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Arifureta Shokugyou de Sekai Saikyou – Capítulo 179

A manhã na Casa Nagumo (Parte 1)

Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado pelas muitas revisões sobre a conclusão da história.

Daqui em diante, eu, Shirakome, me divertirei ao compartilhar ideias malucas pouco a pouco, e ficarei feliz se vocês leitores continuarem me acompanhando.


— … acorde. Acorde, Hajime.

Sua consciência cochilando foi levada ao despertar por uma voz suave e um tremor gentil. Por causa do brilho que podia ser visto através das pálpebras, ele percebeu que as cortinas haviam sido abertas. Era de manhã e o sol insistia em sua presença.

— … não se incomode comigo. Vá, em frente.

— … não adianta usar uma frase clichê como essa. O café da manhã vai ficar gelado. Então levante.

Ele se acomodou na cama como uma minhoca e tentou fazer uma viagem ao mundo dos sonhos. Este homem que estava tentando viajar para o mundo dos sonhos, com uma voz que parecia desaparecer a qualquer momento, era o filho mais velho da casa, Hajime Nagumo. E aquela que estava mostrando um sorriso perturbado para esse Hajime, mesmo insistindo com ele para sair da cama, era a amada princesa vampira que veio de outro mundo, Yue.

Yue sentou-se ao lado da cama e acariciou gentilmente os “cabelos pretos” de Hajime, que estava se enrolando em si mesmo. As pontas dos dedos finos acariciaram os cabelos do garoto, penteando-os para baixo. Os olhos da garota se apertaram de forma afetuosa quando ela levou os lábios ao ouvido de Hajime.

Um pequeno som ressoou e o rapaz estremeceu em reação. Talvez gostando da reação de Hajime, o olhar de Yue estava cada vez mais alegre. Em seguida, ela colocou o lóbulo da orelha do garoto em sua boca. Mais uma vez, Hajime estremeceu como reação. A vampira continuou mordiscando de brincadeira, enquanto o Sinergista continuava se contorcendo devido a esse ato.

Yue separou os lábios do ouvido de Hajime com um som antes de abrir a boca enquanto dava um suspiro febril no ouvido dele.

― … se você não levantar… Hajime será o café da manhã.

― Eu vou me levantar.

Era um discurso adorável, mas havia os pais dele no andar de baixo e, além deles, também as “aproveitadoras” e a filha dele. Fazer uma comoção completa com sons de gemidos logo pela manhã seria problemático em vários sentidos. Os vizinhos com certeza o olhariam mais tarde com expressões sorridentes dizendo: ― Ora essa. ― Dessa forma, Hajime afastou o futon rapidamente e se levantou.

― Bom dia, Yue.

― … nn. Bom dia.

Os cabelos de Hajime, que estavam ondulados em vários pontos, foram fixados por Yue usando a mão como um pente. Desde a manhã, a atmosfera dos dois já estava cheia de amor. Parecia até que a luz do sol que brilhava pela janela estava ficando fraca devido à falta de prudência desses dois.

Hajime, que estava expondo um rosto atordoado por acordar, o que era impensável se fosse no período em que ele estava viajando pelo outro mundo, Tortus, estava apertando os olhos para a amada que estava acariciando sua cabeça na frente dele. Enquanto isso, ele também estava olhando para os arredores.

Dentro da sala, setenta por cento estava enterrado em estantes cheias de livros e jogos. Havia também uma mesa e uma cadeira reclinável, um PC de boa qualidade e um armário entre as estantes de livros. Uma janela estava presa à parede que dava para o sul, e cortinas azul marinho, da mesma cor da cama, pairavam sobre ela.

“… ainda sinto que este quarto é “nostálgico”. Deve ser porque a experiência do outro lado foi muito forte. Se eu ainda me sinto assim, mesmo depois de voltar para casa há um ano, pode levar mais um para poder viver sem sentir que algo está fora do lugar.”

Hajime suspirou um pouco dentro de seu coração. E então, ele apertou a mão esquerda repetidas vezes, como se quisesse verificar algo. Aquele braço não brilhava com um brilho metálico opaco, “sua aparência” era a de um braço humano normal. Ele tinha pele elástica e leves marcas de bronzeado semelhantes ao braço direito.

Além disso, Hajime também traçou de forma suave o olho direito com a ponta do dedo. Lá, ele não sentiu a sensação de um tapa-olho que estava em processo de se tornar sua marca registrada em Tortus. Longe disso, não havia nem o brilho branco azulado que era a característica de um cristal divino. A aparência do olho era de um marrom escuro que parecia o de uma pessoa japonesa normal.

― … nn? Hajime, qual o problema? Está desconfortável?

Yue percebeu o estado de Hajime. Ela então aproximou o rosto até que as pontas dos narizes dos dois quase se tocassem enquanto inclinava a cabeça. A doce fragrância que fazia cócegas na cavidade nasal do Sinergista o enfeitiçou um pouco enquanto ele balançava a cabeça.

― Não, não há desconforto no braço e no olho. Graças à cooperação de Yue e das outras, a pele artificial e o olho artificial estão em excelente condição. Ninguém os notaria, desde que eu não fosse analisado em detalhes em um hospital. Se for preciso dizer, talvez esteja me sentindo desconfortável com essa situação em que não há desconforto.

― …? Hajime sente desconforto pela aparência do seu corpo?

— É. Afinal, a experiência lá era muito intensa. O braço metálico, o olho de cristal e também os cabelos brancos, tudo isso já fazia parte de mim. É por isso que, em vez de dizer que essa aparência é “voltar ao normal”, parece que eu mudei de novo. Bem, vai ser muito ruim se esse tipo de automail¹ desconhecido e olho de cristal estranho forem descobertos nesta terra moderna, então não há o que fazer.

Enquanto sorria de forma irônica, Hajime bateu na mão esquerda usando a mão direita. A pele artificial que usava a magia da metamorfose havia reproduzido uma esplêndida textura da pele, tornando a pessoa incapaz de sentir a existência do braço artificial metálico escondido embaixo dela.

Quem conseguiu isso foi Tio. A técnica de Tio, que era a única especialista em magia de metamorfose entre suas companheiras, auxiliada pela ajuda de Hajime e Yue, refez a mão artificial de maneira inteligente e a disfarçou como um braço normal, com aparência e textura externas.

Além disso, o olho artificial do rapaz era algo que foi refeito usando a magia da criação, enquanto a cor do seu cabelo era devida à magia de regeneração de Kaori, devolvendo sua cor original.

É claro que, para a Curandeira, cuja mão alcançou o território da intervenção no tempo, se ela usasse a magia da regeneração com seriedade, era possível que ela pudesse restaurar o corpo alterado de Hajime para o de um humano normal. Fosse seu membro perdido ou sua mudança devido à ingestão de monstros, tudo isso poderia ser revertido se Kaori retornasse o corpo do Sinergista de volta ao seu estado anterior.

Mas Hajime não desejava isso. Na verdade, ao retornar à Terra, coisas como um corpo resistente eram desnecessárias. Mas, por alguma razão, parecia que devolver o corpo ao que era antes seria como tirar a luz de sua jornada naquele outro mundo. E acima de tudo, ele não poderia ficar senil e deixar Yue para trás, que viveria por um longo tempo.

No final, possuir um corpo monstruoso, onde nem era possível dizer que ele tinha uma validade, estava de acordo com o desejo do próprio Hajime. A propósito, se eles estivessem usando a técnica secreta de criação de apóstolas de Yue, o problema da longevidade poderia ser resolvido até certo ponto, mesmo se eles estivessem usando seus corpos originais, então Kaori e as outras também não viam esse assunto como um problema.

― … nn. Pessoalmente, não há nenhum problema para mim, porque posso desfrutar de vários Hajimes. Em vez disso, me sinto feliz.

Yue disse isso e beijou o ombro esquerdo, o olho direito e a cabeça de Hajime. Cada ação da vampira estava transbordando de carinho.

Naquele dia, depois de estabelecerem o método de ir para casa, desde o dia em que Yue recebeu a proposta sob a grande árvore do Mar de Árvores Haltina, a expressão de amor dela tornou-se cada vez mais polida. Ela nunca tinha sido vista sem o anel colocado no dedo anelar da mão esquerda e, quando Yue via o anel correspondente no dedo anelar esquerdo de Hajime, uma aura de felicidade se espalharia dela.

― Falando nisso, e quanto a Yue? Você já se acostumou com o mundo daqui?

― … nn. Ainda existem muitas coisas que eu não sei, das quais não estou familiarizada. Este é mesmo, um mundo diferente. Há muitas coisas inacreditáveis… mas, é divertido. Todo dia é divertido, como abrir uma caixa-surpresa.

— Entendo.

― … nn. Além disso, ficarei feliz em qualquer lugar se for onde Hajime está. A sogra e o sogro também são muito gentis. Eles me valorizam como uma filha de verdade, me sinto muito feliz. Em toda parte no mundo de Hajime, tudo está cheio de felicidade.

— Eu-eu entendo… de alguma forma, me sinto quente mesmo que seja de manhã, hum.

O olhar de Hajime, que recebeu um soco direto de amor, estava vagando. Yue, que entendeu que o rapaz estava ficando tímido, riu: — Nfufu. — enquanto aconchegava-o como um gato. A mão de Hajime estava subconscientemente se movendo e acariciando os cabelos macios da vampira de forma suave.

Uma atmosfera que estava transbordando com teor de açúcar estava correndo solta desde a manhã. Yue estremeceu seus longos cílios enquanto fechava suas pálpebras, seus lábios rosados estavam sendo empurrados para Hajime. O garoto se rendeu vendo aquela pose persuasiva. Seu rosto estava se aproximando…

— Puxaaaa, Yue-oneechan! Papai ainda não está acordado, nano!?

Quem abriu a porta do quarto com um estrondo enquanto entrava com pressa era uma menina de cinco anos que inchava o peito achatado. Era a filha de Hajime, Myuu. No entanto, agora seus cabelos esmeralda tornaram-se loiros esmeralda, enquanto suas orelhas em forma de leque, que eram a característica da raça dos Dagon², haviam se transformado em orelhas humanas pequenas e fofas.

A causa da mudança foi a ilusão criada pelo artefato do anel pendurado no pescoço de Myuu. O artefato era algo excelente que poderia reproduzir até a sensação de toque; portanto, mesmo se os ouvidos de Myuu fossem tocados, a pessoa que tocasse não sentiria a textura de uma barbatana, mas a sensação de uma orelha humana. E assim, a aparência de Myuu era a de uma linda garotinha de cabelos loiros.

No momento em que Myuu entrou no quarto de forma enérgica, ela apontou o dedo para a cena clichê entre amigos de infância se acordando que entrou em seus olhos e soltou uma voz protestante: — Aaaaaaaa!

— Puxaaaa, Yue-oneechan! Eu tenho que dizer todas as vezes! Fazer isso com o papai de manhã é um proibido! Por que você não está mantendo sua promessa, nano!?

— … uu. É-é porque Hajime é…

— Culpar os outros é feio!

— … au. Eu sinto muito.

Em direção a Myuu, que apontou o dedo indicador para o nariz de Yue enquanto dizia: — Feio. —, a vampira só conseguia abaixar a cabeça com desânimo, independentemente do status de irmã mais velha.

Fazia um ano desde que eles se mudaram para a Terra. Nos últimos tempos, Myuu, que havia crescido de forma extraordinária, estava agindo de maneira adequada e rigorosa. Quando todas as onee-chans, que se transformavam em personagens sem esperança e não conseguiam ler o clima quando se envolviam com o Hajime, como Yue fazia agora, Myuu protestava com um “Feio”.

Na verdade, para Myuu ficar acostumada com esse mundo tão depressa, e também porque era desejável que ela tivesse uma boa educação, ela foi matriculada em uma escola maternal cerca de dois meses atrás, mas parecia que na escola, ela foi despertada como uma “onee-san“.

Havia o fator de como, com base em sua idade, ela foi incluída no grupo sênior da escola, e, além disso, também havia acumulado experiências que deveriam ser densas demais para uma criança tão pequena. Ela havia sido sequestrada, leiloada, viajou pelo deserto, lutou contra uma cena de carnificina no castelo do rei demônio e até participou de uma lendária batalha decisiva. Olhando para isso do ponto de vista da garotinha, as crianças da mesma idade que ela, que nasceram em um país pacífico como o Japão, eram vistas como jovens e ingênuas.

Pensando: “Eu tenho que ser correta e rigorosa!”, ela imitou o grupo ultrajante de onee-chans ao redor dela e de sua mãe, que estava transbordando de bondade, dessa forma, ela agia de forma muito atenciosa com as outras crianças… quando ela percebeu, se tornou a confiável e amada líder dos colegas do jardim de infância.

Contudo, seu chamado de: — Cavalheiros! E damas dos amigos de Myuu! — quando ela estava reunindo as crianças do jardim de infância, ou como ela dizia: — Agora é a hora de inflamar nossas almas! — quando incentivava uma criança que se sentia abatida, ou como ela mostrava um sorriso destemido quando havia uma criança que parecia desconfortável, aquelas ações, que pareciam um pouco diferentes para um jardim de infância, eram notáveis, então a professora relatou isso para a família Nagumo… sobre o estado de Hajime quando ele recebeu esse contato da professora, digamos que ele estava rolando pelo chão de forma literal naquele momento.

— De verdade, me desculpe, Myuu. Vamos lá, eu já acordei.

Yue, que possuía a dignidade absoluta como esposa legal em relação às outras esposas, estava triste por ser repreendida pela garotinha. Hajime lançou um olhar para a vampira enquanto se arrastava para fora do futon. Myuu ouviu as palavras do rapaz e assentiu, depois encarou Hajime e estendeu as duas mãos.

— Myuu? O que há com essas mãos?

— Papai, Myuu quer ser carregada, nano.

Mesmo que ela estivesse repreendendo Yue há pouco, Myuu fez o pedido de uma criança mimada. A vampira ficou chocada e olhou para a garotinha. Seus olhos estavam claramente narrando sua insatisfação: “Mesmo que eu tenha sido repreendida ao agir de forma mimada…”, isso parecia um pouco carente de maturidade.

Para isso, Myuu disse:

— Mamãe disse: “Quando Yue-san se afastar, aja de forma mimada na mesma hora (ataque)”, desse jeito, nano.

— … eu vou “falar” um pouco com Remia.

Yue se envolveu com uma leve luz dourada, logo depois disso, ela se tornou uma adulta. E então, para falar algumas coisas para a mãe que ensinou táticas de batalha de mulher a uma criança, a vampira saiu de forma silenciosa, mas rápida, do quarto.

E então Myuu, que continuou mantendo sua pose pedindo um abraço, dirigiu um olhar trêmulo para Hajime, que foi deixado para trás. Essa garotinha diante de seus olhos dominava constantemente as lições das mais velhas ao seu redor. Daqui em diante, que tipo de crescimento essa amada filha lhe mostraria depois de aceitar os ensinamentos das mulheres que tinham uma ou duas peculiaridades, o Sinergista se perguntou…

— Papai, me carregue, nano.

— … tá.

Com uma expressão desconfortável, Hajime abraçou Myuu, que estava fazendo um pedido fofo com um sorriso fofo, e então saiu do quarto enquanto ouvia o tumulto que era audível lá de baixo.

Hajime, que entrou na sala no primeiro andar com um dos braços carregando a garotinha, testemunhou a cena de Yue fazendo queixas incessantes para a mãe de Myuu, Remia. Em relação a Remia, semelhante a Myuu, ela também estava expondo cabelos loiros esmeralda e ouvidos humanos, agora ela estava mostrando seu sorriso habitual de “Ora, ora, ufufu” enquanto evitava as reclamações de Yue… assim parecia, mas as bochechas da mulher estavam corando um pouco.

Com o modo adulto de Yue como seu oponente, como esperado, até uma viúva profissional se encontraria em desvantagem. Mesmo sendo do mesmo sexo, ser encarada fixamente pela adulta Yue de uma distância muito próxima tornaria qualquer um incapaz de se acalmar. Yue-sama adulta, que aterrorizante.

— Ah, você enfim acordou o Hajime-san.

— Fumu, como esta pensava, talvez deixar Yue encarregada de acordares a tu não sejas bom.

Shia, que estava ajudando na preparação do café da manhã, estava dizendo isso com um rosto exasperado enquanto o cumprimentava, e Tio, que estava assistindo o noticiário da manhã na sala, olhou para trás e também o cumprimentou da mesma forma.

Não houve mudança na aparência de Tio, enquanto as orgulhosas orelhas de coelho de Shia estavam escondidas com um artefato como o de Myuu e Remia. No momento, seus cabelos azuis claros e lisos foram presos usando uma presilha localizada em volta do pescoço, e o cacho de cabelos estava pendurado para a frente.

— Ora, Shia-chan e também Tio-chan, vocês duas estão dizendo essas coisas, mas se vocês forem acordar Hajime, vocês também não vão se aproveitar?

— Naturalmente, desu, querida sogra.

— És claro, estimada sogra.

Tomando o café da manhã na cozinha… não foi assim que ela apareceu. Essa pessoa que apareceu do banheiro, como se indicasse que havia acordado agora, era a mãe de Hajime, Sumire Nagumo. Sumire era uma famosa artista de mangá shoujo, então havia muitas vezes em que ela ficava fora até tarde da noite em seu local de trabalho, ela era extraordinariamente fraca pelas manhãs. Por causa disso, a família Nagumo não costumava tomar o café da manhã de forma apropriada, porém…

Shia, que estava encarregada de cozinhar enquanto estavam em Tortus, e Remia, que era mãe e tinha uma filha, entraram em cena. Hajime levou para casa Yue e as outras do outro mundo e pouco tempo depois, as garotas se tornaram parasitas, então a cozinha ficou a cargo das duas.

— Todas, bom dia. Puxaaaa, é ótimo que a casa esteja brilhante desde a manhã. Mesmo depois de um ano, meu coração ainda está dançando toda vez que vejo isso. Seu filho desgraçado, como ousa voltar para casa depois de se tornar um grande homem! Sério, muitíssimo obrigado.

— Você está cheio de energia mesmo de manhã, hein, pai. E não sorria assim enquanto olha para elas. Você vai levar um soco, sabia… da mãe.

O homem de meia-idade, de cabelos curtos e alta estatura, que estava continuamente em um estado de “Agora mesmo, estou muito emocionado!” desde um ano atrás, era o pilar central da família Nagumo, o presidente que administrava uma empresa de jogos, Shuu Nagumo.

Ele, que era um otaku puro, parecia estar profundamente comovido todos os dias ao testemunhar Yue e as outras que pareciam vir direto do mundo 2D. E então, muito provavelmente, ser chamado de “Sogro” por meninas e mulheres bonitas também estava, sem dúvidas, relacionado a isso.

Shuu riu de bom humor por estar cercado por suas noras, Sumire estava atordoada, e Hajime estava cuidando do penteado de Myuu enquanto o café da manhã estava sendo alinhado na mesa de jantar.

A propósito, a renda anual de Shuu e Sumire superava em muito o valor de um salário médio, de modo que a casa Nagumo era bastante grande. Por causa disso, mesmo quando sua família aumentou de repente, a casa não parecia tão apertada mesmo quando todas passaram a viver em uma casa.

Embora, devido ao aumento repentino do número de moradores neste momento, a reforma da casa estava em andamento e, depois de vários meses, a casa com certeza seria concluída e se tornaria um prédio esplêndido duas vezes maior, algo que os vizinhos notariam.

Além disso, com relação à preocupação administrativa de Yue e as outras, como o registro de residentes e similares, Hajime havia entrado no escritório do governo e falsificou os documentos. Para paz de espírito, Yue até usou sua magia da alma nos funcionários do governo para plantar sugestões neles, para que não houvesse problema. Foi um trabalho árduo, porque havia muitos documentos que precisavam ser colocados em ordem, por exemplo, documentos de passaporte e identificação e assim por diante, mas pelo menos, não deveria haver ninguém que poderia descobrir alguma estranheza com suas existências no Japão.

Mesmo que eles fossem descobertos, eles poderiam apenas usar a magia da alma para lidar com isso. Eles também planejavam deixar lentamente para trás evidências de sua existência nos governos estrangeiros. Os oficiais do governo deste mundo seriam vítimas das magias da era dos deuses!

— Hã-hã, Shia-chan, Remia-chan, hoje a comida também está deliciosa. Antes disso, colocar comida no estômago pela manhã me fazia pensar: “Isso é algum tipo de tortura, não é?”, desse jeito… mas, se for assim, eu posso comer, não importa quanto.

— Eu entendo o que você quer dizer. Hajime, o pai está feliz. Meu filho se tornou um esplêndido e maldito trapaceiro com um harém quando voltou. Não há mais nada que eu possa te ensinar.

— Pai, eu não entendo se você está me elogiando ou me ofendendo com suas palavras, mas nunca recebi nenhuma lição ou nada sobre ser um trapaceiro maldito com harém.

Sumire fez elogios exagerados a Shia e Remia sem parar, enquanto Shuu estava falando com Hajime com uma atitude condescendente. Ao ouvir isso, Hajime respondeu com um estado exasperado. Para isso, Shuu abriu a boca com uma atmosfera irritada, como se dissesse: — Santo Deus, me dê uma folga.

— O que você está dizendo? Não fui eu que colocou a alma de um otaku em você desde que você criou consciência de seus arredores? Em outras palavras, também fui eu que coloquei a alma de um trapaceiro com harém em você. A razão pela qual você foi capaz de criar um harém em outro mundo é exatamente por isso. O que acha? Você pode sentir a gratidão por seu incrível pai em seu coração agora?

— Acho que já conversei com você sobre minha experiência no outro mundo, mas onde uma alma de otaku se mostrou útil por lá…

Shuu e Sumire ouviram tudo o que Hajime experimentou no outro mundo. Sobre quanto esforço foi necessário para recuperar sua aparência normal, sobre como seus braço e olho eram artificiais, sobre como seu olhar se afiou e, acima de tudo, sobre como sua atmosfera agora era diferente da do passado. O Sinergista disse tudo isso pessoalmente, sem falsidade ou manipulação, e nem estava tentando fazer isso.

Em outras palavras, Shuu e Sumire deveriam saber sobre a sequência de eventos da grande experiência de seu filho a partir de suas experiências no abismo. Apesar disso, Shuu agora declarava que o conhecimento otaku era útil nessas experiências, ouvindo isso, Hajime foi um pouco incapaz de aceitar esse argumento.

E assim, o Sinergista costumava se opor ao pai, mas Shuu e Sumire sorriam muito enquanto cortavam as palavras de Hajime.

— “Senhoras e senhores, todos vocês guerreiros”!

— …

— “Agora, neste momento, queimem suas almas”!

— !!!

— “Se você vai ficar no meu caminho, eu vou te matar”.

— !?

— “Eu vou proteger Yue, e Yue vai me proteger. Com isso nós somos…”

— Eu já entendi! Pai, muitíssimo obrigado! Por isso, pode pare.

Hajime se contorcia enquanto pedia que ele parasse com uma voz que soava como um grito. Em relação ao filho que estava sofrendo tanto com sua vergonha, o pai e a mãe estavam desferindo um ataque impiedoso.

— Ei, ei, qual o problema Hajime? Por que você está com vergonha? Você foi maneiro, sabia? Na vida real, quase não há chances de fazer esse tipo de discurso, entendeu? Quando o pai assistiu a gravação que Tio-san me mostrou, meu coração estava tremendo. Ó, puxa, foi mesmo um incrível chuu… tosse, foi mesmo um discurso heroico incrível, sabia?

— Sim, de verdade. Não apenas para sua parceira, mas você até disse: “Ela é minha mulher” para o pai da menina, quando vi isso pensei: “Mas de que gal esse personagem conquistador saiu?”. Sério…

Depois de olhar para Hajime, que tremia enquanto segurava seus hashi, Shuu e Sumire fizeram uma pausa antes de continuarem com uma esplêndida harmonia.

— Hajime-san, Isso foi mesmo incrível. De verdade, muito obrigado!

— Hajime-san, Isso foi mesmo incrível. De verdade, muito obrigada!

— Vocês dois são barulhentos. Não encham o saco, parem de mexer comigo usando esse material…

Shuu e Sumire sabiam dos eventos no outro mundo, não apenas pela história do filho. Enquanto mantinha em segredo de Hajime, Tio usou a magia da regeneração para deixar para trás imagens de todas as memórias… de forma óbvia, os eventos no abismo não foram incluídos, além disso, o momento em que Hajime aceitou Shia, o momento em que ele falou com o avô de Tio, Adul, e até o discurso do Sinergista para seus colegas no castelo do rei demônio, etc… tudo isso foi mostrado a Shuu e Sumire. Desde então, em todas as oportunidades, os pais elogiavam Hajime, — Como esperado do nosso filho! — com provocações para mexer com o rapaz.

Os cantos dos olhos de Hajime se ergueram feroz e brutalmente, pressionando Tio em uma explosão de raiva. Com uma tosse, a ryujin engasgou no meio da ingestão de sua sopa de missô. A sopa pingava do nariz da mulher enquanto sua respiração estava ficando ofegante: — Haa, haa.

— Co-como esperado dos pais de Hajime-san. Nos últimos tempos, me acostumei a isso, mas, como imaginei, ver Hajime-san sendo feito de bobo, a sensação desconfortável que sinto não é pequena, desu.

― … nn. Mas, o Hajime assediado… também é legal.

― Ora, ora, Yue-san. Parece que quando se trata de Hajime-san, tudo está bom para você. Fufu, Myuu também tem que trabalhar duro dessa forma. Aliás, Tio-san, esta é a mesa de jantar, entende? Por favor, não fique ofegando enquanto derruba ranho dessa forma, coma sua comida de forma apropriada. No momento, seu rosto está muito “acima do limite de idade”, entendeu?

Shia sorriu sem graça para a troca entre Hajime e seus pais, enquanto as bochechas de Yue ficavam avermelhadas por algum motivo, Tio estava ofegando e Remia estava sorrindo. Nos últimos tempos, este era um dia comum da família Nagumo.

Justo quando Hajime ia perder o controle com a confusão, Shuu e Sumire recuaram e se concentraram no café da manhã como se nada tivesse acontecido. O Sinergista, que tremia por perder o alvo de sua raiva, foi consolado por Yue e pelas outras.

Com um olhar de soslaio para o filho, que estava sendo tratado por lindas mulheres e garotas, Shuu e Sumire se encararam e suas expressões explodiram em um sorriso.

― No entanto, quando Hajime voltou de repente para casa e, além disso, também apresentou Yue e as outras, foi realmente chocante, não?

— Você está certa. Para ele ir para outro mundo e voltar para casa trazendo um harém, isso é algo com que nunca sonhei.

Enquanto trocavam palavras em pequenos sussurros, os dois se lembraram da época em que Hajime chegou em casa.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Por enquanto, estou pensando em escrever um pouco sobre a história após o retorno para casa.

Afinal, existem pedidos consideráveis e também esperanças por uma história atual (risos).

O próprio Shirakome está cheio de ideias malucas.

A seguir, a história de Hajime retornando à sua casa e se reunindo com Shuu e Sumire.

Eu acho que provavelmente será publicada às 18:00 no sábado da próxima semana.

Por favor, cuidem de mim daqui em diante também.


Notas

[1] Um automail (“armadura mecânica”) é um item encontrado no universo de Fullmetal Alchemist. Os Automails são próteses robóticas controladas pela mente do usuário. Um automail é composto por diversos circuitos elétricos, ligados diretamente ao sistema nervoso, e motores, que podem acionar componentes pneumáticos (usando fluidos líquidos), o que pode aumentar a força daquele membro. E por cima de tudo geralmente há placas de aço.

[2] Dagon é uma divindade que habita o sombrio mundo criado por H.P. Lovecraft em seus contos. Ele foi inspirado em um antigo Deus Semita (de mesmo nome), que representava a fertilidade e a abundância na pesca. Esse mesmo deus e seus templos de adoração são referenciados por diversas vezes no Antigo Testamento, em trechos de José e Samuel. O evento mais conhecido nas escrituras, é a destruição de um de seus templos por Sansão, em seu último ato. A primeira aparição da deidade fictícia traça-se num dos primeiros contos publicados de Lovecraft. O conto, de título homônimo a criatura, narra como um personagem anônimo se encontrou num pedaço submergido do fundo oceânico, onde há evidências de um antigo culto a Dagon por entidades não humanas.


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