“Talvez a Pedra do Pesadelo naquela nave tenha reagido e se conectado ao Reino do Pesadelo por acidente por causa das partículas espaciais terem uma frequência semelhante?”, ponderou Sunders.
Tal coincidência tão rara já aconteceu antes. Se dois planos se sobrepusessem e não fosse esculpido usando grande magia, poderia acabar gerando apenas uma coincidência.
A alegria de Sunders gradualmente desapareceu. Encontrar uma entrada fixa para o Reino do Pesadelo significava que ele não precisaria mais encontrar Greya. Sunders estava vivo há centenas de anos. Ele rapidamente recuperou seu temperamento e desconsiderou a aura que sentiu.
Vendo como Sunders não respondeu, Flora não pressionou por uma resposta. Ela tinha sido sua aluna por mais tempo que qualquer outra pessoa, então sabia que ninguém poderia tirar uma resposta quando Sunders decidia não falar.
Uma coruja negra voou para a tenda, circulou e pousou no ombro de Flora. Uma ondulação de ar visível saiu do bico da coruja. Flora analisou a mensagem contida na ondulação, depois sorriu.
“Professor, Isa disse que a batalha mortal na câmara quatro, terminou. Balba é o vencedor.”
Isa era o nome da coruja negra– a familiar favorita de Flora.
“Ah!?” Sunders olhou para o sudoeste, pensativo. Seus olhos continham uma estranha ondulação mágica. Para ele, algo que estava longe podia ser visto facilmente de onde estava.
A câmara quatro era uma casa gigante, quadrada e isolada. Um jovem careca com pele morena, quase preta, sem nada na metade superior, agora estava de pé em cima de uma pilha feita de cadáveres humanos. Um brilho vermelho veio aos seus olhos, símbolos antigos com uma cor azul fluorescente lentamente se espalharam pelo seu corpo musculoso.
Assim como as outras organizações de magos, a que Sunders estava -Caverna Bruta- também era procurada por aprendizes talentosos em todo o mundo quando o mar descongelava. No entanto, eles usavam uma abordagem que era muito menos pacífica em comparação com The Redbud.
Eles organizaram todos os talentos em várias câmaras para se juntarem as batalhas até a morte. Os sobreviventes finais eram considerados os melhores entre os melhores, e apenas elas se tornariam novos aprendizes da Caverna Bruta.
O homem careca na câmara quatro era o único sobrevivente em sua câmara.
Sunders mostrou um sorriso gentil e um olhar pensativo:
“Ha. Eu não esperava que o vencedor fosse um cruzamento entre um humano e um bruto de outro mundo.”
“Hehehehe. Afinal, ele não é um ser humano deste mundo. Sem força suficiente, a consciência do mundo vai se livrar dele mais cedo ou mais tarde, a menos que o banimos para outro plano “, disse Flora. Ela também estava usando um feitiço de visão semelhante. Observando ao longe, conseguia ver a montanha de cadáveres e o sobrevivente ofegando sobre ela.
“Mestre, o que devemos fazer com ele?”
“O caminho do mago exige a verdade e a razão última no universo. Dobramos as regras usando nosso próprio conhecimento. Tal grande arte não deve ser considerada a mesma dessas habilidades mesquinhas em outros lugares. As criaturas do outro mundo têm babado sobre a magia apenas porque também usar”, disse Sunders. Ele fez uma pausa um pouco antes de continuar: “Podemos já saber a descendência desse híbrido, mas não podemos excluir a possibilidade de que um ser poderoso de outro plano tenha adulterado sua linhagem. É quase impossível para ele ser um espião, mas não podemos ignorar isso. Quando voltarmos, fique de olho nele por um tempo. Se vir qualquer anormalidade, mate-o imediatamente. Se provar ser inofensivo…” Sunders sorriu, então disse: “Dê a ele treinamento na Arte da Descendência. Quando ele fundir com a descendência, transforme-o em um fantoche.”
Espião ou não, o destino do jovem seria cruel, só porque metade de sua linhagem veio de outro plano.
Para os magos, uma criatura de outro mundo que veio para o dos magos por meios anormais, se torna escravo ou material de pesquisa ou pó por causa da consciência do mundo.
“As outras oito câmaras também tiveram seus vencedores. Além do vencedor da câmara quatro, nós, Caverna Bruta, só encontramos oito talentos este ano…” Flora fingiu um suspiro, fingindo estar aflita. “Menos de dez. Nossa. Esses infiéis vão falar novamente, sobre revogar nosso recrutamento na câmara da morte ou algo assim.”
Sunders apenas sorriu:
“Não se importe com eles. Essas pessoas devem saber que, se usássemos o mesmo método de recrutamento em massa como o do Redbud, a Caverna Bruta já teria caído do Top 10 na região sul. Somente uma batalha pela vida faria alguém entender as regras do mundo dos Magos.”
“Tanto faz”, Flora fez um rosto azedo. “Ei, professor, quando encontrar o Restaurante da Barbie, arraste Greya conosco para que não tenhamos que encontrá-la toda vez que precisarmos de locais. Isso é tão cansativo!”
Sunders balançou a cabeça com um sorriso. Greya não era lá muito lutadora, mas havia criado diversos os tipos de feitiços estranhos. Se ele a confrontasse pessoalmente, poderia ganhar, mas certamente não poderia capturá-la viva.
“Aah,” suspirou Sunders, “se eu não tivesse selado a hemi-passagem em mim por desejar um nível melhor nos anos anteriores, eu teria…” Sunders exclamou dentro de sua mente.
…
Era outra noite nebulosa. Furacão e tempestade criaram uma cachoeira do lado de fora sem nenhum sinal de parada. A superfície do mar mudou ao vento, ondas gigantes balançaram o Redbud para frente e para trás como um berço fora de controle.
Angor não dormiu a noite inteira, tudo o que podia fazer era sustentar até que o mar se acalmasse sob a luz do sol no dia seguinte.
Arrastando-se para sua cama usando seus membros trabalhados, deitou-se, e finalmente caiu em um sono profundo enquanto ainda carregava uma sensação de que faltava alguma coisa.
O sono durou até que a lua pairasse no alto do céu.
Quando Angor saiu da cama, sentiu o pingente na frente do peito o cutucando. Ele o tirou da camisa e olhou para o cristal oval e transparente fixado no meio do pingente de metal.
“O Olho Alienígena…” Angor observou em silêncio. Isso o lembrou de sua casa, seu irmão e Jon, a dezenas de milhares de quilômetros de distância.
Ele estava a cerca de cinco meses longe de casa e ainda não havia chegado ao continente dos Magos. Ele poderia realmente voltar para casa depois de cinco anos?
Com um suspiro, Angor afastou seus pensamentos perturbados e colocou o pingente de volta em sua camisa. A esfera brilhante acompanhou seu professor até este mundo, e deve haver algo nela. Ele precisava mantê-la segura.
Angor continuou sua vida redundante: refeições, quebra-cabeças e sono.
Preso em sua rotina, mais uma semana se passou.
Um dia, quando Angor passou pelo refeitório, involuntariamente olhou para o espelho de mercúrio perto da porta.
O vendo no espelho, Angor não era mais ele mesmo. O enérgico e bonito menino nobre havia tornado-se sombrio. Suas pálpebras estavam pesadas, decoradas por círculos escuros. Seus lábios estavam secos e rachados, seu rosto pálido e escuro.
Exaustão e pressão fizeram com que ele chegasse forçadamente a essa forma em tão pouco tempo. Não conseguia mais se lembrar quando foi a última vez que riu.
Ele foi até a pia e planejou se acalmar colocando o rosto na água fria. A promessa de cinco anos fez com que se perdesse, e aqueles modos nobres e corteses, esculpidos dentro de seus ossos, estavam começando a desmoronar.
Sua mente não estava bem. No entanto, Angor não pretendia vacilar, pelo menos não antes de resolver os quebra-cabeças deixados por seu Mestre. Ele manteria seu espírito forte por enquanto.
Além disso, o Redbud não tinha instalações para aliviar o estresse. Os outros talentos poderiam treinar meditação. Mas o que ele poderia fazer, além de resolver quebra-cabeças?