“Hã?”
Conforme continuava a matar os que se atreviam a atacá-lo, Zich percebeu algo estranho.
“A atmosfera mudou de novo.”
Os assassinos estavam calmos; pareciam ter aceitado o destino iminente deles sem contestar. Até o momento, nunca demonstraram medo de morrer.
“Ele deve ser a razão.”
Zich olhou para Clovey a poucos metros de distância. Pensou que ele bebeu uma poção, mas havia julgado errado.
— Kuaaaaaaa! — Soltou um grito ao perfurar o próprio corpo e se contorceu de dor.
— É por isso que não se come coisa estranha. — Estalou a língua de forma exagerada, sem tirar os olhos do Clovey, mesmo lutando contra outros alvos.
Creck!
Ele tremia, e a armadura se amassou quando os músculos incharam em proporções enormes.
— Reeengaaaaar! — Sua voz não parecia mais humana ao rugir e olhar para Zich. Seus olhos negros indicavam que não estava mais são.
— O quê?!
— I-isso…!
Hans e Snoc ficaram chocados, e Zich aumentou a guarda; surpreendentemente, também encantado. Já viu a transformação antes e lembrava daquela aparência.
“É o Fest!”
Agora, tinha certeza. Mesmo que não soubesse quem era, estava confiante de que encontrou Fest pelo menos uma vez antes de regredir. Na verdade, visitaram por coincidência um lugar onde ele espalhou doenças. Como Snoc e Hans, Zich e seus subordinados estavam ansiosos para chegar a uma cidade depois de uma longa jornada para comer bem e dormir em uma cama quente, mas onde chegaram foi dizimado surtos.
Visto que a notoriedade de Fest estava no auge, sabiam da sua existência e ficaram furiosos. Procuraram por toda a cidade, porém não acharam nenhum vestígio dele. Entretanto, ele aparentava também estar irritado, pois enviou assassinos, um deles mostrando as mesmas características de Clovey.
Felizmente, puderam destruir todo lugar e os seus alvos, embora não tenham descoberto a fonte da transformação, que possuía altas chances de ser uma doença ou fórmula estranha. No presente, por mais que estivesse feliz, estava no meio da batalha.
“Está começando a ficar perigoso.”
Ele aceitou a situação sem reclamar.
— Ornnnnnn! — O monstro saltou à sua direção, mais rápido e maior.
— Argh!
— Ugh!
“Não é surpresa que estivessem agindo que nem sentenciados.”
Clovey não podia mais diferenciar amigo de inimigo, o que fez ele atacar todos no caminho.
“Na minha vida passada, lembro que pelo menos tinham a capacidade de diferenciar os alvos. A transformação deve ter evoluído.”
Os assassinos se afastaram um pouco e permaneceram atacando, convictos ao objetivo a ponto de morrer por ele.
“É melhor mudar o local?”
Se continuassem a lutar ali, poderiam destruir o tempo e matar os aldeões. Por sorte, ele foi seguido e levou o monstro para o meio da aldeia com relativa facilidade.
Pumb!
Clovey apareceu bem à frente, empunhando a espada.
“Eles são chatos pra cacete por isso.”
Mesmo um ogro por fora, ainda continha todas as habilidades. Comparado ao corpo, a espada que empunhava parecia um graveto, o que não o impediu de manejá-la que nem antes.
Crash! Crash! Craash!
Eles trocaram vários golpes, fazendo Zich estremecer com as mãos doloridas. A força e a velocidade do oponente aumentaram exponencialmente, compensando o menor leque de habilidades.
Cruck!
Ademais, os assassinos continuaram disparando contra para destraí-lo.
— Gragaaaaaas! — Acertou o chão com a mão livre, que Zich desviou por um fio, criando uma marca profunda.
Bam!
Ele levou a lâmina entre as aberturas da sua defesa
Crash!
Embora tenha atingido Clovey, a sua pele permaneceu intacta.
— Rá! — Aparentava ter sentido suficiente para formar um sorriso sarcástico antes de avançar de novo.
“Previsível. Pela quantidade de mana que ele tem, a Ressonância não vai funcionar. Vou ter que me esforçar um pouco mais com a minha quantia restante”
Ele tinha uma mana abundante igual a um cavaleiro de alto nível de um grande território militar, bem mais do que na mina. Entretanto, em comparação ao seu antigo reservatório semelhante aos dos dragões, não era nada. Não conseguiria derrotar o inimigo somente com ela, mas se combinasse todas as habilidades, a história seria outra.
Ele usou a técnica Extensão dos Sentidos para sua espada “fazer parte” de seu corpo. Através da Ressonância, ganhou o controle da mana dos arredores, ao invés daquela do seu alvo, diferente da última vez.
No geral, era mais difícil controlar a natural não processada do que a de um humano. Contudo, com as habilidades avançadas de manipulação dele, era possível ao se concentrar, então deixou muitos ataques atingirem, o ferindo.
Parecia estar sendo encurralado, todavia se manteve calmo. Uma imensidão de mana se concentrou nos acabamentos da lâmina, fazendo ela brilhar, mas ele com cuidado reprimiu. Usando a Ressonância, juntou ela à natural; não de forma elaborada, e sim a sobrepondo à outra.
Ele rolou uma vez e se distanciou dos ataques. Devido ao movimento, Clovey confundiu com uma fuga, e por isso, gritando, o perseguiu. Os assassinos também colaboraram; alguns tentaram bloquear os caminhos, outros se afastaram para atacar à distância.
“Olha só: eles têm cérebros. Estão lutando até depois de morrerem, que lindo.”
Ele não queria perder tempo atrás deles e apontou a espada para Clovey sem hesitar. Usando o Espaço Perfurante, disparou a mana concentrada na ponta.
Whoosh!
Sem forma e som, a força do golpe era tanta que seguiu em frente e explodiu. Sentindo o perigo, tentou escapar, mas não pôde.
Swish!
Mesmo a sua pele endurecida não bloquearia este ataque. Seguindo a explosão, um buraco do tamanho de um dedo se formou no peito dele.
— Gnaaar! — Soltou um gemido, sangue jorrou da ferida, e só. Ele apenas sorriu. No entanto, Zich estava ciente.
“Já vi isso antes.”
Pop!
A mana circundante passou a se espremer dentro do pequeno caminho pelo qual o ataque havia passado. Era o efeito da “estrutura” que colocou na mana da natureza, que disparou para a frente, ressoando com a de Zich e a que estava espalhada, e começou a girar.
Claaaaash!
Havia uma corrente gigantesca. A mana girou sem controle e reduziu o trajeto em pó. Destruiu tudo: o prédio e os assassinos perto, incluindo Clovey. Foi um redemoinho gigante.
— Ahhhhh!
— Arghh!
Assassinos gritaram. Se misturaram no redemoinho, e seus corpos foram mutilados no ar. Não conseguiam conter os gritos enquanto eram dilacerados vivos.
— Kuuuuuuu!
No centro, Clovey resistiu por pouco tempo. Mana acertou as partes do seu corpo com buracos, e o redemoinho martelou a superfície da pele. Rachaduras apareceram nele e sangue escorreu.
— Draaaveeeeen!
Pop!
Como uma barragem no limite, ele se partiu em pedaços. O redemoinho continuou por um tempo até acabar com tudo dentro da esfera de influência. No fim, viram que a maior parte da aldeia foi devastada.
Era difícil acreditar que a destruição era obra de um humano. Foi algo tão devastador que Hans, Snoc e os assassinos pararam as lutas por um momento para observar. E Zich simplesmente bufou.
“E pensar que isso sozinho fez tanto efeito.”
Ele esperava esse efeito “mínimo” até certo ponto, porém era diferente ver na realidade. “Explosão Espiral Perfurante” era um título meio infantil, mas era uma técnica que usou na sua transição de demônio para Lorde. De certa forma, não era exagero dizer que era uma das muitas que deram a ele seu título notório.
Gurgle!
Um gosto metálico surgiu da garganta.
“Credo! O que foi agora?” Cuspiu um pouco de sangue. “Meus órgãos foram danificados com isso? Patético.”
— Senhor Zich! — gritou Hans com uma voz urgente. Zich olhou em volta e viu um grupo de assassinos avançando após reunir coragem de novo.
“Provavelmente é porque cuspi sangue.”
Pensaram que Zich era um oponente fácil no momento, mas o preço para um julgamento apressado era a morte. Ele fixou o aperto na espada. Francamente, a condição dele não era boa e nem uma poção curou feridas internas de imediato, especialmente as infligidas por mana.
“Mas eles são peixes pequenos.”
Ele bloqueou a adaga voando em sua direção e cortou o assassino mais próximo. Um tempo depois, todos na região viram ele limpando o sangue da lâmina ao lado de uma pilha de corpos sangrentos.