Bohwanox invocou a regeneração, aliviando a dor também e Colt voltou a meditar.
Não demorou muito até Hector parar de meditar também e ir embora. Garovel o seguiu, mas não rapidamente.
Colt conseguia imaginar que tipo de conversa silenciosa os dois estavam tendo. — Merda de garoto. Ele vai perder a cabeça se não relaxar.
O capuz sem rosto de Bohwanox se inclinou um pouco. — Você está preocupado com ele? Achei que você só ligava para suas crianças.
Colt só franziu o cenho
Stoker seguiu Karkash até o escritório do Rei novamente. Ele não sabia o que fez o homem ficar tão chateado. Ele não estava inteiramente certo se queria descobrir o que era, mas Karkash não parecia disposto a permitir outra coisa.
Karkash colocou um jornal na mesa e Stoker e Desmond ambos olharam para ele. Havia um artigo na terceira página falando sobre o chamado Soldado do Aço Negro, agora conhecido como o criminoso com o nome de Hector Goffe.
— Essa pessoa é um servo. — Karkash disse.
— Oh, sim. — Desmond comentou. — Eu queria ir e matar ele, mas não tive o tempo.
— Você conhece ele? — Stoker perguntou.
— Acho que sim. Nós lutamos algumas semanas atrás. Não descobri seu nome, mas eu ouvi falar que ele usa metal, então estou bem certo que é o mesmo cara.
— Você deixou ele escapar? — Karkash perguntou.
Desmond só deu de ombros.
Os olhos de Karkash eram como adagas. Porém, Desmond parecia imune aos seus efeitos.
— Você já devia ter caçado ele. — Hoyohté disse. — E se ele voltar com reforços?
Desmond riu e seus olhos se arregalaram. — Eu espero que volte! Tô entediado pra caralho!
Ezmortig flutuou ao redor de seu servo. — Pensando nisso, esse Hector Goffe pode ser o motivo de Ozmere e Moss não terem voltado.
Desmond franziu o cenho. — Hmm, você acha? Ele não parecia forte o bastante para abater o Moss.
— Talvez ele seja mais perigoso do que nós pensávamos. — Ezmortig disse. — É estranho que ele não esteja se escondendo como a Rainha.
— Oh! — Desmond exclamou, sorrindo. — Você está certo. É como se ele estivesse nos provocando com toda essa mídia, não é? Talvez ele queira que nós fossemos atrás dele, eh? Se for, é bem corajoso.
E, de repente, Stoker viu a oportunidade lá. Em uma bandeja de prata. Bem na sua frente.
Nize falou antes dele. — Stoker e eu vamos caçar ele.
Desmond olhou para ela. — Sério? Não é como se ele fosse importante. Mesmo se ele está nos dando o dedo do meio agora.
— Não. — Hoyohté disse. — Karkash e eu vamos.
Desmond piscou para ela também. — Por que vocês estão todos estressados em matar quem vocês nunca viram? Eu falei que ele não é importante. Vocês não têm nada melhor para fazer?
— É por isso que nós vamos sozinhos. — Hoyohté falou. Ela se virou para Nize e Stoker. — Nós ficaremos fora por um dia, dois no máximo. Vocês podem lidar com tudo durante isso, certo?
— Claro. — Stoker concordou. Funciona também. — Ele pensou. Contanto que nós não tenhamos Karkash no nosso cangote, sair de fininho da cidade vai ser simples. Os outros não vão notar até nós termos ido embora faz tempo.
Nize concordou em particular.
— Vocês não deviam ir sozinhos. — Ezmortig disse. — Nós não sabemos quão forte o inimigo é.
— Não é necessário. — Karkash falou. — Nós sabemos que ele usa metal.
— … então?
— Então ele já está fodido. — Stoker disse. — Karkash consegue controlar campos eletromagnéticos.
A meditação de Colt foi surpreendentemente suave. Ele odiava, mas agora que se tornou a diferença entre conseguir segurar suas crianças com segurança e não, ele começou levar ela bem mais a sério. Dentro de um dia, ele conseguiu não só manter seu poder sob controle, mas ele também conseguia mirar em um alvo a meio metro de distância dele. Entretanto, seu poder destrutivo ainda parecia incrivelmente fraco. Ele nem conseguia quebrar vidro sólido de primeira. Ele treinou sua mira atirando contra um círculo de giz que ele desenhou na parede.
Mirar também foi meio estranho para ele. O caminho de destruição saía de suas mãos, mas só colocar uma palma aberta para frente era desajeitado e impreciso demais, ele sentia. Ele tentou colocar dois dedos para frente como uma pistola infantil, mas isso não funcionou também. No fim, ele só usou uma pistola descarregada e ajustou o ponto de tiro levemente descentralizado para suas “balas” invisíveis. Ele achou que era bem mais confortável.
Porém, depois de um tempo, ele parou. Ele achou o poder bem interessante, mas pelo menos por agora, uma arma normal ainda era bem mais útil. A única vantagem que ele conseguia ver para isso era que não precisava de munição. Ele imaginava que outro ponto bom era que não havia a possibilidade de travamento que uma arma comum tinha, mas Colt sempre se certificou de tomar conta de suas armas de fogo e ficava longe de modelos que costumava a dar problemas operacionais.
Ele lavou as crianças na bacia uma vez, colocou fraldas novas e, então, as alimentou.
Estou curioso. — Bohwanox disse. O que você pretende fazer com elas quando elas crescerem.
Por um tempo, Colt não respondeu. Essa era uma questão que ele temia. — Não estou certo. — Ele disse eventualmente.
Você não pensou muito no assunto?
— Não, eu pensei. Só que. Não consegui pensar em uma resposta boa.
Hmm. Se você pretende ficar vagando indefinidamente, que tipo de vida você poderá dar a elas?
Colt só as encarou.
Acho que você não vê um lar adotivo como uma opção viável.
— Elas não vão crescer num lugar daqueles. Não enquanto eu ainda estiver respirando.
Qual o problema com lares adotivos?
Colt olhou o ceifador. — Vá assombrar um por uns anos e, então, me pergunte isso de novo.
É experiência pessoal falando ou só a visão cansada de um ex-policial?
Sua boca se contorceu em desagrado. — Ambos.
Sinto em ouvir isso. — Bohwanox falou.
— Eu não tive problemas. — Colt explicou. — Outras crianças tiveram.
… porque você dava uma surra nelas?
— O que? Não! Acredite ou não, eu era uma criança muito boa.
Não acredito.
— Eu podia ser mais calejado do que a maioria das crianças e posso ter me metido em algumas brigas, mas eu não era a porra de um valentão.
Deixa eu advinhar. Em vez disso, você que batia nos valentões.
— Pfft, não. Eu tinha uns nove. Eles que me espancavam.
Mas você tentava bater eles, né?
— … sim.
Sabia.
— Que porra aconteceu com manter esse relacionamento estritamente profissional?
Oh, relaxe. O cara durão aí não consegue aguentar nem uma conversinha amigável.
Colt só resmungou.
Estou certo que nós podíamos achar um excelente lar adotivo, sabe. Ficar por lá por um tempo, nos certificarmos de que os cuidados não são monstros em segredo ou algo do tipo.
— Tch. Mesmo se isso fosse possível, que porra eu faria sem meus filhos, huh? O que seria da minha vida?
Bohwanox hesitou. Uh… me proteger valentemente de monstros?
— Vá se foder.
O ceifador riu. Entendo. Elas são seu motivo para viver. Mas honestamente isso é o melhor para elas?
— Vou pensar em algo.
Hmm. Então, eu vou dar meu melhor para ajudar com isso.
Colt levantou uma sobrancelha para o ceifador. Porém, a conversa deles foi interrompida, quando ouviram a voz de Garovel.
— Ei! Vocês dois! — Ele disse, descendo do teto.
Eles esperaram ele elaborar.
— Então, há três helicópteros e um exército de policiais perseguindo Hector agora.
Colt teve que rir.
— Ele está a pé. Estou certo que ele apreciaria você e o seu carro.
— Finalmente, vamos embora desse lugar? — Ele disse, prosseguindo para guardar as coisas deles.
— Sim, acho que nós devíamos.
— Finalmente porra.
Colt está a caminho. — A voz de Garovel veio do outro lado da cidade.
Que ótimo. — E não pela primeira vez no dia, Hector caiu do telhado de um prédio com mais de vinte andares.
Ele criou um pilar no chão para encontrar consigo, dando a este uma curva e o transformando em um escorregador gigante, espiralado. Ele desceu girando, rolando e batendo no escorrega de ferro até ele cuspi-lo na rua. Ele conseguia sentir sua coluna se restaurando conforme ele lutava para ficar de pé.
Ele avistou um helicóptero de polícia na frente, junto com uma frota de caminhões virando na rua.
Hector correu até um prédio adjacente e criou uma torre de ferro debaixo de seus pés. Ele disparou para cima, alcançando o teto em segundos e, então, destruindo ambos o escorrega e a plataforma antes de fugir novamente.
A polícia estava tornando cada vez mais difícil proteger as pessoas, e falando nisso, as próprias pessoas também. Toda a cobertura da mídia sobre a identidade do Soldado do Aço Negro e o motivo estar tendo tanto problema em pegar ele acabaram revelando, claro, seu uso de metal para o público em geral e quando os detalhes do massacre no Colegial Calman começaram a circular, conexões foram feitas logo. Os fantoches de Geoffrey sufocaram por causa de um revestimento bizarro de metal, no final das contas, e não havia muita esperança de explicar que eles já estavam mortos e estavam sendo usados para matar mais gente.
Dessa forma, o Soldado do Aço Negro foi taxada como não mais como um criminoso nem como apenas um assassino. Agora, ele era um assassino em massa. E isso era o bastante para que quase todo mundo que o visse chamaria a polícia imediatamente. Até as pessoas que ele acabou de salvar logo perdiam a cabeça e começavam a gritar por socorro. Hector não queria elogios, mas ainda era frustrante e cansativo ao mesmo tempo.
Garovel pediu por sua localização e Hector o informou o melhor que podia. Logo, ele avistou todos os três helicópteros o seguindo e pulou para fora do teto, dessa vez intencionalmente, e pousou em um prédio mais baixo. De lá, ele conseguiria pular para a próxima rua sem se quebrar todo no concreto.
Hector caiu bem na frente de um grupo de policiais. Eles já estavam com suas armas sacadas e atiraram algumas vezes até ele inutilizar suas armas com ferro. E mesmo sem suas armas, eles ainda estavam dispostos a parar ele, se movendo para cercá-lo. Ele não queria voltar para os telhados com os helicópteros, então ele só correu pela última abertura da linha policial.
Porém, mais policiais estavam esperando ele na esquina. E a notícia que pistolas não funcionavam deve ter se espalhado , porque eles estavam com tasers. Seis pares de eletrodos carregados voaram em direção a ele com fios condutores. Ele parou cinco com paredes de ferro, mas o último pegou ele no ombro.
Ele caiu no chão com suas mãos e joelhos. A eletricidade não doía, claro, mas controlar seus membros se tornou abruptamente difícil. Ele pressionou sua mão no chão e um pilar de ferro o disparou para cima, longe dos oficiais. Seu pouso foi duro, mas ele se levantou logo depois e fugindo novamente.
Próximo, quatro SUVs brancas e pretas derraparam até parar na sua frente, mas Hector só as envolveu em metal antes dos times táticos conseguirem sair. Ele passou por eles e soltou o metal depois de correr para a próxima esquina.
Finalmente, ele viu o carro do Colt e correu em direção a ele.
Porém, mais policiais ficaram em seu caminho.
Um cintilo de raiva passou por ele. Por que eles não podiam ser persistentes assim para pegar criminosos de verdade? Ele entregou um chefe do tráfico local na porta deles ontem a noite, junto com um armário inteiro com documentos incriminadores, mas isso importava agora? Claro que não.
Ele cobriu seus tasers em metal, então suas pernas, só o bastante para não incapacitá-los. Ele correu para o carro novamente, mas dois policiais a mais apareceram e pularam nele. A raiva voltou, mais forte.
Ele jogou o primeiro policial, então pegou o braço do outro policial e o quebrou. O homem gritou de dor.
Hector parou, de repente horrorizado consigo mesmo. Isso não devia ter acontecido. Ele não devia machucar policiais.
Por um momento, Hector só conseguiu ficar encarando o oficial se contorcendo no chão. Ele quebrou ossos de pessoas normais antes, mas pelo menos eles eram criminosos violentas. Esse cara só estava fazendo seu trabalho.
Hector! — Veio o grito de Garovel. Anda!
Mais policiais estavam vindo. Ele sabia que não podia ficar. Ele olhou uma última vez para o homem ferido.
— Sinto muito! — Foi tudo que ele conseguiu dizer. Ele correu e entrou no carro de Colt.
Eles aceleraram, mas Hector ainda conseguia ver mais helicópteros e veículos os perseguindo.
— Consegue colocar uma barricada atrás de nós? — Colt perguntou.
— Não quero fazer eles baterem! — Disse Hector. — Isso podia matar alguém!
Colt resmungou baixinho e, então, disse. — Tá bom. Vou fazer isso do jeito difícil. Vá para o banco de trás e segure as crianças para mim.
Hector fez como o homem pediu. Os bebês começaram a choramingar conforme ele os colocava em seus braços, amarrando eles a si mesmo com ferro. Ele conseguia sentir o carro acelerar. Eles logo encontraram o bloqueio da polícia.
— Continua. — Hector disse.
— Tem certeza?
— Sim.
Estruturas de ponte foi a primeira coisa que ele estudou quando visitou a biblioteca no outro dia. Guardando alguns designs gerais em sua mente não foi grande coisa e dessa vez, a ponte que ele construiu foi bem mais robusta. A rampa da frente toda era feita de ferro sólido, provendo suporte amplo para a extensão sobre o bloqueio e a de trás era tão suave quanto. Hector aniquilou a ponte atrás deles.
Colt pediu para os ceifadores escoltarem na frente dele, auxiliando seus esforços para despistar os helicópteros. As habilidades no volante do homem eram assustadores, mas ainda de alguma forma precisas. Ele conseguia navegar ao redor de carros estacionados em ruas estreitas sem perder muita velocidade e Hector com frequência perdia de vista os helicópteros entre os prédios altos, o que provavelmente significava que eles estavam tendo o mesmo problema.
— Você é realmente bom dirigindo…
— Esse carro é um lixo.
Bohwanox encontrou eles em um cruzamento apertado com um túnel subterrâneo pequeno, sem sombra de dúvidas para deixar os carros passarem por baixo dos trilhos de trem no nível do chão. Colt entrou no túnel, parou o carro quando eles sumiram da vista e, então, dobrou de volta e virou em uma rua diferente.
Os ceifadores logo confirmaram que ninguém os estava seguindo.
Colt foi em direção ao nordeste. — Então para onde porra nós vamos agora?— Ele disse conforme eles alcançavam a fronteira da cidade. — Ainda acha que nós não devíamos sair desse país?
Os dois ceifadores mantiveram o passo com o veículo um de cada lado.
— Garovel, o que você acha?
— Eu voto por Zeke.
— Por que?
— É no caminho de Walton, onde nós temos uma amiga. — Ele olhou para Hector. — Talvez esteja na hora de ligar para Gina.
— Quem é Gina? — Colt perguntou.
—Admito, — Garovel respondeu, — nós não conhecemos muito ela. Mas ela e seu chefe nos ajudaram antes. Ela pode não nos acolher tanto com toda a atenção que Hector conseguiu, mas vale a pena tentar.
Hector encontrou seu número em seu telefone, mas a chamada caiu na caixa postal. — Não está chamando…
— Tente de novo quando chegarmos em Zeke.
— Certo.
O veículo ficou quieto depois de um tempo. Hector removeu seu elmo e assistiu os pedaços longos de planícies passarem pela janela, retos até o onde o olhar chegava com a árvore ocasional para quebrar o padrão.
Como você está se sentindo? — Garovel perguntou em particular.
Hector franziu o cenho. Garovel, eu machuquei um policial…
Eu vi.
O franzido só ficou mais pronunciado.
Foi um acidente infeliz. — Garovel disse. Não foque demais…
Não, eu… quero dizer, aquilo foi… eu fiz aquilo de propósito.
O ceifador ficou quieto por um momento. O que?
Por um segundo lá, eu… eu só estava tão puto… porque… por causa de tudo, eu acho. — Ele esfregou sua testa e respirou fundo. O cara era tipo a centésima pessoa que entrava no meu caminho e eu só… eu perdia a cabeça… eu quis ferir ele. E o feri.
O que você está dizendo? — Garovel falou, abruptamente mais sério. Hector, está dizendo que você não se arrepende de machucar aquele homem?
O que? Não! Claro que eu me arrependo! É isso que eu estava tentando dizer!
Bom. É assim que devia ser. Merda, você me preocupou muito por um instante.
O que você está.. ?
Hector, me ouça. Você passou por muito. Você cometeu um erro. Você reconheceu isso. Agora só não fazer isso de novo.
Ele franziu o cenho, piscando. Quero dizer, ah… claro, eu vou tentar, mas e se eu não conseguir? É isso que está me preocupando. — Ele olhou para as suas mãos. Honestamente, estou com um pouco de medo de mim agora…
Ultimamente, você está muito estressado. Sabe que está. Está tão surpreso que isso acabou te afetando?
Mas… eu não achei que machucaria uma pessoa inocente…
Bom, você machucou. E não esqueça disso. Lembre-se disso como uma lição. Você tem que tomar conta de si também. Você não é invencível. Eu sei que às vezes parece que você é, mas você não é. Você tem ficar de cabeça fria.
Ele assentiu lentamente. Isso é… porque eu negligenciei minha meditação?
Não culparia tudo nisso, mas eu acho que meditação certamente te ajudaria a relaxar. Alguma porra de descanso também.
Eu, ah… acho que você tá certo.
Dã. Você não sabe quão ridiculamente sábio eu sou?
Hector tentou dormir. Não foi muito suave. Mesmo depois dos reforços passarem e a exaustão atacar, seu cérebro ainda queria teimosamente ficar acordado. Com nada mais para fazer, ele só começou a meditar lá no seu assento. E depois de um tempo se forçando a esvaziar sua mente, ele finalmente conseguiu dormir.
Quando ele acordou, Stephanie e Thomas estavam ambos se remexendo em seus braços. Então, o cheiro acertou, fazendo seus olhos lacrimejarem. Alguém precisava trocar as fraldas. Talvez dois alguéns.
Felizmente, eles tinham parado em um posto e Hector foi rápido para se refugiar fora do carro.
Colt estava enchendo o tanque. O homem sorriu quando viu Hector. — Estava me perguntando se você conseguiria dormir com aquele cheiro.
Hector aproveitou outro gole de ar fresco antes de responder. — Onde nós estamos?
— Perto de Maxwell. — Colt explicou. — Talvez você devia tentar ligar para sua amiga de novo.
— Ah… eu podia ajudar a trocar as crianças, se você quiser.
— Você sabe como trocar uma fralda?
— Sim. Minha, uh… — Ele franziu. — Sim, eu sei como.
— Mm. Ainda, você devia ligar para sua amiga. De boa para mim trocar os dois.
Ele assentiu e pegou seu telefone. Para sua surpresa, ele já tinha várias chamadas perdidas de Gina. Ela enviou alguns textos, também, avisando ele que ela achava que alguém pode estar vindo matar ele. Notícias não exatamente boas, falando geralmente, mas ela tinha detalhes. Karkash. Um homem que conseguia controlar campos eletromagnéticos.
Garovel flutuou por cima de seu ombro, lendo. Parece que Gina tem estado ocupada.
Ele decidiu ligar para ela.
Ela atendeu um instante depois. <Hector!>
— Uh, o-oi.
<Você recebeu minhas mensagens?>
— Si-sim.
<Não estou completamente certa se eles vão vir atrás de você, para ser sincera. Parecia que eles estavam falando com os ceifadores, então eu só peguei metade da conversa, mas eles mencionaram que alguém que usa metal está com problemas por causa do Karkash, que, a propósito, não parece uma pessoa boa. Depois de ver você no jornal, eu descobri que o cara do metal era você. Que você fez na verdade? Você não matou mesmo aquelas pessoas, certo?>
Hector piscou algumas vezes. — Nã-não, claro que não. Como você sabe sobre esse Karkash de qualquer jeito? Parece que você colocou um dispositivo em alguém ou…
<Sim, coloquei dispositivos de espionagem por todo o Castelo Belgrant. As pessoas que estão mantendo o Rei como prisioneiro, eu fiquei ouvindo as conversas delas.>
— O que?!
<Eu sei.> Disse Gina. <Eu arrisquei minha vida por essa informação. A propósito, de nada.>
— Éee, obrigado, mas… agh, você não devia ter feito isso. É perigoso demais
<Estou tendo cuidado. Consegui um lar subterrâneo confortável para mim. De qualquer jeito, é você que devia tomar cuidado.>
Pergunte o que ela descobriu sobre os planos deles. — Garovel sugeriu. E coloque ela no viva voz para que Colt e Bohwanox possam ouvir também.
Hector levantou o telefone conforme Garovel convidava os outros dois.
<Eu estou ouvindo só a alguns dias, mas eu sei que há oito servos em Sescoria agora. E eles estão torturando o Rei William, mas você provavelmente já imaginou isso agora.>
Hector cerrou seus dentes. A perda repentina de um braço do Rei claro que foram grandes notícias. A mídia atribuiu isso a uma infecção bizarra, onde o braço teve de ser amputado a fim de salvar sua vida. Hector e Garovel não acreditaram naquele lixo por um segundo sequer. — Você sabe qual deles arrancou o braço dele?
<Com certeza foi o cara chamado Desmond. Ele realmente gosta de falar disso.>
— Eu conheci ele. — Hector disse lentamente.
<Mas não é a coisa mais quente que eu descobri. Em duas semanas, eles estão planejando destruir uma cidade inteira e fazer parecer com que Rendon seja a responsável. Agora, eles ainda tentando preparar a opinião pública. Provavelmente, você viu alguma cobertura da mídia sobre quão hostis Rendo e Kahm são, supostamente. Ou que talvez eles SEJAM tão hostis assim. Parece que a Abolir pode ter agentes nesses países também.>
— Um conflito multinacional. — Garovel, olhando para os outros. — Pergunte a ela qual cidade eles pretendem destruir.
— Qual cidade?
<É chamada de Harold. Nordeste de Sescoria. Não é muito grande. Esperançosamente, eu vou conseguir descobrir quem eles vão enviar e quais são suas habilidades.>
Colt inclinou sua cabeça. — Por que Harold? Por que eles só não forjam o ataque na capital?
<Quem está falando?>
— Desculpe, foi o Colt. Ele é… um aliado. Você pode confiar nele.
<Hmm. Bom, de qualquer jeito, para responder sua pergunta, estou bem certa de que eles querem usar Sescoria como base de operações deles. Eles estão acumulando armas e construindo um perímetro ao redor da cidade. Não faria muito sentido para eles atacarem ela.>
— Pelo menos, não ainda. — Adicionou Garovel. — Pergunte a ela sobre Roman.
— Há notícias sobre Roman? — Hector perguntou.
<Ele me contatou algumas semanas atrás, mas só disse que a visita deles em em Korgum não deu em nada.>
— Ah… eles estão bem?
<Ele não entrou em detalhes, mas pareciam que eles tiveram um tempo difícil lá também. Eu vou te informar se Mestre Roman me contatar novamente. Eu estou certa que ele vai ficar interessado em ouvir sobre a sua situação também.>
— Obri-obrigado.
<Há algo mais que eu possa fazer por você?>
— Ah… nós estávamos no caminho para Walton na verdade. Nós estávamos, uh, esperando conseguir um lugar para ficar. Temporariamente quero dizer.
<Eu abrigaria vocês, mas não estou em Walton agora. Estou em Sescoria. E eu duvido que vocês queiram vir até aqui.>
— Certo…
<Se você quiser, posso fazer umas ligações e encontrar outro lugar para vocês.>
Hector olhou para os outros. Garovel balançou sua cabeça e Hector disse, — Não, estamos bem. Vamos pensar em outra coisa.
<Tudo certo.>
— Obrigado pela informação. — Ele disse. — E, por favor, um. Tome cuidado.
<Mesma coisa para você. Eu vou te ligar quando descobrir outra coisa útil.>
— E se você, uh… se você… ah…
<O que?>
— Se-se você se meter em problemas, então por favor me ligue. Eu vou ir te ajudar.
Ela pausou para dar uma risada. <Você nunca chegaria a tempo, mas obrigado.> E ela desligou.
— Amiga bem corajosa que você tem. — Colt disse.
— Sim…
Stoker escondeu a tatuagem em seu rosto com um capuz cinza enquanto ele dirigia. Não havia muitos caminhos saindo de Sescoria no momento. Todas as estradas principais estavam sendo vigiadas e as menores foram fechadas. Então, era fortuito, que era dever de Stoker vigiar o portão sul.
Ou pelo menos, parecia fortuito, até o ponto onde Nize informou ele que Karkash estava de pé no meio da estrada a frente. De braços cruzados. Esperando.