— Dinheiro? — Leona ponderou um pouco e tirou um pacote da cintura — Não sei muito sobre dinheiro humano… — Derramou os pertences em cima da mesa.
“Ela me deixa preocupada.”
Embora Lyla pensasse que também não tinha experiência, ela achava Leona pior do que ela. Ela devia ter crescido toda a vida entre os elfos e acabado de ser jogada no mundo humano.
“Quem são os pais dela, e por que a deixaram partir sozinha?”
Surpreendentemente, a elfa carregava uma quantidade considerável de riqueza. Não tinha muito dinheiro humano, contudo, havia pedras preciosas valiosas.
— Você tem mais do que eu pensava.
— Sério? — O rosto dela se iluminou.
— A qualidade desta é, hum… — Ele pegou uma joia vermelha e uma moeda de ouro. Então, explicou o básico para que ela entendesse — Também não sou o expert nisso, mas se você vender esta joia, pode conseguir umas quinhentas dessas moedas de ouro.
— O quê?
— Algum problema?
— Ah, não. É que eu vendi uma semelhante para pagar as despesas da viagem antes…
— Você não deve ter nem a metade.
— Me deram oitenta e cinco delas — falou, apontando para a moeda na mão de Zich.
“Te passaram a perna legal, hein?”
Quando ele falou que a joia valia quinhentas moedas de ouro, era o seu valor mínimo. O valor real devia ser muito maior.
— Você foi enganada, senhorita. Eles se aproveitaram da sua falta de conhecimento e te deram muito menos dinheiro. — Ele balançou a cabeça.
— É-é o caso?
Foi imaginação dele, ou as orelhas dela caíram um pouco?
— Você fez uma longa viagem? Não tem muito dinheiro, considerando que recebeu oitenta e cinco moedas de ouro. Só tem três aqui.
— O que quer dizer? Só se passaram vinte dias desde que deixei a floresta.
Ambos Zich e Lyla fecharam as bocas.
— P-por quê? Fiz algo de errado de novo?
— Ficou em um alojamento chique?
— Não. Na maioria das vezes, durmo dentro da floresta. Fui a hospedagens humanas algumas vezes por curiosidade, e só.
— Comeu alimentos luxuosos?
— Não sei o que você quer dizer com isso, mas comi quase que só as frutas na floresta ou vegetais de lojas. Algumas vezes, comi lanches humanos por curiosidade.
— O que e quanto você comprou? Na verdade, deixa.
— M-mas eu pedi… por uns… descontos… — Além das orelhas, os ombros dela também caíram.
— Bem, o que podemos fazer? Acho que você perdeu muito dinheiro, mas podemos pensar nisso como uma experiência de aprendizado de como a sociedade humana é dura e podre.
— A quantia que perdeu em vinte dias é extraordinária. Te roubaram umas quatrocentas moedas de ouro ao vender a joia e perdeu oitenta a mais do que precisava para comprar comida. Está tudo bem, senhorita Leona. É porque você não sabia. Esqueça essas moedas.
Mesmo com as palavras reconfortantes dele, ela baixou a cabeça antes de murmurar baixinho:
— Não são moedas… Eu vendi duas joias…
“Esta elfa é inocente; superinocente” pensaram Zich e Lyla ao mesmo tempo.
O sol se pôs além das muralhas do castelo de Tungel e espalhou luz vermelha por toda parte. Já era hora de as lojas fecharem e as pessoas voltarem para as suas casas. Da mesma forma, os três seguiram por um caminho oposto ao sol.
— Está satisfeita, senhorita Leona? — perguntou Zich.
Distraída enquanto segurava um pacote pesado em uma das mãos, Leona se virou para encará-lo.
— O que disse?
— Perguntei se você estava satisfeita.
— Não é um mau pressentimento, mas não sei. Me sinto meio desanimada. É uma sensação complexa — disse, olhando para o pacote que carregava.
Apesar de ter conseguido oitenta e cinco moedas de ouro para cada joia ao vendê-las sozinha, com a ajuda de Zich, ganhou setecentas por unidade. O tal pacote que carregava continha uma massa de moedas.
— Você recebeu mais do que esperávamos, já que esta é uma cidade de leilões.
Eles venderam as joias em uma das muitas casas de leilões de Tungel. Além disso, ele ensinou a ela o valor de mercado das mercadorias e as maneiras de negociar. Claro, ela ainda não estava acostumada a viver entre humanos, por isso não podia fazer negócios com um, todavia, estava em uma posição muito melhor do que antes.
— Vamos tentar ir a Tyroul para que possamos verificar que dia e que hora seu item será leiloado.
— Ok! — Assentiu, empolgada.
O sorriso de um elfo era extraordinário. Todos que passavam pararam por um momento para ver o rosto dela. No entanto, Zich esmagou o sorriso com uma expressão indiferente.— Senhorita Leona, você não poderá recuperar o tesouro com o dinheiro que tem agora.
— Mas eu não tenho várias moedas…?
— Os clientes da casa de leilões de Tyroul usam facilmente essa quantidade de moedas de ouro para uma simples refeição.
Lyla deu uma cotovelada no abdômen dele por esmagar a esperança da elfa. Não fez ele expressar dor, porém.
— Bem, não perca a esperança. Existem maneiras de recuperá-lo.
— Existe?! — Ela ergueu a cabeça, animada.
— Sim, então não se preocupe muito. Vamos descobrir as informações do leilão sobre a Lágrima do Lago.
— Tudo bem!
— É fácil.
Bebendo uma taça de vinho, Zich se sentou em uma cadeira e esticou as pernas em um banquinho. Com um ar chique e poderoso, ele disse:
— Quão difícil seria persuadir uma elfa caipira inexperiente recém-saída da floresta?
Ele levou a taça à boca com arrogância. Lyla tentou o seu melhor, entretanto, não pôde olhar para ele sem se lembrar de um vigarista que havia passado a perna em um endinheirado.
— O que houve com as suas ações hoje?
— Por?
— Você agiu como alguém completamente diferente. Tipo… você sabe.
— Como uma pessoa gentil, carinhosa e cheia de um forte senso de justiça?
Lyla não respondeu. Ela estremeceu quando arrepios correram pelos seus braços e pernas.
— Ei, vá com calma comigo. Não foi porque eu queria. — Tomou outro gole. Se ela olhasse mais de perto, a expressão dele não era uma das melhores — Foi a melhor maneira de me aproximar dela com sucesso e intervir, dada a situação. Ela saiu da floresta pela primeira vez para completar uma missão de recuperar o tesouro da tribo. Ela deve ter experimentado todos os tipos de discriminação. — Tirou as pernas do banquinho — É claro que, na cabeça dela, ela deve saber que precisa ter cuidado com uma pessoa que de repente aparece para ajudá-la; em uma situação tão terrível, contudo, se alguém gentil e carinhoso como eu aparece na frente dela, ela se sente diferente. Leona Pearl de Droud já confia em mim além do normal, e posso manter um relacionamento em consigo interferir nos negócios dela.
— Não importa como eu pense, você é um patife cruel.
— Mesmo que os nossos objetivos sejam diferentes, devemos estar almejando a mesma coisa — respondeu ele, querendo rir.
— Se não tivéssemos intervindo, o que teria acontecido com ela? A julgar pela reação dela, ela teria causado estragos na casa de leilões se não a impedíssemos. Da minha memória, no entanto, não acho que ela tenha experimentado algo “ruim”.
— Ah, isso? É simples. É porque ela era forte o suficiente para ser uma das parceiras de Glen Zenard. Ela provavelmente está muito forte agora; ao menos pode para causar caos no leilão e escapar. Afinal, ser esperta e ser forte eram assuntos diferentes por completo.
No dia seguinte, os três voltaram a Tyroul. O recepcionista no balcão e os seguranças aparentaram ter a reconhecido, mas ela não tomou uma atitude que os levasse a expulsá-la. Os guardas apenas firmaram os apertos nas armas que seguravam.
— É aí que os objetos que estão sendo leiloados são escritos. — Zich apontou um lado da parede.
Os quadros de madeira eram enormes, muito maiores do que um homem adulto, e estavam cheios de papéis com itens prestes a serem leiloados.
— Vamos primeiro verificar o com as coisas menos valiosas.
Se a Lágrima do Lago estivesse lá, poderiam comprá-la a um custo acessível. Porém, para a infelicidade deles, ela não estava. Os três vasculharam cada um dos quadros para achar a Lágrima do Lago. Não importava onde olhassem, não achavam ela, o que deixou Leona cada vez mais nervosa. E mesmo depois de passarem por muitos dos quadros e os preços aumentarem mais, a Lágrima do Lago não apareceu.
— Só resta um.
Com as palavras de Zich, Leona olhou para o último quadro restante. Era o destaque da casa de leilões, onde afixavam o que estava sendo leiloados na sala principal no centro.