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Circle of Inevitability – Capítulo 126

Encontrando Presas

Lumian rapidamente examinou a mensagem da Madame Mágica, guardando os pontos essenciais na memória.

Era evidente que a primeira e a terceira soluções para o problema do fantasma de Montsouris eram piadas. A única opção viável era a segunda: usar a Mercúrio Caído para trocar seu destino de encontrar o fantasma de Montsouris.

Com toda a honestidade, Lumian não considerou se esfaquear com a Mercúrio Caído para mudar proativamente seu destino. Somente quando foi encurralado pelo fantasma de Montsouris, à beira da morte, é que essa estratégia desesperada veio à tona em sua mente.

O tempo era essencial e Lumian teve que agir rápido. Ele só conseguiu trocar seu destino de ser atacado pelo fantasma Montsouris, não o evitando completamente. Ele escapou por pouco da primeira crise, mas ainda permanecia na sombra da morte.

Se pudesse escolher, Lumian ainda teria optado por trocar o destino de ser atacado pelo fantasma Montsouris em vez de apenas encontrá-lo. O ataque já havia ocorrido e ele não tinha certeza de que cessaria com uma mera troca de destino. Ele precisava do plano mais confiável para se salvar.

Em termos mais simples, e se o fantasma de Montsouris o matasse e percebesse que nunca o conheceu e tivesse como alvo a pessoa errada?

“Preciso encontrar alguém que troque o destino guardado na Mercúrio Caído por um destino melhor. Então, vou me preparar bem e, quando estiver pronto, vou me esfaquear para completar a troca. Eu selarei o encontro com o fantasma de Montsouris dentro da Mercúrio Caído…” Lumian combinou sua experiência com o conselho da Madame Mágica e rapidamente inventou uma maneira de escapar de sua situação.

Quando chegasse a hora, a Mercúrio Caído, também conhecida como Lâmina Amaldiçoada, faria com que quem fosse esfaqueado sofresse o destino de toda a sua família morrer, incluindo a si próprio.

A desvantagem era o tempo que levaria para o efeito ocorrer.

Lumian puxou a Mercúrio Caído da cintura, olhando para a lâmina envolta em pano preto. Ele sentiu o potencial da arma Beyonder mais intensamente do que nunca.

Ele considerou seriamente encontrar especialistas para reparar a Mercúrio Caído. Caso contrário, a adaga encantado só duraria até o final do ano.

Talvez a Reunião Beyonder do Sr. K pudesse fornecer os recursos de que ele precisava.

“Minha suspeita está correta. A intenção da Madame Mágica para que eu conheça Osta Trul é usá-lo para participar do da reunião do Sr. K e se juntar à organização secreta por trás dele…” Lumian vestiu um chapéu de abas largas e uma camisa preta que lembrava um traje formal antes de sair do quarto 207 e descer as escadas.

Como Caçador, ele precisava começar sua busca por uma presa.

Ao sair do Auberge du Coq Doré, Lumian avistou Charlie sentado na escada de três andares que dava para a rua. Pálido, olhava para o céu, melancólico, com um cigarro aceso na mão direita.

— O que está errado? — Lumian perguntou, sentando-se casualmente ao lado de Charlie.

Charlie não olhou para trás. Ele tragou o cigarro e suspirou.

— Sinto como se tivesse perdido minha alma.

Ele usava uma camisa branca, colete vermelho e um paletó preto pendurado no braço esquerdo — um uniforme de hotel.

Lumian sorriu e foi direto ao ponto.

— Você dormiu com aquela mulher mais velha?

Charlie virou-se para Lumian e enfatizou: — Por favor, chame-a de Madame. Ela está apenas na casa dos cinquenta.

Ele deu outra tragada e exalou um anel de fumaça.

— Você sabia? Ela me deu um colar de diamantes que vale pelo menos 1.500 verl d’or. Eu não pude resistir. Ela era tão deslumbrante e sedutora que foi direto ao meu coração.

— Isso… — Lumian não ficou surpreso.

Charlie sorriu timidamente.

— Madame Alice também é cativante. É uma façanha manter sua elegância na idade dela. Ela mencionou que ficaria em Trier por seis meses e poderia me oferecer 500 verl d’ou por mês. — Enquanto ele falava, a voz de Charlie ficou sombria e seus olhos adquiriram um tom melancólico.

Assim como Lumian pensou que Charlie iria suspirar por sua alma perdida, um longo suspiro escapou dele.

— Por que ela só pode ficar por meio ano? — Lumian deu um tapinha no ombro de Charlie, dizendo sinceramente: — Cuide-se.

As pálpebras de Charlie se contraíram.

— É preciso moderação. Madame Alice está muito entusiasmada. Eu estava tão exausto ontem à noite que nem tive aquele lindo sonho.

Lumian riu e disse: — Você mencionou abertamente a obtenção de um colar de diamantes no valor de 1.500 verl d’or. Na Rue Anarchie, isso é riqueza suficiente para enlouquecer muitas pessoas.

— Você não tem medo que eu te roube? 

Charlie riu.

— Eu tive que compartilhar isso com alguém, ou me sentiria péssimo.

— Percebi que você não parece ter pouco dinheiro. Você é até bastante generoso. Você não cometeria um crime por apenas 1.000 a 2.000 verl d’or. 

Lumian sorriu, respondendo: — Existe alguma chance de eu estar fingindo que não falta dinheiro para atrair alguém como você a baixar a guarda?

A expressão de Charlie congelou quando o cigarro quase queimou seus dedos. Lumian mudou de assunto, perguntando casualmente: — Existe alguém que você despreza tanto a ponto de achar que merece morrer?

Charlie apagou o cigarro nos degraus de pedra, intrigado: — Por que você pergunta?

Ele pretendia embolsar a ponta de cigarro apagada, mas decidiu não fazê-lo, jogando-a de lado.

Um vagabundo próximo correu, pegou o cigarro quente e deu algumas tragadas. Sem esperar pela resposta de Lumian, Charlie continuou: — A pessoa que mais desprezo é nosso atendente-chefe. Você não tem ideia de como ele é detestável. Haha, nunca pensei em querer ele morto, mas só queria poder cobrir seu rosto e espancá-lo um dia.

— Não acho que muitas pessoas realmente mereçam morrer. Uma delas é o Barão Brignais, líder do Savoie Mob no distrito comercial. Ele é conivente com agiotas, levando muitos à falência. Um amigo meu pulou de um prédio em desespero. Mas o que isso resultou? Seu filho desapareceu misteriosamente e sua filha foi forçada a entrar na Salle de Bal Brise. Embora ela deva apenas cantar, na verdade, bem… sabemos a verdade.

— Isso mesmo. Se ele teve a coragem de se matar, por que não pensou em uma maneira de matar o Barão Brignais e os outros? — Lumian assentiu levemente. Charlie olhou para Lumian, surpreso.

— Seus pensamentos são um pouco extremos.

Ele acrescentou: — A segunda pessoa que merece a morte é Margot, líder do Poison Spur Mob1. Ele manipula as pessoas para enganar mulheres novas em Trier. Depois de usá-las, ele as força à prostituição. Foi assim que a senhorita Ethans, do quarto 8, no quarto andar, acabou no motel. A maior parte do dinheiro que ela ganha é levada por Margot. Ela tentou escapar várias vezes, mas foi espancada até quase morrer antes de poder deixar a Rue Anarchie.

“O distrito de mercado tem alguns mobs. Não admira que seja caótico à noite…” Lumian olhou para Charlie, dizendo: — Parece que você simpatiza com a senhorita Ethans.

Charlie estufou o peito. — Os verdadeiros cavalheiros de Intis simpatizam com as mulheres em situações trágicas e oferecem ajuda quando apropriado.

 Lumian reconheceu laconicamente. — Você sabe onde Margot mora?

— Não sei. — Charlie balançou a cabeça. — Mas ele frequenta o motel à noite, extorquindo dinheiro da senhorita Ethans. Se você ouvir uma mulher chorando, gritando e xingando no quarto andar, é Margot e seus capangas.

Lumian assentiu pensativamente e perguntou: — Quem mais você acha que merece morrer? — Charlie pensou por um momento, respondendo com uma expressão contorcida: — Monette, aquele ilhéu. Ele me roubou 10 verl d’or! Você pode imaginar? Eu estava desempregado há algum tempo e ainda não tinha encontrado um novo emprego. Essa era minha última poupança. Quase morri de fome por causa dele!

— Onde ele mora? — Lumian perguntou com indiferença.

— Ele estava hospedado no motel inicialmente. Mas depois de me enganar, ele se mudou. Não sei para onde ele foi. — A raiva de Charlie aumentou enquanto ele falava. — Eu estava esperando que ele me arranjasse um emprego

Assim que se acalmou, Charlie olhou para Lumian com curiosidade: — Por que seu cabelo está diferente?

Havia fios de comprimentos variados, dourados misturados com preto.

— Você não acha que é bastante estiloso? — Lumian perguntou seriamente. Charlie bufou, sua expressão duvidosa. Sua experiência com o Instrumento Idiota o fez questionar instintivamente as intenções de Lumian em tais assuntos.

Depois de alguns momentos, Charlie olhou para os vendedores ambulantes e acenou com a mão.

— Tenho que ir para o hotel. Vou vê-la hoje a noite.

Lumian ficou parado nos degraus de pedra do lado de fora do hotel, acenando para a figura de Charlie que se retirava.

Naquela tarde, Lumian pegou uma carruagem pública até o Quartier du Jardin Botanique. Depois de caminhar mais de 300 metros, chegou à Cafeteria de Mason.

A cafeteria ocupava o térreo de um prédio bege de quatro andares, próxima ao jardim botânico. Plantas verdes enroscavam-se no exterior do edifício. As lojas do térreo eram recuadas quase um metro, com pilares sustentando uma passarela externa para pedestres.

A Cafeteria de Mason ostentava paredes verde-escuras e grandes janelas. A luz do sol entrava pelo vidro, iluminando as mesas e cadeiras do lado de fora.

Lumian, vestido com terno escuro e chapéu de abas largas, entrou. A primeira coisa que notou foram as intrincadas esculturas de plantas na parede, intercaladas com frases em Intis: “Quem detém o poder supremo no país? O presidente ou o parlamento?”


Nota:

[1] Clube da Cobra Venenosa.

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