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Apocalypse Hunter – Capítulo 107

Lascas e Mais Lascas (2)

Alguns acreditavam na Colméia e outros não. Mas ela podia ser real. Poderia haver um ecossistema de monstros que matavam uns aos outros em uma colônia gigante. Zin nunca a viu, mas ele acreditava na possibilidade.

Ironicamente, o monstro que foram atraídos até aqui pelos humanos acabaram criando um ecossistema de monstros.

Mas os monstros realmente perigosos nunca saiam.

Dessa forma, a Colméia existia, mas as pessoas só tinham um vislumbre dela. As cidades grandes eram mantidas dentro dessa corda bamba perigosa com um número de monstros e humanos maior do que em qualquer outro lugar.

Quando Zin chegou na casa do cliente, ele entregou o panfleto ao mesmo. Entretanto, em vez de boas-vindas calorosas ao caçador, ele olhou para Leona perto dele.

— Não se incomode com ela. Ela é uma estudante em campo.

— Uma estudante em campo? — Ele respondeu em um maneira tépida, mas assentiu como se entendesse. Sua casa era um apartamento velho, mas o fato de que ele tinha uma casa com uma certa quantidade de privacidade mostrava que suas finanças eram boas.

Ter uma casa significava uma de duas coisas: ele comprou ela do dono original ou se livrou do dono sem ninguém descobrir. Já que direitos não eram protegidos nessa era, proteger o que se tinha era tão importante quanto conseguir.

Zin perguntou sem enrolar.

— Quais são os detalhes do trabalho?

— Me siga.

Não havia informação detalhada no panfleto, então era necessário encontrar o cliente. O homem se aprontou para sair e foi em direção a um prédio de um único andar, que estava trancado.

*Click!* *Click!*

Ele resmungou, abrindo alguns cadeados.

— Eu acabei comprando esse prédio porque era barato e eu não tinha ideia de que havia um problema.

Não havia utilidade em falar dos detalhes para Zin e Leona, mas ele resmungou sobre os mesmo enquanto girava a chave em um cadeado duro.

— Fui enganado completamente. Eu nao tinha ideia de que os ratos construíram seus ninhos aqui embaixo.

Ele planejava abrir um restaurante depois de comprar o prédio barato que tinha acabado de entrar no mercado, mas a história era que havia um monstro vivendo no subsolo.

— Eu deveria ter suspeitado quando notei que eles mantinham o prédio fechado.

Entretanto, o vendedor desapareceu depois de vender o lugar, então não tinha jeito de contatá-lo. No fim, o vendedor estava errado, mas era também culpa do cliente por não ter checado melhor o prédio antes de comprar. Em um mundo onde não se podia confiar em ninguém, era tolice comprar algo só porque era barato.

*Ping!*

— Minha nossa!

Para piorar, a chave quebrou no último cadeado. Com seu rosto vermelho, ele suspirou e olhou para Zin.

— Nada está dando certo. Espera. Deixa eu pegar o cortador…

*Clank!*

Zin segurou o cadeado com sua mão e o abriu na marra. Então, ele disse secamente para o cliente embasbacado.

— Não vou te cobrar a mais por isso.

— … acho que você tem as habilidades certas. Entre.

O dono, que viu Zin esmagar o cadeado com suas próprias mãos, assentiu com um rosto confuso.

Leona também ficou chocada ao ver a pegada poderosa de Zin. O cliente tocou no interruptor e a lâmpada logo iluminou o interior escuro.

O sistema de energia auto-gerador, baseado num reator era bem difundido na cidade grande. Era por conta dos indivíduos usarem a energia. O lugar era grande o bastante para ser usado como uma loja.

— É um bom lugar. A localização é boa e a loja vai ir bem quando o monstro for abatido. Está interessado? Já que você é um caçador, você pode lidar com monstros sem problema.

Zin sorriu para o cliente.

— Eu prefiro as colinas.

Quando Zin expressou que ele não estava interessado na propriedade, o cliente riu como se não tivesse falado sério. Zin estava de pé diante das escadas que levavam ao subsolo inteligentemente escondidas.

— Há outro portão de ferro aqui. Da última vez que eu desci, quase morri, então não vou descer mais. Se você limpar, vou te dar 100 lascas, sem mais perguntas.

— Eu gostaria de metade do valor como adiantamento.

— Aqui está. —  O cliente entregou as lascas como se já estivesse ciente dos termos.

*Cling.* *Cling.*

Zin checou se havia cinquenta lascas na bolsa que o cliente deu a ele e, então, a guardou. Leona viu Zin aceitar trabalhos e resolver casos antes, mas essa cena de negócios era estranha para ela.

Parecia trabalho seco e mundano para o caçador. Era um dia comum, sem animação ou tensão, mas a realidade era que ele iria matar algo.

Para Leona, ver Zin daquele jeito era estranho, mas também incrível.

— Você vai esperar aqui?

— Sim, não tenho nada para fazer.

Ele também queria se certificar de que o caçador iria fazer seu trabalho direito.

A porta de ferro pesada estava acorrentada e conforme Zin começava a desenrolá-la, o cliente ficou pálido. Pensando melhor, estar lá significava que o caçador começaria sua caçada e se ele perdesse um, ele viria para a superfície.

— Ei, cri-criança. Você vai ficar bem? — O cliente gaguejou, espantado que Leona conseguia ficar calmamente e observar o que Zin estava fazendo. Leona só deu de ombros como se não conseguisse entender o cliente.

— Pra que tanto medo?

O cliente ficou chocado pela atitude destemida e chocado de novo quando ele viu ela pegar um fuzil de sua bolsa. Ela acabou de se maravilhar com a tranquilidade de Zin, mas ela foi a frente e checou as munições e montou o fuzil, então puxou a trava de segurança.

*Chi-ching!*

Ela parecia calma, como alguém que usou uma arma várias vezes.

— Whoa…

Até os estudantes estão num nível diferente . — O cliente pensou e, então, ele disse com um olhar confuso. — Bom… na verdade, e-eu vou só esperar por você na minha casa.

— Vá em frente.

*Clunk!* *Clunk!*

O cliente voltou correndo para sua casa antes de Zin terminar de tirar a corrente.

— É bom estar pronta, mas não vamos atirar.

— Se nós gastarmos munições em coisas pequenas, nossa produtividade vai cair. Nós estamos fazendo isso para poupar dinheiro. Só use isso para auto-defesa por agora.

— Ok. — Leona assentiu. Eles precisavam coletar 200.000 lascas, uma quantidade que eles nunca tentaram antes e para reunir tal quantia rapidamente, eles precisavam manter os gastos das caçadas no mínimo.

O portão de ferro levando até o subterrâneo e o porão estavam bloqueados por outro portão de ferro acorrentado.

Eles ouviram barulhinhos enquanto se aproximavam.

*Squeak!* *Squeak!*

— Ele está certo quanto aos ratos.

Ao julgar pela altura e o agudo do som, ele conseguia identificar que era um roedor monstruoso. Com frequência, os clientes descreveriam os monstros como menores ou mais fracos do que eles realmente eram, então não era possível confiar em tudo que eles diziam. Se o pedido era perigoso demais, muitos caçadores não aceitariam o trabalho, então isso se tornaria um problema.

Quando a corrente foi removida, o som agudo ficou mais alto.

*Clunk!* *Clunk!*

— Se afaste um pouco.

Com o fuzil espada em sua mão direita e a esquerda segurando a luva lâminada, Zin preparou a porta para ser aberta a qualquer momento. Leona se afastou uns três passos e observou ele.

*Creeeak… *

Então, ele abriu só uma fresta da porta e olhou lá para dentro. No interior havia ratos marrons do tamanho de crianças, mostrando suas presas e rosnando para Zin.

— Grrrrr…

Era difícil acreditar que ratos estavam fazendo aqueles sons estranhos e agudos. Eles eram ratos monstros que podiam devorar um humano inteiro em dez minutos, deixando apenas fragmentos de ossos para trás. Em vez de atacar, os ratos ficaram em alerta. Seus olhos vermelhos pareciam dizer se manda para Zin, avisando que nada de bom aconteceria se ele entrasse lá.

— Para ser preciso, acho que eles são algum tipo de toupeira.

Monstros possuíam seu próprio jeito de pensar e, apesar do nível de inteligência variar de um jeito para o outro, este era parecido com o de bestas.

Aquelas toupeiras formaram um grupo de ninhos no subterrâneo. Atacar um ninho de animal era uma situação de matar ou morrer. Havia bebês no ninho, então eles tentariam desesperadamente matar Zin a fim de protegê-los e não fugir.

Zin pensou por um momento. Seria conveniente e fácil usar seu equipamento, mas agora era hora de ser ousado.

— Espere aqui.

— O que você…

*Gulp!*

*Clank!*

Zin abriu de uma só vez os portões, entrou e, então, fechou a porta. Leona ficou chocada porque ela pensou que Zin, que sempre insistia em vencer incondicionalmente, nunca recorreria a esse tipo de método.

— Grrrr!

O som da avalanche de ratos voando no inimigo que entrou no ninho deles reverberou.

*Wham!* *Smack!* *Smack!*

E, então, o som de algo sendo acertado e o som de algo sendo esmagado podia ser ouvido.

*Squeak!* *Squeak!*

*Whack!* *Whack!* *Bam!*

Leona não parecia confusa, mas ela sentia como se conseguisse ver a bagunça rolando lá dentro.

Uns dez minutos depois, o barulho parou e, então, o portão de ferro abriu lentamente.

— Está tudo bem contigo moço?

— Não é nada. Eu só estava escolhendo o caminho mais fácil até agora.

Caçar com armas de fogo era uma caçada preguiçosa. Zin teria que se acostumar lentamente com esse jeito de caçar novamente. Leona ficou estupefata quando ela viu a quantidade de carne morta lá dentro.

Apesar deles serem apenas ratos, ele limpou o ninho deles de uma vez só e sem dar um único tiro.

— Bom, se você consegue fazer isso, por que escolher o outro jeito?

A caçada que eles fizeram até agora, que precisava de espera paciente para aquele único tiro no momento crucial, de algum jeito parecia menos bacana. Zin apontou para si.

— … olha para mim.

— …

Zin estava coberto de carne, saliva, sangue e outros fluídos corporais de monstro e parecia um fantasma.

— Entendi.

Certamente, independente do que era possível ou não, ele parecia péssimo. Certamente, o resultado final do combate corpo-a-corpo não parecia muito bacana.

— Eu não quer ver o cliente assim. Vá até o cliente e peça uma muda de roupas. Eu preciso limpar o resto.

Sua aparência era de alguém que seria atirado por um guarda se ele tentasse entrar em um trem. Leona inclinou sua cabeça se perguntando o que ele quis dizer pelo resto, mas ela descobriu logo.

— O resto? O que mais tem…

*Whack!* *Whack!* *Squeak!*

*Thud!* *Squeak!*

Zin estava pisando nos bebês ratos no ninho. Cada vez que um era pisado até a morte, haveria um chiado de dar dó que assustava Leona, então ela subiu rapidamente as escadas.

Tinha que ser feito porque era parte do trabalho, mas não era algo bonito de se ver.


O cliente ficou chocado quando ele viu Zin e chocado de novo quando viu a quantidade de ratos mortos que ele havia matado.

— Ah, você já acabou?

— Ainda não. Os que saíram por esse túnel não voltaram ainda. Eles são mais numerosos do que os que estão aqui.

— Bo-bom, então o que eu deveria fazer?

Já que o ninho estava aqui, havia muitos túneis cavados pelos ratos. Os ratos que saíram  procurando comida não voltaram ainda. Entretanto, o que era importante era que o ninho havia sido destruído.

Apesar da caçada ter acabado, Zin instruiu o cliente sobre medidas adicionais que ele deveria tomar. Muitas pessoas iam embora quando o trabalho terminava, mas Zin era do tipo que terminava direito o trabalho. Zin pegou as carcaças do porão todo e apontou para o túnel cavado pelos ratos.

— Não queime as carcaças de rato. Enfie elas todas aqui porque esse é o túnel mais fundo. Depois disso, tampe o buraco com cimento e isso vai terminar o trabalho.

— Não se livrar dos corpos, mas sim jogar eles no buraco? Isso vai atrair varredores. Mesmo se eu tampar com cimento, eles podem passar.

Era uma coisa razoável pensar que o cheiro de monstros mortos atrairia mais monstros.

— O que você acha que vai acontecer quando o grupo de ratos vir varredores comendo seus bebês?

Quando eles voltarem, eles verãos todos os bebês mortos e que os ratos que estavam protegendo o ninho foram rasgados até a morte e que varredores estão comendo seus corpos.

— Uou… eles vão lutar?

— Sim, se dois monstros lutarem dentro desse túnel apertado, um deles vai vencer, mas os varredores andam em bando e os ratos vão voltar um a um, então os varredores vão pegar todos os ratos. Eles irão para outro lugar quando terminarem de comer, então não precisa se preocupar. Eles não fazem ninhos, então procuraram o próximo cadáver depois que limparem o ninho.

Ele iria usar outro monstro para pegar os monstros que ele não conseguiu pegar. O cliente assentiu com sua cabeça maravilhado, porque ele nunca pensou nisso.

— Sim, entendi!

Ele sorriu largamente visto que o caçador não só fez seu trabalho, mas também falou para ele o que poderia ser feito para resolver o problema que pode ocorrer mais tarde.

— Você devia fazer isso agora. A primeira coisa a se fazer é cobrir os buracos.

— Ah, sim! Eu vou fazer isso agora.

O cliente tentou sair do quarto apressado porque ele precisava tapar os buracos antes que os ratos voltassem.

— Você devia me pagar antes de ir.

— Ah, claro! Quase esqueci. Obrigado caçador!

O cliente correu depois de pagar Zin. Ele se moveu rapidamente para pegar o cimento e começar a tapar tudo. Zin e Leona estavam de volta na rua. Depois de trocar com as roupas dadas para ele, Zin guardou suas roupas sangrentas em uma mochila.

— Vamos para o próximo trabalho.

— Mais uma? — Leona perguntou e Zin olhou para ela como se estivesse confuso com o motivo da pergunta.

— Nós temos que cumprir pelo menos dez pedidos como esse em um dia. Nós não temos tempo para descansar.

Só então, Leona percebeu que foi um erro seguir ele. Mas Zin já estava procurando o próximo trabalho, folheando pelo punhado de panfletos que ele trouxe consigo.

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