Trash of the Count’s Family – Capítulo 27

— Entrem.

Cale fez um sinal para que a dupla entrasse em seu quarto; Cage empurrou a cadeira de rodas com Taylor para dentro.

E, logo após ambos sentarem numa mesa, o ruivo que, nem sequer olhou para a garrafa de vinho, indagou.

— O que você quer?

Sua voz era extremamente fria e estóica, como de costume. Contudo, foi suficiente para acabar com as dúvidas de Taylor sobre ele não ser um lixo, e sim alguém muito mais esperto do que a maioria das pessoas.

— Que tipo de pessoa acha que eu sou, jovem mestre Cale?

Com essa pergunta, Taylor só mostrava que seu objetivo não era apenas beber.

Antes de se aproximar de sua cama e pegar uma bolsa de couro, Kim observou calmamente Taylor após sua pergunta.

Clang.

Ao ser colocada sobre a mesa, a bolsa produziu um som metálico e se abriu; dentro dela havia muitas moedas de ouro, prata e bronze.

Logo, enquanto se sentava, Cale encheu a sala com uma voz confiante.

— Não sei o por que de estarem indo para a capital agora, muitos nobres do país vão para lá, porém, tenho certeza de que só há uma coisa que pessoas como vocês, que caminham para a toca dos leões, poderiam querer de mim, da rica Família Henituse. É dinheiro, certo?

Ele esperava isso desde o momento em que pediram para segui-lo até a capital, assim como cada vez que sentiu seus olhares durante a viagem.

— Ah.

Cage vacilou, enquanto soltava uma proclamação de admiração.

Seu melhor amigo, Taylor, era alguém que costumava ficar no topo antes de cair, algo que era diferente dela já que sempre esteve no fundo.

Portanto, para a sacerdotisa, o ruivo à frente era único.

Ele pedia álcool ao seu vice-mordomo sempre que tinha um momento livre, não se importava com nada que seus subordinados faziam, e só comia alimentos da mais alta qualidade. E, além de só ficar nas pousadas mais luxuosas, sempre parecia estar relaxado; não parecendo se importar com o que dizia aos outros.

— Então você já sabia.

— Era óbvio.

Kim respondeu como se não fosse nada difícil de deduzir.

— Com base na forma de como viajam, parece que lhes falta dinheiro. Para ficar na capital, furtivamente, vocês precisam dele mais do que qualquer outra coisa. Tenho certeza de que este não foi originalmente seu plano, então é natural fazer tal pedido à “galinha dos ovos de ouro” viajando com vocês.

Sabendo que era verdade, Taylor não pôde discordar de nada que ouviu.

Cale Henituse, mesmo sabendo sobre suas condições, foi alguém que não tentou evitá-lo — logo então, para ele, lhe fazer um pedido e, esperar conseguir algum dinheiro, parecia a melhor opção. — E claro, mesmo que negasse, não era como se fosse contar a Venion sobre; pois se mostrava odiar coisas complicadas.

Aos olhos de Taylor, o ruivo era alguém que se escondia voluntariamente dos outros.

— Muito obrigado, jovem mestre Cale.

Kim não disse algo do tipo: “De nada”. Ao invés disso, ele estava pronto para colocar em prática seu plano formulado desde que começaram a segui-lo.

— Vocês partirão cedo pela manhã?

— Sim. Estávamos planejando partir furtivamente, mas viemos aqui para vê-lo antes disso. Precisamos cuidar das coisas por conta própria agora.

Os olhos de Taylor estavam claros enquanto ele continuava na cadeira de rodas. Entretanto, quando fez contato visual, Cale não pôde captar nenhum sentimento positivo neles.

— Vão entrar pelo templo?

No momento em que a expressão de Taylor pareceu mostrar choque, Cage entrou em cena.

— Sim. Nós planejamos entrar pelo templo.

Eles planejavam disfarçar Taylor como membro do templo e infiltra-lo sorrateiramente — no entanto, isso iria alertar o Templo da Morte sobre a localização de Cage. — Claro, ela estava disposta a se colocar nesse tipo de perigo por seu amigo também, contudo, esse plano não deixava de possuir outros riscos.

— Mesmo que entrem pelo templo, Venion ou o marquês ouvirá sobre isso dentro de três dias. Eles provavelmente têm informantes no Templo da Morte também.

— Você realmente é bem informado…

Taylor disse, Cage começou a sorrir; houve algo que ela percebeu de repente sobre Cale.

— Jovem mestre Cale… Posso presumir que deva haver algum motivo para você estar tão curioso com nossos planos?

Tap.

Tap.

O dedo indicador do ruivo bateu contra a mesa.

— Peguem este dinheiro e deixe o dono da pousada saber que vocês e seu pessoal ficarão mais um dia aqui.

Cale então ergueu seu dedo e apontou para a dupla.

— Porém, vocês dois subirão na minha carruagem. O resto de seu grupo entrará na capital um dia depois.

Screech.

O ruivo empurrou a cadeira para trás e se levantou; ele então foi e pegou outro item da caixa mágica e o colocou sobre a mesa.

— Esta é uma ferramenta mágica que pode tornar invisível qualquer forma de vida em uma área selecionada por cinco minutos.

Este foi o segundo item que precisou ser alugado sob o nome de Billos.

“Jovem mestre, está planejando roubar alguma coisa?”

“Roubar? Não, eu planejo quebrar algo.”

“Quebrar algo…?”

Kim planejava usar o item apenas durante o Incidente Terrorista na Praça, no entanto, agora tinha uma razão para usá-lo com antecedência.

Assim que Cale terminou de falar, apenas um silêncio pairava pela sala.

Cage e Taylor olhavam para cima e para baixo, entre o ruivo e o item, seus lábios abriram e fecharam várias vezes.

— Por que…

Depois de um tempo em silêncio, o jovem mestre Taylor, lentamente, começou a falar.

— Por que está fazendo tanto por nós? Você não tem nada a ganhar com isso.

“Por quê? Bem, tenho que ajudá-los um pouco já que o responsável por tudo isso fui eu.”

E, além disso, se Taylor conseguisse assumir a posição de marquês, ele não precisaria se preocupar com a ganância do Marquês Stan ou de Venion quando a guerra com as nações estrangeiras começar.

Tal escolha beneficiaria tanto o Território Henituse quanto a Kim também; ambos ficariam em paz.

— Devo responder?

— Sim. Quero ouvir sua razão.

— Por serem patéticos. Para o filho mais velho de um marquês pedir dinheiro ao Lixo da família de um conde, é apenas lamentável. E claro, também quero saber exatamente o que faz alguém como você, um aleijado, que não sabe quando vai morrer, fazer tudo isso.

A boca de Taylor abriu e fechou lentamente, antes que ele começasse a rir silenciosamente. Ele então deu tapinhas nos joelhos com as mãos enquanto pensava na frase de uma certa carta.

“Mas, meus olhos, nariz, boca, mãos e os demais membros ainda continuam vivos.”

Taylor começou a sorrir brilhantemente.

— Obrigado por sua simpatia. Eu precisa—

— Mas, há uma condição para tudo isso.

Kim apenas o cortou; ele não prestava nenhuma atenção naquelas palavras de agradecimento.

— Qual?

— Esqueçam tudo.

Ele repetiu o que falou, enquanto empurrava a bolsa de dinheiro em direção a Taylor.

— Esqueçam tudo o que aconteceu.

Cale mostrava que estava disposto a ajudá-los, porém não queria mais se envolver com eles.

Cage deu um passo à frente; esta era a razão pela qual tinha vindo com Taylor.

— O jovem mestre Taylor e eu faremos um juramento ao Deus da Morte, sobre não revelarmos nada. Presumo que esteja ciente de que qualquer um que quebre um juramento feito a ele, morrerá.

— Sim, eu estou. Por favor, faça seu juramento.

Se deparando com aquelas palavras, Kim começou a sorrir.

Um juramento feito ao Deus da Morte; foi por acreditar nisso que estava disposto a ajudá-los.

A sacerdotisa não pôde deixar de rir também depois de ver o ruivo sorrindo sobre a decisão deles de fazer um juramento valendo suas vidas.

— Presumo que o jovem mestre Cale não vá fazer um?

— Sim. Se as coisas se complicarem no futuro por causa disso, pretendo revelar tudo.

— Para Venion?

— Correto.

A resposta confiante de Cale fez com que Taylor se sentisse muito mais tranquilo; ele gostava do fato daquela figura estar sendo honesta.

— Cage. Vamos fazer isso.

— Certo. Vou começar agora.

Era noite de lua nova — em noites assim, quando a lua não é visível — a força do Deus da Morte está em seu auge.

A sacerdotisa fechou os olhos e juntou suas mãos na sua frente; era diferente de quando as pessoas estavam orando. Uma de suas palmas estava apontada para Taylor.

Ooooooong…

Uma pequena vibração enchia o ar, ao mesmo tempo, cercando os três indivíduos no quarto, uma fumaça preta começou a sair da ponta dos dedos de Cage.

“Oh…“

Enquanto via e sentia um poder fluir ao seu redor, Kim foi preenchido com uma estranha sensação. Era definitivamente diferente dos Poderes Antigos, e quente, apesar de ser preto.

— Eu, Cage, filha da noite eterna, desejo pegar emprestado o nome da noite para fazer um juramento com Taylor Stan. O juramento é feito com nossas vidas e, quem quebrar-lhe, descerá nas trevas eternas.

A sacerdotisa abriu seus olhos e visou os outros dois indivíduos na mesa antes de continuar a falar.

— Eu, Cage, e Taylor Stan, prometemos manter as discussões desta noite em segredo. Sendo apenas debatida com a testemunha Cale Henituse e mais ninguém.

— Com mais ninguém.

Taylor repetiu as palavras finais; Cage fechou os olhos depois de ouvir sua voz.

O ar preto cercou os três mais uma vez. E então…

Oooooooong!

Com outra vibração, desapareceu; o juramento foi concluído.

— Foi rápido.

Cale podia sentir uma sensação estranha em sua mão enquanto compartilhava seus pensamentos.

— A sensação que sente neste momento é o poder do juramento. No momento em que quebrarmos ele, o Jovem mestre Cale será informado de nossas mortes como testemunha.

— Entendo.

Kim aceitou facilmente a explicação — já que não teve escolha por causa da estranha sensação em seu membro. — Ele então começou a comparar a diferença entre o Poder Divino e os Poderes Antigos dentro dele.

Entretanto, naquele mesmo momento, Taylor colocou a garrafa de álcool que trouxe no meio da mesa.

Tap.

— Jovem mestre Cale, você quer tomar uma?

— Um drinque?

O ruivo escondeu seu desejo de expulsá-los de seu quarto e perguntou o que eles queriam dizer.

Taylor acenou com a cabeça para sua pergunta.

— Sim. Álcool. O álcool é necessário para um bom dia.

Taylor queria beber com Cale, alguém em quem não podia confiar até recentemente. Já Cage parecia ter descoberto algo mais, e começou a sorrir antes de colocar sua mão nas mangas largas de sua roupa de sacerdotisa.

— Tada~!

Três copos de shot saíram de sua manga.

— Oh.

Cale olhou para os copos e para a sacerdotisa com descrença; ele não podia acreditar que ela carregava recipientes de vidro em suas mangas.

— Sacerdotisa.

— Oi?

— Você é incrível.

O ruivo pegou um copo dela — Taylor o encheu. — Uma vez que os três copos de vidro estavam quase completos, Cage fez uma pergunta.

— Jovem mestre Cale, não acha estranho que uma sacerdotisa esteja bebendo?

Cale inclinou sua cabeça para um lado e perguntou: — Isso por acaso é da minha conta?

— Uau, eu realmente gosto de você.

Cage compartilhou sua admiração enquanto batia no joelho com a outra mão; ela então, timidamente, fez outra pergunta.

— Jovem mestre Cale, não deseja conhecer melhor uma irmã mais velha com uma grande personalidade?

— Não.

Kim respondeu com firmeza e Taylor rapidamente acrescentou.

— E quanto a um irmão mais velho com uma grande personalidade?

— Ainda menos.

A dupla começou a rir em vez de ficar desapontada com suas respostas. Por outro lado, Cale não podia dizer o que era engraçado, mas levantou seu copo e começou a falar.

— Saúde.

Clang.

Os três copos se chocaram.

Mesmo não havendo lua no céu, aquela era uma noite de lua nova, onde uma garrafa de álcool testemunhou a criação de um fio ligando três indivíduos.

Na manhã seguinte.

— Jovem mestre, vamos embora?

Kim não sabia se Hans era lento ou apenas achava isso engraçado.

O vice-mordomo já tinha ouvido uma certa parte da situação por Cale, mas mesmo assim fingia não ver as duas pessoas no canto da carruagem e perguntava em voz alta se iriam partir.

— Sim, vamos.

O ruivo apenas o respondeu casualmente.

Em duas horas, eles chegariam na entrada da capital.