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Apocalypse Hunter – Capítulo 49

Bruxa e o Caçador (2)

Sangue de maligno!

As palavras ecoaram na cabeça de Zin. Beber sangue de maligno significava que o caçador tinha matado o maligno. Ao consumir o sangue, Zin estaria drenando a vida do maligno também. Absorver sangue de maligno era muito mais efetivo do que simplesmente beber o sangue.

Beber o sangue de Leona iria encurtar a vida dela já que a fonte de sua vida seria drenada. E importava mesmo se uma única gota de sangue fosse consumida.

Zin segurou suas mãos tremendo e tentou permanecer calmo. Mas Leona notou que ele não estava normal.

— M… moço, qual o problema…?

— Não, não é nada. Diga-me qual o problema. — Zin mal conseguiu manter a compostura e fez uma pergunta diferente.

Não acredito. Nem sou um vampiro e estou ficando animado com sangue.

Zin se sentia horrível consigo mesmo. Leona começou a pensar sobre o pesadelo que teve e franziu a testa. E começou a falar depois de perceber sobre o que era.

— Tive um pesadelo… mas agora que parei pra pensar… não foi um pesadelo.

— Não foi um pesadelo?

Ela pensou que estava tendo um pesadelo de primeira, mas depois de acordar, estava certa do que viu não era parte de um sonho. Leona apontou para o solo.

— Eu estava assistindo as formigas da caverna morrendo debaixo da gente…

O sonho de Leona era sobre milhares de formigas da caverna lutando e morrendo por causa da epidemia. Era uma cena horrível assistir os monstros morrendo em agonia.

Leona estava pensando que o que ela viu não era um sonho, mas algo que estava acontecendo naquele momento.

Leona murmurou:

— Acho que ainda consigo ver.

Ela não era capaz de sentir tão precisamente quanto antes, mas estava sentindo que os monstros por perto estavam com dor. Não era algo que podia ser explicado facilmente, mas Leona estava certamente estava sentindo.

Seu poder de empatia está acordando?

Zin não tinha certeza se Leona estava começando a notar seu poder por causa das várias formigas da caverna morrendo, ou porque estava amadurecendo como bruxa. Mas era certo de que Leona iria se tornar uma bruxa de verdade com esses eventos.

— Por que estou vendo coisas que não quero ver… — Leona franziu o cenho e falou consigo mesma enquanto agarrava sua cabeça. Ela ainda agia como Leona apesar de estar ganhando poder como uma bruxa. Ela estava extremamente chateada porque estava sentindo a dor dos monstros que não se importava. Estava ficando com dor de cabeça e continuava a xingar e gritar.

E, então, ela notou algo.

Leona começou a se concentrar no sentimento de dor que era capaz de captar e focou no assunto que estava com dor.  Ela era capaz de fazer algo que não conseguia antes. Leona era capaz de sentir um monstro que era muito maior do que as outras formigas da caverna.

E Leona tinha uma boa memória.

— É uma pena que eu não pude extrair as lascas da rainha, mas tá de boa.

Assim que ela lembrou o que Zin disse, Leona levantou sua cabeça.

— Moço.

— … o quê?

— Eu acho que encontrei a rainha.

Zin ficou muito surpreso com suas  palavras. — De jeito nenhum. — Ele cortou ela antes mesmo dela falar.

— Você estava pensando em extrair as lascas da formiga rainha, mas os túneis são complicados demais para navegar facilmente.

Mas Leona também lembrou o outro comentário que Zin fez.

— Os túneis que as formigas das cavernas passam não são largos o bastante para eu passar por eles.

— Eu posso passar pelos túneis.

— O quê?

— Eu posso ir. O túnel deve ser largo o bastante para eu passar, certo? E consigo sentir como os túneis são.

Leona era capaz de descobrir como os túneis pareciam ao detectar os corpos mortos das formigas e sentindo seus sentimentos. O poder de uma bruxa era inexplicável. Não era só um simples controle de mente.

Zin balançou sua cabeça, como se não fosse permitir Leona a passar pelos túneis.

— Você não pode passar pelos túneis. Há uma epidemia no subsolo. — Os túneis das formigas da caverna estavam contaminados com doença e se uma pessoa fosse entrar nos túneis, ela seria exposta a epidemia e morreria.

— Você não é imune a epide… — Zin não terminou sua sentença. A epidemia atual foi causada por feitiçaria e tal epidemia não teria efeito se a pessoa possuíssem um item anti-maldição. A epidemia em si não era um problema para Leona. Mas Zin balançou sua cabeça mais uma vez.

— Não, não. As formigas da caverna que ainda estão vivas podem atacar…

— Você esqueceu? — Leona sorriu. — Monstros não me atacam.

Leona era uma bruxa. Ela era uma bruxa que estava tentando extrair lascas de monstros mortos. Enquanto Zin observava a Leona confiante, ele sentia que as coisas estavam ficando estranhas.

Algo não parece certo.

Zin começou a cavar na localização que Leona apontou. Apesar de Zin não se sentir bem sobre isso, mesmo assim ele estava cavando rapidamente. Zin era imune a epidemias para começo de conversa e não era afetado por tal.

*Rumble!*

Enquanto Zin cavava o buraco, uma formiga da caverna foi apareceu. O calor dentro do túnel explodiu no rosto de Zin. Ele ficou surpreso com como Leona era capaz de apontar a localização do túnel.

— Sabe, quero me tornar uma caçadora também, então preciso provar meu valor para que você comece a me ensinar. Não se preocupe. Contanto que os túneis não colapsem, eu consigo pegar as lascas facilmente.

Ela estava certa sobre isso. Seria uma missão simples, na qual Leona precisava recuperar as lascas das formigas mortas.

Zin ainda estava preocupado e Leona o cutucou no quadril.

— Você realmente quer se tornar uma caçadora? — Zin perguntou.

Leona estava levemente chateada.

— O quê? Você pensou que eu estava brincando?

— …

— Eu vou me tornar uma caçadora mesmo. É um trabalho tão fácil. Os monstros vão vir até mim e morrer por vontade própria.

Zin nunca ouviu falar de uma caçadora que tinha o poder de uma bruxa e ele nunca viu tal bruxa.

no fim, Zin deu a Leona uma caixa de lasca, um extrator de lascas, lanterna, cabochão e uma espingarda. Leona pegou a espingarda e franziu o cenho.

— Isso é pesado pakas…

— Certo, vamos ser claros. Se algo acontecer, você vai voltar na hora. Se o túnel estiver prestes a desmoronar, se você tiver problemas para respirar ou se o seu corpo não se sentir bem, você precisa voltar. Se um monstro te atacar, você pode atirar com essa espingarda. Ela vai recuar e pode machucar seu queixo ou rosto, então não mire e atire. Só segure ela de lado e atire.

— Uou, você está realmente preocupado, não tá?

Leona balançou sua cabeça enquanto Zin dava a ela um sermão longo. Quando ela estava pronta para descer o túnel, ela olhou para Zin.

— Bom, é ótimo que você se importe comigo.

Leona ainda estava carregando a espingarda, mas era perigoso demais para uma criança carregar aquilo e usar. Entretanto, Leona pulou no túnel sem se preocupar muito.

*Whoosh!*

Como uma bruxa, ela não tinha que se preocupar com os monstros e não tinha que se preocupar com a epidemia porque estava carregando o cabochão. O túnel era largo o bastante para oxigênio fluir por ele e tinha riscos baixos de desabar.

— …

Mas Zin não conseguia tirar seus olhos do túnel que Leona entrou.

Ah, tem cheiro de merda.

Assim que Leona entrou no túnel, ela começou a resmungar sem medo.

Leona tinha memorizado o túnel das formigas da caverna. Era uma experiência muito estranha. Ela não era um monstro, mas uma humana, mas o conhecimento dos monstros foi transferido para ela e se tornou parte dela.

De primeira, ela não estava exatamente certa do que tinha que fazer, mas depois de sentir a dor das formigas, foi capaz de ganhar o conhecimento delas.

Ela estava ciente onde estavam os ovos, comida e a rainha. Leona checou os arredores com sua lanterna e continuou descendo os túneis.

Leona avistou muitas formigas da cavernas mortas nos túneis por causa da epidemia. As formigas da caverna pareciam toupeiras gigantes e estavam cobertas de sangue. Os corpos mortos das formigas pareciam horríveis e algumas ainda agitavam espasmodicamente os pés.

Às vezes, o túnel alargava ou estreitava, mas era alto o bastante para Leona passar por ele.

— Feitiçaria de verdade precisa desse tipo de cerimônia, mas você não vai lembrar disso para sempre. É porque o resultado da feitiçaria é muito mais terrível do que a cerimônia em si. O resultado é algo que as pessoas vão lembrar por muito tempo.

Enquanto Leona passava pelos túneis e olhava para as formigas que foram mortas de maneira horrível, ela notou o que Zin quis dizer mais cedo.

A visão dos cadáveres das formigas era horrível e nauseante. Inicialmente, Leona pensou que oferecer uma vaca como parte da cerimônia era um desperdício.

Mas depois de testemunhar o que o sacrifício de uma única vaca poderia fazer, ela pensou que era maluquice que as formigas foram dizimadas por ela. O nariz de Leona estava ficando entorpecido depois de inalar o fedor por tanto tempo e ela estava ensopada de suor por causa do calor e umidade dentro do túnel.

Ela era capaz de respirar sem problemas, mas passar pelos túneis era fisicamente exigente. Os túneis das formigas eram bem íngremes e era difícil para Leona passar pelas partes mais íngremes.

Felizmente, a rainha não estava muito longe da localização atual de Leona.

— Oh, aaaah!

*Frrrrrr!*

Leona escorregou e caiu e rolou declive abaixo. Ela se levantou com dor, murmurando.

— Merda… por que eu me voluntariei para vir aqui?

Leona se arrependeu de sua decisão de entrar nos túneis. Ela olhou para cima de onde havia descido rolando e se perguntou como iria subir de volta.

Leona passou pelas áreas de descanso das formigas, áreas onde as formigas estavam mortas em grupos, áreas onde os ovos haviam se tornado pretos e armazém onde a comida havia estragado com um fedor nauseante.

Pessoas comuns fugiriam correndo de tal lugar horrendo, ou pirado de medo.  Leona ocasionalmente xingava, mas não estava assustada.

A mãe de Leona costumava ser uma covarde e Leona odiava covardes. Ela acreditava que medo e terror era um empecilho para sobreviver. Leona queria excluir tais emoções dela totalmente.

Não é que ela não tinha medo.

Ela não parava de se mover, porque havia coisas mais assustadoras do que terror e crueldade. E enquanto se aproximava da área onde a rainha estava, ela não se surpreendeu ao olhar para a formiga gigante.

*Sheeeeeeck…* *Shhheeeeck…*

A formiga rainha era centenas de vezes maior do que uma formiga da caverna normal, mas ela não parecia um monstro chefão. Parecia um inseto com um abdômen gigante. Era tão incrivelmente grande, mas não parecia perigoso.

— Não está morta ainda.

A rainha mal estava respirando, mas ainda não estava morta. Em contraste com seu abdômen gigantesco, sua cabeça era bem pequena.

Ovos eram liberados da ponta do abdômen e as formigas da caverna que nasciam dos ovos construiam a colônia.

A rainha tinha pés bem finos e era imóvel. A rainha era alimentada pelas formigas trabalhadoras que traziam comida para ela. Se todas as formigas da caverna morressem, a rainha iria morrer também, porque não haveria formigas para tomar conta da rainha. Leona pensou que a rainha era meramente uma máquina fazedora de ovos, não a governante da colônia.

A rainha botava ovos como uma máquina e os ovos se tornavam formigas trabalhadoras que ajudavam a rainha e reuniam comida.

A rainha estava olhando para Leona. O monstro inseto não tinha qualquer expressão facial e Leona não sabia o que a rainha estava pensando.

Mas, ela era capaz de sentir algo.

Leona sentia fragmentos de emoções aqui e lá. O monstro estava transmitindo emoções e Leona estava decodificando elas em sua mente.

Eu quero viver.

Meus bebês.

Minha colônia está destruída.

Dói.

Ó grandiosa.

Eu não quero morrer.

Me salve.

Ó grandiosa.

Leona sentiu ondas de emoções fluírem em sua mente só de assistir a rainha. Leona sentia a tristeza do monstro encher seu coração.

— O que, o que… cala a boca. Pare de falar comigo…

Enquanto Leona tinha um sentimento estranho quando as emoções eram transmitidas para ela. Ela sentia compaixão pela rainha e sentia muito pela dor.

Uma bruxa habilidosa era capaz de simpatizar com o monstro completamente. Uma bruxa iria se tornar a governante da colônia de monstros e controlaria eles. era o mesmo que os monstros se tornando uma parte dela.

Como Leona não era alguém que sabia com simpatizar totalmente com os monstros, ela se sentia impotente com o fato de que ela era forçada a simpatizar com a rainha.

Ó grandiosa.

Me salve.

Eles tinham que morrer? Eles fizeram algo de errado? Monstro é só um monstro. A colônia inteira deve ser erradicada para ganhar algumas lascas? Por que…

Enquanto Leona pensava sobre as razões por trás da série de eventos, ela gritou para sair dessa.

— CALA A BOCA! É irritante!

*Clack.*

Com seus olhos inchados, ela carregou a espingarda e mirou para a rainha. Leona gritou como uma pessoa louca e puxou o gatilho.

— Eu! Não! Sou! Um monstro!

*Bang!*

*Boom!*

Um tiro foi dado e abriu um buraco no abdômen da formiga rainha.

— Ack!

Leona ficou atordoada conforme a arma recuava, mas ela manteve sua posição e continuou a puxar o gatilho. A espingarda automática continuou atirar um tiro de cada vez.

*Bang!*

*Bang!*

*Bang!*

Enquanto a arma atirava, partes do corpo da rainha se partiam e o abdômen explodiu.

Leona deu o último tiro na cabeça da rainha que lutava com a dor e o explodiu.

— Nunca mais entre na minha cabeça.

Leona balançou a arma e arrancou a cabeça esmagada da rainha de seu corpo. A rainha estava morta.

Leona foi até a rainha e enfiou o extrator de lascas no corpo da rainha. Ela respirou com dificuldade enquanto olhava as lascas sendo extraídas.

Ela não iria simpatizar com o monstro. Ela pensava que um monstro deveria morrer para ter suas lascas extraídas.

Leona olhou para a rainha morta e falou como se declarasse algo.

— Eu decido o que quero ser.

Ela continuava olhando a pilha de lascas sendo extraídas.

Como se hipnotizando a si mesma, ela adicionou mais uma sentença.

Similarmente quando Zin lutou para decidir como lidar com Leona, ela lutava e se prometia enquanto assistia o monstro.

— Eu sou uma humana.

Não havia razão para Leona permanecer como uma humana. Ela não ligava muito para isso antes. Mas era diferente agora. Ela precisava ser humana para não ficar sozinha.

Apesar de Leona ser uma criancinha, ela agia como um caçador enquanto extraia as lascas do cadáver da formiga rainha.

E até sua expressão facial lembrava a de Zin.


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