— Aah…
— S-Seung-woo!
— Mãe. Pai.
— Sniff, Sniff…
Nada além de soluços de alegria preencheram o auditório subterrâneo.
Eles haviam se reunido, reencontrando suas pessoas mais preciosas, apesar de já terem falecido. Eles estavam cara a cara com aqueles que pensavam que nunca mais veriam.
[Por que você ficou tão magro?]
[Você tem se alimentado bem?]
[Não chore. Estou bem. É muito confortável aqui.]
Almas.
Esses seres esbranquiçados, que pareciam brilhar misteriosamente, sorriam suavemente enquanto abraçavam os membros da Igreja da Vida Eterna. Naturalmente, não havia contato físico. Eram apenas eles fazendo o movimento.
No entanto, isso era suficiente. Havia sorrisos felizes nos rostos dos membros da plateia. Era tão forte que parecia colorir todo o auditório subterrâneo.
Para aqueles que sentiam muita falta de seus entes queridos, a visão que se desenrolava diante de seus olhos naturalmente traria uma sensação de saudade. Um brilho branco iluminou os vitrais, fazendo com que este lugar parecesse um paraíso.
E, no entanto, Min Ha-rin não podia realmente compartilhar seus sentimentos de felicidade.
Ela não conseguia explicar, mas quando olhou para esta visão na frente dela, um sentimento de ansiedade brotou em seu coração.
Por alguma razão, parecia moralmente errado…
— Sung-hyun.
Kim Min-chul também se juntou ao grupo.
Na frente dele estava a alma de um jovem.
Era um rosto com o qual Min Ha-rin estava muito familiarizada.
Kim Sung-hyun, único filho de Kim Min-chul.
[Pai.]
Kim Sung-hyun envolveu seus braços em torno de Kim Min-chul com um sorriso caloroso.
Min Ha-rin desviou o olhar do abraço tocante entre pai e filho. Alguém mais chamou sua atenção.
Assim que ela se virou, percebeu o que era.
Duas almas.
Assim que ela viu seus rostos nebulosos, uma emoção estranha cresceu em seu coração.
— Papai… Mamãe.
Os que estavam diante dela eram seus pais que morreram miseravelmente. Ela pensou que nunca mais os veria, e um reencontro era tão impossível que ela nunca havia pensado nisso.
[Ha-rin.]
[Venha aqui.]
Eles sorriram brilhantemente e abriram os braços.
Mas Min Ha-rin não se aproximou deles facilmente.
— Por que você não vai até eles?
De repente, uma bela voz soou em seu ouvido.
A voz soava clara como um lago calmo, mas, ao mesmo tempo, era fria.
Era a voz da Santa.
Seus olhos frios continham um leve olhar questionador.
— Seus pais estão chamando por você.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Vá em frente.
— São realmente meus pais?
A resposta não veio imediatamente.
Min Ha-rin virou-se para olhar para a Santa. Isso era para que ela pudesse ver se havia alguma mudança em sua expressão.
Mas foi Min Ha-rin quem ficou chocada quando seus olhos se encontraram.
Não havia sombra de dúvida ou estranheza nos olhos frios da Santa. Ela perguntou em um tom questionador.
— Por que você está me perguntando isso?
— Hã?
— Esses são seus pais. Se há alguém que seria capaz de encontrar algo estranho neles, seria você, não uma estranha como eu. Você acha que existe alguém no mundo que conheça um pai melhor do que seus próprios filhos?
— Isso…
Não. Ela não achava.
Min Ha-rin estava com dor de cabeça. Ela estava tão confusa.
Não conseguia encontrar nenhuma estranheza na alma de seus pais.
Na verdade, esta era a segunda vez que os encontrava.
A primeira vez… Foi durante sua reunião privada com Slei. Naquele momento, uma luz branca irradiou do corpo de Slei, que então se transformou no que parecia ser uma escada para o céu.
Então, seus pais apareceram, descendo lentamente a escada.
Ela não acreditou no começo. Estava em dúvida.
Poderia ser uma ilusão, hipnose ou engano.
Os sentidos de um humano não eram muito fortes, e havia inúmeras maneiras de enganá-los.
Por causa de suas dúvidas, Min Ha-rin pensou: “Estou falando com pessoas que se parecem com meus pais.”
Mas em 10 minutos, ela percebeu que eles realmente eram seus pais.
Eles conheciam inúmeros segredos e coisas triviais que só eles, pais e filhos poderiam saber. Essas pessoas eram definitivamente sua mãe e seu pai.
Seus rostos, suas vozes, suas personalidades e até sua maneira de falar.
Tudo estava exatamente como ela se lembrava.
— Todo mundo duvida de nós no começo.
Como se recordando o passado distante, a santa falou devagar.
— Trazer de volta os mortos… Isso. Certamente é uma declaração duvidosa. Mas há uma coisa em que você pode confiar.
Então, ela sorriu como uma verdadeira santa.
— Não há uma única mentira em minha declaração para salvá-la.
Tap tap tap—
Passos soavam em um corredor escuro.
Slei, o Bispo da Igreja da Vida Eterna, avançou com uma expressão satisfeita em seu rosto. A reunião de hoje foi extremamente bem-sucedida. Este sempre era o caso, mas a presença de Min Ha-rin desta vez o fez se sentir melhor do que o habitual.
Se ela mantivesse sua atitude atual, se tornaria uma verdadeira membra da Igreja da Vida Eterna dentro de uma semana, se não antes.
“Este é um ótimo lugar.”
Ele gostava muito desta terra e das pessoas que viviam ali.
Não havia necessidade de se preocupar com os Demônios ou Bestas Demoníacas, e havia muitas pessoas que sofreram algum tipo de trauma psicológico. Ao mesmo tempo, havia alguns talentos notáveis que podiam ser transformados em verdadeiros crentes.
Não havia lugar melhor para uma religião florescer.
“Neste ritmo, em apenas um ano…”
Talvez a bandeira da Igreja da Vida Eterna fosse plantada por toda esta terra.
Quando este pensamento apareceu em sua mente, Slei sentiu seu corpo queimar de animação. Quando ele chegou ao seu destino, fez uma pausa, reprimindo suas emoções à força.
Estava parado na frente de uma grande porta.
Certo. A pessoa nesta sala era a engrenagem mais importante em seu grande plano.
Ele não precisava, mas Slei decidiu bater à porta educadamente.
Toc Toc.
— …
Silêncio.
Isso foi estranho. Normalmente, ele teria recebido uma resposta imediatamente.
Slei bateu à porta novamente, mas ainda não recebeu resposta.
“Certamente…”
Seu coração afundou quando um pensamento apareceu em sua cabeça. Sem qualquer hesitação, Slei abriu a porta e entrou no quarto. Felizmente, nunca estava trancado.
Quando entrou na sala, olhou ao redor com um olhar afiado. Felizmente, o que ele temia não havia acontecido.
Porque o ser que ele procurava estava dormindo na cama.
— Arid.
Ele chamou seu nome, mas não recebeu uma resposta.
Slei se aproximou da cama, notando imediatamente que o rosto branco de Arid estava muito mais pálido que o normal.
Sua expressão gradualmente perdeu toda emoção, seu rosto se tornando uma máscara sinistra.
— Arid, acorde.
Foi só então que Arid abriu os olhos lentamente.
— Vô?
— Você devia estar muito cansado. Bati muitas vezes na porta e você não percebeu.
— I-Isso…
Slei olhou para o Arid gaguejante antes de falar friamente.
— Você usou seu poder novamente.
— Ah!
Com essas palavras, Arid se sentou apressadamente.
— E-Eu s—
Paak!
Antes que ele pudesse terminar de falar, a cabeça de Arid virou para o lado quando um hematoma marrom-avermelhado se formou em sua bochecha.
Slei falou em uma voz sem emoção.
— Vire sua cabeça.
— Sim…
Suportando a dor latejante na bochecha, Arid virou a cabeça. Slei então deu um tapa na outra bochecha em um movimento mecânico.
Virar a cabeça, dar um tapa no rosto. Este processo é repetido várias vezes.
A pele branca pálida ficou vermelha e começou a inchar. O interior de sua boca parecia ter sido rasgado enquanto o sangue vermelho escorria lentamente de seus lábios.
Foi só então que Slei parou de balançar a mão.
— Arid.
— Sim.
— Você é especial.
— Sim…
— E pessoas especiais têm destinos especiais.
Ao dizer isso, Slei acariciou a bochecha de Arid.
— Isso dói?
— Não.
— Certo. Não deve doer muito. E mesmo que doa, seria apenas a dor das bochechas ardendo e uma boca rasgada. Há muitas pessoas no mundo que sofrem de uma dor ainda maior.
— …
— Nunca se esqueça, Arid. Seu poder não é para você. É para os fracos e sofredores.
— Sim.
— E o vovô lhe disse a maneira mais eficaz de ajudá-los, não disse?
— Ajudando a Igreja da Vida Eterna é a vontade de Deus e o caminho mais curto para ajudar toda a humanidade.
Como se recitasse algo que ele foi forçado a memorizar inúmeras vezes, Arid disse essas palavras em um tom mecânico.
Foi só então que um sorriso de satisfação apareceu no rosto de Slei.
— Você sabe bem… Certo. Deus disse alguma coisa depois da profecia?
— Ele ainda está em silêncio.
— Entendo.
Slei pensou por um momento.
Claro, não havia motivo para pressa.
— Arid, esta é a última vez que você usa seu poder para ajudar almas estranhas. Você vai guardá-lo a partir de agora. Em breve chegará o momento em que precisarei do seu poder…
Com essas palavras, Slei saiu da sala sem esperar por uma resposta.
Arid olhou para suas costas com olhos vazios e murmurou com uma voz fraca.
— Sim, avô.
Caraio