Perto da Cordilheira Sombria, o grão-sacerdote com vestes prateadas, Ilia, estava de pé sobre uma rocha, olhando para alguns de seus subordinados ajoelhados à sua frente.
A fúria do grande sacerdote foi horrível. A enorme pedra começou a rachar sob seu poder trevoso.
— Quem sabe me dizer… o que diabos aconteceu?! — Ilia estava gritando como um animal ferido.
Eles sofreram uma grande perda naquela noite. As forças do Chifre Argênteo no ducado foram quase aniquiladas. O número dos membros que sobreviveram era inferior a dez, incluindo um grão-cavaleiro sombrio, Dragan, dois sacerdotes, três padres comuns e um cavaleiro sombrio de nível baixo.
Anos de trabalho duro de Ilia foram arruinados em uma única noite. Agora seu corpo estava coberto por uma camada de chamas negras com um forte cheiro de enxofre. Quando o capuz prateado caiu, o rosto de Ilia foi revelado.
Havia dois chifres de bode na cabeça, e seus olhos eram vermelho-sangue. Os cavaleiros e os padres ajoelhados em frente a ele não se atreviam a olhar para cima.
Depois de um tempo, Ilia se acalmou e colocou o capuz novamente. Então, ele perguntou:
— Quem sabe me dizer… por que a Igreja e a Família Violeta estavam lá hoje à noite?
— O feiticeiro denominado Professor… estava fugindo da Igreja hoje e de alguma forma ele encontrou o complexo subterrâneo. Isso é o que eu sei, — respondeu Dragan com cuidado.
Depois de um momento de silêncio, Ilia gritou novamente:
— Então, quem é esse maldito Professor?!
— O patrulheiro noturno disse que este Professor pode ter vindo do Congresso Continental de Magia, — respondeu Dragan. — Na verdade, recebemos a notícia de que o Professor ia encontrar um aprendiz de feiticeiro em um lugar na Floresta Negra, mas já que seria muito longe de nós…
— Malditos idiotas de merda! — Ilia estava com vontade de rasgar Dragan em pedaços.
Sabendo que ele disse algo estúpido, Dragan abaixou a cabeça e não se atreveu a contradizer o grão-sacerdote. Na mente de Dragan, era simplesmente impossível para eles bloquear toda a Floresta Negra e impedir as pessoas de entrarem na floresta.
— Esse Professor… ele fez isso de propósito — rangendo os dentes, Ilia disse lentamente. — Matar dois coelhos com uma cajadada só, mesmo sem precisar derramar uma gota de sangue com as próprias mãos. Mas por que ele fez isso…
— Mas eu pensei que o Congresso Continental de Magia estivesse do nosso lado… — disse um sacerdote de quinto nível, confuso.
— Conflitos internos existem em toda parte, — zombou Ilia.
Então, Ilia se virou e começou a orar ao Grande Mestre Argênteo, buscando uma revelação de seu Deus. Todos os seguidores começaram a orar também.
Um vulto negro saiu do manto prateado de Ilia e gradualmente encobriu todos eles. Na escuridão, todos os seguidores presentes ouviram uma voz no fundo de sua mente, mas apenas Ilia conseguiu entender a mensagem.
Logo, o vulto desapareceu, e Ilia se levantou. Ele ergueu a mão direita ao alto e disse a todos os seguidores:
— O Grande Mestre Argênteo me garantiu que, apesar do revés que sofremos esta noite, nós ainda seremos capazes de realizar a tarefa e construir o grandioso reino do verdadeiro Deus nestas terras.
— Que andem sobre a terra, como andarão em seu reino, — responderam os outros seguidores, encorajados pela notícia.
— O Grande Mestre também me mostrou uma profecia: uma estrela cadente trouxe o caos. O Trono do Destino perdeu seu mestre. O descrente que anda na luz e nas trevas fará sua estreia…
— O que isso significa? — perguntou Dragan, — Parece um poema…
— O diabo contaminou Aalto, então não conseguimos ver isso claramente. — Ilia balançou a cabeça.
O destino e o tempo eram os mais difíceis de entender. Mesmo o maior dos profetas era como uma pessoa comum quando enfrentava uma enorme montanha, e tudo que ele podia ver era apenas uma pequena parte dela.
Lucien dormiu muito bem naquela noite. Ele acordou com o canto agradável dos pássaros perto das oito horas da manhã.
O baile terminou muito tarde. Muitas pessoas ainda estavam em suas camas. Assim, ninguém pediu que Lucien se juntasse ao café da manhã. Era a primeira vez que ele apreciava uma cama macia e agradável desde que ele chegou neste mundo, e assim ele levou mais de meia hora para realmente se levantar e se vestir.
Quando Lucien estava descendo as escadas para o andar de baixo, uma empregada veio até ele e sorriu.
— Bom dia, Sr. Evans, o que você gostaria de tomar no café da manhã?
— Pão, queijo, salsicha… com leite, por favor, — respondeu Lucien. Ele pediu quase que um pequeno almoço, já que ele tinha se esforçado muito na noite anterior.
— Sim, senhor. — A empregada concordou. — Você gostaria de ser servido na sala de jantar ou no seu próprio quarto, senhor?
Lucien olhou para a sala de jantar no andar de baixo e viu que Rhine estava sentado lá.
— Sala de jantar, por favor.
Quando Lucien entrou na sala de jantar, Rhine estava levando um pedaço de carne até sua boca.
— Bom dia, Lucien! — cumprimentou ele. — Você realmente devia experimentar o escalopinho de mignon ao molho de manteiga, está muito suculento.
Lucien ocupou um assento em frente a ele e disse para a empregada:
— Um filé para mim também, por favor. No ponto.
Então, Lucien se virou para Rhine e sorriu:
— Um bom café da manhã é o início de um bom dia.
— Além disso, um complemento perfeito depois de um bom exercício, — disse Rhine maliciosamente.
— Evans, Evans… Yvette deve ser uma onça selvagem! — Um jovem nobre estava sentado ao lado deles. Ele riu um pouco, mas tinha claramente entendido mal a conversa.
— Qual é, Albay. Eu não fiz nada ontem à noite. — Lucien foi apresentado a aquele jovem na noite anterior, por Felícia. — Eu machuquei meu tornozelo.
— Entendo. Então agora tudo faz mais sentido… — Albay riu ainda mais. — Não me admira Yvette ter saído para caçar bem cedinho, parecendo bem irritada. Melhor para você, Lucien.
A refeição foi agradável. Vendo que Rhine estava quase terminando sua comida, Lucien perguntou apressadamente:
— Você pode me dizer onde é… aquele lugar paradisíaco que você mencionou ontem à noite?
— Já que ele parece um paraíso, eu vou te contar onde ele fica depois que você conseguir realizar seu próprio concerto, como um prêmio. — Rhine sorriu de um modo astuto. Para ele, era muito interessante ver o crescimento de Lucien.
Depois de Rhine sair, Albay perguntou a Lucien com curiosidade:
— Onde é que fica este lugar que vocês estavam falando?
— Eu não sei. Ele não quer me contar, — respondeu Lucien, dando de ombros.
O que ele sabia era que seria melhor sua vida voltar ao normal, pelo menos por um tempo, para cumprir a exigência de Rhine o mais rápido possível. Primeiro, Lucien teria que abandonar o pseudônimo de Professor.
Ao terminar o seu café da manhã, ele viu um Felícia sonolenta descendo as escadas. Ele a cumprimentou:
— Bom dia, Felícia.
— Bom dia, Lucien. Como está seu tornozelo? — perguntou ela.
— Está bom agora, — respondeu Lucien. — Sinto muito, Felícia. Infelizmente eu não vou poder ir caçar hoje. Eu tenho que ir agora para resolver algumas questões pessoais.
— O que aconteceu? — Felícia perguntou preocupada.
— Desculpe, mas eu tenho que manter isso em segredo — Lucien tinha uma expressão estranha no rosto —, já que tem algo a ver com a princesa.
— Claro, Lucien. — Felícia ficou um pouco surpresa por um momento, — Vou mandar uma carruagem te levar.
Depois de entrar na carruagem, Lucien pediu ao cocheiro para ir para mansão do Lorde Venn primeiro.