Quantos caras estão lá?
Eu contei quarenta e três. Não, espera. Eu vi outro.
Hector franziu o cenho para o céu da noite.
Uh… puta merda… quero dizer, você tem certeza de que eu aguento com quarenta caras?
Claro que consegue. Talvez. Ah, ei, é aquele cara do rabo de cavalo.
Cara do rabo de cavalo?
Você lembra. Você arrancou os dentes dele. Estou surpreso de ver que ele já saiu da cadeia. Mal fazem dois dias desde que ele foi preso.
Vantagens de ser empregado do Rofal, eu acho…
Mesmo assim, dois dias é um pouco ridículo. A força policial deve ser mais corrupta do que nós esperávamos. Talvez os advogados também.
Hector olhou para o prédio mais uma vez. Não parecia um bar lá. Parecia mais uma pista de boliche. E provavelmente era, na maior parte do tempo. Mas os homens de bobeira na entrada eram um indicador. Eles afastavam qualquer cliente em potencial, apesar do letreiro de neon iluminando a rua.
Ah, — Garovel disse, parece que o Rabo de Cavalo está aqui para mover a grana. Esperto. Isso é provavelmente o motivo da polícia não conseguir achar esse dinheiro. Assim que eles começam a chegar perto, eu aposto que alguém no departamento avisa o pessoal do Rofal. Deve ser o motivo de haver tanta gente aqui agora. Eles parecem estar com pressa. Você devia provavelmente vir se introduzir.
Claro.
Ele colocou sua máscara e começou a descer a rua. Os homens na entrada encararam Hector quando ele deu a volta em direção a entrada dos fundos, alguns foram atrás dele. Vários já estavam esperando nos fundos do prédio, junto com um caminhão ligado. Um círculo do pessoal do Rofal cresceu ao redor dele.
Eu, uh… eu dei a volta até os fundos. — Ele disse a Garovel.
— O que você está fazendo aqui?
— Qual é a dessa máscara aí? Quer apanhar?
— Ei, o Swank não mencionou um cara mascarado?
— É você, seu merda? Huh? Diga alguma coisa!
Garovel apareceu pela parede e foi até ele.
Não estou certo se eu aprovo todos esses amigos novos, Hector.
Força incendiou seu corpo. Ele respirou fundo e foi até a porta. O primeiro homem na frente dele comeu asfalto. Os outros todos deram um passo para trás com o quão rápido o camarada deles foi surrado, mas depois de um momento, eles encontraram sua coragem de novo.
Três foram até ele de uma vez. Ele esmagou dois um no outro e levou uma porrada de bastão de metal na cabeça. Quando ele se virou, tremendo de um jeito desorientado, o cara que acertou ele cambaleou para trás. Hector arrancou o bastão e devolveu o favor, jogando o homem em quatro dos amigos dele.
Eles começaram a pegar facas e na confusão, ele foi esfaqueado seis vezes, na barriga, peito e costas. Quando só havia poucos restando, ele ficou surpreso de ver que em vez de atirar nele com suas armas, só fugiram. Olhando para as lâminas presas em seu torso, ele imaginou que conseguia entender o sentimento deles. Ele decidiu deixar as facas lá um pouco mais.
Vagabundos gemendo ou inconscientes estavam jogados pelo beco, cobrindo a escada, do lado do caminhão e para um vencedor sortudo uma parede de tijolos de três metros. Hector pegou o bastão enquanto entrava no prédio.
A primeira pessoa que ele viu parecia mais confusa do que agressiva e Hector foi gentil o bastante para esperar até o homem atacar ele, para então dar uma bela porrada nele.
O dinheiro está na sala do fundo, — Garovel falou para ele. Espera um pouco. — O ceifador passou pelas paredes enquanto Hector esperava no corredor escuro. Seis homens. Ah, o Rabo de Cavalo está falando algo com Colt. Rumores, ele está dizendo… algo sobre Colt ser um psicopata… mas ao mesmo tempo… forçado a trabalhar para Rofal?
Espera, o que…?
Eu estou ouvindo… merda. Eles estão falando sobre comida agora. Eles querem ir pedir pizza. Armados? Mas qual a porra de problema dessas pessoas? Por favor, entra aqui descer o cacete nessa gente.
Ele escancarou a porta e chutou o primeiro homem que viu.
— Mas que porra?!
— Ah, merda! Você!
Hector pulou em sua segunda vítima e o apagou. Agora as armas estavam na jogada, mas a saraivada de balas não o impediu de alcançar o terceiro e quarto homens e bater suas cabeças uma na outra. Só o Rabo de Cavalo e outro vagabundo sobraram, ficaram atrapalhados demais para recarregar suas armas, seus carregadores reservas caindo no chão
Hector ficou na frente deles por um momento, considerando o que fazer agora. Esmurrar a cara deles não parecia muito necessário agora e além disso, o rosto do Rabo de Cavalo ainda estava inchado e roxo.
Ele foi até eles e tirou as armas de suas mãos. Ambos só ficaram encarando Hector, encurralados e de olhos arregalados.
— Quem é você? — O Rabo de Cavalo disse. — Eu ouvi que o Colt te matou.
Hector olhou para a mesa cheia de mochilas no meio da sala. Ele pegou todas as sete com uma mão e as colocou em seu ombro.
Você não vai descer o cacete neles também? — O ceifador parecia desapontado. Bom, pelo menos ameaça eles antes de você ir embora.
— Eu-eu… uh… nã-não…
Hector, fala sério. Assusta eles. Grita ou algo do tipo.
Gritar? Eu não consigo… eu não… isso não é – agh…
Rabo de cavalo foi para a porta.
Hector chegou nele num instante e deu uma joelhada nele para ele voltar ao seu lugar.
— Por favor não fuja…
Espera um pouco. Garovel disse. Tá, não grita. Só fale com eles bem quietinho. Sussurre se precisar.
Sério? Ma-mas, uh…
Confia em mim. Fale bem lentamente e deliberadamente. Faça eles se esforçarem para te ouvir. Ah e seja educado também. Fale por favor, que nem agora.
Uh…
— Por favor falem para o seu chefe… que eu estou indo atrás dele
Uou, essa foi boa! Fala pra eles que qualquer um que ficar no seu caminho vai visitar o necrotério também.
Mas eu não quero matar eles..
Claro, mas ELES não precisam saber disso.
Ah, tá…
— E qualquer um que ficar no meu caminho… vai fazer uma visitinha no necrotério…
Ambos seus rostos empalideceram.
Aha, olha pra eles! Isso é muito melhor que gritar.
Você está começando a me assustar, Garovel…
Eu? Foi você que acabou de fazer eles se mijarem.
Ele saiu da sala, mal conseguindo passar todas as mochilas pela porta. Ele sabia que havia mais homens no prédio, mas não viu eles até ouvir o som de tiros. Um tiro passou por sua mandíbula e arrancou a máscara de seu rosto. Seu queixo e língua rasgados caíram no chão fazendo uma poça sangrenta.
Sangue e saliva escorriam do buraco no seu rosto. Hector acabou de se virar e olhou para o atirador. Era um jovem, não muito mais velho que ele, segurando uma pistola com ambas suas mãos tremendo, mas quando ele viu Hector, ele soltou sua arma e cambaleou para trás.
Mais homens correram para entrada, mas quando eles viram Hector, todos pararam.
— Puta merda…
— Mas que porra é essa?
O olhar de morto-vivo de Hector parecia o bastante para impedir que qualquer um deles desse outro passo. Ele esperou um pouco para ver se ainda queriam lutar, mas quando percebeu que os vagabundos ficaram assistindo, Hector pegou sua máscara amassada e foi embora.
Conforme Garovel reconstruía a mandíbula de Hector, ele ficou parado no outro lado da rua, esperando de novo para ver se algum deles o seguia. Mas ninguém teve essa coragem.
Eu vou seguir o Rabo de Cavalo até o Rofal. Quando nós descobrirmos onde o quartel-general deles fica, nós vamos conseguir atacar eles no nosso tempo. Você sabe o caminho para casa, certo?
Com sua boca completamente reformada, ele disse.
— Sim.
O ceifador olhou para ele por um momento, seus dedos ossudos pairando na frente do rosto de Hector.
Vou trazer a dor de volta para deixar seu corpo se recuperar enquanto estou fora. Você está pronto?
Hector gemeu.
— Vá em frente…
Dor explodiu por sua boca.
— Ffff – ! Kuh! Parece que meu rosto foi arrancado!
Bom. Na verdade. Ele foi mesmo.
Ele caiu de joelhos, agarrando sua boca com sua mão livre.
— Caralho… ! Agh… !
Veja pelo lado bom, eu estou certo de que comparado com isso o resto do seu corpo parece perfeito.
Ele se levantou e começou a andar de novo, tentando parar de gemer.
— Porra, isso dói… !
Tudo certo, boca suja.
— Vai se foder! Agh! Essa foi a pior até agora!
Garovel riu.
Só brincando. Você deveria xingar. Vai te ajudar a lidar com a dor.
— Seu merda!
Tá. Você não precisa me insultar também.
— Só… ugh…
Garovel flutuou para longe a fim de encontrar o Rabo de Cavalo enquanto Hector ia sozinho para casa enquanto resmungava. Mas, não demorou até ele ouvir Garovel rir de novo.
É justo dizer que bagunçamos bem as coisas aqui. Você deixou seu queixo para trás e está assustando pra caralho eles.
Oh… eu devia ter… uh… — A dor era tão forte que até pensar direito era difícil. Eu devia ter pego?
Nem.
Eles não vão, er… tentar… estudar e usar engenharia reversa para descobrir como meu poder funciona ou algo do tipo?
Quê?
Quero dizer… uh… tipo… sei lá…
Tá preocupado que eles vão descobrir o segredo da imortalidade estudando seu queixo?
É… idiota!
É impossível. Sua carne é só carne. Sou eu que te torna imatável. Eles podem estudar seu corpo o quanto quiserem e não vão descobrir nada.
Tá bom… ótimo.
A propósito, que imaginação estranha a sua. Acha que estamos em algum filme de ficção futurística?
Eu só… estou tentando ser diligente…
Certo.
Uh… então… quanto dinheiro nós conseguimos?
Eles estão falando sobre isso agora na verdade. Bom. Gritando para ser mais preciso. Ohh, setenta mil, o Rabo de Cavalo disse.
Os olhos de Hector se arregalaram.
Parece que Rofal juntou várias semanas de grana aqui de toda a cidade. Eu me pergunto se ele estava planejando alguma compra grande.
Setenta mil troas… o que ao menos eu faria com tanta grana… ?
Esse é nosso fundo para propósitos críticos. Sem gastos com birita e prostitutas.
Hector bufou.
E quanto a drogas? Metanfetamina e heroína são ótimas, certo?
Ah, sim. Porque não só devolvemos o dinheiro para o Rofal enquanto fazemos isso.
Você, um… éee… está certo de que podemos gastar esse dinheiro? Ele não está, tipo… sendo rastreado pelo governo ou algo do tipo?