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Abe the Wizard – Capítulo 14

Mestre Bentham 

O ferreiro não estava atualmente dentro do castelo. Estava bem ao lado da mina de ferro, que levou vinte minutos para Abel e Harry chegarem de carruagem.

Mesmo de longe, Abel podia ouvir minério de ferro esmagado por martelos. Havia uma pilha de casas de pedra, todas feitas por alguns pedregulhos bem esculpidos, com chaminés em cima de cada uma delas. Quatro em cada seis tinham fumaça escura saindo de suas lareiras.

Só de olhar para essas casas de pedra, percebeu que o Cavaleiro Marshall dava muita importância ao seu negócio, essas pedras são as mesmas que usavam para fazer castelos.

Deixando o custo real de lado, a mão de obra vale muito mais apenas por carregá-las desde as montanhas.

Harry instruiu Abel cuidadosamente.

“Vamos fazer uma visita ao Mestre Bentham hoje. Lembre-se de ser respeitoso quando o vir. Eu o convidei porque ele é o melhor ferreiro que já encontrei na Cidade da Colheita. Se não estivesse tentando deixar seu filho assumir o negócio de sua loja, não teríamos a chance de vê-lo hoje.”

“É bom vê-lo aqui, Marshall.” Mestre Betham cumprimentou Harry com um simples aceno de cabeça. Era um homem grande, com 2 metros de altura, tinha uma constituição muito sólida, mesmo com cinquenta e poucos anos.

“E aí.” O Cavaleiro Marshall sorriu sem ser muito formal.

“Eu trouxe um jovem para você hoje. Ele está interessado em se tornar seu discípulo.

Mestre Bentham parecia bastante perplexo quando pôs os olhos em Abel.

“Você está falando dessa criança, Marshall? Por favor, eu sei a diferença entre um jovem e uma criança. Este menino não tem nem quatorze anos, e você quer que ele seja um dos meus discípulos?”

De repente, muitas pessoas começaram se aproximar para ver o que estava acontecendo.

“Mestre Bentham, este é Abel, meu novo filho adotivo. Ele é atualmente um Cavaleiro Novato e quer que você o ensine a controlar seu poder.”

“Desculpe, mas eu não posso aceitá-lo.” Mestre Bentham disse severamente.

“Meu treinamento não é algo que um jovem nobre possa suportar. Além disso, não acho que um garoto tão jovem quanto ele tenha resistência o suficiente para bater um martelo.”

Abel estendeu o braço e flexionou um pouco. “Não se preocupe, Mestre Bentham. Posso trabalhar muito se quiser, você não é o único musculoso aqui.”

“Haha!”

Abel tinha cerca de 1,6 metros, tinha alguns músculos, sim, mas isso não era nada comparado ao Mestre Bentham, que tinha uma altura de dois metros como um urso, o forte contraste por si só foi suficiente para fazer todos ao redor rirem.

“Mais dois anos, Abel. Quando você for um pouco mais alto e mais forte, prometo que vou ensiná-lo a forjar.” Mestre Bentham disse pacientemente em respeito ao Cavaleiro Marshall.

“Quão forte eu preciso ser para treinar com você?” Abel insistiu teimosamente.

Mestre Bentham voltou-se para o quintal. “Venha comigo.” Disse. O Cavaleiro Marshall conduziu Abel com o mestre Bentham até o pátio atrás da casa de pedra. Os outros espectadores também entraram para ver se Abel estava pronto para o desafio à frente.

“Quantas vezes você acha que esta criança pode levantar o martelo?”

“Eu ficaria impressionado com uma.”

“Não, duas. Ele é um Cavaleiro Iniciante. Eu aposto duas.”

“Eu aposto uma.”

“Aposto duas.”

Por mais barulhenta que a multidão estivesse ficando, tanto o Cavaleiro Marshall quanto Abel não prestaram atenção neles. Quando chegaram ao quintal, viram um monte de peças de ferro alinhadas no chão, havia uma barra de ferro no meio, e pedaços de ferro de tamanhos variados de cada lado, pequenos e grandes.

Eram essencialmente barras de supino.1

 Não eram muito refinadas em comparação com as que Abel conhecia, mas o design era o mesmo. Como se viu, a base cultural não tinha nada a ver com a compreensão de como o corpo humano funcionava.

“Eu uso essas barras para treinar a força dos meus discípulos. Você vê, eles vêm em tamanhos diferentes. As menores pesam 50 libras, as maiores pesam 500. Cada vez que escolhe um maior, a carga aumenta mais 50 libras.”

Mestre Bentham apontou para um homem na multidão.

“Venha aqui, Gedon.”

Embora ele mesmo fosse bastante forte, esse sujeito em particular não era muito diferente em termos de estatura.

“Mestre!” Gedon se explicou ansiosamente enquanto o suor escorria pelo rosto cheio de sujeira.

“Eu não estava sendo preguiçoso! Eu estava jogando fora os resíduos de metal!”

Todos começaram a rir. Gedon era bem conhecido na ferraria, foi recrutado depois que o Mestre Bentham chegou ao Castelo Harry. Embora fosse um aprendiz, rapidamente se tornou um discípulo pela sua dedicação.

Havia muita diferença entre um aprendiz e um discípulo. Os aprendizes tinham um trabalho mais pesado, que se concentrava no seu físico.

Normalmente, envolvia cortar e queimar madeira durante todos os dias. Pior ainda, não havia pagamento.

Os discípulos, por outro lado, tinham o privilégio de aprender diretamente com seu mestre. No final do mês, recebiam um salário equivalente à qualidade de seu trabalho.

Gedon era um aluno muito simpático do Mestre Bentham, era honesto, trabalhador e estava disposto a aprender. Quando o Mestre Bentham fosse se aposentar, seria a pessoa certa para continuar servindo ao Cavaleiro Marshall.

“Não, Gedon, estou lhe dizendo para vir aqui para mostrar a Abel como usar as barras. Vá em frente e ensine a ele o que é preciso para ser meu discípulo.”

“Sim, senhor.” Gedon sorriu modestamente enquanto esfregava as mãos, caminhou até o terceiro supino e virou a cabeça para Abel.

‘Observe-me atentamente, Abel.’

Com as mãos agarrando ambas as extremidades da barra de ferro, Gedon soltou um grande grito e levantou o supino de 150 libras do chão. Devido á facilidade com que passou por cima de sua cabeça, quase parecia que estava pegando um canudo ou algo assim.

“Boa, rapaz!”

Com todos torcendo por ele, Gedon deixou cair o supino de ferro no chão.

Enquanto Gedon se voltava para seu mestre para alguns comentários, Mestre Bentham acenou com a cabeça em aprovação e disse.

“Continue, Gedon.”

“Sim senhor.” Gedon prosseguiu para o quarto supino, que tinha 200 libras de peso total. No entanto, não foi tão difícil para ele levantá-lo. Ele se preparou, agarrou e o pegou sem nenhum drama, mas não foi tão fácil quando experimentou o quinto. 

Ainda assim, conseguiu levantá-lo sobre a cabeça depois de um pouco de hesitação.

As coisas ficaram tensas quando foi até o sexto supino, seu peso era de 300 libras. A maioria das pessoas não conseguia erguer sequer um lado por mais de três segundos, quanto mais pegá-lo do chão.

Gedon não começou imediatamente desta vez. Por alguns segundos, fechou os olhos e ajustou um pouco a respiração. Quando se sentiu pronto, soltou um rugido e as veias começaram a saltar em seu pescoço. Seu rosto estava vermelho como um tomate, exceto que parecia que estava prestes a explodir por dentro.

Mesmo assim, o supino passou por cima de sua cabeça. Todo mundo estava gritando em comemoração.

“Muito bem, Gedon.” Mestre Bentham o olhou com orgulho.

“Mesmo com a força que tem agora, está progredindo a cada dia. Não vai demorar para superar meus limites.

“Sério?” Gedon coçou a cabeça enquanto se esquivava do elogio.

“Ah, você está sendo muito gentil, senhor! Ainda há muito que preciso fazer antes de chegar onde você está.”

“Agora é a sua vez, Abel.” Mestre Betham virou a cabeça para o menino que ousou desafiá-lo. Ao contrário do que esperava, não recuou depois de ver a atuação de Gedon, caminhou em direção ao terceiro supino.

Para ser claro, aprovou a força de Gedon. Dito isto, não havia nenhuma habilidade na maneira como levantou esses pesos. Pela milionésima vez, Abel era um ex-treinador de fisiculturismo, e o supino era um de seus equipamentos favoritos na Terra. Era seu trabalho.

Se o máximo de Gedon fosse cerca de 300 libras, poderia levantar até 350 libras se conhecesse as técnicas corretas.

Havia muitas coisas erradas em sua forma, se já não fosse tão forte, estaria gravemente ferido agora. Mesmo que não estivesse ferido, haveria muitos danos a longo prazo.

“Ele está indo para o de 150?”

“Bela piada. Ele não vai fazer isso.”

“Ele está louco?”

A multidão voltou a fazer barulho quando foi a vez de Abel. Ele franziu um pouco a testa por causa disso, não gostava de ser observado como se fosse um palhaço de circo.

“Todos para fora, obrigado.” Mestre Bentham enxotou a multidão para longe, pois notou que Abel não gostava de ser observado.

Quanto ao motivo disso, bem, apenas pensou que ele não queria ser motivo de chacota.

Percebendo que eles irritaram Mestre Bentham, a multidão começou a sair correndo do quintal.

“Dê o seu melhor, mas não se esforce demais.” Disse Mestre Bentham.


Nota:

[1] O supino é um exercício físico em forma de levantamento de peso.

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