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“Pai, Leon Padt nos convidou para a mansão para tomarmos chá juntos,” Disse Eton lendo a carta. A dúvida preencheu seus olhos.
O ancião com barba branca também ficou um pouco surpreso com o convite.
“Parece que esta família viverá ainda por mais uma noite.”
Eton hesitou, ele sabia que seu pai não tinha mais a intenção de atacar a Mansão Padt por agora, então sorriu.
“O homem é inteligente o suficiente. Por que tal mudança de pensamento?”
O ancião sorriu e apontou para a caixa de madeira.
“Devido a isto, talvez.”
A cor da noite gradualmente se desfez, e a Mansão Padt não enfrentou uma noite sangrenta. O sol ascendeu novamente e cobriu cada centímetro da terra e sua mansão com seu calor, como sempre. Ninguém na mansão sabia que mal tinham escapado de um terrível destino.
De manhã cedo, Angor levou várias criadas ao jardim de chás para pegar as folhas mais frescas. O inverno lá fora era imperdoável, e tudo congelava, mas o jardim de chás, que era protegido pela estufa que Jon havia melhorado, permanecia tão quente quanto se fosse primavera.
Para preparar-se para o “chá” dessa noite, Angor ordenou as criadas que coletassem várias folhas de Orvalhos da Manhã. Parte delas seriam usados para preparação do chá da noite, o restante seria entregue à Mana para que fosse refogado. Apenas as folhas que eram “mortas”— amassadas em alta temperatura — podiam reter a fragrância original por muito tempo. Angor planejou dar essas folhas preservadas ao Conde Eton, como presente.
Vendo que as criadas trouxeram as folhas para a higienização, Angor pôde finalmente confiar o trabalho a elas. Ele então retornou ao jardim da casa com pernas de pau.
Jon estava sentado na varanda do segundo andar, banhando-se no sol caloroso, o que era algo escasso durante o verão. Ele até mesmo cantarolava algo.
Angor andou até ele, pegando a pomada com o servo mudo, e começou a aplicar no corpo do professor. Jon apenas deu uma olhada nele, sem dizer nada. Jon já explicou a causa de seus membros murchos, e Angor provavelmente não acreditara. Não importava, Jon apenas aproveitava esse ato de respeito vindo de seu pupilo. Afinal, ele não faria mais isso depois de algum tempo. Jon sequer sabia se conseguiria sobreviver ao Mês da Terra Congelante.
Jon acolheu o vento suave que soprou contra seu rosto com um sorriso, cantarolando uma melodia sem nome. Triste. Mas ainda assim, livre, e o que era ainda mais importante, ele recordava.
“Se eu puder voltar para a Terra… Mesmo que seja por um segundo antes de morrer, eu aceito.” Jon não entendia por que uma pessoa retornava as suas origens… até agora.
Tristeza estava estampada por toda a face de Angor, mas ele não sabia como confortar seu professor. Despedir-se de alguém sempre era a experiência mais dolorosa, sem mencionar despedir-se de alguém a um mundo de distância.
O momento de tranquilidade não durou muito. Jon subitamente apontou para um objeto cristalino e transparente, que estava meio enterrado em um jarro de flores na varanda.
“Pode pegar aquilo para mim?”
Com um “Uh-huh”, Angor foi até lá e desenterrou o objeto da terra molhada, limpando com seu lenço antes de entregar a Jon. O objeto tinha um formato oval, como uma esfera envidraçada quando observada de longe. Jon segurou a “esfera envidraçada” na mão e a observou por um longo tempo. Sua expressão mudou de rancor para tristeza, e então para um sorriso amargo.
“Eu joguei isso na floresta, três anos atrás, e, de alguma maneira, acabou dentro desse jarro de flores.” Jon balançou a cabeça. “Talvez isso seja destino?”
Ouvindo seu professor falar consigo mesmo, Angor enrubesceu e gaguejou.
“Eu trouxe de volta. Você sempre apreciou isso, algumas vezes até mesmo chorava em cima, então acredito que isso era de sua família. Quando vi jogando-o na floresta, pensei que não queria mais lembrar de alguém. Então peguei e escondi aqui, para que pudesse encontrá-lo caso mudasse de ideia.”
Jon ficou sem palavras por um tempo, então murmurou novamente, mas sua voz pôde ser ouvida apenas por ele mesmo dessa vez.
“Ou talvez… o destino encontra-se em você?!”
Após permanecer em silêncio por um longo tempo, Jon olhou para Angor.
“A Esfera Envidraçada não era da minha família, mas pode ser considerado algo vindo da Terra. Eu não sei sobre suas exatas origens. Deixe-me contar uma história sobre essa esfera.”
…
Conforme Jon lentamente revelava sua história, mais e mais abalo aparecia no rosto de Angor. Ele pensou que era apenas uma esfera com algo memorável por trás, não algo tão valioso.
A história começa 20 anos atrás, quando Jon ainda estava na Terra. Ele era um cientista, nascido na China. Para trabalhar em um grande e misterioso projeto, ele aceitou um contive e levou sua esposa e filha para Long Island, em Nova York, USA. Era um projeto de pesquisa que durou décadas. A pesquisa chamava-se Projeto Montauk.
Era um famoso projeto espacial de física, lá na Terra. Jon nasceu no meio do século 23. O projeto iniciou-se dois séculos atrás, e foi abandonado diversas vezes, dando um total de 50 anos dedicados a ele. Jon participou no seu sexto início. O projeto antigamente era chamado de “Experimento Filadélfia”, no ano de 1942, quando o radar foi inventado.
Para tornar os navios de guerra indetectáveis pelos radares, os militares americanos realizaram o experimento no comboio de contratorpedeiros, da USS Eldridge. Havia uma antena omnidirecional no mastro principal e duas bobinas de energia no deck, todas eram alimentadas por um gerador no navio.
Anormalidades surgiram no começo do experimento, e desastres piores apareceram na segunda e terceira tentativa. O gerador perdeu o controle, e a Eldridge desapareceu da vista de todos e instantaneamente reapareceu mais 7.000km de distância. No fim, o Experimento Filadélfia foi forçado a ser terminado, mas as pessoas descobriram um subproduto: Teletransporte de Longa Distância.
Em palavras simples, o Projeto Montauk foi um projeto de física focado na viagem através do espaço. De início, as pesquisas do Projeto Montauk eram todas limitadas pelos conceitos do Projeto Filadélfia, e acabou não rendendo muito progresso, até que, no começo do século 23, um objeto desconhecido semeou um grande entusiasmo nos corações de todos os cientistas.
O objeto não identificado caiu no sudoeste do deserto do Saara, na África, bem no centro do famoso “Olho do Saara”, atraindo a atenção de todos os países e regiões. Sendo Mauritânia uma pequena nação na África, ela sequer conseguiu competir pelo objeto contra outros países. No fim, o objeto foi entregue para Long Island, em Nova York, EUA, e era estudado por diversas nações incluindo China, Inglaterra, França, Japão, Rússia, e etc. As pessoas deram o nome de “Olho Alienígena”.
Durante os estudos, cientistas descobriram que o Olho Alienígena possuía leituras de energia que contradiziam a maioria dos coeficientes físicos existentes. Se acionado por uma radiação de carga elevada de certo comprimento de onda, o Olho Alienígena podia se teletransportar dentro de uma pequena área.
Devido a essa nova descoberta do método de teletransporte, os cientistas iniciaram o Projeto Moutauk pela sexta vez.
Jon era apenas um pesquisador ordinário durante o projeto. Seu trabalho era manter registros dos efeitos nas plantas, infligida pelas ondas de frequências geradas pelo Olho Alienígena. Um dia, Jon levou diversas mudas para a zona altamente protegida do Olho Alienígena, para registrar amostras, como sempre.
No começo, nada estava fora do comum. A maioria das plantas murchavam e morriam pelas ondas lançadas do Olho Alienígena, exceto por uma única semente de chá trazida da China. Jon segurou a semente e ativou seu Chip Parasita para começar o registro, mas algo saiu errado com o painel de controle ou algum outro componente, ninguém sabia. Vários raios de carga elevada atingiram em cheio o Olho Alienígena, criando mudanças drásticas no laboratório.
O espaço colapsou, e escuridão emergiu. O Olho Alienígena emitiu uma terrível aura, cobrindo tudo dentro do laboratório em instantes. No próximo segundo, antes que Jon pudesse notar o que estava acontecendo, ele foi engolido pela escuridão, com a semente em sua mão.
Ultrapassando diversas barreiras dimensionais, Jon chegou a este mundo, com o Olho Alienígena ao seu lado e incontáveis lesões em seu corpo, sendo salvo pelo velho Visconde Padt.
Por outro lado, o Olho Alienígena perdeu sua mágica e tornou-se um objeto normal — uma Esfera Envidraçada.