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Apocalypse Hunter – Capítulo 56

Territorialidade (1)

Ramphil assentiu já que entendia a dor que ela estava passando.

— Eu sei. Quando cheguei pela primeira vez na fortaleza, fiquei na sala da enfermaria por causa de desidratação.

Quando Ramphil falou, ambos Leona e Zin olharam para ele.

— Você  não nasceu na fortaleza? — Leona assentiu.

— Não, eu nasci fora da fortaleza. Não lembro… mas pode ter sido em um Ponto.

— Hmm… Armígeros raramente aceitam forasteiros. Isso é novo para mim. — Zin murmurou.

Armígeros consistiam de soldados, mas todo mundo possuía papéis diferentes. Parecido com outras organizações militares, Armígero possui muitos soldados de combate, mas há outras pessoas não-combatentes também.

Crianças nasciam de pais Armígeros e se tornavam soldadas.

Era muito comum para alguém na fortaleza Armígera e viviam a vida inteira na fortaleza. Quando Zin o questionou, Ramphil respondeu como se fosse trivial.

— O lugar que nasci e fui criado foi atacado por Salteadores e eu me tornei um prisioneiro. Dois anos depois, os Salteadores foram exterminados pelo Armígero e fui trazido até a fortaleza para ser criado como um soldado.

Ramphil explicou sua vida em um tom monótono. Ele estava preparando o café da manhã ao cozinhar rações-C, Leona fez mais perguntas enquanto comia sua porção do café da manhã.

— Prisioneiros? O que Salteadores faziam com prisioneiros?

— Salteadores possuem passatempos tão sórdidos quanto o número de Salteadores. Eles geralmente põe os prisioneiros em duelos até a morte e coisas do tipo.

— Você está certo.

Zin ficou surpreso quando Ramphil confirmou o que os Salteadores fizeram com os prisioneiros.

— Espera um pouco, então você está dizendo que sobreviveu os duelos até a morte?

Quando Zin pensou na idade de Ramphil, isso significava que ele passou pelos duelos até a morte com a idade de Leona e sobreviveu por dois anos. Ramphil se perguntou o motivo disso ser grande coisa e olhou para Zin, que estava atônito.

Leona também ficou atônita. Ela não tinha confiança de que conseguiria lutar contra adultos sem quaisquer armas.

Está aí uma razão para o Armígero pegar ele como um soldado. 

Ramphil agora era capaz de entender o motivo do Armígero, um grupo recluso, pegar Ramphil, um refugiado, e treiná-lo como um soldado.

Um lutador que nasceu para ser um lutador. Leona continuou olhando para Ramphil, já que estava curiosa sobre como ele sobreviveu as partidas até a morte, Ramphil começou a falar lentamente.

— Pessoas morrem quando você acerta os pontos vitais delas. — Ramphil falou como se estivesse revelando um grande segredo, mas foi só isso que ele disse.

— Eu sei disso também.

— … não sei  mais o que dizer. Eu acertava pessoas nos pontos vitais e elas morriam.

— Ah… entendo…

Era uma resposta bem simples, mas ainda bem assustadora. Uma criança que estava na adolescência foi capaz de sobreviver as partidas até a morte acertando os pontos vitais dos adultos e os matando instantaneamente. E ele fez isso por dois anos. Leona ficou desapontada com sua explicação e suspirou.

— Eu acho que Ramphil é menos interessante que você, moço.

— … você está duvidando da minha pessoa?

Quando Zin respondeu sem rodeio, Leona riu alto e disse.

— O que, moço, você acha que você é uma pessoa interessante… ai…

Leona tentou rir de Zin e, então,  ela tocou seu estômago já que sentiu alguma dor. — Pe… pera… um pouco…

Leona se levantou e começou a ir lentamente em direção aos arbustos. Zin sorriu e começou a zombar de Leona que estava se afastando.

— Eu não sei se sou interessante ou não, mas você não é mesmo interessante.

— Cala a boca! Aiiiii!

Leona correu para os arbustos. Parecia que ela iria precisar de alguns dias para se acostumar com a comida gordurosa.

Zin estava ficando ainda mais curiosos sobre Ramphil. Ele estava entretido, pois era originalmente um prisioneiro dos Salteadores. Parecia que Ramphil tinha uma história de vida complexa, parecido com Leona.

— Me desculpe por perguntar isso, mas os Salteadores te machucaram?

— Por que pergunta?

— A maioria das pessoas que sobrevivem aos passatempos sórdidos deles ficam loucas.

A maioria das pessoas que sobreviviam como prisioneiras dos Salteadores ficavam insanas. Por causa de feitiçaria, drogas ou dor de acidentes traumáticos. Poderia haver razões para Ramphil pensar e agir de maneira estranha. Era possível que ele foi machucado pelos Salteadores.

— Hmm… eu não sei… — Ramphil respondeu já que não estava certo. — Eu não consigo me lembrar.

A resposta de Ramphil não parecia natural. Depois de pensar por um tempo, ele começou a falar lentamente de novo.

— Quero dizer… para ser exato… eu sei que algo aconteceu, mas não tenho memórias do que.

— … é mesmo.

Algo aconteceu com Ramphil, mas ele esqueceu o que. Era possível que os Salteadores tenha feito algo com Ramphil ou ele passou por um evento traumático.

Ramphil tentou pensar sobre suas próprias memórias esquecidas. Ele lutou para lembrar de seu passado, mas não era capaz de fazê-lo.

Ele tinha algumas memórias nas quais foi levado para a arena e, então, solto. Ele lembrava da luta, mas não conseguia se lembrar o que os Salteadores fizeram com ele.

Não devia ter perguntado isso a ele para começo de conversa. — Zin se arrependeu de perguntar isso a Ramphil, já que ficou preocupado que ele possa enlouquecer, mas era tarde demais.

— Se você não consegue se lembrar, não há motivo de ficar tentando então. — Com isso, Ramphil não pensou mais sobre.


Ramphil foi a última pessoa a se juntar ao trio, mas era ele que fazia a maior parte do trabalho. Dirigia o veículo armado, preparava as refeições, organizava o acampamento e vigiava os arredores.

Ele tinha que fazer tudo isso sozinho porque Zin e Leona tinham que se segurar firmes em seus assentos para não caírem do veículo.

Sem pedir por qualquer ajuda, Ramphil se voluntariou a organizar o acampamento e preparar as refeições. Ele não reclamou, nem pediu por ajuda.

O trio precisou parar várias vezes já que Leona ficava doente, mas eles estavam viajando em um passo muito mais rápido que antes.

Leona estava com náusea por causa da doença e dores no estômago e Zin tinha de alimentá-la com água. Ela começou a se sentir melhor depois do segundo dia de viagem no veículo armado.

Eles foram capazes de chegar perto da cidade de Harbin quatro dias depois do programado. Entretanto, foram capazes de diminuir a duração da viagem já que não precisaram parar em vilas para reabastecer seus suprimentos.

Depois de se aproximar da cidade, eles desaceleraram. Naquele dia, chegaram na cidade tarde da noite. O trio concordou em descansar a noite, dirigir pelas ruínas e ir em direção à fortaleza de Harbin na manhã seguinte.

Eles pensaram que não seria sábio atrair qualquer monstro com o veículo armado. Eles estacionaram perto da fronteira da cidade, saíram e checaram à área.

— Aqui parece diferente.

Nem todas as ruínas eram as mesmas e Leona ficou entretida ao ver os prédios em boas condições.

Zin entrou no prédio velho perto de onde o veículo estava estacionado. Ele subiu no prédio e checou os arredores. Ramphil checou a segurança dos prédios e, então, montou o acampamento. Leona olhou e fez uma pergunta a Ramphil que estava pegando a comida para o dia.

— Posso olhar o menu das rações-C?

— Claro.

— Simmm! — Leona gostava especialmente das rações-C que continham almôndegas. Não havia motivo em poupar as rações-C, já que havia toneladas de comida.

Depois de olhar ao redor, Zin ficou sério.

— Achei ossos por aqui.

— Qual o problema?

— Hmm, olhando para as moscas voando perto dos ossos, o que sugere que uma pessoa foi morta não tem muito tempo. Isso é um problema.

Ramphil estava pegando a comida, abrindo o pacote das rações-C e separando a poeira de lasca. Zin se sentou e ficou pronto para ir dormir. Ele agia normal enquanto falava sobre cadáveres. Leona ficou desconfortável.

— Pode ser a ruína de uma vila que foi destruída recentemente? — Ela perguntou a ele.

— Bom… parece, mas não tenho certeza. É difícil descobrir a causa da morte porque só restam os ossos. É possível que os caçadores de cadáveres e os ratos comeram a carne depois da morte.

— Se os monstros atacaram a vila, eles não estavam interessados na carne. E se os Salteadores atacaram, provavelmente não estavam interessados em canibalismo.

— Bom, eles podem ter cortado toda a carne.

— … por que eles fariam algo tão doido? — Leona perguntou.

— Não tente entender como loucos agem. De qualquer jeito, eu vi cinco esqueletos no total. Não vi feridas de tiro no esqueleto.

— Eu preciso pensar sobre isso por um tempo. — Leona pensou quão estranhos Zin e Ramphil eram. De qualquer jeito, as refeições foram preparadas como de costume e Zin colocou alguns lençóis no chão para se aprontar para dormir.

Zin tomava decisões como um caçador tomaria e Ramphil agia de forma similar a Zin. Havia cinco cadáveres e havia uma possibilidade de que humanos ou monstros os mataram.


— Ramphil, você é um soldado Armígero, então não teria problema entrar na fortaleza, mas eu e Zin podemos entrar? — Leona estava animada para visitar uma fortaleza Armígera, mas também estava preocupada ao mesmo tempo.

— É temporário, mas sou um executor. Eu tenho poder para fazer isso.

— O que um executor faz? É uma posição alta?

— Executores viajam para fortalezas diferentes e resolvem problemas nas fortalezas. Executores só podem ser apontados por generais e, no meu caso, fui apontado para o papel por um Senhor da Guerra…

— Desculpa, eu não entendo o que você está falando.

Ramphil não sabia como usar termos leigos e Leona não entendia o vocabulário que Ramphil estava usando.

— Então, executores são muito poderosos?

— Executores são normalmente pessoas que passaram pelo procedimento de Gigaestrutura. Mas eu não passei.

Ramphil foi apontado como executor temporariamente na pressa e só recebeu o procedimento de Megaestrutura.

Leona assentiu e percebeu que ela teria de adivinhar o que Ramphil estava dizendo.

Executor. Era um dos papéis dos soldados Armígeros, mas era um bem popular. Crianças que cresciam no Armígero sonhavam em se tornar executores. Um executor era tratado como um resolvedor de problemas e um papel que crianças admiravam e aspiravam em se tornar.

Livros que eram usados para educar crianças Armígeras continham muitas histórias sobre executores.

Se crianças fossem perguntadas qual seria o papel preferido delas entre Senhor da Guerra e um executor, sempre escolheriam o executor.

Muitos soldados que sonhavam em se tornar executores tinham de desistir de seus sonhos conforme envelheciam e se tornavam soldados comuns. A elite da elite se tornavam executores. Eles eram espertos e bem informados em muitas áreas, tais como estratégia, planejamento militar e habilidades de combate. Apenas tais pessoas talentosas recebiam a chance de se tornarem executores. Então, as pessoas talentosas eram postas para competir entre si para se tornar um executor.

O papel de executor era algo que todos sonhavam, mas apenas poucos eram capazes de ganhar o trabalho.

Ramphil não ligava muito sobre nada disso e não estava nenhum pouco interessado no papel. Ele não mostrou muita animação quando recebeu a chance de participar no currículo de executor por Ramzier. E quando ele foi negado a chance de se tornar um executor por seus status como um estranho, não ficou nenhum pouco decepcionado.

Entretanto, desde então, seus camaradas começaram a odiá-lo.

Seus camaradas que desistiram da esperança de se tornar um executor odiavam Ramphil, que recebeu tal oportunidade. Ramphil não tinha a personalidade para ser gostado por seus camaradas e não demorou muito para eles começarem a odiá-lo.

E, Ramphil continuou não se importando.

Ramphil vivia sem objetivo ou propósito. Como um executor temporário, ele estava simplesmente seguindo ordens. Um executor temporário era diferente de um executor normal, mas ele tinha que cumprir muitas missões e tinha o poder para fazê-lo.

Ramphil não gostava nem odiava sua posição.

Depois de ouvir Ramphil por um tempo, Leona resumiu os pensamentos dela.

— Então, você é uma versão Armígera de um caçador.

— Sim, mais ou menos.

Pessoas Armígeras tinham muitas fantasias sobre o papel de executor, mas não havia jeito melhor de descrevê-lo do que alguém que vivia na selva.

Os dois continuaram a conversar e Ramphil falou com Leona por um longo tempo sem saber o motivo dela estar falando com ele.

Quando Zin voltou finalmente para o acampamento, Leona estava perguntando a Ramphil porquê ele viajava enquanto descansava.

— Bom, eu não penso sobre nada.

— Como você consegue não pensar em nada?

— Eu não lembro porque não estou pensando em nada.

— Isso é tão estranho… eu sempre penso sobre algo. Mas nada importante.

— … você dois só estão falando sobre nada significativo. — Zin suspirou quando voltou ao acampamento e Leona e Ramphil olharam para ele. Zin se sentou e resumiu o que descobriu.

— Os assassinos eram Salteadores. Eu encontrei marcas de pneu de tranqueirão por perto. Todos os cadáveres estavam sem uma parte específica do corpo. Estou bem certo de que Salteadores que estão interessados em coletar partes de corpos fizeram isso.

— Quando você diz partes de corpos, tá se referindo a o que?

— Do cotovelo esquerdo para baixo. Todos os corpos não tinham essa parte.

Ossos humanos geralmente eram esmagados quando atacados por monstros, mas os cinco cadáveres estavam sem a mesma parte de corpo. E havia marcas de pneus de tranqueirões por perto.

— Salteadores que coletam mãos esquerdas… — Ramphil tentou lembrar de algo, mas não conseguia.

— Malditos, eu consigo ver eles comendo pessoas, mas por que são tão doidos com partes específicas do corpo?

Leona ficou enojada pelas ações sem sentido dos Salteadores.


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