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Apocalypse Hunter – Capítulo 11

Nunca Fique em um Lugar Bom por Tempo Demais (2)

O ancião olhou e sorriu carinhosamente para Leona, que olhou alegre de volta para ele.

— Então, você deve ser a criança que será a nova membra da família, certo?

— Eu posso mesmo viver aqui?

— Nós temos muitos quartos, terra, e poucos trabalhadores, então sua presença é muito bem-vinda.

— Uou…

Leona ficou muito animada quando viu o ancião aceitar que vivesse no Ponto. Na comunidade de uma vila, crianças eram normalmente indesejadas, pois elas eram consideradas um fardo. Em algumas vilas onde os líderes eram poderosos, o líder proibiria o nascimento de bebês a fim de previnir desperdício de comida com crianças.

Leona entendia a realidade de se viver na selva, e ela continuava acenando com sua cabeça e com suas mãos juntas. Agora, não precisaria se preocupar em ser roubada ou das noites escuras e assustadoras. Só com isso, Leona se sentia feliz.

— Sr. Ancião, eu vou dar meu melhor.

— Bem então, eu devo ir preparar uma festa de boas-vindas. — O ancião olhou para Zin.  — Por que você não fica aqui também? Nós precisamos de um caçador, e um caçador do seu calibre seria sempre bem-vindo.

— Sr. Ancião, Zin pode parecer fraco, mas ele é bem forte. Eu sou a prova viva disso.  — Leona sussurrou para o ancião, mas Zin discordou .

— Se você esteve em um Ninho antes, já deveria saber a resposta.

— Mm… sim… certo… isso é uma pena.

Ancião parecia arrependido, mas não abordou o assunto novamente.

Não detenha um caçador.

Um caçador que não viajava não era um caçador. Um caçador não deve parar. Um caçador deve sempre estar se movendo. Um caçador deve viajar pela selva em busca do seu destino final.

Não havia razão para viver de tal maneira, mas caçadores tinham suas regras e convicções.

O ancião assentiu lentamente e olhou para Zin de novo. E quando ele viu Zin, o olhar do ancião mudou assim como as suas palavras.

— Um caçador deve viver pelas regras. De fato, eu conheci um bem nobre.

— Eu acredito que deve haver pelo menos um fundamentalista.  — Zin riu enquanto falava.

— Eu insisto que você descanse por mais alguns dias. Nós temos muito para te oferecer.

— Não, eu vou partir em breve.  — Zin sorriu amargamente, e falou de novo: — Eu nunca fico em um bom lugar por tempo demais.

— Certo… Eu lembro dessa regra também…

Nunca fique em um lugar bom por tempo demais. Caso contrário, você acabará morando lá. Porque fica mais difícil partir, caçadores tendiam a passar por “bons” lugares. Um caçador sempre tomava cuidado com pessoas, boas vilas, conforto e calma. O maior inimigo de um caçador não era o maior dos monstros, mas sim um ambiente que o compelia a ficar lá. Um caçador estava acabado se ele não pudesse mais viajar por aí.

Leona não entendia a conversa, mas estava ciente que Zin e o ancião estavam tendo uma discussão.

— Por favor vá embora. Eu espero que seu caminho não te traga de volta para esta vila.

Era a despedida para um caçador que ia embora.

— Eu também desejo não voltar.

Era a despedida do caçador indo embora.

Eu quero que esse lugar permaneça um lugar onde um caçador não é necessário.

Eu também gostaria que esse lugar permanecesse pacífico.

Depois de se despedir, Zin pegou sua recompensa, e saiu do prédio do ancião. Este não saiu, mas Leona seguiu Zin.

— Você está indo embora agora?

— Sim.

— Sério? Isso não é bom.

— Não é bom? O que você quer dizer?

— Bom, você podia ficar um pouco mais. Por que a pressa?

Leona coçou seu rosto com sentimentos mistos. Agora, ela podia viver em um lugar novo e seguro, um com uma muralha alta. Ela foi capaz de chegar neste lugar por causa de Zin. E o caçador, Zin, estava prestes a ir embora.

— Um caçador é um humano também, você sabe. Por que você não dá uma pausa?

Parecia que Leona tinha algo para dizer, mas acabou murmurando as palavras e, então, mordeu seu lábio. Zin olhou para a criancinha e pensou sobre o passado. Havia memórias, ilusões, reminiscências e reiteração. Todos eram momentos da vida que terminavam como arrependimentos no fim.

— Se meu objetivo fosse morar em algum lugar, eu não estaria vivendo como um caçador em primeiro lugar.

— …

— Você tem talento.

— Isso é um elogio, certo?

— Sim, mas… — Zin disse lentamente.  — … neste mundo amaldiçoado, uma pessoa é mais feliz quando ela não tem que usar seu talento.

Zin sentiu emoções fortes desde que ele aceitou a missão do Ponto Ardente, e acreditava que ele tinha que se remover deles.

— Aqui é um lugar seguro, e você vai viver uma vida que não necessite dos seus talentos. Nesse caso, você não vai viver uma vida azarada.

Apesar de Leona ser uma pessoa perversa, não seria ruim para ela viver sua vida na lavoura ao invés de matando pessoas por perversidade.

Fazia só alguns dias, no máximo, quatro dias de luta e viagem. Mas, relações podem se formar bem facilmente nesse mundo. Humanos odiavam humanos, mas eles precisavam um dos outros, no final das contas.

Leona olhou para Zin com um coração pesado.

— Moço, você fala com palavras grandes. — Leona adicionou. — Por que é difícil de entender… — Leona continuou. — Você pode ficar aqui e me explicar o que você quis dizer?

Não estava claro qual momento ou evento fez Leona sentir um formigamento. A gata de rua que não era ligada aos outros provavelmente sentiu algo em seu coração quando começou a falar com alguém pela primeira vez. Era como se ela tivesse finalmente percebido que o sentimento que tinha todo esse tempo era solidão. Ela estava ficando com medo de ficar sozinha depois de ter alguém para acompanhá-la.

Zin balançou sua cabeça.

— Palavras grandes não são necessárias nesse mundo. — Zin se virou e adicionou: — Então, só viva bem.

Leona não chorou, e os dois não eram amigos próximos ainda. Mas ela queria conhecê-lo melhor. Ela esperava falar com ele um pouco mais.

Zin levantou sua mão e foi até a muralha da prisão. Leona murmurou, olhando para Zin indo embora.

— Ele é totalmente um amador…

Um caçador partia com suas costas viradas para todos. Um caçador desaparecia, deixando pessoas para trás. E assim sendo, um caçador não se virava para olhar para trás.

— Porra, eu espero que seu pé quebre enquanto você anda! — Leona gritou

Zin foi embora do Ponto Ardente sem encontrar com Baek-Goo. Ele foi embora com pressa, no final das contas, um caçador não tinha nada a ver com uma vila depois que todo trabalho estiver finalizado. Caçadores buscavam pedidos, e era contra o código deles ficar em uma vila que não tinha trabalho para eles.

Zin tinha de visitar vilas diferentes para resolver os problemas deles, e ganhar mais lascas a fim de prolongar sua vida. Ele passou por várias montanhas, parando quando o Ponto Ardente não estava mais à vista.

Zin sabia que ele estava indo embora apressado. Estava tudo bem em descansar por um dia. Viver pelo código era uma questão de crença. Como Leona disse, estava tudo bem em descansar um pouco como um humano.

Zin viajou pelas horas mais escuras. Ao longo do caminho, conheceu pessoas que ele se preocupou. Passou por vilas com as quais ele se preocupou. Porque ele passou por essas pessoas e vilas, ele se apressava ainda mais. Um caçador precisava viver sozinho. Ele não tinha amigos ou companheiros. Um caçador que não vivia sozinho estava mais propenso a morrer, e não era uma questão de viver pelo código, mas sim uma questão de sobrevivência.

Baek-Goo viveria bem como o Capitão da Guarda. Ele não era um gênio dos livros, mas era um gênio da rua. Ele protegeria o Ponto de maneira eficiente.

O ancião considerava a segurança das pessoas como sua prioridade principal, e estava disposto a gastar 300 lascas a fim de salvar a vila de qualquer perigo. Mesmo que estivesse bem velho, enquanto ele vivesse, Ponto Ardente seria um lugar pacífico.

Leona era a criança mais especial que Zin já encontrou. Uma criança muito estranha.

Zin era capaz de descrever Baek-Goo e o ancião com suas próprias palavras, mas era difícil descrever Leona em termos simples. Entretanto, os traços bons de Leona que pareciam traços ruins devem ajudá-la a viver no Ponto Ardente.

Um caçador nunca deve morar em um lugar. Se lascas fossem oferecidas, um caçador encontraria casas para os sem teto, assumiria a vingança de outros, e mataria monstros. E quando tudo estivesse resolvido, um caçador partiria em busca de um lugar diferente. Nesse ciclo sem fim, o caçador viajaria na selva em busca do destino final da jornada deles. Zin sabia sobre o poder do tempo mais do que qualquer um. Uma hesitação da mente era temporária.

Ame mais a lasca do que qualquer outra coisa.

Muitos códigos lideraram o caçador até agora. Defender algo era mais difícil do que caçar algo. Segurar algo além de si mesmo sempre trazia dor. No fim, porque os caçadores eram humanos também, eles não podiam viver sempre pelo código.

Depois de experimentar muitas falhas quando tentava proteger suas coisas mais preciosas, Zin percebeu que fechar seu coração era o único jeito de evitar a dor. Caçadores que viajavam a um certo tempo eram insensíveis e não ficavam sentimentais independente do que for.

—  Hmmm… — Conforme Zin olhava ao redor, ele percebeu algo. Na frente dele estava o compasso.

Leste. Oeste. Sul. Norte.

Andando do Leste, Zin escolheu uma direção, Oeste, Sul ou Norte. Mas ele não estava certo para onde tinha que ir. Se fosse para o sul, chegaria na ponta da Península Coreana, e se fosse para o norte, alcançaria o continente mais amplo.

Eu preciso voltar.

Ele não tinha motivo para ficar na Península Coreana. Apesar de fazer um tempo desde que ele esteve aqui, a terra era bem pacífica, e Zin estava certo de que não ganharia nada dessa paz.

Eu deveria passar pelo continente, e ir em direção ao Sudeste da Ásia… hmm… sim, eu deveria.

Se Zin fosse estender seu tempo de vida ao resolver casos ao longo do caminho, a jornada levaria mais de um ano. Ele estava planejando viajar vagarosamente já que não pensava que o mundo apocalíptico sofreria outro apocalipse. Ele tinha outros +400 dias de vida, e a morte ainda estava longe.

Eu deveria parar em Ragnarligion.

Zin começou a apertar o passo. Ele ponderou no que deveria trabalhar quando chegasse no seu próximo destino, que ainda estava bem longe.

Zin andou por dois dias diretos sem dormir. Não havia razão para isso, mas ele continuou andando sem descansar.

— …

Em algum ponto, Zin percebeu que algo não estava certo com ele.

… eu estou andando para o noroeste.

Ele se focou apenas em andar, mas ao invés de andar para norte, estava indo para uma direção diferente. Zin corrigiu sua direção e começou a andar novamente. Ele não deve ter notado por estar tentando se livrar de todos os pensamentos aleatórios em sua mente.

Experimentar hospitalidade humana depois de tanto tempo se provou ser algo bem problemático. Zin sorriu amargamente enquanto ele tinha sentimentos mistos. E ele continuou se sentindo ansioso de tempos em tempos.

Eu sinto que estou esquecendo de algo…

Zin sentia que ele tinha esquecido algo muito importante. Mas não conseguia se lembrar o que poderia ser. O pensamento continuava aparecendo em sua mente desde que foi embora do Ponto Ardente. Zin sentiu como se não conseguisse descobrir que parte de seu corpo estava formigando. Ele tinha um sentimento de que esqueceu algo importante e passou por essa coisa. Zin parou e começou a murmurar.

— Eu tenho demência…?

Havia medo em sua voz, o que era muito incomum dele.


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