Sam estava curado por completo graças às poções. Era o resultado de usar não apenas uma, mas três. No entanto, não recuperou a consciência de imediato, e levaria pelo menos um ou mais dias para retomá-la.
Após enviá-lo com segurança de volta para a sua casa, Zich se inclinou na frente da Caça-Monstros e esperou alguém óbvio.
Paul saiu do prédio algumas vezes e disse:
— Ei, honestamente, não queremos nos envolver neste conflito. Como Sam já melhorou, os seguranças também não aplicarão punição severa a Drew.
Para os altos funcionários, a vítima era apenas um mineiro. Além disso, não foi um conflito de dentro da cidade, então não havia razão para segurança resolverem tudo.
— Se você causar uma cena aqui e prejudicar este prédio, seria problemático para nós. Esta é uma instituição nacional importante.
Este edifício era mais importante do que a vida de um mineiro. Não foi um desenvolvimento surpreendente, uma vez que a vida era barata neste mundo, e Zich também sabia disso e não sentiu a necessidade de reclamar.
— Não se preocupe, sem danos.
— Além disso, seria bem ruim para nós se matasse Drew. Ele era um dos aventureiros que contratamos, afinal.
— É claro. Você pode não acreditar, mas não vou partir à violência extrema. Não quero matar alguém tão… assim. Não se preocupe muito. — Para apoiar as declarações, sorriu.
— Eu não me sinto tranquilo com esse sorriso, de verdade. — Se encolheu e deu um passo para trás — De qualquer forma, apenas não nos envolva.
Essa foi a principal razão para o incômodo dele: não queria se envolver em um caso perigoso e complicado. Zich também não culpou ou insultou a atitude de autopreservação.
— Claro.
Embora Paul tenha dito tudo o que queria, voltou, Zich prestes a perguntar se precisava de mais alguma coisa.
— Você está confiante de que pode vencê-lo? Nossa equipe o recrutou em especial. Mesmo entre os mercenários, ele é muito habilidoso. Se atacá-lo com habilidades medíocres, você é o único que vai levar uma surra.
Zich piscou e o observou, parecendo estar vendo uma espécie nova e estranha pela primeira vez.
— Por que está me olhando assim?
— Ah, é que… É…. sim, eu acho que você pode pensar assim. Você disse algo que eu não esperava, então fiquei um pouco surpreso.
— De verdade, você tá com probleminha na cabeça? Não passou pela sua mente que poderia perder?
Assentiu, e foi a vez de Paul de se surpreender. A confiança dele estava acima do teto.
“Não, pensando bem, Drew também é superarrogante. Todos os aventureiros ou viajantes são que nem eles?”
A casa e a carreira de Paul pareciam muito preciosas para ele. Não importa o que acontecesse, resolveu manter-se neutro pelo resto da sua vida.
Era comum exterminar monstros vários dias seguidos. Dessa forma, Zich planejou esperar no edifício por vários dias; não muito. Drew apareceu um dia depois do incidente.
Naquele dia, Paul ficou surpreso ao ver Zich ainda de pé em frente à entrada e logo entrou no prédio. Daí, à tarde, Hans providenciou uma refeição simples para o mestre comer. Depois de comê-la, voltou à posição de estátua.
Agora era quase pôr do sol. As sombras estavam ficando maiores e o céu azul estava amarelando. Zich, os olhos semicerrados, os abriu quando sentiu uma presença perto, uma que queria ver e muito.
“Ele está aqui.”
Saiu da pose desajeitada e despreparada. Depois de alguns momentos, avistou alguém caminhando em direção ao prédio.
Drew.
Os passos eram leves; ele não mostrava nenhum sinal de culpa por suas ações hediondas e até exalava um ar descontraído, como se estivesse revigorado depois de ter tirado uma sujeira entre os dentes. Mesmo sem olhar para Zich, tentou entrar no prédio.
— Parou.
— Hã? — Enrugou o rosto. Mas quando viu quem o deteve, soltou um sorriso zombeteiro. — Cara, quem é tu? Não é o amiguinho daquele merda que demorou para derrotar um troll fraquinho?
Foi rápido nos insultos — o esperado —, e a expressão de Zich não mudou.
— Eu te disse que ele acabou de começar seu treinamento, mas foda-se. Na verdade, você não está realmente doente da cabeça? Não admira que não se lembre do que te disse. Sinto muito por isso. Eu deveria ter sido mais atencioso com sua estupidez. — Era uma visão milagrosa vê-lo se desculpar, contudo, aquilo estava longe de ser adequado — Não seja tão duro consigo mesmo! Não é pecado ficar doente. Mesmo que fosse muito difícil viver assim, tem que ser positivo. Entende o que estou dizendo? Se anime!
Conforme falava, a expressão de Drew piorou. Quando Zich acenou com os punhos para “animá-lo”, o seu rosto parecia querer explodir.
— Achei que aquela fosse a última vez que nos encontraríamos, mas tenho que te foder agora. Também seria uma boa ideia cortar fora essa linguinha. — Puxou a espada, e Zich fez o mesmo.
— Isso é um dilema! Eu não quero brigar com um fugitivo de hospício! — Riu. Um segundo depois, ficou sério — Eu só quero ter certeza de uma coisa… foi você que deu uma surra no Sam?
— Sam?
— Você sabe, aquele cara que veio reclamar contigo depois que largou o menino.
— Ah, o bosta? — Não negou. Em vez disso, o insultou rindo — Não é de admirar que estivesse esperando por mim. Veio vingar aquele lixo?
— Por ora. Ele é meu amigo.
— Amigo…? — Riu alto — O esperado de alguém que sai com um fracote! Você faz amizade com perdedores. Não, não, isso é perfeito. Vocês dois são perfeitos um para o outro! Que incrível! Devem rolar na lama juntos! Não vai ficar tudo melhor com um amigo? Não acha?
— O que tu tem, em? É do tipinho que julga as habilidades dos outros com base no nível da panelinha?
— Pessoas parecidas geralmente andam juntas! Posso dizer o quão forte é pela companhia que mantém!
— Tu tá completamente errado. Bem, acho que não é algo que alguém da tua laia saberia. — Estalou a língua — Escuta aqui, resto de aborto do cacete: medíocres que nem você fazem amizade com gente igual para que possam fazer conexões úteis. Têm amigos com base no status social ou força. Mas você sabe, somos diferentes um do outro; não me importo com o social ou o nível do meu amigo. Quer saber o porquê? Touché, é porque sou um supergênio que não precisa da ajuda de ninguém. Não preciso me importar com estúpidos e merdinhas que me julgam pela companhia que tenho. Por que eu deveria me importar com isso? Só quero sair com quem me divirto. — Apontou a lâmina para ele — Não que alguém como você conheça. Você só sabe como usar seus amigos para se levantar.
— Tá falando muito!
— Normalmente, as pessoas dizem algo assim quando são incapazes de entender as minhas profundas palavras aristotélicas. Mas se tu não ganha de mim nem no papinho, e o resto?
Drew cerrou os dentes.
— Se está tão confiante nas habilidades, tente mostrá-las para mim!
Tap!
Começou a se mover. Abaixou o corpo e se moveu em direção a Zich. Era um movimento simples, mas ele inteiro estava cercado de mana, então tinha uma tremenda quantidade de força.
Bam!
Parou rápido na frente do oponente, a sujeira abaixo fazendo um som alto de algo rachando na sua parada repentina. As suas articulações rangeram com a imensa força dos movimentos, força esta que foi transferida à lâmina.
“Não estou planejando matá-lo, mas vou cortar um dos braços dele!” Zombou.
Se não estivessem no meio de uma rua movimentada, teria cortado o pescoço de Zich há muito tempo. Esse era o castigo a alguém que o insultava.
“Se ele morrer de perda de sangue, não será minha culpa.”
Teria misericórdia e cortaria apenas um dos seus braços, e se morresse, não seria culpa dele. Pensou honestamente que estava sendo misericordioso movendo a espada em direção ao ombro de Zich. Mesmo que estivesse agora muito perto de cortar um dos seus ombros, não esboçou reação alguma.
Era só conversa mesmo.
“É tarde demais para reagir agora.” Imbuiu mana na espada, tornando-a forte o suficiente para cortar um braço feito carne.
Tang!
— Hã?
O golpe foi interrompido.
“Ele acabou de parar a minha espada?”
Com apenas o polegar, Zich parou a lateral da espada. Drew nem conseguia ver os movimentos à frente, e era ainda mais perturbador que o golpe de mana fora parado.
“Que porra é essa?”
Não podia acreditar no que estava acontecendo. A situação parecia irreal, e viu quase que na terceira pessoa o corpo girar.
Peteco!
Ergueu o queixo; de repente, pôde ver o céu e se sentiu flutuando. Do início ao fim, foi incapaz de entender a realidade.
“O quê? O que tá acontecendo?”
Mesmo que tenha experimentado todos os tipos de coisas, nunca sentira nada do tipo. Porém um indício de suspeita surgiu na mente.
Não podia acreditar.
“Eu tô apanhando?”
Era difícil de acreditar, mas agora, a vida real o pressionava com força.
Bam!
— Arghhh! — Rolou muitas vezes no chão. Não teve tempo nem para amortecer a força da queda e estava completamente dolorido. Além disso, a bochecha esquerda queimou.
Spit!
Cuspiu duas substâncias brancas no chão: os seus dentes. Cuspiu mais sangue e botou uma mão na bochecha. Nesse curto período de tempo, elas incharam até um grande tamanho.
— O que tá aconte… — O som saiu que nem um assobio pelos buracos faltando na boca.
— E aí? Não é emocionante? — Riu e apertou o punho que usou para batê-lo — Levanta logo, adotado da porra. Eu nem teria começado se fosse terminar com um soco.
Drew se logo se levantou. Se ficasse no chão, seria atacado sem poder se defender.
— Qui tik de trapsaquisa essi cala tacat usadu?! — gritou. A pronúncia fez as sérias palavras parecerem engraçadas.
— Trapaça? Tá maluco, porra? Confirmado, você tá com a síndrome do lambimía…
— Lambi?
— Sim, lambe minha rola.
Sem ser capaz de resistir adequadamente, foi espancado por completo. Zich estava acima dele, entretanto a sua personalidade arrogante não aceitava isso.
— Nunca pensou que perderia porque só bate gente mais fraca que tu, né? Vou mudar essa tua mentalidade. Ô, doente, a realidade é que este mundo está cheio de pessoas muito mais fortes do que você. Você não precisa me pagar por esta lição, é de grátis, viu!
Ao contrário de antes, foi agora o primeiro a atacar. A espada ia reta como um cavalo selvagem.
Drew tentou bloqueá-lo.
Plaft!
— Argh!
Zich não usou nenhuma técnica ou movimento especial e sequer se moveu rápido, apenas usou força bruta, o suficiente para fazer Drew soltar um grito de dor.
Plaft! Plaft!
A sua lâmina caiu feito um trovão. Mesmo que parecesse que a empunhava sem pensar, foi precisa nas quaisquer lacunas na defesa de Drew. Ele se afastou frenético e tentou bloquear os ataques de Zich. As suas mãos pareciam que se separariam depois de tanto bloquear os constantes ataques, mas se perdesse o foco por um segundo, sua espada teria caído das mãos.
— Abertura aqui.
Tut!
Chutou o tornozelo dele.
— Ugh!
Quando estava prestes a mudar o centro de gravidade, o inimigo preparou outro ataque. Perdeu o senso de equilíbrio e vacilou. Zich usou isso a seu favor, usando os joelhos para golpeá-lo.
Slam!
— Urgh!
Os joelhos pousaram diretamente no plexo celíaco dele, no meio do abdômen. Era uma área sensível, e Drew não conseguia respirar. Mas não foi a única coisa recebida.
Quebrar!
Um som ameaçador soou do seu coração, e uma dor terrível veio a inundar o corpo.
Crash!
Não rolou no chão como da última vez; foi esmagado que nem lixo.
— Ugh! … Caralh…! — Apertou o peito e gritou de dor sem conseguir respirar.
“Hmmm, pelo meu julgamento, acho que duas costelas estão quebradas.”
Tinha muita experiência no assunto de quebrar o osso alheio. De certa forma, pode ter mais nisso do que no preparo de refeições. Apenas olhando, podia dizer o quão graves eram os ferimentos.
— Puita que me paraiu! — Usou a espada de cajado para se levantar. Era difícil suportar toda a dor que estava passando.
— O gato comeu a sua língua? Não tem que continuar xingando um merda que nem eu? Ora, você é um aventureiro incrível que pode até caçar um troll adulto. — Zombou, mas Drew não estava em condições de responder — Não é divertido agora que está quieto. — Balançou a lâmina e se aproximou, os movimentos parecidos com um gato brincando com a captura —A propósito, as suas habilidades são uma droga. Pensei que tu poderia ter algumas, já que era tão arrogante, mas está muito abaixo das minhas expectativas. Se meu oponente é tão fraco, não há graça em esmagá-lo.
Drew não respondeu. Mal podia respirar e ficar de pé enquanto apoiava todo o corpo em sua espada.
— Bem, que seja. Eu também não esperava que isso fosse uma competição séria. — Parou bem à sua frente — Apenas seja destruído assim.
— Eu não vou desistir! — Pôde levantar a cabeça. O conceito de desistir era inexistente em sua expressão. Raiva assassina, teimosia e dor estavam todas entrelaçadas no rosto.
— Diew! — Estendeu a mão gritando. Mana se movia de uma forma estranha em torno da mão, e um som parecido com o grito de um pássaro soou.
“Ele caiu na minha armadilha!”
Era a arma secreta do Drew. Sendo expostos a todos os tipos de perigo, era comum que aventureiros preparassem algum tipo de arma escondida para usar quando a sua vida estivesse em perigo. A dele era um artefato que encontrou em uma masmorra e salvou a sua vida muitas vezes antes. Com ele, pensou que deixaria Zich de joelhos, como ficou várias vezes nesta luta. Até que…
Viu que não havia um único arranhão no corpo de Zich.
— O-o quê!? —murmurou alto, dolorido. Zich moveu o polegar e o dedo médio, mostrando uma pequena flecha entre os dedos.
— Eu posso prever o que caras como você fariam. Achou mesmo que um ataque oculto funcionaria contra mim?
Ele baixou a guarda para atrair o ataque de Drew. Era uma tática usada com frequência antes de regredir, e também a fizera contra Zenard.
“Só que eu estava realmente pra morrer naquele tempo.”
De qualquer forma, fingir morrer ou que um ataque não funcionou não funcionava contra Zich.
“Mas tenho certeza de que funcionou muito bem para ele várias vezes.”
Apenas ao ver o rosto dele chocado, percebeu que ele não entendia por que o plano falhou. Porém não tinha vontade de conta-lo por que falhou e concentrou toda a atenção na pequena flecha na mão. Ela era cerca de um terço menor do que uma flecha comum, mas a velocidade e a nitidez a tornavam muito adequada para um ataque oculto.
— Hickk! — Drew conseguiu voltar à realidade e puxou o braço de novo, e Zich chutou de leve ele.
Whish!
Outra flecha voou sobre a sua cabeça. O chutou no peito, e quando ele estava no chão, pisou em seus braços.
— Aghhhhh! —gritou de dor por ter caído e tremeu quando Zich pressionou seu braço.
— É um artefato? — Abriu a manga de Drew com o pé. Entre o pulso dele e o meio do braço, havia uma pulseira fina.
“Parece um artefato que armazena pequenas flechas e deixa uma sair sempre que você quiser.” Olhou para ela. “Tem até veneno nisso.”
Na ponta verde, havia uma pequena quantidade de mana saindo. Ele era conhecedor de ferramentas como essa porque muitos tipos diferentes de pessoas haviam tentado assassiná-lo na vida passada.
“Q-que tipo de cara é esse…!”
Foi então que Drew enfim percebeu que havia implicado com a pessoa errada impossível de derrotar com o seu nível atual de força.
— O que você vai fazer agora que sua arma secreta foi descoberta? Há alguns caras supercautelosos que preparam duas ou três armas escondidas, mas você não parece ser desse tipo. Significa que você está completamente indefeso agora?
— Agh! — Empunhou a espada por instinto, mas não estava em posição de incutir força nela. Além disso, a dor no peito o impediu de fazer um ataque adequado.
Tap!
Zich agarrou a espada com as próprias mãos, a fazendo parecer uma das flechas.
— Ah! —gritou, vendo que a sua última tentativa era completamente inútil contra a força de Zich.
Whish!
Zich pegou a espada de Drew e a jogou para o lado.
— Tem mais? — Instou Drew a continuar lutando. Comparado com a postura descontraída e despreocupada dele, os olhos do caído estavam se afogando na escuridão — Acho que acabou tudo.
Arrancou todos os dentes e garras de sua presa. A única coisa que restava para fazer era acabar com sua vida e desmontar o corpo.
Começou a se mover.
— M-me poupe! — Começou a implorar por sua vida, nenhum vestígio de sua antiga arrogância podendo ser encontrado.
— Não se preocupe, não o matarei. — Riu.
Para o choque de Drew, o rosto de Zich naquele momento era semelhante a um santo tranquilizando seu paciente. Era tão pacífico e macio que até Drew foi tendo esperança, para ser quebrada logo depois:
— Vou voltar exatamente para você o que fez com Sam. O que quer dizer com “poupar sua vida”? Eu não vou fazer uma coisa tão horrível como matar você.
Thud!
Pressionou os pés no peito de Drew e exerceu pressão sobre. Ele gritou de dor, mas Zich não se moveu nem um centímetro.
— Por que não começamos com quatro costelas quebradas?
Os clamores pedindo por ajuda não pararam na frente do prédio por muito tempo.
E ele tomou um cacete, final feliz. 🥰