Os assassinos que carregavam Snoc seguiram adiante. Não tinham mais uma atitude despreocupada, pois Zich os pressionou, e continuaram à direção do destino: a mina de Iruce. Então, usando as cordas preparadas com antecedência, escalaram sem dificuldades as paredes do lugar.
— O resto de vocês fica aqui. Não deixem ninguém entrar. Se o oponente for muito forte, sacrifiquem as suas vidas para eu ter mais tempo. — O líder disse e se virou.
Assentiram e entregaram o menino a ele, antes de sair e adentrar a mina, enquanto os outros se escondiam nas sombras e esperavam a vinda dos invasores.
O interior era escuro feito piche e nem mesmo um feixe da luz lunar passava. Porém o não hesitou nos passos; passou por vários caminhos com facilidade e alcançou a área que fora selada por rochas enormes devido a um prévio colapso.
Largou que nem lixo Snoc. Incapaz de julgar a situação em que estava, o garoto se encolheu e colocou a mão nas costas, dolorido.
— Urgh! — Gritou e abriu os olhos — I-isso é…
Mesmo que houvesse apenas escuridão, sabia onde estava; sentia esse tipo de atmosfera abafada e sombria todos os dias.
“Uma das minas? Por que estou aqui? Fui comer, daí olhei pra janela e…!” Um arrepio percorreu as costas ao recordar das mãos o agarrando. “Fui sequestrado?”
Logo levantou. Felizmente, não sentia tanta dor e não estava amarrado. Verificou a si mesmo para se certificar da sua situação atual e sentiu algo cair.
Koo.
Ouviu um pequeno barulho, o que o alegrou.
— Nowem!
Era em definitivo o novo mascote. Conseguiu encontra-lo rápido quando procurou.
Koo. Koo.
O bicho começou a esfregar o rosto nas mãos de Snoc e foi abraçado forte, livrando parte do nervosismo do menino.
Flash!
De repente, uma luz brilhou na frente de Snoc, fazendo-o cobrir os olhos. Conforme se acostumou um pouco, abaixou as mãos devagar. Uma luz nebulosa flutuou à frente ao lado de alguém, o que o aterrorizou.
O homem estava coberto de um manto preto da cabeça aos pés. Era uma das figuras não identificadas que o sequestraram.
— Senhor, você acordou. — Ao contrário das ações vigorosas, falou com uma voz gentil. Mas não tranquilizou nem um pouco o ouvinte. Em vez disso, sentiu os instintos aguçarem a voz.
— Q-quem é você?
— Ah, eu não me apresentei. Eu gostaria que nos conhecêssemos enquanto tomamos chá perfumado em uma atmosfera mais relaxada, mas estamos com um pouco de pressa. — Estendeu a mão.
Lembrando-se dos eventos que aconteceram há pouco, sem querer se encolheu e fechou os olhos. Porém não era para ele que a mão estava estendida.
Pega!
Koooooo!
Nowem soltou um barulho de raiva. E com o grito, abriu bem os olhos e viu a toupeira sendo agarrada forte. Ela segurou as suas roupas com os dentes e resistiu para não se separar dele. Snoc não sabia de onde encontrou coragem, mas se moveu assim que ouviu os gritos.
Pá! Pá!
Segurou Nowem com uma mão e socou o homem usando a outra.
— Solta ela! Solta!
Contudo os braços do homem não saíram um centímetro. Ao invés disso, segurou o pescoço do garoto com a mão livre e o ergueu.
— Ugh! — Sentiu como se estivesse sendo enforcado em uma execução.
“Isso é interessante. Fui informado de que ele era tímido e sensível. Deve ter algum tipo de relacionamento especial com a toupeira.”
Estalo!
— Argh! — Enfim soltou Nowem à medida que a pressão no pescoço aumentava.
Ela soltou um grito quando foi jogada longe e Snoc caiu em cima de uma pilha de pedras.
Brukk!
— Gah!
Foi deixado imobilizado. Após alguns momentos, mal pôde levantar e olhou ao redor.
“Esse lugar é tão…”
Pedras colapsadas bloqueavam a entrada. Naquele momento, soube a localização exata do lugar.
“É o poço desabado!” Virou e colocou uma mão sobre de uma pilha de pedras. Então, direcionou a atenção à área em frente a ele.
— O que está fazendo? O que tem aí na sua frente?
Se encolheu às palavras do homem, não porque ficou ainda mais assustado, e sim porque a voz parecia saber o motivo de ele observar o que quer que fosse. Incapaz de esconder o choque em seu rosto, olhou para o encapuzado.
— Você me olha de um jeito que faz até parecer que está perguntando como eu sabia. Não tem nada de especial nisso. Parece muito triste e desesperador olhar pro túmulo do próprio pai.
Snoc tinha certeza de que, se pudesse ver o rosto do outro agora, seria uma feição fazendo graça.
— Ah, pensando nisso, não foram dois que morreram no desabamento aqui? Ser um minerador é duro. Ambos tinham dois filhos pequenos. Não tenho certeza se foram capazes de morrer em paz.
— Cala a porra da boca! — Xingou, zangado ao ponto de não ter mais medo.
— Oh, meu Deus, que assustador! Peço desculpas. Não é certo insultar os pais dos outros. Para compensar meu erro, vou revelar algumas informações para você.
— Informações?
Sabia que o que dizia não era muito confiável. Não tinha como um sequestrador dizer algo útil. Em primeiro lugar, parecia mais uma piada de mau gosto. Entretanto não pôde deixar de animar seus ouvidos, pois era sobre o seu pai que falavam.
— “O antigo estava com raiva, e como uma maré sobre nós pairava um desastre de verdade nunca visto pela nossa humanidade”…
— Essa música…
— Conhece, né? A música sobre um monstro mineiro dormindo nas profundezas das minas. Pessoas como você acham que ela é apenas sobre um mito e foi feita para impedir que crianças entrassem aqui; isso é uma verdade, porém, e não uma história. O tal “monstro” é real.
As pálpebras de Snoc tremeram.
— Tá vendo aquilo ali? — O homem apontou para uma pilha de pedras.
Quando o menino viu o que era, notou algo estranho. De relance, a rocha no topo parecia uma qualquer, porém com uma observação mais atenta, parecia ter sido feita pelo homem.
— É uma pedra seladora. Ela está trancando o monstro mineiro. Seu pai estava por aqui e por acidente tocou nela e soltou o monstro! — Soava que nem uma professora lecionando pelo dinheiro — A partir daí, ocorreu um terremoto. Obviamente, o maior impacto aconteceu aqui, onde estava a pedra. E essa foi a razão pela qual esta área desabou e enterrou seu pai.
Snoc começou a recordar do que aconteceu por volta dessa época: uma súbita vibração, e uma comoção a seguiu depois. As pessoas ao redor correram a um riacho e muitos funcionários tentaram entender o que aconteceu. Mas, acima de tudo, as imagens de sua mãe abraçando-o com força e chorando perplexa eram mais vívidas em suas memórias.
— Você está ficando com raiva, certo? Ira! É o monstro que matou seu pai e, por excesso de trabalho, sua mãe, além de ser a razão pela qual você odeia trabalhar como mineiro!
Lembranças foram inundando a sua mente, o que o fez cerrar os dentes com uma raiva enorme pelo monstro.
— Não tem problema em ficar com raiva! Você tem o direito de ficar! Não é este o monstro que levou toda a sua família?! — falou mais alto, irritando Snoc por conta do eco na caverna — Bem, vamos dar um julgamento legítimo a esse desgraçado odioso! Vamos mostrar sua raiva a esse desgraçado sem vergonha que vive descuidadamente mesmo após tudo o que fez!
Swish.
Mexeu as mãos com algo nelas: Nowem, o corpo inteiro se inclinando cansado depois de resistir tanto. Também parecia estar cheio de medo.
— Por que você não faz as honras? Machuque-o! Você tem todo o direito de fazer isso!
— P-por que eu faria isso? O que N-Nowem tem a ver com…
A raiva desapareceu e frio tomou o lugar, fazendo-o tremer com a verdade na frente dele. Mas o homem era cruel; não, estava gostando disso tudo, e continuou:
— Este é o inimigo da sua vida! Foi ele quem causou o colapso desta área e matou seu pai! O verdadeiro monstro!
Os olhos de Snoc arregalaram.
— A besta mágica da Terra. Você o chamou de Nowem? Não acredito que ele teve a audácia de se aproximar de você e fingir ser sua família. Ele realmente tem uma personalidade maligna. Tenho certeza de que ele estava rindo de você o tempo todo!
Koo! Koo!
Nowem gritou como se estivesse protestando contra as palavras; sem respostas de nenhum dos presentes.
— Faça justiça. Por que está hesitando? Não foi ele quem matou seu pai? Você realmente vai ignorar a morte de seu pai por algo que acabou de conhecer? — Riu, se divertindo observando o garoto tremer.
Zich parou na frente da mina. Por causa dos três que o atacaram, havia um pouco de distância entre ele e o restantes. Todavia as excelentes habilidades de detecção dele não o deixou perder de vista aonde estavam indo.
Por que entraram na mina agora? Além disso, por que sequestraram um mineiro? Tinha muitas perguntas para fazer a eles.
“Acho que preciso cuidar desses rebeldezinhos primeiro.” Abaixou os braços, a ponta da espada quase alcançando o chão.
Afrouxou todo o corpo e caminhou. A postura estava cheia de lacunas. Era o movimento de alguém que não tinha escrúpulos em ser atacado. Quando estava prestes a entrar lá, figuras escondidas na escuridão começaram a se mover.
Swish!
Enfiou a lâmina em uma delas. O movimento foi tão natural que o assassino não teve tempo para reagir e morreu sem ser capaz de revidar.
— Argh!
Assim como a ausência de luz ao apagar uma vela, um assassino apareceu da escuridão antes de morrer com as mãos no pescoço numa tentativa de estancar o sangue.
Os assassinos foram descobertos. Logo quando perceberam isso, partiram para cima; foram facilmente cortados feito carne, entretanto.
Splash!
Tirou o sangue da espada a balançando e deixou as pilhas de cadáveres para trás.
“É, parece a entrada para o inferno.”
O local parecia ameaçador durante a noite, como se um zumbi fosse aparecer a qualquer momento e tentar matá-lo.
“Se eu contar o número de assassinos que matei, parece que só resta um.”
Ainda não matou o líder, então devia estar lá dentro à companhia de Snoc.
“Vou encontrar ele logo e pegar umas respostas.”
Deveria ter mais informações. A segurança de Snoc fora para a parte mais esquecida da mente da Zich. Óbvio, queria salvá-lo, mas estava mais curioso sobre os planos dos assassinos.
E sentiu algo de repente.
— Hmm? — Parou e olhou para o chão.
“Cara, nem fodendo. É a porra do…”
Uma ameaça sob os seus pés.