Cinco dias se passaram desde que Onii partiu.
O quarto dentro da mansão que mudou para meu nome é agora uma casca vazia. Ao invés de ter aquela sensação de vida, o ambiente do quarto agora transmite uma dúvida, como se realmente houvesse alguma pessoa vivendo aqui.
Isso é porque todas as memórias que nossos pais nutriam sobre nós pensando que Onii e eu éramos seus próprios filhos foram criadas pela minha ‖Magia Espacial‖.
Então, eu olhei para a foto tirada no salão de jogos que era o plano de fundo do meu celular.
Eu estava refletindo sozinha. A figura de Onii que supostamente estava atrás de mim desapareceu. As palavras que deveriam estar escritas “Miri & Ichi” se tornaram apenas “Miri”.
Era extremamente fora do normal. Eu encarei meu tesouro que foi manchado.
Não foi só a foto. O álbum de graduação do ensino fundamental de Onii; o álbum de fotos do celular; os registros de moradia e das memórias de todos, menos as minhas, Onii desapareceu.
Eu me joguei no chão e me estiquei sem nada para me deitar.
É claro, esta situação está repleta de contradições. Fazer uma única pessoa desaparecer é o mesmo que mudar o mundo inteiro.
Contudo, ninguém notou isso. O mundo não percebeu.
Além de mim, Onii perdeu tudo.
Para ser capaz de fazer isso, se existe um indivíduo capaz de refazer o mundo, então ele não é humano. É uma forma de vida que ultrapasso o reino dos humanos.
(Miri): “… maldita Deusa”
Eu encarei o teto… o culpado não estava ali.
Se a Deusa não estivesse lá, Onii estaria morto. Eu entendi isso.
No entanto, o crime de roubar as memórias de Onii e as minhas nunca poderá ser perdoado.
Eu tinha um palpite sobre o lugar para onde Onii foi enviado.
Cinco dias atrás, um acidente de trânsito envolvendo um caminhão aconteceu e um grande número de cavalos fugiu.
Foi reportado que, felizmente, além do motorista do caminhão, e suspeito ladrão de cavalos que sofreu ferimentos leves, mais ninguém se feriu.
Eu estava confiante que Onii estava lá, então comecei a investigar. Eu pedi para assistir a gravação da câmera de segurança localizada na loja de conveniências na frente de onde aconteceu o acidente em troca de dinheiro e comecei a investigação.
Eu vi um cavalo fazer um movimento estranho como se tivesse pisado em algo invisível.
Onii deve ter estado ali.
Contudo, não havia mais nenhum traço de magia no local.
O caminho para o |Outro Mundo| não podia ser aberto nesse lugar.
Eu peguei uma caneta marcadora e comecei a escrever uma fórmula no piso.
Há uma fórmula que define o tempo e o lugar onde a porta conectando para o |Outro Mundo|se abrirá.
Nesses cinco dias, eu me devotei a procurar em todos os ângulos por lugares onde a porta para o |Outro Mundo| se abriu no passado. Porque seria mais fácil decifrar a fórmula se eu tivesse mais informações.
Assim, eu descobri que nos últimos 20 anos a partir do dia em que Onii foi transferido, um total de cinco transferências ocorreu. Depois de derivar a lei da transferência, tudo o que me resta fazer é ir para o lugar onde a próxima porta irá se abrir.
Era informação simples. Uma tarefa tão fácil quanto entender completamente a flutuação dos preços de ações controladas pelas emoções das pessoas.
Desta forma, eu continuei atentamente a escrever a fórmula no chão.
Nesse quarto desprovido de cortinas, camas ou mesas.
Com o objetivo de encontrar Onii mais uma vez.
Onii deve estar sofrendo no |Outro mundo| por não saber nada sobre ele.
Em um mundo sem gás e eletricidade…
É por isso que eu preciso me apressar e salva-lo.
… que emprego ridículo.
Como meu ‖Avaliar Emprego‖ se tornou ‖Avaliar Emprego II‖, eu sou capaz de ver a descrição dos empregos como também as condições para adquirir pontos de experiência. Eu descobri que ⌈Fazendeiros⌋ precisam colher plantações; ⌈Mascates⌋ precisam vender bens de comércio e etc.
Entretanto, bens de comércio só podem ser comprados ao entrar na ⟦Guilda de Mercadores⟧, então eu desisti desta ideia.
Enquanto a carruagem oscilava, eu estava checando os empregos e habilidades que eu possuía e meus olhos pararam no emprego chamado ⌈Mulherengo⌋ que eu recentemente adquiri.
Juntar o corpo com o sexo oposto basicamente quer dizer aquilo, não é?
Eu estiquei minha mão direita para Haru.
(Ichinojo): “… Haru, aperte minha mão”
(Haru): “Sim mestre”
Eu ativei meu emprego de ⌈Mulherengo⌋ e nós seguramos as mãos.
Naturalmente, nada aconteceu. Como imaginei, tenho que fazer aquilo.
Hmm. Que maravilho… emprego mais absurdo.
Nós continuamos dentro da carruagem por 12 horas. O Sol se pôs e nasceu.
Era de manhã. A carruagem balançava e fazia minha bunda doer e eu honestamente não conseguia dormir.
(Cocheiro): “Nós vamos chegar na cidade em aproximadamente uma hora”
Eu tenho a sensação que ele disse a mesma coisa meia hora atrás, mas bem, a estrada era ligeiramente conservada. O ruído da estrada da montanha me acordou incontáveis vezes.
Mesmo assim, todos os passageiros (incluindo Haru) agiam como se isso não fosse nada demais e não havia indicações de eles acordarem com a carruagem oscilante.
Eu só consegui uma oportunidade para me levantar durante a pausa para o banheiro quando trocamos de cocheiro e cavalo durante a jornada.
A propósito, apesar de eu dizer pausa para o banheiro, a localização do banheiro era as moitas ao longo da estrada.
Fazem cinco horas desde essa pausa. Eu estava pensando que não iria gostar de outra pausa para o banheiro.
(Haru): “Erm. Mestre, até quando tenho que segurar sua mão?”
Oh. Ahh. Eu estava pensando que estaria tudo bem continuar segurando a mão dela julgando a forma como sua cauda balançava sem parar, mas os olhares ao nosso redor ficariam definitivamente dolorosos se eu continuasse com isso.
Eu soltei minha mão com pressa… foi nesse momento que os olhos de Haru ficaram afiados.
(Haru): “Mestre, eu sinto o cheiro do sangue de várias pessoas. Eu imagino que eles tenham sido atacados. Julgando pelo cheiro de sangue, deve ser uma situação consideravelmente perigosa”
Haru me disse isso.
(Ichinojo): “… estamos perto?”
(Haru): “Aproximadamente cinco minutos se corrermos”
(Ichinojo): “Senhor cocheiro! Parece que pessoas foram atacadas por monstros! Por favor, pare a carruagem!”
Quando eu chamei o cocheiro que tinha seus 50 anos, o homem olhou para mim e…
(Cocheiro): “Esta é uma ocorrência diária por aqui. Eu não vou parar só por isso! Se eu não chegar no horário eu vou ter meu salário descontado e não serei capaz de pagar por minha comida”
… respondeu. Os valores são completamente diferentes dos do Japão.
Os outros passageiros pareciam pensar o mesmo. Parece que eles não iriam querer se envolver com isso.
(Ichinojo): “Então eu vou descer aqui! Isso vai ser o suficiente!”
(Cocheiro): “Eu não vou parar a carruagem, okay?”
(Ichinojo): “Não importa. Haru, vamos”
(Haru): “Sim mestre”
Nós dissemos isso e pulamos para fora da carruagem.
Eu também pensei que fui muito barulhento, mas este é o tão aguardado início da minha segunda vida afinal.
Eu vou viver da forma que eu quero viver!
Depois de aterrissarmos com sucesso, nós deixamos a estrada e entramos na floresta.