A avaliação do primeiro ano era um dos grandes eventos da Academia Mágica Nacional de Lanthanor. A maioria das pessoas julgavam o potencial futuro de um mago pela sua performance nesta avaliação. Isso ocorria porque muitos acreditavam que o que a pessoa conseguia alcançar em um único ano era um ótimo indicativo do que seriam capazes de conquistar através de sua vida.
Os gramados estendidos da academia eram a localização padrão da avaliação. Um pódio foi erguido de um lado com inúmeras cadeiras colocadas no topo, também havia um trono que fazia tudo parecer pequeno. O trono era feito de alguma liga de ouro, pois brilhava ao refletir a luz do sol com os dois leões que foram esculpidos nos apoios de mão de forma que os fez parecer querer saltar nos campos abertos.
No dia da avaliação, a academia inteira foi reunida do outro lado do gramado, que foi designado como a área dos espectadores. Os assentos encheram lentamente, com as fileiras da frente já ocupadas com as pessoas que vieram mais cedo só para assistir à ação em primeira mão.
Outro grande motivo para o entusiasmo dos espectadores era que o homem mais forte de todo o reino estaria presente na avaliação. O próprio Rei de Lanthanor viria para ver como os futuros magos do reino estavam progredindo.
O Rei raramente era visto, pois estava sempre ocupado treinando e focando em se melhorar para fornecer uma vida estável ao reino. Embora ele tivesse algumas falhas, a maioria dos plebeus ainda o abençoava todos os dias em seus corações por ser capaz de fornecer uma atmosfera em Lanthanor onde eles podiam viver em paz.
É claro, também havia muitos que o amaldiçoavam devido a sua parcialidade nas questões da Família Real. Ele apoiava quase todas as suas ações, deixando-os causar estragos nas vidas dos plebeus. A família de Daneel foi uma das famílias afetadas.
Logo, chegou a hora da avaliação. Todos os alunos se reuniram meia hora antes por respeito ao Rei.
Bem quando chegou na hora em que a avaliação deveria começar, dois homens apareceram no pódio, que já tinha sido preenchido por dignitários das outras academias ou salões de treinamento.
Era o Mago da Corte e um homem com ombros largos.
Uma capa dourada avermelhada repousava em suas costas, com o brasão real exibido para todos verem.
O homem usava a cota de malha de um soldado por baixo da capa. Ela parecia ser feita de uma liga similar à do trono.
Ele tinha uma face magra, quase como se tivesse acabado de acordar. Cabelos longos e prateados caiam sobre seus ombros, chegando até seu peito enquanto seus olhos penetrantes passavam por todos em sua volta, como se procurasse por perigo. Seu nariz era torto, como se tivesse sido quebrado várias vezes e seus lábios eram finos, comprimidos em uma linha. Cada pessoa em que seu olhar caia se encolhia de medo.
Como um, os espectadores e dignitários se ajoelharam e abaixaram suas cabeças. Daneel não teve outra escolha além de se ajoelhar para esse rei indiferente e faminto por poder, cujo único objetivo era ganhar mais poder.
Foram pensamentos como esse que fizeram Daneel pensar nas primeiras palavras do sistema – que ele estava destinado a conquistar e dominar o mundo. Talvez uma mudança de liderança fosse realmente necessária neste reino, onde a nobreza podia fazer o que quisessem sem nenhum impedimento. Mesmo alguém que poderia ser a futura espinha dorsal do reino foi ignorado, fazendo-o sentir que as prioridades do líder não eram certas.
O Rei sentou sem dizer uma palavra, e o Mago da Corte caminhou para frente e proclamou: “Que a avaliação comece!”
Com essas palavras, a avaliação do primeiro ano começou.
Havia cerca de 300 estudantes no primeiro ano e era impossível ter lutas de treino entre todos. Por isso, primeiro houve um processo de remoção de ervas daninhas, no qual apenas os candidatos mais promissores seriam escolhidos.
Todos os estudantes se organizaram em filas de acordo com as instruções do juiz.
Em um espaço vazio na frente deles. 20 marionetes de madeira surgiram. Eles eram humanóides, com tudo menos rosto.
“O teste da marionete será feito em lotes de vinte. Qualquer um que derrube-o antes que ele chegue muito próximo, passa para a próxima rodada.” Anunciou o juiz.
O primeiro lote começou logo depois disso. O objetivo era testar a velocidade de conexão do mago com qualquer partícula elemental que escolheram para fazer um feitiço simples e derrubar a marionete. As marionetes foram organizadas para cair por qualquer feitiço que os atingissem, seja uma pequena bola de fogo, um jato de ar ou um disparo de água. Esses eram todos feitiços simples que eram ensinados no primeiro ano.
Vários indivíduos tinham níveis variados que podiam conectar-se com as partículas elementais e persuadi-los a mudar pela sua vontade. Aqueles com compreensão maior podiam ver as partículas, tornando mais fácil para eles usarem suas Raízes Mágicas e as influenciá-las.
Como eles foram ensinados, a chave era a visualização. Quanto mais forte pudesse visualizar, influenciar e conectar as partículas, melhor seria o resultado do feitiço.
Um feitiço era basicamente uma instrução de como conectar. Feitiços simples exigiam instruções simples. Feitiços mais poderosos significam instruções mais complexas que exigiam magos de níveis mais avançados.
Um mago só aumentava de nível quando conseguia controlar um determinado número de partículas. De acordo com o sistema, isso tinha uma correlação direta com a desclassificação da glândula pineal. A glândula era basicamente como uma cebola, e com cada aumento de nível, uma camada da glândula seria descalcificada.
O problema principal que os jovens magos enfrentavam neste estágio era a capacidade de lançar um feitiço nas marionetes que corriam em sua direção. Eles só tinham um minuto para fazerem isso, e até mesmo os alunos que tinham compreensão de nível Laranja acharam isso meio complicado.
Os alunos com compreensão Vermelha passaram só por usarem uma simples bola de fogo ou pedaço de gelo. Laravel, é claro, foi o que mais se exibiu, usando um virote de relâmpago que fez todos ofegarem. Afinal de contas, feitiços de relâmpago não eram parte do currículo do primeiro ano.
No sexto lote, foi a vez de Daneel. Com uma expressão calma, ele caminhou até a posição designada e aguardou a marionete avançar.
Quase todos da academia prestaram atenção no garoto que causou ondulações no reino devido ao seu potencial pseudo-lendário. Só que muitos ficaram intrigados quando ele foi tratado igual aos de potencial Vermelho.
Até mesmo o Rei, que estava sentado de forma desleixada no trono, prestou atenção ao notar que Daneel tinha aparecido.
A marionete começou a correr na direção de Daneel num ritmo médio, lhe dando exatos 60 segundos para lançar um feitiço.
Daneel, todavia, apenas ficou ali com os braços cruzados como se não estivesse fazendo o teste.
Depois de 30 segundos, ele ainda não tinha se movido e olhou ao redor para ver os estudantes que estavam lutando para se conectarem e enviar instruções às partículas elementais.
Aos 20 segundos, ele finalmente olhou para a marionete pela primeira vez desde o início do teste.
Aos 10 segundos, algumas pessoas começaram a dizer que o teste era falso e que ele era apenas um lixo.
Até os juízes e o Mago da Corte ficaram intrigados ao ver a indiferença Daneel.
*THUMP*
A marionete, que estava correndo na direção de Daneel tropeçou e caiu de repente, derrapando de cara até quase tocar no seu pé.
Os espectadores ficaram muito surpresos ao ver essa cena. Daneel fez algo naqueles 5 segundos? Ou a marionete apenas tropeçou?
‘Será que conta como aprovado se a marionete apenas tropeçar?’
Eles se perguntaram, enquanto o Mago da Corte e o Rei encaravam Daneel com os olhos arregalados, como se vissem um monstro.