenas por causa de suas habilidades e caráter, mas porque Weig voluntariamente se ofereceu para ser seu guarda-costas.
“Então, ela deve tê-lo escolhido para ser seu Cavaleiro Sagrado.”
A avaliação dele sobre Winstin era simples: o capacho dela.
“E eu sou o objeto de ciúmes dele.”
Era ridículo ver alguém muito mais jovem e sem experiência do que Weig agir com tanta inveja. De certa forma, Dyner era pior que Windne.
“Eles realmente combinam.”
Normalmente, Lubella não seria capaz de responder uma palavra. Foi a natureza delicada dela que frustrou Weig. Windne era a preocupação que havia confessado a Zich como sendo a principal fonte de seu estresse. Desse modo, o Cavaleiro normalmente teria intervindo e dito a eles para parar. Daí, Dyner interviria, e uma pequena comoção eclodiria. Mas desta vez, Weig cruzou os braços e ficou parado.
— Sim, com certeza. Como eu poderia pensar que você disse isso para me insultar?
Windne ficou surpresa ao ver Lubella responder quando sempre a ouvia em silêncio antes. No entanto, Lubella ainda não havia terminado.
— Se você tivesse a intenção de me insultar, qualquer um que assistisse pensaria isso. — Lubella continuou calmamente — Eles diriam que você está com ciúmes de mim, que está mais perto de se tornar a santa.
O rosto de Windne ficou rígido. Dyner tinha sido cauteloso com o comportamento tranquilo de Weig, e olhou para Lubella surpreso.
— Mas você não é tão vulgar para sentir satisfação por derrubar os outros assim, certo? Como alguém que sofre de um complexo de inferioridade. Ouvi dizer que há pessoas assim mesmo em Karuwiman. Essas pessoas derrubam outras enquanto agem como se não estivessem fazendo nada de errado. Fico triste em saber que há pessoas em Karuwiman que fazem coisas que eu só esperaria que um Bellid fizesse.
Windne ficou vermelha; enquanto Lubella continuava, mais sangue subiu ao seu rosto. Parecia que explodiria a qualquer momento, mas a rival não parou.
— Mas você não é assim, certo, Windne? Você não é alguém que insulta outras pessoas enquanto age de outra forma. Estou muito grata por ter uma amiga como você.
“Isso está além de todas as minhas expectativas.”
Isso era completamente diferente de como ela costumava agir. Por causa de tudo o que Lubella passou recentemente, Weig pensou que ela responderia bem à situação, mas ele não sabia que ela poderia falar assim.
O efeito foi notável. O som da respiração pesada de Windne soou em seus arredores, e ela parecia não saber o que fazer consigo mesma com raiva.
Windne olhou para Lubella. Antes, Lubella teria ficado com medo, mas para sua surpresa, não sentiu nada. Comparado aos olhares venenosos de Sude e as maldições assassinas de Grotim, não era nada.
— Sim. Obrigada por pensar isso.
Windne enfim abriu a boca, o tom seco sugerindo os verdadeiros sentimentos. O saco de pancadas dela, que sempre abaixava a cabeça com as palavras simplesmente não existia mais. A mente dela estava rancorosa, e queria fazer qualquer coisa para estragar a reputação Lubella.
— A propósito, sinto que você mudou um pouco. Aprendeu algo nessa viagem? Se sim, pode me ensinar? — Windne sorriu maliciosamente — Acho que você aprendeu enquanto observava seus Cavaleiros Sagrados morrerem. Em seu sacrifício, você deve ter aprendido algo valioso de verdade, certo? — Fingiu estar impressionada.
Weig agarrou seu punho. Ela até trouxe os Cavaleiros mortos ao assunto, o que passou dos limites, surpreendendo até Dyner. Weig não conseguiu ficar em silêncio e abriu a boca prestes a dizer algo, quando…
Slap!
Um som limpo que parecia limpar o coração de Weig.
— Sua…! — Windne se enfureceu enquanto agarrava as bochechas avermelhadas. Todavia, Lubella não estava com medo e olhou frio para ela.
— O que você…!
Dyner queria descontar em Lubella, mas um braço bloqueou seu caminho.
— Não mexa um músculo. — Era Weig.
— Você disse pra eu não me mexer? Como você poderia dizer isso, vendo…!
— Uma discussão entre as candidatas a santas deve ser resolvida entre elas. Não era isso que você sempre me dizia?
Dyner cerrou os dentes observando Weig, porém não importava o que fizesse, pois não era menos que uma formiga em comparação a Weig. E enquanto esses dois se confrontavam, as outras duas faziam o mesmo.
Swish!
Windne tentou revidar, mas Lubella a agarrou.
— Eiih! Me solta! — Tentou libertar as mãos, mas não estava sendo fácil. Ao contrário de Lubella, que treinou persistentemente seu físico, ela não fez nenhum treinamento.
— Peça desculpas.
— Quê?
— Peça desculpas àqueles que morreram. — Sua voz severa mostrou como estava furiosa.
— Para de fazer piadinhas! Por que eu faria tal…!
Slap!
Um som refrescante soou mais uma vez.
— Sua…!
A outra bochecha desta vez. Ela não esperava outro tapa.
— Eles não são alguém que podem ser insultados. Eu desisto. Eu sou a tola que espera um pedido de desculpas de você. — Lubella a insultou. Além da ação violenta, fez com que as pessoas se surpreendessem pela segunda vez — Weig, vamos embora. Não existe motivo para gastarmos nosso precioso tempo com pessoas que nem essas. — Soltou o aperto e virou as costas.
Windne gritou logo atrás:
— S-sua coisa! Você acha que eu não vou fazer nada?
— O que você vai fazer? —bufou: —Vai contar a todos o que aconteceu aqui? Inclusive o fato de que insultou os falecidos?
Windne fechou a boca. Lubella não respondeu como de costume, então ela tagarelou o que pôde; até ela sabia que cruzou a linha com o comentário e estava ciente da definitiva reação das pessoas se soubessem da briga.
— Ou você vai fofocar nas minhas costas? Você não conhece a minha imagem? Cá entre nós, em quem você acha que as pessoas acreditarão? Ainda assim, não vou impedi-la se você quiser. Posso pegar tudo o que aconteceu no passado. Como sou tímida, lembro de tudo dito por ti.
Windne não disse mais nada. Se realmente lutavam pela verdade, que nem Lubella disse, sabia que não tinha chance de ganhar. Estava por trás da rival em fé, status, habilidades e tudo mais.
— Acho que você não tem mais nada a dizer. — Lubella se virou rápido o suficiente para fazer um “swish!” e desapareceu. Weig a seguiu, os ombros esticados em orgulho. Os únicos que restavam no jardim eram almas lamentáveis tremendo e indignados.
TOMA CACHORRA, ENGOLE O OSSO QUE DÓI MENOS!
Gostei da evolução da Lubella, ela parece captar facilmente o ambiente ao redor e aprender com isso, de fato marece ser uma santa!