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Abe the Wizard – Capítulo 81

O Esconderijo Secreto dos Lobisomens

Por fim, os Cavaleiros Lobisomens estavam começando a perder a compostura. Estavam lutando contra um defensor invisível, cujo poder era muito mais feroz do que o que tinham. Se sentiam impotentes do fundo de seus corações.

À medida que os comandantes mais graduados davam um uivo para o resto das matilhas, todos começaram a desertar de seus postos. 

Havia cerca de 50 lobisomens mortos no chão atualmente.

— Limpe o campo de batalha!

Quando o Lorde Marechal deu seu comando, os Cavaleiros marcharam para a frente, acabando com todos os lobisomens que restaram. Mortos ou não, todos foram esfaqueados no peito.

Os veteranos pareciam acostumados a essa situação. Todos tinham um olhar vazio em seus rostos quando se livraram das Montarias Lobisomem que estavam guardando os cadáveres de seus mestres.

Abel suspirou ao ver isso. Embora essas Montarias já se fidelizaram a seus mestres, havia uma pequena chance de encontrarem novos. A maneira mais fácil de resolver isso era matar todos eles. Abel sabia disso há muito tempo, mas seu coração doeu quando percebeu que Vento Negro anteriormente teve que sofrer exatamente o mesmo destino.

— Um Cavaleiro não abandona sua montaria. — O Cavaleiro Marechal repreendeu Abel enquanto caminhava em sua direção.

— Mas ele seria morto se eu não fizesse isso — protestou Abel.

O Cavaleiro Marechal disse com uma cara séria que raramente usava — Isso é porque você ainda não é tão experiente como um Cavaleiro. Se quiser proteger sua montaria, certifique-se de não ser derrubado primeiro. É o requisito mais básico de um bom Cavaleiro.

Abel relembrou o treinamento que fez, havia considerado alguns dos movimentos desnecessários, agora que pensou sobre isso, todos foram feitos para se desviar dos ataques direcionados à sua montaria.

— Sinto muito, tio. — Abel se desculpou. — Como Cavaleiro, eu não sabia como agir nessas circunstâncias.

— Você é talentoso garoto, mas não deixe que seu poder o iluda. Lembre-se, é muito importante voltar ao básico. Você tem um longo caminho pela frente.

Enquanto o Cavaleiro Marechal dava um sermão em Abel por sua imaturidade, estava feliz em ver que Abel foi sincero o suficiente para aprender com seus erros. Para gênios como ele, o orgulho era um grande obstáculo a ser superado.

Assim que o Cavaleiro Marechal e Abel voltaram ao castelo, todos estavam torcendo por eles no portão principal. Não apenas venceram, mas também venceram com zero baixas. Tal façanha seria impossível se não fossem fortes o suficiente, e todos que viviam nesta terra se orgulhavam da força de seu Lorde. 

“Um homem de verdade espera dez anos por sua vingança.” Abel realmente não concordou com esse ditado. Para ele, acreditava que o melhor seria “resolver as coisas antes que o sol se ponha novamente”. 

Quando Abel acenou com a mão para o Cavaleiro Marechal, se equipou com um conjunto completo de armaduras, pegou o Arco Harry e caminhou em direção à floresta atrás do Castelo Harry. 

— Ei, Nuvem Branca! — Abel chegou a um lugar vazio dentro da floresta.

Chamou pelo nome de seu Pardal do Céu em sua mente, e logo, recebeu uma resposta vinda do céu. Era Nuvem Branca, e seu corpo enorme rapidamente pousou no chão ao lado dele. 

Nuvem Branca fez muito barulho quando bateu os olhos em  Abel, estava reclamando que Abel não passava muito tempo com ela, então Abel teve que dar um tapinha na cabeça dela para que se acalmasse.

Abel riu enquanto Nuvem Branca baixou a cabeça para ele e disse — Vamos, Nuvem Branca. Vamos voar um pouco. 

Depois que disse isso, pulou nas costas de Nuvem Branca e preparou seu voo. Nuvem Branca deu um grito alto em resposta e rapidamente saltou para o céu. Eles já estavam voando bem alto nos primeiros segundos, mas Abel disse a Nuvem Branca para ir ainda mais alto. Logo, ambos estavam no mesmo nível das nuvens. Isso era o mais alto que a Nuvem Branca podia voar.

Tudo no chão parecia tão pequeno do ponto de vista de Abel. Na verdade, preferia que fosse assim desta vez, porque havia muitos alvos para matar. Havia uma centena de Cavaleiros Lobisomens que precisava encontrar, e era fácil, desde que estivesse, literalmente, sentado nas costas de um pássaro.

Não demorou muito para que Abel encontrasse o que procurava. Os lobisomens estavam se movendo muito rápido quando os encontrou. A princípio, Abel pensou que estavam tentando mover seus soldados feridos para um local seguro, mas a julgar pelo quão determinados  pareciam estar, já deviam saber qual era seu destino. 

— Siga-os, Nuvem Branca. — Abel comandou Nuvem Branca telepaticamente, e Nuvem Branca diminuiu sua velocidade, sobrevoando sobre os lobisomens. 

Depois de três horas seguindo esses lobisomens, finalmente encontraram um pomar de frutas que pertencia aos humanos.

Abel não previu isso. Não achava que haveria humanos que dariam boas-vindas a um bando de lobisomens. Então eles tinham um esconderijo secreto no reino humano, mas quem seria tão ousado a ponto de colaborar com eles? Abel tirou um mapa do bolso. O que mostrou foi que, embora tecnicamente esse pomar ainda estivesse dentro da Cidade da Colheita, estava muito mais perto da Cidade Sidor, era uma área desolada demais para ter algum registro. Até mesmo o mapa não mostrava muitas informações sobre ele.

Abel deu um tapinha nas costas de Nuvem Branca. Em pouco tempo, desceu e fez um pouso atrás de uma montanha longe do pomar. Depois que saltou de suas costas, agora estava livre para se mover como quisesse. Felizmente não precisou fazer muito para manter a Nuvem Branca sob controle. Por maiores que fossem os Pardais do Céu, eram criaturas muito tímidas que raramente fariam qualquer coisa para chamar a atenção. 

Além da hora das refeições, frequentemente voavam tão alto que nada seria capaz de pegá-los. A maioria das pessoas nem notaria sua existência, porque pelo que viam, esses pássaros eram apenas nuvens que flutuavam no céu. 

Depois de arrumar um pouco o equipamento, Abel correu rapidamente em direção ao pomar. Enquanto corria, pensou que quando Vento Negro se tornasse adulto, não precisaria mais correr, pois Vento Negro ja teria idade o suficiente para carregá-lo.

Vento Negro cuidaria das viagens de curta distância e Nuvem Branca cuidaria das viagens de longa distância. 

Se Abel quisesse ir a algum lugar, deixaria Nuvem Branca levá-lo até lá primeiro e depois montaria em Vento Negro em seu caminho, poderia usar um cavalo para fazer o mesmo trabalho, mas os cavalos teriam que se recuperar por um tempo depois de passarem em grandes altitudes.

Abel teve que parar quando estava a cerca de 1 quilômetro do pomar.Havia simplesmente muitos lobisomens lá, e seus olfatos poderiam facilmente rastreá-lo se estivesse mais perto. 

Abel deixou a lança debaixo de uma árvore e subiu no galho para ver melhor dentro do pomar. Em vez de ir para um ataque rápido, estava mais interessado em descobrir como esses lobisomens estavam se sustentando dentro do mundo humano.

E que visão irônica ele encontrou. Dentro desse pomar, humanos e lobisomens viviam juntos em harmonia. Eles pareciam estar se dando muito bem, e pelo que parecia, os humanos estavam até oferecendo comida… para as centenas de lobisomens que estavam dentro do pomar, havia alguns servos humanos que empurravam uma carroça cheia de porcos para alimentá-los. 

Do outro lado, os lobisomens comiam sentados no chão. Além de seus comandantes, por serem muitos deles, a maioria não se deu ao trabalho de usar um assento ou uma mesa.

De repente, uma porta de dentro do quintal se abriu. Pelo que parecia, um humano gordo e dois lobisomens saíram de dentro. Abel ficou meio surpreso ao ver isso. Ele reconheceu este humano. Era o dono da Loja de Poções Gary na Cidade da Colheita. Abel não sabia qual era o nome desse homem, mas comprou algumas poções em sua loja.

Abel ainda era novo na Cidade na época, mas se lembrava desse homem fazendo algo no balcão da loja. Por causa de quão ridiculamente boa era a memória de Abel, não havia como ter se enganado. De repente, um dos dois lobisomens começou a olhar na direção de Abel. Ele rapidamente fechou os olhos, parou de respirar e tentou apagar sua presença o máximo que pôde. 

— O que há de errado, Mestre Fowler? Darren, o gordo, perguntou ao notar a expressão no rosto de Fowler. 

O lobisomem Fowler respondeu — Nada, Sr. Darren. Devo ter me enganado ou algo assim.

— O nosso acordo foi muito bem sucedido, Mestre Fowler. — Um largo sorriso apareceu no rosto de Darren. — Estou muito ansioso para nossa próxima transação. Ao contrário de Darren, Fowler não estava nem um pouco ansioso pelo próximo encontro. 

Estava lucrando com o acordo que fizeram desta vez, mas qualquer um ficaria enojado com alguém que estivesse disposto a vender sua própria espécie. 

Fowler revelou um sorriso falso ao responder — É bom fazer negócios com você, Sr. Darren. A família Woolf não o tratará mal. Traremos mais coisas para negociar com você na próxima vez.

— Venha aqui da próxima vez, Mestre Fowler, e eu farei um festival de vinhos só para você. — Darren curvou-se. Por enquanto, só queria deixar o pomar o mais rápido possível. Quanto mais lobisomens entravam neste lugar, menos seguro se sentia por sua própria vida. Se dissesse algo errado para esses animais, poderiam simplesmente morder sua cabeça no mesmo momento.

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