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Apocalypse Hunter – Capítulo 15

Há um Motivo para os Doidos Sobreviverem (4)

— Hmmmph!

Leona não se sentiu aliviada. Ela não estava a salvo ainda. O salteador com a RPG-7, e o outro salteador ainda estavam lá fora. Ela pegou suas flechas e arco e moveu.

— Ei!! Jae-Goo!! Você tá morto?

O salteador gritou, e Leona gritou de volta sem olhar para janela.

— Ele me pediu para deixar você saber que ele está morto agora, malditos!

Ao invés de uma resposta, veio som de uma explosão alta de um foguete.

*Booooom!*

O foguete acertou a área onde Leona havia gritado, mas ela já tinha fugido daquele lugar depois de gritar.

O salteador estava atirando foguetes sem hesitação, sabendo que seu amigo estava morto.

O prédio acabaria colapsando.

O lança-foguetes era poderoso o bastante para explodir as paredes do prédio. Leona estava assustada pelo poder inimaginável do lança-foguetes.

Se eu sair do prédio, aquela arma vai me matar… se eu ficar dentro do prédio, eles vão continuar atirando com aquela coisa, e posso morrer debaixo dos escombros.

Prédios velhos já teriam caído depois de alguns foguetes. Os prédios no Ponto Ardente foram construídos fortemente porque ali era uma prisão anteriormente. Dessa maneira, eles eram capazes de aguentar alguns foguetes.

Ela tomou uma decisão.

— Ei menininha! Saia e atire em mim com sua flecha! Eu estou bem aqui.

Leona não reagiu às suas provocações dessa vez. O salteador caolho pareceu notar isso.

— Cala a boca agora, eu vou explodir o prédio inteiro.

— Por que? Não deveríamos pelo menos ver a garota que começou tudo isso?

— Tanto faz. Eu não acho que ela vá aparecer mais.

*Clink!* *Clack!*

O salteador careca continuou falando na frente do salteador caolho que estava carregando outro foguete.

— Ei! Ousa atirar em mim? Você parecia fofa sacando aquele arco! Você está ouvindo?

Leona desceu para o terceiro andar.

Eu posso ser capaz de atirar porque estou em um andar abaixo.

Ela tinha que matar eles. Leona não queria reagir às provocações, mas ela tinha que olhar pela janela para atirar. Se ela espiasse com sua cabeça, o inimigo atiraria foguetes sempre que aparecesse. Era como um jogo de acerte a marmota.

Leona sacou o arco com toda sua força e se preparou para levantar. Ela tinha no máximo um segundo para mirar e atirar. E tinha três flechas sobrando, e se não conseguisse acabar com eles em três tentativas, tudo estaria acabado. Leona se preparou debaixo da janela, levantou-se, mirou e atirou.

*Twang!*

A flecha saiu do arco com um som perfurante. Leona se escondeu de novo sem checar para onde a flecha atingiu.

*Thud!*

Entretanto, o som sem força da flecha significava que ela tinha errado. Leona cerrou seus dentes.

Eu não consigo acertar !

Matar um inimigo com uma arma que ela nunca usou antes era uma missão impossível.

— O que foi isso? Você não seria capaz de me acertar nem que fosse a queima roupa. Atira em mim! Atira…

*Booom!*

— Huh?

Houve uma explosão alta, e a cabeça do salteador caolho que estava mirando o lança-foguete em Leona explodiu em pedaços. O salteador careca estava atônito ao ver a morte de seu aliado. E ele ficou petrificado enquanto olhava para alguém apontando uma arma para ele.

O homem que estava mirando uma Saiga-12 na cabeça do salteador murmurou:

— Se levar um tiro é seu desejo, este será garantido.

— Não cara… o que eu quis dizer foi…

*Bang!*

Esse foi o epitáfio do salteador.

*Thud*

Em um breve momento, dois salteadores foram mortos, e Leona se levantou para olhar para fora da janela, percebendo o que o som significava. Ela não estava certa, mas parecia com o som das armas de Zin.

Os dois inimigo que eram as maiores ameaças para Leona foram liquidados em cinco segundos. Dois tiros de  12 eram mais que suficientes para acabar com a situação. Leona gritou para o homem que estava de pé entre os dois salteadores sem cabeça.

— Moço!

Zin estava parado lá. Leona não conseguia impedir suas emoções de transbordarem.

— Ah… o que está errado comigo…

Leona não conseguia levantar porque suas pernas cederam. Assim que sentiu que estava segura, seus músculos relaxaram do estresse e ela não era capaz de se mover.

Zin subiu até onde ela estava. Com a Saiga em seu ombro, Zin se sentou na frente de Leona. Ele não falou nada. Leona não perguntou o motivo e como Zin voltou. Houve  um longo momento de silêncio. Leona falou primeiro,com sua cabeça abaixada.

— É uma mentira que eu não estava assustada.

— …

— Eu estava com tanto medo que eu senti que meu coração ia explodir.

Leona confessou seus sentimentos mais profundos. Não havia como ela não se sentir assustada. Era impossível ficar calmo quando salteadores canibais estavam te cercando e ameaçando.

— Eu não choro, ou cago nas calças, ou fujo. Em tempos como esses, só estou com tanto medo ao ponto de querer morrer.

Era natural mesmo para um adulto ou uma criança terem medo em situações como essa. Era melhor matar do que morrer. Lembrando o terror e o medo que ela sentiu. Leona se odiava. Ela não seria capaz de viver muito se continuasse fraca.

— Eu me odeio por estar com medo…

Leona estava tremendo, ela odiava ver o seu eu impotente. Zin assistiu Leona e falou, fazendo Leona olhar de volta para ele.

— É difícil não desistir.

— …

— Mas de novo, você não desistiu, então isso é mais que o suficiente.

Era mais que o suficiente.

— Você está indo bem.

Leona não desistiu, e ela estava indo perfeitamente bem.

Leona e Zin se sentaram em silêncio, e esperaram até o amanhecer no já extinto Ponto Ardente.

Na manhã seguinte, recuperada da luta, Leona perguntou:

— Por que você voltou, Moço?

E ela cutucou o quadril de Zin com um sorriso.

— Você voltou porque estava preocupado comigo? Hmm?

— Eu vim para pegar de volta as lascas não pagas.  — Zin esticou sua mão, como se ele não quisesse ouvir as besteiras dela.

— 500 lascas por completar a missão. Dê para mim.

— Ha… haha… mas é claro…

Esperando tais palavras de Zin, Leona suspirou.

— Foi meu erro não abordar o tópico da recompensa, mas não acha que você estava errada em não me pagar?

Infeliz, Leona fez beicinho enquanto Zin falava.

— Bom, você que deveria tomar conta do seu pagamento. Por que eu me incomodaria de pagar alguém? Foi você que fugiu com pressa. O que? Eu deveria ter corrido atrás de você para te dar as lascas?

— …

Zin permaneceu em silêncio com a resposta de Leona, mas não por muito tempo.

— Hmm… então, eu voltei para pegar minhas lascas.

Zin não tinha uma resposta lógica já que ele voltou simplesmente para pegar sua recompensa. Leona parecia desconfortável enquanto coçava sua bochecha.

— Bom… você sabe… eu tinha as lascas até ontem.

— Não me diga que você amarrou a caixa de lasca a uma flecha, ativou a sequência de autodestruição, atirou ela como uma bomba, e ela explodiu com um boom?!

Enquanto Zin terminava de falar. Leona assentiu com sua cabeça vigorosamente.

— Que preciso! Você viu tudo?

— Pheww…..

Depois de confirmar o que aconteceu, Zin ficou sem palavras por um tempo, suas mãos em suas têmporas. Estava claro que Leona explodiu 1.500 lascas incluindo suas 1.000 lascas e a recompensa devida pela missão. O número de lascas tornou possível explodir o centro inteiro do Ponto Ardente. Zin estava tentando confirmar o que ele observou, mas estava chocado de saber que todas as lascas se foram.

— Bem, eu não achava que você iria voltar… e eu tinha que fazer algo para sobreviver. Aquela caixa de lasca era a única coisa que eu podia usar.

Zin estava fumegando com as palavras dela. Olhando para os seus batimentos cardíacos cada vez mais rápidos, Zin respirou fundo.

— Tá… Você sabe se há lascas escondidas no Ponto Ardente… ou qualquer lugar que possa ter lascas?

— Moço… eu só fiquei aqui por dois dias.

Leona estava reclamando que ela não encontrou nada novo, e Zin permaneceu em silêncio de novo.

— …

— E os salteadores reuniram tudo útil aqui… como você pode ver.

O lugar que Leona apontou foi  o ponto da explosão. Não havia nada que pudesse ser recuperado de Ponto Ardente. E desse mesmo jeito, Leona ficou pobre. Ela começou a falar depois de olhar para Zin.

— … você parece bem desapontado, moço.

Zin sorriu.

— Desapontado, você diz? Caçar um comedor de homens que pode acabar com três a quatro vilas pode render cem lascas, eu precisaria caçar pelo menos cinco comedores de homens para ganhar quinhentas lascas. E você tem ideia de quanta munição especial eu posso fazer com quinhentas lascas? Gastar isso tudo podia…

Zin continuou falando, e depois suspirou depois de perceber que ele estava tenso demais.

— Phew… deixa para lá. Sobre o que eu estou tagarelando…

— Mas que porra?!

Entretanto, Leona interrompeu, visivelmente irritada.

— Então você estava tentando conseguir todas aquelas lascas oferecendo me escoltar por só dois dias?

— …

— Você se chama de caçador, mas na verdade, você é um charlatão!

— Menina. Essa é uma taxa razoável para o pedido.

— Sim, claro, você tinha que fazer isso de qualquer jeito, então você ordenhou mais lascas de mim. Razoável é o caralho. Você provavelmente nem pode cobrar cem lascas por um serviço de escolta. Estou errada?

Zin continuou em silêncio enquanto Leona fazia suas deduções. Não era que Zin era uma pessoa irracional. Porém, depois de reclamar sem parar com Zin, ela suspirou depois de olhar para a expressão de seu rosto.

— Phew… então…

Leona apontou seu dedo para Zin, e gritou de novo:

— Você entende que eu não estou te dando as lascas porque sou uma boa pessoa, mas sim porque eu sou legalmente obrigada.

— O que?

— Xiu…

Leona vasculhou sua bolsa, puxou um pequeno saco de couro e deu para Zin. Ele o pegou e abriu, encontrando-o cheio de lascas.

— Você não disse que não havia mais? que você explodiu todas elas…?

— Claro que eu menti. O que, você nunca encontrou um mentiroso antes?

Leona deu de ombros. Ela agiu como se tivesse explodido todas as lasca para ver como Zin reagiria. Ela não mentiu com más intenções já que ela estava disposta a dar as lascas para ele.

— Eu tirei elas antes.

— Você as tirou antes?

— Sim.

Leona tirou exatamente quinhentas lascas da caixa de lasca. E ela o fez a fim de dá-las para Zin. Segurando as lascas e se sentindo perplexo, Zin olhou para Leona. Ele não conseguia entender o motivo de Leona não ter ficado com todas as lascas para ela mesma, mas ao invés disso, deu-as para Zin.

Ele voltou depois de alguns dias, mas ele podia nunca mais ter voltado.

— Você achou que eu ia voltar?

— Eu pensei que você não era estúpido o bastante para não esquecer de pegar suas lascas.

E, de fato, às vezes, Zin era estúpido o bastante para cometer tal erro.

— Você não tinha que voltar, sabia? — Leona murmurou com alguma atitude.

— Eu estava planejando te dar as lascas de volta depois que fosse hora de viajar de novo, e se algum dia encontrasse você.

Leona estava planejando carregar o saco de lascas como um amuleto da sorte.

— Você não estava planejando morar aqui?

— Você viu o que aconteceu. Não importa se eu quero morar em algum lugar.

Assim que Leona se estabeleceu, Ponto Ardente foi atacado. O ato de partir e viajar pode acontecer devido a eventos externos. Leona sabia que ela deveria estar pronta para empacotar e ir para selva algum dia. Dessa maneira, a primeira coisa que Leona fez depois de se estabelecer no lugar era se preparar para partir de novo. E ela tornou as quinhentas lascas um amuleto da sorte.

No caso de Zin não voltar, Leona estava pronta para sair em busca dele. Ela o faria com esperança de encontrá-lo algum dia. Zin não conseguia entender o motivo de uma criança se comportar de tal maneira. Leona se levantou e observou Zin, que olhou de volta para ela com um sorriso.

Zin pôs o saco de lascas dentro de seu bolso sem contar elas. Ele não comeu-as também. Só as pôs em seu bolso. Assim como Zin não era capaz de entender Leona, ele era incapaz de entender seus próprios sentimentos. Lentamente, ele abriu sua boca.

— Antes do mundo ficar assim…

— ?

— Havia um tempo em que…

Leona balançou sua cabeça, tentando escutar ele.

— Em que crianças eram ingênuas e obedientes.

— Que bobagem você está balbuciando?

— Cala a boca e me escuta.

— Sheesh…

Muita coisa mudou desde aquele tempo em que crianças costumavam ser ingênuas. Tais tempos acabaram, e maldades eram priorizadas acima de boas ações. Crianças eram seres fracos, problemáticos, e incompetentes. E nesse ciclo vicioso, crianças que foram maltratadas cresceram para se tornarem adultos que maltratavam crianças.

— Eu vou te levar para o próximo assentamento.

— … isso é uma missão? Eu não tenho dinheiro…

O que Leona deu a Zin era tudo o que tinha, e agora estava sem dinheiro.

Zin olhou para Leona com uma expressão amarga, e disse:

— Eu não vou te cobrar nada.

Crianças boas e ingênuas precisavam ser recompensadas.

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