— No inferno? — Gi Gyu sentiu que tinha ouvido errado. — A Torre não absorveu o inferno?
— Hmm… — Paimon não respondeu Gi Gyu imediatamente. Depois de alguns segundos, ele murmurou: — Não acho que a sintonização seja perfeita.
— …?
— Não consigo me lembrar muito bem.
— Perdão? — Gi Gyu perguntou intrigado.
— Não parece que minha consciência se acomodou bem no corpo de Min-Su. Minhas memórias estão todas confusas. Isso não vai dar certo.
— …?
— É necessário um pouco mais de ajuste… Conversaremos mais tarde — Paimon murmurou para si mesmo e se levantou. — Não se preocupe. Tenho certeza de que nada acontecerá por um tempo. O fato de eu ter me juntado ao seu lado vai por Andras sob pressão. Ele definitivamente vai planejar algo, mas não se vai se apressar em nada ainda. Então, se concentre em melhorar seu poder recém-adquirido por enquanto.
Paimon olhou para Gi Gyu e continuou: — Esta guerra… Será longa, chata e difícil. Você é mais importante do que pensa nesta guerra. — Ele olhou nos olhos de Gi Gyu e acrescentou: — Você está no centro desta batalha… Minha cabeça dói. Vai ter que voltar mais tarde. Preciso descansar.
Com isso, Paimon saiu da sala. Gi Gyu não o impediu porque percebeu que Paimon não estava mentindo.
Deixado sozinho, Gi Gyu pensou no que Paimon havia dito. Ele precisava pensar sobre o inferno e a origem desta guerra.
— Waaah… — Soo-Jung bocejou alto. Ela parecia entediada, mas estava em constante movimento. Ela tinha uma clava pesada em cada mão, que giravam sem parar. Parecia uma tarefa chata porque ela não conseguia parar de bocejar.
— Unnie! — Yoo-Bin chamou enquanto caminhava até Soo-Jung.
— Ei, Yoo-Bin — Soo-Jung cumprimentou.
Yoo-Bin, com sua natureza amigável, era a única que chamava Soo-Jung de “unnie”. Mesmo que Yoo-Bin estivesse perto, Soo-Jung não parava de girar as clavas.
Whoosh!
Soo-Jung balançou as clavas em direção a Yoo-Bin.
— Hup! — Yoo-Bin grunhiu e recuou confusa, perdendo por pouco uma onda de energia sanguinária.
Soo-Jung continuou a girar suas clavas. Desta vez, uma das clavas caiu enquanto ela fazia um círculo completo. Assim que pousou, ela começou a girar suas clavas novamente.
Clang!
Pela primeira vez, Yoo-Bin se esquivou de uma clava e bloqueou o segundo. Sua mão ficou preta, mas permaneceu ilesa apesar de ter sido atingida pela clava. Ela finalmente começou a revidar. Um par de asas apareceu em suas costas e miraram em Soo-Jung.
As clavas, as asas e as mãos negras de Yoo-Bin se chocaram repetidamente.
— Unnie! Pare! — Yoo-Bin gritou. Soo-Jung finalmente parou.
— Haa… Haa… Isso foi intenso… — Yoo-Bin ofegou e olhou para baixo.
— Ah! Isso não é justo. — Soo-Jung baixou as clavas e resmungou: — Devo pedir a ele para sincronizar comigo também? Pfft…! — Soo-Jung riu e ergueu os olhos. Seu rosto carrancudo parecia amigável.
A infame Lúcifer ficando com raiva teria assustado qualquer um, mas Yoo-Bin estava acostumada com esse lado de Soo-Jung.
Éden estava ocupado, mas não havia muito que Soo-Jung e Yoo-Bin precisassem fazer. Foi por isso que eles passaram muito tempo lutando. Claro, Yoo-Bin venceu todas as vezes.
Soo-Jung abriu as mãos, largando as clavas. Ela murmurou: — Você está se tornando mais forte tão rápido.
Shhhh.
As clavas viraram pó e desapareceram.
Soo-Jung murmurou: — Isso não é justo! Eu sei que você está trabalhando duro, mas ainda assim… Sua taxa de crescimento é irreal.
Yoo-Bin estava ficando mais forte em um ritmo alarmante. Ela costumava ser uma ranker novata, mas depois de sincronizar com Gi Gyu e absorver uma peça de Asmodeus, sua taxa de crescimento disparou.
Gi Gyu absorveu recentemente uma quantidade incrível de energia mágica, o que também aumentou a taxa de crescimento de Yoo-Bin.
Não mais ofegante, Yoo-Bin respondeu: — Você deveria pedir a ele para sincronizar com você também!
— Não, obrigada. — Soo-Jung balançou a cabeça. — Não seria diferente de eu vender minha alma para um demônio.
— Um demônio? Gi Gyu oppa é um demônio?
— Não, mas não quero sentir lealdade incondicional para com ninguém. Não importa o quão poderoso ele possa me tornar, nunca vou querer isso — respondeu Soo-Jung. Claro, esse não era o único motivo, mas Soo-Jung não podia contar tudo a Yoo-Bin.
Antes que Yoo-Bin pudesse fazer mais perguntas, Soo-Jung mudou de assunto. — Como está meu aluno? Depois de conversar com Paimon, ele disse a todos para fazerem uma pausa, não foi? Mas não o tenho visto por aí ultimamente.
A batalha com Ha Song-Su terminou e a restauração do Éden também foi concluída. Gi Gyu estava muito ocupado lidando com Paimon, mas agora que tinha algum tempo para si, Soo-Jung se perguntou por que ela não o tinha visto ultimamente.
Yoo-Bin respondeu: — Ele foi se encontrar com o governo coreano.
— Se encontrar? — Soo-Jung franziu a testa, não gostando do que acabara de ouvir. Mas ela rapidamente perdeu o interesse. — Bem, tenho certeza que ele ficará bem.
A situação já estava fora de controle agora. Os humanos não podiam fazer muito por eles além de, talvez, dar paz de espírito a Gi Gyu.
— Hmm… acho que depois dessa conversa com o governo, ele terá algum tempo para descansar. — Soo-Jung pensou por um momento antes de murmurar: — Talvez eu devesse sair com meu aluno! Faz muito tempo.
— …! — O rosto de Yoo-Bin ficou estranho quando ela ouviu o murmúrio de Soo-Jung.
Yoo-Bin perguntou: — Você quer dizer tipo um encontro…?
— Que diabos você está falando? Um encontro? Eu quis dizer apenas jantar ou algo assim. Ele está preso no Éden há muito tempo. Você não acha que ele merece um bom jantar?
A cabeça de Yoo-Bin se inclinou para o lado em confusão. — Mas isso não é como um encontro?
Soo-Jung não respondeu a Yoo-Bin. Em vez disso, ela deu um sorriso misterioso e saiu.
— Esta é minha chance — Yoo-Bin sussurrou enquanto cerrava o punho.
Não muito longe dela, Brunheart observava tudo da Árvore Sefirot. — A esposa do meu mestre será…!
Brunheart já havia decidido quem Gi Gyu tomaria como esposa. Com um sorriso, ela se dirigiu para um destino desconhecido.
— É uma honra conhecê-lo.— Um homem deu a mão a Gi Gyu para um aperto de mão. — Sou Kim Sung-Moo, secretário adjunto do Departamento de Assistência de Jogadores.
— Meu nome é Kim Gi Gyu. — Gi Gyu balançou a cabeça. Ao lado dele estavam Sung-Hoon e Rohan.
— Haha, eu só vi você na TV, então devo dizer que isso parece surreal. Só vi você com sua armadura prateada na TV, então… Você é um homem bem apessoado. — Kim Sung-Moo se sentou e anunciou rindo.
Após a primeira aparição dos jogadores, os governos de diversos países sentiram a necessidade de formar um departamento independente para mantê-los. Eles o chamaram de Departamento de Assistência de Jogadores.
No início, este era um departamento poderoso, mas perdeu autoridade para as associações de jogadores de todo o mundo.
Mas as coisas eram diferentes agora. Após o colapso do ACJ, a guilda Caravan e Andras alegaram assumir sua função, mas negligenciaram a maior parte de suas funções. Mantiveram os portais fechados, mas não fizeram nada para atender às necessidades dos jogadores. Então o Departamento de Assistência de Jogadores recuperou o seu poder há pouco tempo.
Mas este departamento estava prestes a perder a sua autoridade mais uma vez.
— Então a nova associação se chamará Éden… Que significativo — anunciou Kim Sung-Moo com um sorriso. Ele agiu amigavelmente com Gi Gyu, mas Gi Gyu sabia bem.
‘Ele é bom em esconder suas verdadeiras intenções.’ Através de seus sentidos bem desenvolvidos e sincronia fraca, Gi Gyu pôde discernir os verdadeiros pensamentos de Kim Sung-Moo. Ele percebeu que esse homem era incrivelmente ambicioso e via as pessoas, incluindo Gi Gyu, como nada mais do que ferramentas.
— Não acredito que um grande jogador como você teve que viver como um homem procurado, ranker Kim Gi Gyu. Obviamente, algo estava muito errado neste mundo. — Kim Sung-Moo serviu um copo d’água para Gi Gyu e continuou: — Mas não se preocupe. O governo coreano acredita na sua inocência agora, ranker Kim Gi Gyu.
Gi Gyu foi considerado um homem procurado quando era inocente. Ele achou ridículo que o governo só agora “acreditasse” que ele era inocente.
— … — Os lábios de Gi Gyu se curvaram.
Os olhos de Kim Sung-Moo estremeceram, mas o sorriso permaneceu em seus lábios. Este departamento era apenas no nome, mas parecia que Kim Sung-Moo alcançou esta posição com muito esforço.
Gi Gyu foi direto ao ponto. — Você queria me ver?
Ele se sentia desconfortável com esta reunião. Por mais que tentasse, não conseguia pensar numa razão pela qual tivesse de se reunir com o governo. Sung-Hoon e Rohan devem ter sentido que Gi Gyu não estava feliz com este encontro porque estremeceram.
Kim Sung-Moo respondeu: — Sim, está correto. Um novo grupo chamado Éden será inaugurado e… pensei que deveria conhecer seu chefe pessoalmente. O presidente queria vir pessoalmente, mas… Como você sabe, ele está extremamente ocupado.
‘Quem é o atual presidente da Coreia?’ Gi Gyu nem conseguia se lembrar e nem se incomodou. Ele perguntou: — O Sr. Heo Sung-Hoon não deveria ser o chefe deste grupo?
Kim Sung-Moo acenou com as mãos surpreso e respondeu: — Ah! Você está certo, é claro. Mas o Sr. Sung-Hoon será o chefe disso apenas no nome, não é? Ele será basicamente a imagem do grupo, e você, ranker Kim Gi Gyu, será o verdadeiro–
Crack.
O vidro na mão de Gi Gyu quebrou, mas os pedaços não voaram para todos os lados. Em vez disso, eles flutuaram no ar.
— Mas que…?! — Kim Sung-Moo assistiu com medo.
Gi Gyu se desculpou: — Ah, sinto muito. — Quando ele relaxou, os cacos de vidro caíram e se alojaram na mesa como punhais. — Tenho dificuldade em controlar minhas emoções quando encontro o tipo de pessoa que odeio.
Um sorriso apareceu no rosto de Gi Gyu enquanto ele continuava: — Por exemplo, não gosto de pessoas rudes e desrespeitosas, desprovidas de decência humana. Também odeio pessoas com grandes ambições, mas sem habilidades reais. Entende o que eu estou dizendo?
Gi Gyu o insultou abertamente, mas Kim Sung-Moo permaneceu quieto com uma expressão rígida.
Gi Gyu perguntou: — Posso presumir que você não é uma dessas pessoas, secretário assistente Kim Sung-Moo?
— …
— Sr. Heo Sung-Hoon é o chefe do Éden. Só não entendo por que tive que estar presente nesta reunião. Sou apenas um dos muitos jogadores que estão por aí. Se você tiver algo para discutir de agora em diante, por favor, dirija-sse ao Sr. Sung-Hoon e ao Sr. Rohan — Gi Gyu apontou para Sung-Hoon e Rohan.
— Ah! — Gi Gyu continuou. — E tenho certeza de que a situação relativa ao Éden na região do rio Bukhan foi resolvida, correto?
— …
— Por favor responda minha pergunta. Acho que você tem autoridade para me responder.
No final, Kim Sung-Moo respondeu: — Sim… O lugar chamado Éden, na região do Rio Bukhan, foi reconhecido como um distrito autônomo especial. A partir de agora, passará a fazer parte da nova associação, também denominada Éden, e da sua sede. Portanto, o governo coreano promete nunca interferir com…
— Sim, isso parece bom. — Gi Gyu se levantou. — Não estou tão ocupado, mas este lugar me deixa desconfortável, então vou me despedir agora.
Gi Gyu caminhou em direção à porta. O tremor de Kim Sung-Moo o incomodou um pouco, mas isso não era problema dele.
Quando Sung-Hoon e Rohan tentaram segui-lo, Gi Gyu perguntou: — Por que estão me seguindo? Não estavam aqui para conversar com o secretário assistente Kim Sung-Moo?
Rohan e Sung-Hoon fizeram o possível para esconder o riso. Sung-Hoon respondeu: — Acho que não.
— Eu cometi um erro naquela sala? — Gi Gyu perguntou a Sung-Hoon. Porque ele sentiu que a situação permitia isso, ele deixou suas emoções assumirem o controle. Agora, ele se perguntava se havia colocado um fardo demais sobre Sung-Hoon.
Sung-Hoon respondeu: — Claro que não. Eu trouxe você aqui exatamente por esse motivo. O governo coreano estava se fazendo de difícil. Eles não querem cometer o mesmo erro que cometeram antes com a ACJ. Querem manter o máximo de autoridade possível, e tem sido muito cansativo tentar lidar com eles. Não sou do tipo que faz cena, e Rohan não queria fazer nada que o envergonhasse, ranker Kim Gi Gyu. Então não tivemos escolha senão trazê-lo aqui.
Sung-Hoon riu e continuou: — Eu sei que Kim Sung-Moo não parece grande coisa, mas ele é uma figura influente. Mas pude sentir um cheiro nojento quando saímos. Acho que ele fez xixi nas calças… Hahaha. Você fez muito bem. As coisas serão muito mais tranquilas de agora em diante, ranker Kim Gi Gyu.
— Hahahahaha. — De repente, Rohan começou a rir também. Ele estava morrendo de vontade de calar Kim Sung-Moo desde que foi rude com seu mestre. Mas tudo deu certo no final.
Gi Gyu sorriu também e os três saíram juntos.