The Runesmith – Capítulo 47

Um jovem alto de cerca de 1,83 de altura estava de pé ao lado de uma grande bigorna. Estava vestindo uma camisa de algodão e tinha um grande e grosso avental de ferreiro por cima. A camisa era bem folgada o que permitia um maior fluxo de ar e assim melhor ventilação. Ainda assim, havia um pouco de suor se formando em sua testa. 

Sua constituição não era muito volumosa, mas você podia ver alguns sulcos em seus braços e peito. Parecia que o corpo do jovem não tivera a chance de construir músculos suficientes para acompanhar seu surto de crescimento. 

O jovem estava em uma oficina de ferreiro e tinha uma peça chata de aço na mão. Já estava aquecida e vermelha depois que ele a tirou de sua forja. Este era obviamente o material em que estava trabalhando, o colocou na bigorna e começou a desferir duros golpes de martelo nele. 

O pedaço de aço começou a tomar forma lentamente. Os golpes foram entregues de forma consistente em todo o comprimento com alta precisão. Sua mão não tremia e ele nunca errava o local correto. De vez em quando via-se suas mãos parando e um brilho etéreo enchendo seus olhos. Que logo após retomava o processo de martelar. 

O pedaço de metal anteriormente angular começou a ficar reto. Houve muitas idas e vindas neste processo de forjamento. O pedaço de metal precisava ser reaquecido várias vezes e martelado na forma correta de uma lâmina. Logo percebeu-se que o jovem ferreiro estava fazendo uma longa arma de lâmina. 

Não havia mais nada, apenas golpes consistentes de martelo eram suficientes para colocar o pedaço de metal na forma de espada. Uma extremidade era pontiaguda enquanto a outra foi deixada menor para a alça e a proteção cruzada. Essa ponta era chamada de espiga e ele precisava torná-la mais fina na ponta para encaixar no pomo. 

Antes que a guarda cruzada e o pomo fossem feitos, a espada de aparência áspera precisava de muito trabalho. Todo o pedaço de metal precisava ser lixado e afiado com a máxima perfeição antes do próximo processo. 

Não havia ferramentas elétricas neste mundo, mas o jovem tinha algo semelhante. Isso permitiu que ele tornasse o processo de polimento e retificação mais rápidos, a um custo pequeno. Terminada essa tarefa, iniciou-se o martelamento de um pedaço de aço que seria a guarda cruzada. 

A forma que foi martelada parecia cruciforme

em uma ligeira curva que iria para fora do punho da espada. O jovem ferreiro fez um buraco no meio que seria usado para prender a guarda na lâmina. Ele se certificou de testar primeiro se ele se encaixava antes de continuar com o martelar para que tomasse a forma desejada.  

Depois que a lâmina e a guarda cruzada estavam prontos, restava apenas o pomo. Ele seria colocado abaixo da alça e teria uma forma circular. Feito isso, restaria apenas o processo de normalização do aço. Forjar cria tensões e normalizar alivia essas tensões. 

Depois de concluir esse processo, ele só precisava anexar todas as peças e polir tudo com perfeição. 

Sem brocas neste mundo, as espadas eram mantidas no lugar por uma certa técnica que era chamada de “peening”.

Isso era feito martelando a parte do aço que estava saindo através do pomo oco. Graças a isso o punho da espada não escorregaria mais e tudo ficaria bem e apertado. 

Se ele conseguisse criar uma broca, poderia simplesmente prender o punho redondo da espada apenas parafusando-o no lugar. 

Depois de algum tempo, o jovem ficou com um produto funcional. Ele olhou para ela enquanto balançava a cabeça, mas isso ainda não tinha acabado. Pegou outro martelo do lado, este parecia diferente do resto e tinha um estranho padrão rúnico no lado da face. 

O processo de criação de runas havia começado. 

 O jovem martelava, desta vez com muito menos força. Os golpes eram lentos e precisos e cada vez que pousava uma parte de uma runa era formada. Esse processo levou quase tanto tempo quanto todo o forjamento. O jovem tinha alguns acessórios ajudando-o a gerenciar sua mana, então acelerou um pouco as coisas. Ainda assim, ele levou uma semana para fazer essa espada. Isso já foi uma grande melhoria, considerando que estava criando um tipo especial de runa. 

Um Roland mais velho olhou para as estatísticas de sua criação. E ficou um pouco desanimado por só conseguir fazer uma espada de aço de classificação intermediária. Embora sua criação de runas tivesse decolado e ele agora fosse capaz de produzir as runas de nível mais alto do nível menor. 

Este era o culminar do último ano e meio de trabalho. Uma arma com uma inscrição de runa dupla. Ele conseguiu pegar as duas runas populares de corte de mana e impulso de mana e combiná-las em uma estrutura de feitiço intercambiável. 

O truque para usar esse tipo de arma estava no controle da mana do usuário. Levaria algum tempo para aprender, mas com o tempo uma pessoa seria capaz de alternar entre as duas habilidades. Esta não era uma habilidade nova, mas dependia do esquema rúnico. O maior problema estava em planejar e produzir uma runa dupla funcional que pudesse abrigar duas magias ao mesmo tempo. 

Havia algumas técnicas com as quais um ferreiro poderia trabalhar aqui. A que ele usou exigia que as runas fossem semelhantes e compartilhassem a maioria de seus componentes. Ambos Corte de Mana e Impulso Mana eram semelhantes em sua estrutura de feitiços rúnicos. Ele só precisava combiná-las e conectá-las no lugar certo para que pudessem ser ativados separadamente. 

Os nós de ativação para cada um estavam em um local ligeiramente diferente. O usuário precisaria lembrar onde exatamente e ser capaz de injetar sua mana lá. Esta era a maior fraqueza deste design, era problemático para pessoas que não possuíam nenhuma habilidade relacionada a mana. Eles achariam difícil controlar esses itens o que baixava um pouco o valor de mercado. 

Outra maneira de fazer isso seria ter partes móveis separadas, por exemplo, uma espécie de anel móvel. O usuário poderia então virar e conectar a runa que queria usar. Com esse design, não havia necessidade de controlar a mana. 

Colocou a espada pronta de lado e examinou suas habilidades e estatísticas, ele havia feito algum progresso, mas ainda não tinha chego lá. 

Suas estatísticas físicas, além da agilidade, aumentaram bastante. Esta classe era uma das melhores por fornecer isso. Sua classe anterior de escriba rúnico não lhe deu nada além de inteligência, destreza e força de vontade. 

A classe de ferreiro rúnico dependia de resistência e força, então ele viu um grande aumento nessas duas habilidades, bem como em sua saúde. Também era uma variante rúnica, então aumentava sua força de vontade e inteligência por uma grande margem. Embora fosse mais pesado na força de vontade, provavelmente devido à habilidade de forjar runas que exigia muita concentração. 

Com suas estatísticas aumentadas, ele poderia realmente produzir esse tipo de runa combinada em menos de uma semana. Anteriormente, teve dificuldade com runas mais fáceis em materiais de bronze. Realmente tinha feito muito progresso no ano passado. 

Ele agora era um ferreiro de verdade. Suas habilidades básicas de ferreiro estavam todas perto de atingir o máximo. Felizmente tinha o truque esquemático para que seu nível pudesse acompanhar suas habilidades. 

Ainda assim, estava lentamente chegando a um impasse. Seu nivelamento estava agora no nível mais baixo de todos os tempos e ele já estava com poucos esquemas. Sem eles, provavelmente precisaria de mais dois anos de criação para maximizar seu nível. 

“Talvez eu devesse tentar novamente a vida de aventureiro…” 

Ele pensou consigo mesmo enquanto soltava um suspiro. Isso trouxe de volta a memória de uma certa pessoa que não estava mais aqui. 

“Você terminou? Posso fazer minha entrega?” 

Uma voz aguda chamou Roland. Veio de fora da oficina que estava fechada. Ele não queria que as pessoas o abordassem quando estava ocupado com seu trabalho. 

“Sim, me dê um momento” 

No momento em que terminou com esta espada, ele avisou a pessoa responsável pelo transporte. Fez isso graças a um pequeno dispositivo mágico que funcionava como um “pager”.

Parecia um pequeno sino, mas quando tocado, outra cópia exata desse sino tocava. Assim, a pessoa do outro lado saberia que era hora de pegar as mercadorias. 

Ele não estava entregando a espada que acabou de fazer. Ainda estava apenas criando runas nas armas pré-fabricadas que a empresa estava enviando. Os itens mais bem feitos que ainda estava testando eram para ele mesmo. 

Roland pegou um pacote preparado do lado. Então o deslizou por uma abertura menor em sua porta de entrada. A pessoa do outro lado era um aprendiz de alquimia. A mesma pessoa que tirou Roland da prisão há mais de um ano. 

Ele apenas pegou o pacote com uma espada diferente que Roland havia feito e foi embora. Roland e esse jovem não falavam muito um com o outro. O jovem halfling ainda estava louco por precisar ser um garoto de recados. A pessoa que costumava fazer isso havia desistido há alguns meses. 

Roland fechou o trinco e voltou para seu quarto. Este estava cheio de suas anotações e esquemas de runas. Desde que sua antiga assistente decidiu finalmente partir para uma cidade com uma masmorra. 

Sim, Helci havia deixado Edelgard cerca de dois meses atrás e ele ainda estava se acostumando a viver em silêncio novamente. Ela deixou um presente para ele antes de ir embora, mas algo assim não seria mencionado a mais ninguém. 

Foi uma experiência e tanto, mas acordar com uma nota de despedida arruinou o final. Não é como se ele a culpasse por alguma coisa. Ambos tinham objetivos de vida claramente diferentes. 

Ele queria ficar em um lugar e praticar seu artesanato. Em um futuro próximo, queria abrir sua própria loja e viver uma vida tranquila. Helci, por outro lado, queria aventura. 

Ela só ficou na cidade por falta de recursos e equipamentos. Quando chegou a hora certa, começou sua jornada em direção a um lugar que tinha uma dungeon por perto. Esta era a melhor opção para um aspirante a aventureiro. Não havia muito disso nesta cidade. 

“Dungeon e aventuras, hein?” 

Ele disse enquanto pegava uma das canecas mais limpas. Depois de cada artesanato bem-sucedido, gostava de beber um pouco de chá preto quente. O gosto era semelhante ao chá Earl Grey

de seu velho mundo e caía bem com um pouco de mel. 

Ele olhou para algumas velhas espadas de ferro quebradas que estavam jogadas no canto. 

Enquanto a garota ainda estava aqui, ele agiu como um sparring. Suas habilidades de batalha aumentaram um pouco a partir disso. Mesmo que não visse as aventuras como nada além de um meio para um fim. Ele sabia que ganhar níveis e ficar mais forte o ajudaria nesta vida. 

Não achava que se aventurar mais fundo na floresta infestada de monstros seria uma boa ideia. Sempre se manteve nas bordas, o hobgoblin que ele conheceu já foi uma grande surpresa. 

Havia monstros de nível 2 e provavelmente alguns de nível 3 lá. Felizmente eles não se aventuraram para fora da floresta. As criaturas estavam cautelosas com os humanos que viviam atrás das grandes paredes de pedra. Eles também não tinham um líder para reuni-los contra um inimigo comum. 

A menos que as bestas causassem problemas fora das áreas florestais, o senhor da cidade ou a guilda não se envolveriam. Às vezes, missões de erradicação em grande escala ocorreriam para diminuir a população. Ainda não era tempo para isso. 

Depois de terminar o chá, ele caminhou até uma grande caixa metálica. Tinha uma alça e depois de abri-la uma pequena onda de ar gelado atingiu seu rosto. 

Esta era a sua versão de uma geladeira que ele mesmo criou. Era mais ou menos uma grande caixa preta feita de ferro com uma trava. Dentro, uma pessoa podia ver algumas inscrições rúnicas de runas de aparência semelhante. 

Estas eram runas que tinham a função de resfriar o interior desta grande caixa. As runas não consumiram muita mana, pois nem atingiram temperaturas congelantes. Comparado a algo como um feitiço de flecha congelada, elas realmente não precisavam de muito para funcionar. 

Lamentavelmente, Roland ainda não foi capaz de integrar pedras de mana na construção. Em vez disso, precisava carregar periodicamente a geladeira mágica com sua própria mana. Estava bem selada para que, enquanto o ar frio não escapasse, ele não precisava recarregá-la tanto. 

Esta não era a única melhoria em sua loja. Havia pensado em melhorar algumas de suas ferramentas com uma visão mais moderna. O que os ferreiros modernos de seu velho mundo tinham que estes não tinham? Eram principalmente ferramentas elétricas, coisas como brocas que eram usadas em vez de punções para furos. 

Ele conseguira emular uma dessas ferramentas, principalmente uma esmerilhadeira automática. Gostaria de fazer uma lixadeira de cinta, mas optou por uma opção mais fácil. Ele apenas modificou a pedra de amolar movida a pé para ser alimentada com runas.  

A velocidade que ela poderia alcançar com a runa adicionada era muito maior do que antes e acelerou o processo de moagem exponencialmente. 

A desvantagem foi o uso de mana, mas felizmente não queimava muito quando ativada. A runa não era muito complexa e não exigia tanta força, pois só precisava girar a roda. Ele também esperava melhorar o design no futuro quando resolvesse o problema da pedra de mana. 

Obteve mais informações sobre as últimas habilidades de Runesmith e também comprou um livro de habilidades que lhe custou quase meio ano de trabalho.  

O que ele comprou tinha o nome ‘Compressão básica de runas’. Assim como seu nome indicava, era uma habilidade que permitia ao usuário condensar suas runas em tamanhos menores sem perder nenhum poder. 

Além dessa habilidade adquirida, ele também ganhou algumas naturalmente através de sua própria classe. Um deles ele até usou durante a fabricação de sua espada e se chamava ‘Olhos do Ferreiro Rúnico’. Isso permitia que ele visse rachaduras e fissuras nos itens que criava em tempo real. Com isso, teve uma ideia de onde desferir seu próximo golpe de martelo para consertar uma estrutura quebrada durante o procedimento de criação. 

Ela era também uma versão aprimorada de uma habilidade semelhante que era chamada de ‘Olhos do Ferreiro’ e que o ajudou a guiar sua inscrição rúnica durante o processo de criação. Somente quando ele conseguiu essa habilidade foi capaz de passar de ‘alto’ para o grau ‘mais alto’. 

Outra habilidade era chamada de ‘Sensibilidade ao Calor do Ferreiro’ e era usada para ajudar um ferreiro a medir a temperatura correta. Graças a isso, sempre sabia quando o metal estava pronto para normalizar ou para martelar. 

Todas essas habilidades eram boas e úteis, mas a que realmente queria encontrar estava relacionada às pedras de mana, Ele havia perguntado ao gerente gnomo sobre isso, mas aparentemente, os ferreiros mantiveram isso em segredo. 

 Havia muito poucos livros de habilidade com ele e custava muito mais do que o que estava fazendo. A única maneira de o gnomo patrocinar essa habilidade cara era através de uma extensão de contrato. 

Tinha também a maneira de ganhar habilidades ou desbloqueá-las com sua classe, ele poderia muito bem recebê-la no momento em que alcançasse a classe de criação de nível 2 de sua escolha ou mais adiante. 

 Não havia razão para se endividar ainda, era jovem e já podia produzir armas acima da maioria dos ferreiros comuns. Tudo graças a esses esquemas e sua habilidade de depuração que lhe mostrou o caminho. 

O único problema real neste momento era produzir equipamentos comuns, mesmo com seu nível e habilidades aprimoradas, não era tão fácil, tinha também o problema com os materiais. Armas de aço regulares se degradariam muito rápido com qualquer runa acima do grau menor. 

O passo natural seria ferro profundo e aço profundo que era uma liga dele. O que vinha com melhores materiais eram custos mais altos e maior dificuldade na criação de runas. 

Ele olhou para suas habilidades mais uma vez antes de pensar no futuro. 

Depurador Lv 6, Circuito Lv 7, Funileiro Lv 8, Identificar Lv 8, Modelagem de Mana Básica Lv 9, Regulação de Mana Básica Lv 9, Sentido de Mana Lv 9, Domínio de Runas Básicas Lv 9, Escrita de Runas Básicas Lv 9, Domínio de Metalurgia Básico Lv 8, Criação de Runas Básicas Lv 7, Olhos do Ferreiro Rúnico Lv 5, Sentido de Calor do Ferreiro Lv 6, Compressão de Runas Básicas L v3, Caminhos Etéreos Lv 6 

Ele recebeu a habilidade de senso de calor no nível 7 e a habilidade de olhos de ferreiro no nível 13.  

Ele era ferreiro há cerca de dois anos. Seu progresso era um pouco mais rápido do que o de outros ferreiros, mas não tanto, As habilidades básicas subiram de nível rapidamente. Ele sofreu principalmente por ter muitas habilidades para se concentrar.  

A criação de runas o manteve longe da ferraria regular. Sentiu que em um ano ou dois deveria ter todas essas habilidades maximizadas e prontas para a mudança de classe de nível 2. 

As coisas mais interessantes eram suas habilidades de depurador, circuitos e funileiro que ele tinha desde o primeiro dia,elas também subiram de nível, o funileiro, provavelmente, era o que mais estava ganhando experiência graças à ferraria. As outras duas subiram graças à criação de runas ou à escrita de runas. 

 No entanto, levou muito tempo para nivelá-los, quase 4 anos inteiros para ser exato. Ele imaginou que as runas em que estava trabalhando poderiam ter um nível muito baixo para que essas habilidades ganhassem muita experiência. 

“Talvez se eu focar na compressão rúnica eu possa espremer algumas runas comuns nas espadas para que elas não derretam após cinco usos…” 

Ele esfregou o queixo antes de pegar o casaco. Não encontrou muita comida restante em sua geladeira rúnica, então teve que fazer algumas compras. Não ter mais assistente significava que estava de volta a jantar nos pubs e pousadas.  

Saiu de sua oficina com uma camada de roupas, era inverno neste tempo e estava bem frio lá fora. As pequenas marcas dos pés do jovem halfling mal eram visíveis quando começou a nevar. 

“Talvez quando meu contrato acabar eu possa ir para uma cidade com menos neve e chuva…” 

Ele pensou consigo mesmo enquanto caminhava, o ar gelado fazendo-o levar as mãos em direção à boca enquanto escondia o rosto. A cidade estava silenciosa, nada havia ocorrido no último ano e meio. Roland estava lentamente se acostumando com esse tipo de vida, mas se continuaria assim ninguém sabia.