Trash of the Count’s Family – Capítulo 62

“Devemos chegar lá em cerca de uma hora.”

Cale guardou o mapa em seu bolso após checá-lo, e voltou sua atenção para sua party.

Drip— Drip.

Gotas viscosas de sangue estavam a pingar das garras afiadas de On.

— Grr— Grrrrrrrr..!

No chão próximo a ela, um pequeno monstro, semelhante a uma raposa, se contorcia enquanto emitia grunhidos por ter sido envenenado…

— Tudo feito — relatou o Dragão Negro ao se aproximar.

Bem, havia cerca de vinte dessas mesmas figuras espalhadas pelo solo, mortas ou prestes a morrer.

“Eles realmente estão ficando mais fortes com a experiência.”

On e Hong acabaram não podendo aprender direito sobre batalhas por viverem escondidos, pois tinham fugido de sua tribo. Já o dragão, obviamente, não tinha experiência depois de viver em confinamento durante grande parte de sua vida.

No fim, o ruivo estava usando os monstros da Floresta das Trevas para preencher rapidamente essas lacunas de seus treinamentos.

— Hm… Eu  deveria ter lutado também?

Onde mais ele teria a oportunidade de ganhar experiência com segurança?

O Dragão Negro e a dupla felina viraram bruscamente a cabeça ao ouvirem seu murmurar.

— Parece uma ideia inútil!

— Humano fraco, já deu para você. Um dia foi suficiente.

— Nosso irmãozinho mais novo tá certo. Da última vez você cuspiu sangue por usar demais o escudo!

— Oh — exclamou Paseton assistindo aquela cena.

Entretanto, Kim só pôde focar sua visão em Witira, que estava sorrindo brilhantemente por algum motivo.

— …

Ele então a viu acariciar o chicote enrolado em seu braço com um olhar determinado; aquela expressão era de alguém que queria lutar.

“Assustadora.”

Cale rapidamente mudou seu foco, abrindo sua bolsa mágica e reuniu todos em volta.

— Coloquem isso antes de irmos mais longe.

— É por causa do veneno?

— Sim.

E então respondeu à pergunta de Paseton antes de colocar a máscara no dragão, que lhe esticou a cabeça.

— Humano. Há o cheiro esquisito.

Ele frequentemente repetia isso ao ruivo desde alguns dias atrás.

— O que é?

— Ainda não sei. Aqui é mais forte. É algo com que estou familiarizado.

— É provavelmente veneno ou o cheiro de podridão das plantas próximas.

Dito isso, Kim se aproximou dos gatinhos.

O Dragão Negro inclinou sua cabeça enquanto usava a máscara…

— Não… Não é um cheiro tão trivial.

E começou a murmurar algo, mas a máscara impediu qualquer um de poder ouvir o que estava dizendo.

Cale então colocou a máscara no rosto de On.

“Até Choi Han evitou esse pântano.”

O próprio protagonista, que tinha uma resistência bastante alta a venenos, não tinha motivo para atravessar o pântano enquanto sabia da existência de diversos outros caminhos na Floresta das Trevas menos confusos e irritantes.

— É realmente interessante que existem apenas dois pântanos em uma floresta tão grande.

Paseton aproximou-se…

— Sério? Eu não acho.

Ele logo pôde ver o ruivo começar a sorrir por baixo da máscara; era um sorriso muito malicioso.

— Você vai entender quando ver.

Dois pântanos eram suficientes. 

Kim verificou se todos tinham suas máscaras colocadas e checou suas expressões. Todos ali só haviam dormido entre 1-3 horas por noite desde que entraram na Floresta das Trevas.

— Todos parecem tão saudáveis.

Realmente, ninguém parecia cansado.

— Vocês são incríveis.

O rosto de Paseton se contorceu com os comentários repentinos. E olhou para sua irmã e perguntou com seu olhar: “Ele realmente quis dizer isso?”

Witira encolheu os ombros e evitou responder à pergunta.

Paseton voltou a olhar para Cale, que parecia ser o mais saudável da party neste momento, antes de visar o Dragão Negro e os gatinhos; o trio que sempre corria para cuidar do ruivo ao achar que estava cansado. 

Mas claro, ele dificilmente estava, principalmente graças à energia da Vitalidade do Coração, porém ninguém mais sabia disso.

Witira continuava a acariciar o chicote em seu braço ao perguntar: — Jovem mestre Cale, é a nossa vez agora?

Kim apontou com seu pé ao invés de responder. Logo em frente estava a fronteira entre as regiões externas e internas.

— Grrrrrrrrrrrr!

— Caaaaaaaw!

— Squeeeeeak—

Uma infinidade de ruídos se espalhou em sua direção assim que ele ultrapassou os limites. Ele então prosseguiu para falar com Witira, que também deu um passo além da fronteira.

— Vá…

Aquela governante do mar não era do tipo cuidadosa.

— É a sua vez.

Whoosh—

Witira lançou seu chicote assim que Cale terminou de falar.

Boom!

Uma grande cratera foi criada no chão a partir do toque de sua arma.

— Grrrrr…

— Keeeeeee…

— Squeeeeeak…

Os ruídos desapareceram.

Witira, alguém cuja força ficava entre Choi Han e o Dragão Negro, estava ansiosa por uma luta.

Seu coração vinha pulsando de forma selvagem desde quando começou a assistir as lutas de sua party cuja as habilidades estavam acima do esperado.

— Devemos nos apressar? — perguntou ela com um sorriso.

— Sim, o mais rápido possível. Eu quero ir para casa e descansar — respondeu o jovem mestre misterioso esboçando um sorriso completamente relaxado.

Paseton soltou um suspiro após ouvir o que o ruivo tinha a dizer, antes de desembainhar sua espada envolta de um redemoinho.

Crack— Thud.

Momentos depois, os inimigos começaram lentamente a se revelar através da floresta agora silenciosa.

A fronteira entre as regiões externas e internas era um local onde havia monstros que eram mais fracos que aqueles da região interna, porém eles ainda estavam à frente em questão de força quando comparados aos monstros do lado de fora da Floresta das Trevas.

Ogros Mutantes, Trolls Mutantes, monstros do tipo aranha vindo de Nascente e até mesmo monstros de alto nível apareceram.

— Os monstros aqui são realmente diferentes. E eles ainda querem lutar, mesmo depois de ver o Dragão-nim.

Paseton deu um passo à adiante e espreitou para frente e para trás, entre o Dragão Negro e Kim, que acenou com a cabeça antes de dar uma ordem.

— Apresse-se e lute.

— Sim jovem mestre…

Sem demoras, Paseton tomou impulso para frente e a batalha entre os monstros fortes e os irmãos baleia começou.

Os inimigos vindos da Floresta das Trevas não se assustaram, mesmo diante de criaturas fortes como um dragão e membros da Tribo das Baleias. Na verdade, esses fatos os fizeram atacá-los ainda mais seriamente.

Era como se estivessem lutando por sua sobrevivência, pensando que não podiam permitir que figuras fortes que pudessem governá-los aparecessem dentro de seu território.

Cale assistia o desenrolar da batalha quando notou um redondo escudo ser lançado em seu entorno, e indagou: — E você?

— É muito irritante lidar com esses fracos.

— Certo. Então vamos lá.

O ruivo começou a andar lentamente para frente.

Boom—

O corpo de um ogro foi dividido em dois pedaços…

Splash!

Parte do sangue jorrado caiu diretamente sobre o escudo.

Swoosh— Boom!

Seguido do som de chicotear, uma aranha gigante explodiu, e uma de suas pernas voou e se chocou contra o escudo antes de cair no chão.

— Observem e aprendam.

Kim continuou caminhando pelo campo de batalha em linha reta enquanto falava sem pressa.

On, Hong e o Dragão Negro fingiam não se importar, mas estavam assistindo seriamente à batalha.

Os monstros que apareceram na frente de Cale que parecia estar num passeio pela floresta rapidamente desapareceram, tudo graças a Witira.

Boom—

Cale parou quando pôde ver o pântano ao longe antes de começar a falar.

— Esse agora é o início da região do pântano.

Boom!

A cabeça de um Troll Mutante rolou no chão antes de ser seguida por seu corpo.

Whoosh!

— Vamos indo.

Witira sacudiu os fluidos de seu chicote enquanto falava.

— Haa…

Paseton soltou um suspiro ao ver sua irmã parecendo levemente satisfeita, antes de começar a segui-la para o lado do ruivo.

— !

Os irmãos baleia então pararam de andar de repente e apertaram bem suas máscaras.

Tudo porque veneno e um cheiro de podridão muito forte entraram em seu nariz mesmo protegidos.

Ao mesmo tempo, seus olhos se abriram bem depois de notar o pântano que antes era disfarçado por grandes árvores.

— O que acham? Não é apropriado para a Floresta das Trevas?

Kim se afastou de Paseton chocado e olhou em direção ao pântano — o local que era tão grande quanto um mar e escuro quanto um breu — antes de voltar a falar.

— É um pantano bem grande, o suficiente para que vários navios enormes venham a caber. É também único em comparação com outros pântanos por conta de sua coloração negra.

Aquele deveria ser o local mais adequado para explicar a razão do nome “Floresta das Trevas”.

— Eu… não esperava que fosse tão grande.

Witira deixou escapar sua admiração. E logo então engoliu em seco ao olhar a área do pântano. 

Cale entendeu porque de tal reação.

Todas as plantas ou eram pretas ou marrons, e não estavam morrendo, em vez disso se mostravam extremamente vibrantes.

— Devem ser venenosas.

O ruivo assentiu com a cabeça em resposta e apertou a máscara em seu rosto. Ele também apertou os cadarços em seus sapatos e vestiu luvas.

O resto de sua party seguiu o exemplo.

— As plantas aqui cresceram com o veneno e sofreram mutações para sobreviver ao ambiente…

E assim puderam ouvir a voz dele mais uma vez vindo através da máscara.

— Embora exista a chance de não possuírem um veneno mortal, todas têm algum tipo de veneno dentro delas. Tenham cuidado e certifiquem-se de que não toquem suas peles.

Tal frase fez Paseton recordar do veneno das sereias e, rapidamente, certificar-se de que estava completamente protegido…

— Hong…?

Ele então notou algo estranho; sem máscara, ou qualquer proteção sobre, o gatinho vermelho tinha passado rapidamente ao seu lado.

Sem parar, Hong olhou em direção a Kim e se atirou na região do pântano depois de vê-lo acenar com a cabeça.

Crash!

— Hong!

Witira tentou alcançá-lo e agarrá-lo, mas era tarde demais. Ela logo olhou em direção a Cale em choque, mas viu que ele não parecia estar preocupado.

— Delicioso!

Os irmãos baleia então ouviram a entusiasmada voz de Hong.

Cuidadosamente, o ruivo também tomou o mesmo rumo, entrando na região do pântano e se aproximou de Hong.

— Como é?

— Um veneno paralisante, mas é picante!

— Devagar, você pode se engasgar… Coma devagar, mas coma muito — declarou severamente pro felino entusiasmado.

— Certo. Já sinto como se estivesse ficando mais forte.

Voltando sua atenção para trás, Kim comentou de forma sarcástica para os irmãos baleia, que ainda estavam paralisados fora da região do pântano.

— Vocês não vem?

Com essa fala, os irmãos entraram lentamente na região com expressões caóticas em seus rostos. 

Sem perder tempo, Cale começou a levá-los lentamente para mais perto do pântano. 

Felizmente, o solo marrom e o pântano preto eram fáceis de se diferenciar um do outro, de modo que basicamente não havia perigo de cair no pântano negro.

Por isso que o ruivo era capaz de inspecionar rapidamente seu entorno.

— Paseton.

— Sim?

Paseton estava ali parado com uma expressão rígida no rosto, quando Kim apontou para um local próximo.

— Parece que alguém esteve aqui recentemente, não é?

Havia algumas marcas no chão e muitas pegadas.

Como os monstros não chegavam a esta área, havia apenas uma explicação para aquilo…

— Vou investigar isso — falou Paseton antes de ir imediatamente investigar.

Aquelas deveriam ser as provas que as sereias deixaram para trás.

— Parece haver uma boa chance de que tenha sido o próprio pântano…

Havia muitas marcas no chão ao lado dele.

Provavelmente, as sereias não se importaram em esconder seus rastros, pois acreditavam que ninguém viria até ali.

Tap.

Tap.

Cale parou de olhar para o pântano e levou sua atenção para baixo depois de sentir leves pancadas em sua perna: Hong, que parecia muito animado, tinha sua boca coberta da cor preta e estava começando a se esfregar contra ele, era como se estivesse tentando parecer fofo.

— Também quero tentar beber o pântano.

Witira, que estava ao lado deles, vacilou com aquele comentário do felino, mas o ruivo não se importou ao responder a Hong.

— Espere por enquanto.

As orelhas do gatinho vermelho caíram.

— Mas… eu quero ficar ainda mais forte.

— Por quê?

Sem hesitação, Hong espreitou em direção ao Dragão Negro e sua irmã, On.

Tap.

Em seguida, uma grande mão deu uma palmadinha em sua cabeça.

— Não pense em coisas inúteis e vá com calma. Você já é mais forte do que eu.

— Todos são mais fortes do que você.

Tap.

Kim deu um outro tapinha leve na cabeça de Hong e disse para ele voltar a comer outras plantas venenosas.

Ele então, virando as costas, começou a ponderar sobre como faria a dupla felina mais forte no futuro…

— …

No entanto, deixou isso de lado e, imediatamente, começou a franzir a testa.

“O que há de errado com ele?”

O Dragão Negro agia de forma estranha, ele inclinava continuamente sua cabeça para a esquerda e para a direita.

— Não há sinais de terem recolhido nenhuma das plantas próximas recentemente…

Naquele mesmo momento, Paseton se aproximou.

— Entretanto, há muitos sinais de que estavam fazendo algo ao próprio pântano. E com base nas marcas, eu diria que estiveram aqui entre duas semanas a um mês atrás.

Cale olhou em direção ao amplo pântano e respondeu: — Parece que eles pegaram um pouco do pântano.

— Parece ser esse o caso.

O ruivo estava prestes a falar novamente, após ver Paseton e Witira parecendo sérios, contudo, pelo o dragão ter se aproximado naquele instante, ele voltou a franzir a testa.

— Por que tirou a máscara?

— Não era um cheiro só familiar, mas um cheiro familiar de mana.

— Hã?

Kim começou a ter calafrios.

O Dragão Negro apontou para o pântano com sua pequena pata dianteira.

— Há um cheiro familiar de mana aqui.

Cale começou a franzir ainda mais a testa.

— Há cheiro de mana de dragão no pântano — acrescentou ele com confiança.

Com isso, o ruivo não pode deixar de olhar com urgência para o pântano negro — o lugar extremamente vasto — e pensando no tamanho de um dragão adulto ou antigo….

— Bem, mas não há sinal de vida na mana. É apenas um traço muito fraco.

Tais palavras foram o golpe final.

O pensamento inacreditável na cabeça de Kim rapidamente se tornou realidade. Ele então também sentiu que sabia como as sereias estavam ficando mais fortes…

Havia um cadáver de dragão dentro daquele pântano.