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Arifureta Shokugyou de Sekai Saikyou – Capítulo 199

Espere! Isso é um mal-entendido! Um mal-entendido, estou te dizendo!

Dentro da sala, que era apenas antiga ao invés de retrô, a luz laranja de uma lâmpada fluorescente iluminava o local. A parede era de madeira e parecia fina, apenas o sofá de couro sintético com uma coloração desbotada e a cama pareciam muito grandes, mas os lençóis e cortinas da mesma cor davam uma impressão desgastada.

— Como esperado de um hotel barato. Há mesmo a atmosfera de um hotel em um filme onde o fugitivo se refugia.

Até o chão rangia. Kosuke jogou seu corpo na cama enquanto sorria com ironia e falava consigo mesmo uma frase que parecia a sinopse de um filme qualquer. As molas da cama antiga emitiam sons rangentes, como se quisessem protestar contra quem a tratava com grosseria.

Como Kosuke precisou ficar por uma noite no país devido ao horário de seu avião, ele alugou um quarto de hotel como este. E por que ele estava intencionalmente escolhendo esse tipo de hotel em ruínas quando tinha acabado de receber uma quantia considerável de Hajime, que alguém com status social de estudante não seria capaz de obter? Isso foi apenas por causa da mentalidade de pobre coitado de Kosuke.

Mesmo se ele ficasse em um hotel de alta classe sem nenhuma necessidade específica, apenas porque tinha muito dinheiro, Kosuke com certeza seria incapaz de se acalmar, juntamente com a elegância da sala. — Ficar em um hotel cápsula… não é meio calmante? — Essas foram as palavras que Kosuke disse uma vez a seus pais quando estavam viajando em família.

Naquele momento, os pais de Kosuke ficaram, como esperado, um pouco solenes com o senso do filho, que era um pouco pequeno demais para uma pessoa. No mínimo, ele deveria estar exigindo um hotel ou pensão.

— Mas, bem, pelo menos eu me arrumei um pouco e aluguei o andar superior. Isso tem um cenário agradável.

A razão pela qual o rapaz escolheu esse hotel foi porque o prédio tinha quinze andares, apesar de sua idade. Quanto mais alto o andar, mais caro era o custo, mesmo que fosse apenas um pouquinho, mas, depois de se preocupar sem parar, Kosuke enfim decidiu: — Por-por volta do décimo andar, essa é uma chance rara, então tudo ficará bem… — para que ele pudesse apreciar a paisagem. Se seus colegas de classe ou sua família soubessem disso, sem dúvidas estariam olhando para ele com um olhar caloroso.

Quando ele abriu as cortinas desgastadas, a iluminação da cidade era como estrelas espalhadas pelo chão, elas estavam brilhando com força. Era uma bela paisagem noturna que deixou ele satisfeito, exatamente como o que ele esperava e ansiava.

— … da próxima vez, vamos ver isso com Lana, com certeza, hã-hã.

Kosuke falou consigo mesmo mais uma vez. Dentro de sua mente, a imaginação dele fazendo coisas românticas com sua amada mais velha com orelhas de coelho estava a todo vapor… se Jugo e Kentaro estivessem ao seu lado, eles sem dúvidas responderiam que antes de coisas como uma paisagem noturna e assim por diante, ele deveria pelo menos aumentar a nota do hotel um pouco mais.

Ele estava apreciando a paisagem noturna por um tempo, tendo uma ilusão selvagem em seu cérebro sobre se encontrar com Lana. Durante esse intervalo, ele pegou seu smartphone e sorriu alegremente enquanto olhava para sua foto com Lana que eles tiraram na última vez em que o portal para Tortus foi aberto. Ele repetiu esse tipo de coisa por várias horas.

Kosuke foi em direção ao banheiro, pensando que deveria tomar um banho em breve e ir para a cama.

O banheiro também tinha uma estrutura antiga, pois havia um chuveiro que podia ser puxado diretamente da parede com várias alças abaixo dele. Por enquanto, ele primeiro verificaria como usar o velho chuveiro. Quando ele girou a alavanca que emitia um som de “kiko-kiko“, a água jorrou com rapidez. Enquanto dizia: — Ingênuo, você acha que vou encharcar minha cabeça como nesses clichês, huh! — para si mesmo, ele ajeitou a manivela, kiko-kiko!, para que a temperatura fosse a ideal.

Ele constatou o calor com a mão enquanto sussurrava: — Esta temperatura é suficiente. —, foi nesse momento que…

Agitação barulhenta, movimentada e feroz surgiu do andar superior. O mais preocupante era que a poeira caía do teto.

— Kehoh. O que é isso, vocês aí, não façam essa algazarra neste tipo de hotel acabado. O teto não seria tão fino quanto a parede, certo?

Ele terminara de confirmar a finura da parede. Ele queria acreditar que esse prédio não chegaria ao ponto de fazer o seu teto sem seguir a lei referente aos padrões da construção. A expressão de Kosuke estava ficando um pouco ansiosa enquanto ele olhava para o teto que estava derramando poeira.

Não havia como as pessoas no andar superior fazerem amor tão intensamente, onde a intensidade excessiva faria com que o teto caísse, onde Kosuke enfrentaria o casal… não havia como isso… enquanto o rapaz estava tendo delírios selvagens que o deixariam vermelho se algum conhecido perguntasse sobre isso, por alguma razão, uma premonição ruim estava surgindo dentro de seu peito. Ele balançou a cabeça como um cachorro para sacudir a poeira que caía sobre sua cabeça.

No mesmo instante, pan-pan-pan!, sons explosivos que ele estava familiarizado atingiram o tímpano de Kosuke.

— E, ee? Espere, agora mesmo, isso foi um tiro? Isso não é muito intenso para fazer amor!?

Kosuke olhou para o teto mais uma vez por ter se assustado. Mesmo durante esse período, o tiro continuou soando sem pausa. Não importava como ele pensasse, o hóspede no andar superior estava realizando um tiroteio feroz com outra pessoa. Além disso, papapapapa!, pela forma como podiam ser ouvidos os estouros consecutivos, um dos lados, ou talvez os dois, chegaram até lá equipados com um tipo de metralhadora.

— Eu-eu acabei de testemunhar uma perseguição de carro à tarde, sabia? Quão perigoso pode ser um país estrangeiro, hein!? Ou então, é o Japão que é pacífico demais!?

Pensando que seria insuportável se as balas perfurassem o teto e chovessem sobre ele, Kosuke encolheu seu corpo ao sair do banheiro. E então, só para ter certeza, ele deveria olhar para a situação do andar de seu próprio quarto, fosse seguro ou não, então ele abriu silenciosamente a porta em direção ao corredor. Seu rosto espreitou um pouco e ele correu o olhar para a esquerda e direita do corredor, mas, por ora, parecia que não havia ninguém no local.

Kosuke disse: — Quem pode ficar mais tempo do que isso em um hotel que tem caras realizando um tiroteio como esse! — ele estava levantando uma bandeira estranha enquanto decidia começar a fugir.

Mas, antes que ele pudesse fazer isso, da direção da janela, houve um clarão intenso demais. Parecia que o hóspede no andar de cima estava usando uma granada de atordoamento. Logo depois disso…

— Doutora Grant, se segure! Vamos pular!

— Nós-nós vamos mesmo fazer isso!? Ia, espere, espere, eu disse a vocêêêêêêêêêêêêêêêêê!

Justo quando ele ouviu a voz alta e os gritos vindos da janela, pan-pan-pan!, a janela do quarto de Kosuke ficou com vários buracos abertos e rachou na forma de uma teia de aranha. No momento seguinte, gashaaan!, o vidro da janela foi jogado para dentro, junto com o som da pulverização.

Junto com uma mulher em um terno preto e uma garota de cabelos loiros que estava sendo segurada por aquela mulher.

— Você está ferida, Doutora Grant?

— Uu, eu estou bem Vanessa. Mas, meu tempo de vida está diminuindo.

A mulher alta, vestindo um terno preto, uma agente da Secretaria de Segurança do Estado, Vanessa Paradis, ajudou a garota de cabelos loiros presos em uma trança lateral e usando um jaleco, Emily Grant, a se levantar.

Emily estava com uma cara pálida enquanto balançava a cabeça, enquanto Vanessa dava uma olhada e logo substituía o cartucho da arma automática que estava segurando com o olhar se movendo para a entrada.

— Vamos nos apressar Doutora Grant. Em breve estaremos cercadas.

— Sim, eu entendo. Mesmo assim, fico feliz que “não haja ninguém” na sala abaixo.

— Sim. Pensando no método deles, eles estarão dispostos a envolver até mesmo civis…

Ambas estavam pulando com um método imprudente de usar lençóis como uma corda para pular do piso superior para o inferior, mas elas acariciaram os peitos com um suspiro aliviado por “não haver ninguém” naquele quarto do andar inferior.

Fosse com a perseguição de carros esta tarde ou com o ataque anterior, a perseguição de Emily e Vanessa foi aos poucos escalando, então não era mais possível escolher o método mais seguro. Se houvesse um civil não em um local público, mas em um local discreto como este quarto de hotel em ruínas, essas pessoas sem dúvida removeriam esse civil sem pensar duas vezes.

“… não, bem, isso acontece toda vez, então não é como se eu estivesse incomodado. Mas entrei no seu campo de visão bem na sua frente aqui, e não é como se eu estivesse usando invisibilidade ou algo parecido, entendeu?”

A repentina situação fez com que uma pessoa com sombra fina, que congelou ao abrir um pouco a porta para sair, resmungasse enquanto suas bochechas estavam em convulsão. E então, ele pensou que, em vez disso, era melhor que ele não fosse notado por essas duas mulheres que cheiravam a coisas muito problemáticas, talvez ele devesse apenas fugir.

No entanto, a bagagem de Kosuke, embora não houvesse nada tão valioso, não podia ser deixada para trás, pois seu passaporte e carteira estavam lá.

Além disso…

“… estas duas, eles não estavam no carro perseguido desta tarde?”

Sim, Kosuke lembrou. Essas duas eram as mulheres que testemunharam o seu belo sanduíche sendo pego no ar junto com seu ginger ale, e depois expuseram a tolice de ficar atordoadas com as bocas abertas, apesar de estarem no meio de uma perseguição de carro.

Elas exalavam um cheiro intenso de problemas, pois uma delas obviamente não era uma pessoa com uma posição respeitável, enquanto a outra, apesar de ter a mesma idade de Kosuke, estava usando um jaleco desgastado. Mesmo assim, por algum motivo, Kosuke estava prestando atenção nessas duas que estavam em uma situação desesperadora.

Talvez fosse porque ele tenha visto a figura dessas duas se sentindo aliviadas por nenhuma pessoa não relacionada ser arrastada para a situação delas, mesmo quando elas estavam enfrentando uma situação ultrajante como um tiroteio em um intenso filme de ação.

“Mas não ficarei comovido. Mesmo que seja uma coincidência que parece haver algum tipo de força convincente trabalhando aqui, uma coincidência é uma coincidência. Esses duas parecem boas pessoas, e são bonitas, elas são lindas! Mas eu, que sou um riajuu e tenho Lana como amada, não serei afetado! Também começarei um cursinho de verão na escola depois de amanhã. Por isso, estou indo para casa!”

Kosuke proclamou isso dentro de seu coração enquanto usava passos furtivos, passos muito furtivos, devaaaagar e em silêêêêncio ele retornou para dentro do quarto. Não era como se ele tivesse um senso de valor insensível que jogaria fora tudo que não estava relacionado a ele como Hajime quando estava em Tortus.

No entanto, Kosuke, que estava na Terra, era um homem de valor em um nível sobrenatural que poderia aniquilar a base principal de uma sociedade secreta que possuía uma história de várias centenas de anos por conta própria. Alguém que possuísse esse poder poderia fazer quase qualquer coisa. E então, neste mundo, em todos os lugares havia pessoas com problemas pedindo ajuda, e alguém como Kosuke, que viajava por toda parte, testemunharia isso “com frequência”, querendo ou não.

Se ele decidisse agir apenas por causa de suas emoções para ajudar todos com a única razão de ser “porque eles estão com problemas”, não haveria um fim para isso. Algo como perseguir seu próprio sonho se tornaria secundário ou terciário.

E, acima de tudo, Kosuke também não era alguém como Hajime, que possuía uma força que podia ser considerado quase todo-poderoso. Além disso, ele não tinha um senso de valor de confiar nos outros para seu benefício próprio que o permitiria dizer — Preciso de algo que me deixe todo-poderoso! — e solicitaria um artefato ao Sinergista.

Até agora, houve várias vezes em que ele ficou uma sensação ruim após fechar os olhos ou sentir vergonha por sua ação, mas, mesmo assim, qual era a prioridade e onde ele deveria traçar a linha… a importância disso havia sido esculpida em seu coração por seus dias no outro mundo, a maneira do rei demônio que os guiou e o tempo que ele passou com Lana e o clã Haulia.

Assim, Kosuke decidiu não se envolver com Emily e Vanessa. Naquele momento, as duas mulheres estavam em guarda enquanto se moviam em direção à entrada, em outras palavras, na direção de Kosuke, os dois lados se cruzaram, e foi então que surgiu uma situação para ridicularizar essa decisão do rapaz.

— VANESSAAAAA!!!

— !?

Uma voz furiosa foi lançada em direção a Vanessa. A origem dessa voz era a janela com excelente ventilação pela qual Vanessa e Emily haviam acabado de pular. Olhando nessa direção, havia um homem que estava com a mão enrolada em um lençol como um substituto de corda semelhante ao que Vanessa fez, usando força centrífuga para saltar para dentro do quarto.

Vanessa apontou a arma para atirar no homem por reflexo, mas o cano da pistola que a outra mão do homem estava segurando não estava voltado para ela, mas para Emily. Vendo isso, Vanessa pulou e empurrou Emily para baixo.

O homem sorriu com a reação de Vanessa, pois no fim, ele nem puxou o gatilho e correu para o quarto agilmente. Com um giro para a frente, ele eliminou seu impulso enquanto sua arma era preparada com um movimento direto em direção a Vanessa, que tinha acabado de levantar o rosto.

— … tsk. Então você é mais rápida, mesmo nesta situação. Como sempre, apenas a sua técnica é excelente.

O homem baixou o olhar para o próprio peito enquanto estalava a língua. Lá ele encontrou a arma de Vanessa preparada.

— Esse “apenas” diz muito, Kimberly. Também estou pensando em ter a sinceridade de não trair minha companheira, diferente de você.

— Hah. Isso não é chamado de “sinceridade”. Isso é chamado de “ingenuidade”. Assim como você cobriu essa senhorita agora mesmo enquanto entendia que eu não atiraria.

O homem chamado Kimberly criticou Vanessa com um tom que soou como se fosse cuspir. Cabelo curto e castanho e um corpo tonificado que era óbvio mesmo com o terno que ele usava. Olhos que pareciam uma ave de rapina e lábios com os cantos levantados de forma cínica. Olhando de forma objetiva, ele tinha belas feições de um tipo selvagem que poderia até fazê-lo se passar por ator.

A julgar pelo modo de falar, era óbvio que Vanessa e Kimberly se conheciam, não, eles eram colegas de trabalho. Ao mesmo tempo, Kimberly, que parecia ser o perseguidor de Emily e Vanessa, também podia ser visto como uma pessoa com um passado turbulento em que traiu a mulher.

“Espereeee! Que diabos, as coisas continuam acontecendo uma após a outra! Isso é um filme, eu estou no meio de um filme de ação que vai deixar toda a América animada, não estou!? Vocês dois estão filmando esta cena em que apontam a arma uma para o outro enquanto fazem piadas, hein!? Vocês não são legais demais, hein!?”

Vanessa e Kimberly se levantaram lentamente, apontando as armas um para o outro. Bem no meio deles estava um homem com uma sombra fina que estava fazendo uma contestação furiosa, mesmo que não tivesse sido em voz alta. Ele deveria estar dentro do campo de visão deles, mas…

— Desista logo Vanessa. Entregue a doutora. Vocês duas, venham comigo. Vocês podem receber muito dinheiro e ainda sobrará troco, mesmo que o usem durante toda a sua vida, entenderam? É muito melhor do que receber uma bala nesse tipo de lugar, não concorda?

— Você matou todos na equipe por essa razão? Só por causa de dinheiro? Não há como eu ser influenciada por esse tipo de razão vulgar. Eu cumprirei meu dever. Eu não vou deixar você colocar as mãos na doutora.

Kimberly estalou a língua mais uma vez, irritado. Atrás da mulher, Emily, cujo rosto estava rígido de nervosismo, estava dirigindo seu olhar para Vanessa com um rosto que indicava que ela poderia chorar a qualquer momento.

— Uau, essa mulher é tão legal. Se esta é a filmagem de um filme, você deve ser a protagonista, com certeza, hã-hã.

Alguém em algum lugar espontaneamente deixou escapar sua impressão.

Kimberly olhou para Emily enquanto continuava a falar com um tom de zombaria:

— Dever, é isso? Hah, você acha mesmo que algo assim ainda é válido?

— … o que você quer dizer?

— Quem sabe? O que será que isso significa? Será que você vai entender se voltar ao quartel-general?

— Não me diga que…

Vanessa, cuja expressão tinha pouca variação, mesmo após essa cadeia de eventos, arregalou os olhos um pouco mais neste momento. As palavras de Kimberly iluminaram a possibilidade de que talvez elas já estivessem em uma situação isolada e sem esperança. Mesmo que já não houvesse esperança de romper a situação atual, se ela perdesse o apoio, seria o mesmo que ser colocada em cheque.

As palavras de Kimberly eram a verdade? Quem era seu aliado e quem era seu inimigo? Em quem ela poderia acreditar?

Em contraste com a expressão escassa de Vanessa, por dentro, ela estava forçando seu cérebro ao limite. Foi nesse momento que sons de passos correndo pelo corredor reverberaram como um limite de tempo passando. Enquanto Kimberly as estava obstruindo aqui, os outros perseguidores estavam usando as escadas para chegar.

— Un!

— Este é o fim, Vanessa. Eu entendo, sabia? Normalmente, você não daria sequência a esse tipo de tarefa inútil e tentaria me reprimir depressa. Você não fez isso porque está ferida, não é? Meu ataque surpresa no laboratório de pesquisa… parece que você não conseguiu lidar muito bem com aquilo, hein. Você também não estava dirigindo bem esta tarde, estava cometendo erros muito estranhos para alguém como você.

Kimberly logo correu o olhar por todo o corpo de Vanessa, depois disse: — É desse lado? — Enquanto ria. Vanessa não mostrou nenhuma reação, mas, por outro lado, a expressão triste de Emily expôs a verdade nas palavras de Kimberly.

— Aa, então aquele acidente esta tarde, não foi apenas porque ela era ruim na direção, hum.

Dentro daquela situação tensa, um certo alguém com uma sombra fina, que coletava sua bagagem sorrateira e silenciosamente, estava sussurrando em voz baixa. Como esperado, sem dúvidas alguém notar-…

— Mesmo assim, você não está puxando o gatilho, é porque acha que não ganhará, mesmo contra uma pessoa ferida?

— … eu gostaria que você dissesse que sou cuidadoso. Não há necessidade de eu intencionalmente enfrentar mais perigos, mesmo que logo seja um xeque-mate.

— Não, essa sua atitude não é o que é chamado de “cuidado”, mas sim “covardia”.

Talvez esse fosse seu troco por antes. Kimberly recebeu uma esplêndida resposta e estreitou os olhos que pareciam assustadores. — Essa foi mesmo uma excelente resposta. Você está indo muito bem, continue assim! Seja humilhado, seu bonitão! — Uma voz tão pequena que apoiava Vanessa e amaldiçoava Kimberly ressoou, mas a voz normalmente entraria pela a orelha direita e sairia sem ser notada pela orelha esquerda.

Logo depois disso, seis homens armados entraram correndo na sala com passos barulhentos. Vanessa franziu a testa e Emily empalideceu enquanto se aconchegava perto da mulher. A expressão de Kimberly ficou cheia de alegria, e o jovem com a sombra fina colocou sua bagagem no ombro sem que ninguém notasse enquanto olhava para trás da porta com uma expressão estranha.

— Muito bem, este é o fim do caminho do seu drama de fuga sem sentido. Desculpe, mas eu não vou perguntar se você vai se juntar a mim ou não. Eu vou te matar e levar a senhorita. Você desperdiçou sua última chance agora. Sua mulher estúpida.

— Vanessaa!

— Nn, Doutora.

Quando Kimberly sinalizou com os olhos, um homem de incrível constituição, vestindo uma jaqueta de couro, pegou o braço de Emily e a afastou de Vanessa. Vanessa rangeu os dentes e respirou fundo como se estivesse se resolvendo.

— Doutora Grant, minhas desculpas. Parece que não posso protegê-la até o fim. Mas isso não significa que fiquei sem cartas. Por favor, não desista.

Dizendo isso, ela sorriu enquanto tirava o olhar de Kimberly e se virava indefesa em direção a Emily. Ela tirou algo do bolso enquanto…

— Você sabe quantas vezes eu trabalhei com você?

— Tsk, guh!

Um tiro ecoou ao mesmo tempo em que o chute de Kimberly atingiu o flanco de Vanessa. O tiro veio de Vanessa. Ela fingiu desviar sua atenção de Emily enquanto atirava em Kimberly; então ela tentou usar sua última granada de atordoamento.

Porém, Kimberly parecia ter previsto isso, pois repeliu a arma de Vanessa com a arma apontada para ela e, ao mesmo tempo, deu um forte chute no flanco dela.

Vanessa caiu de joelhos devido à dor intensa, e uma mancha vermelha escapou de seu flanco. Ao seu lado, clonk!, uma pequena granada de atordoamento com o pino ainda preso rolou. Vanessa estava encharcada de suor, mas, mesmo assim, ela tentou apontar o cano da arma para Kimberly, mas seu braço foi chutado mais uma vez e ela soltou a arma.

E então, o cano da arma de Kimberly foi empurrada com força na testa de Vanessa, como se para mostrar que esse era um xeque-mate.

— Não tenho descuido nem aberturas. Esse é o meu respeito por você.

— …

Kimberly olhou para Vanessa com um olhar que não continha mais emoção. Emily estava sendo presa por trás, enquanto levantava a voz de forma desesperada para detê-lo, mas Kimberly nem sequer olhou para ela. Seu olhar inabalável que a informava do fim encarou os longos olhos de Vanessa, que não refletiam desespero e que também o encaravam.

Em um momento, Kimberly estreitou os olhos em desagrado, e seu dedo no gatilho se apertou. Não havia mais margem entre puxar ou não o gatilho. Com um estalo, o som do mecanismo interno ressoou.

— Pareeee! Vanessa! Fuja!

O grito de Emily reverberou. “Aconteça o que acontecer”, a mulher que dissera isso para ela e a protegeu assim como aquelas palavras implicavam, teria sua cabeça explodida diante de seus olhos. Mesmo que ela já tivesse perdido muitas pessoas importantes, o destino ainda iria expor outra tragédia diante de seus olhos. O coração de Emily se partiu.

— Até mais, Vanessa.

— Vá para o inferno, feioso.

Um traidor e uma cavaleira, eles trocaram suas últimas palavras.

“Alguém, qualquer um. Pode ser qualquer um. Ela não tem expressão, é franca, mas essa mulher bondosa e sincera, por favor, salve-a. Assim como essa pessoa me salvou, por favor, salve-a!”

Emily gritou. Ela desejou a salvação, que seu desejo atingisse um milagre, que certamente deveria existir em algum lugar deste mundo:

— Alguém, ajudeeeeeeeeeeeee!!

— Aaa, céus. Vamos lá, não diga algo assim!

No mesmo instante, um único tiro ecoou. Foi a pequena personificação da morte que apagava a vida do ser humano com facilidade, no entanto, o quarto não estava pintado de vermelho.

Restos de lascas de madeira caíram do teto.

— Hã?

— Hã?

— O que-que foi…

Vanessa soltou uma voz estúpida que era diferente da beleza inteligente que ela representava, Kimberly levantou uma voz atônita que era incapaz de entender a situação, e Emily fez uma pergunta de modo inconsciente. O homem que estava segurando Emily e os outros também, eles ficaram estupefatos com os olhos transformados em pontos pela estranheza que de repente aconteceu dentro desta sala.

— Haah, eu consegui. Mas, um homem, ou melhor, um humano que não reage nessa situação, ele simplesmente não presta, hein.

— Un, vo-você. Mas de onde foi que você saiu!?

Kimberly deu um passo para trás. Mas ele não podia recuar mais do que isso. A razão era que, enquanto todos naquela sala estavam concentrando sua atenção, ele, Kosuke, apareceu de repente e agarrou o braço que estava segurando a arma e a moveu para apontar para o teto.

“Mas de onde foi que você saiu!?”, aquelas palavras que expressavam a agitação de Kimberly fizeram Kosuke sorrir sem graça.

— De onde você pergunta? Este local é meu quarto. Eu estava aqui desde o começo. Você pode me poupar de usar o quarto de outra pessoa para uma cena de Hollywood a seu bel prazer?

— Chih, então você se escondeu em algum lugar…

Kimberly tentou se livrar da mão de Kosuke, mas mesmo tendo a aparência de um garoto japonês que ainda não era um jovem adulto, o braço treinado do homem parecia estar sendo apertado com força por um torno que ele não conseguia mover nem um pouco.

Os outros homens que voltaram a si com um — Hah! — apontaram as armas para Kosuke em pânico, mas naquele momento, o jovem se moveu para trás de Kimberly e o transformou em um escudo. Com isso, os homens hesitaram em puxar o gatilho.

Usando essa abertura, Kosuke torceu o pulso de Kimberly e colocou a mão do homem nas costas. Kimberly fez uma careta da dor enquanto levantava a voz para perguntar a identidade desse intruso:

— Você, quem é você!? Seu movimento agora… você não é civil, hã!?

— Não, não, eu sou um aluno normal que você pode encontrar em qualquer lugar…

Kosuke tomou Kimberly como refém por enquanto, enquanto seu olhar pedia que Vanessa pegasse Emily e escapasse depressa.

No entanto, a Vanessa em questão, logo após receber o olhar do rapaz, seu rosto inexpressivo se desfez por algum motivo para ser substituído por alívio. E então, ela cortou as palavras de Kosuke e disse o seguinte:

— Fuh. Parece que você chegou a tempo, não é, Sr. K?

Sua maneira de falar era como se soubesse desde o início que o apoio chegaria. Ela não tinha mencionado, agora mesmo, ela não disse algo como ainda não ter ficado sem cartas, no entanto, não havia como ela estar se referindo a Kosuke. O rapaz estando no local foi uma coincidência, não deveria haver como ela reconhecer a existência de Kosuke, em vários sentidos.

Por alguma razão, houve essa coincidência desagradável em que ela o chamou apenas com a inicial de seu nome, mesmo que fosse a correta…

— Eh? Não, não, você está absolutamente enganada…

— O quê!? Você falou Sr. K!? Você é aquela pessoa!?

As palavras de Kosuke foram cortadas mais uma vez por Kimberly, que ficou chocado e surpreso por algum motivo.

— Espere um segundo! Vocês estão completamente enganados! Na verdade, meu nome começa com K, mas…

— Assim como imaginei, você é mesmo o Sr. K!? Não é de admirar que eu tenha sido pego de surpresa. Essa forma de apagar sua presença, nunca vi algo assim antes. Merda, Vanessa. Detectei que você estava entrando em contato com alguém enquanto estava fugindo esta tarde, mas quem imaginaria que você estava trazendo esse homem como apoio?

Um mal-entendido imparável. As palavras de Kosuke foram tratadas como vento passageiro, semelhante à sua presença fina. Dentro de seu coração, ele disse: “Mas afinal, quem é esse Sr. K!?”, gritando com a situação que estava lhe mostrando esse desenvolvimento inesperado.

— O assassino de aluguel freelancer que não mostra seu rosto, não importa o que aconteça. Ele aceitará um trabalho de qualquer um, dependendo da recompensa. Honestamente, hesitei até o fim se solicitaria ou não assistência de alguém que foi incluído na lista negra do departamento de segurança. Mas, para proteger a Doutora Grant, isso foi inevitável. Embora eu nunca tenha imaginado que o Sr. K fosse japonês e ele era alguém tão jovem, isso me chocou.

Kosuke pensou. “Obrigado pela explicação.”

Parecia que o Sr. K era um assassino de elite que foi colocado na lista negra do governo.

Para Vanessa, que não abandonaria Emily, não importava o que acontecesse, essa era uma situação muito difícil, em que ela confiaria nessa opção, embora isso a ferisse. Provavelmente ela estava pensando que essa pessoa que mataria qualquer um dependendo da recompensa, alguém que não trairia seu cliente e cumpriria a missão sem falhas, seria alguém mais fácil de solicitar do que outros personagens que foram colocados na lista negra.

— Ei, observe já a inconsistência dentro de suas próprias palavras. Você disse que esse Sr. K não mostraria sua figura, mas aqui está ele se mostrando, não é verdade? Um japonês tão jovem, esse tipo de jovem japonês, eu não sei de que organização ele veio, mas não há como ele ser um assassino de aluguel que foi colocado na lista negra…

— Eu-eu me lembro! Ele, no café em que Vanessa bateu hoje à tarde, ele é a pessoa que pegou sanduíches e uma bebida no ar!

— Esta tarde, você diz? Merda, então até a rota de fuga foi prevista, e você estava nos observando! Estávamos planejando conduzir a perseguição, mas, na verdade, fomos nós os perseguidos, hein.

O mal-entendido estava escalando. Emily-chan, que interrupção excelente em um momento inacreditável. Kimberly rangeu os dentes e as bochechas de Kosuke estavam se contorcendo.

— Com licença, eu imploro, por favor, ouçam minha história…

— Kimberly. Pedi ao Sr. K que assassinasse os agressores que apareceram enquanto protegia a Doutora Grant. Você entende qual o significado disso, não entende? Embora ele seja um jovem assassino que ganhou destaque nesses dois, três anos, já está provado que sua habilidade é real. Diante dessa pessoa cruel e sem coração, não posso recomendar que você faça algo precipitado.

Kosuke era um jovem assassino cruel e sem coração… algo brilhante estava começando a se acumular no canto dos olhos do rapaz. A mão que segurava Kimberly tremia como se expressasse o interior de seu coração.

Vendo isso, os homens armados falaram: — Kuh, isso é ruim. Aquele cara, ele está segurando sua vontade de matar de forma desesperada! —, entre outras coisas, eles estavam com expressões que estremeciam de medo e sussurraram um para o outro. Kimberly também, o tremor que ele sentia estava começando a deixá-lo nervoso enquanto dizia: — Kuh, que cara mais insano.

— Vanessa. O que há de diferente entre você e eu? Você é louca, usando esse tipo de abominação em prol do seu objetivo. No final, você fará qualquer coisa, desde que te ajude em seu objetivo, não é?

— Espere aí, me chamar de abominação é rude…

— Sim, talvez seja isso mesmo. Mas pretendo discernir pelo menos a linha que não deve ser cruzada. Se ele é realmente uma abominação no verdadeiro significado da palavra, e ele dirigir essa intenção assassina a Doutora Grant ou a pessoas que não estão relacionadas ao caso, então apostarei minha vida para detê-lo.

— Ouça aqui, vocês poderiam parar de me chamar de abominação como se fosse algo natural, uma abominação é um pouco…

— Não compare Vanessa a alguém como você! Afinal, você é apenas um canalha miserável cujos olhos estão cegos pelo dinheiro! Até aquele assassino diabólico-san ainda é melhor que você!

— Ei, você, eu vou chorar aqui. Você acha que se você adicionar “san” não haverá problema em chamar outras pessoas de assassinos diabóli-…

— Hmph, essas são as palavras de uma criança que não conhece o valor do dinheiro. Mas você se esqueceu? Quem criou o remédio demoníaco não é outra senão você, senhorita. Se você está falando sobre abominações, então é você mesma quem…

Ignorando por completo uma certa pessoa em um certo lugar. As palavras de Kimberly se tornaram uma lâmina invisível que feriu Emily. A expressão da garota se distorceu em dor e culpa e sua mão inconscientemente agarrou seu peito… mas, naquele momento, de repente as palavras do homem pararam e em troca um grito de: — Aiiii! — surgiu.

Finalmente, todos notaram com aquele grito, a figura de Kosuke atrás de Kimberly com os olhos lacrimejantes enquanto sua mão carregava um objeto brilhante que o garoto estava segurando antes que alguém pudesse perceber.

— Não sei das circunstâncias de todos vocês. Eu sou um estranho. Por isso, eu estava pensando em deixar essas duas escaparem sem prejudicar os dois lados, mas por algum motivo, eu fui deixado para trás? Não, não é como se eu estivesse incomodado. Estou acostumado com isso. Não estou nem um pouco incomodado. Estou muito bem. Mas, como acho que a comunicação é importante, digo que ignorar alguém não é bom, não, não é.

— Sr-Sr. K?

— Nn, acalme-se, Sr. K. Não estávamos tentando ofendê-lo…

De alguma forma, sentindo a atmosfera que parecia perigosa, Vanessa falou com palavras vacilantes enquanto Kimberly falava com suor frio escorrendo por seu corpo. O olhar desses dois estava voltado na mesma direção que Emily e os homens armados. Toda a atenção deles foi direcionada para a coisa que estava sendo carregada por Kosuke enquanto ele tremia o tempo todo, como se quisesse mostrar a emoção dentro de seu coração.

Em meio ao nervosismo, os lábios do jovem, que enfim obteve a atenção de todos, explodiram em um sorriso parecendo um pouco feliz. Vendo isso, Kimberly e os outros mostraram uma leve expressão de alívio…

— Assim sendo, coma isso! A arma letal insana que produz cinzas de fogo… Assalto de Cinzeiro!

— O que você quer dizer com “assim sendo”, espe-espere um… goheeh!?

O objeto cintilante, o cinzeiro de vidro excessivamente pesado que por algum motivo foi colocado dentro da sala, mesmo que este fosse um hotel velho e acabado, foi balançado por Kosuke, cuja expressão ainda sorria amplamente, contra a cabeça de Kimberly.

Gochin! Um som doloroso ecoou, ao mesmo tempo em que estrelas flutuavam diante dos olhos de Kimberly. Assim, o homem caiu com força no chão de forma impotente. Vendo como o branco de seus olhos estava exposto, parecia que a amada arma letal de todos na terça-feira1 havia cumprido seu papel de forma apropriada.

Os olhares dos homens armados foram atraídos para Kimberly, logo depois disso, eles apontaram suas armas com a intenção de transformar o intruso, que havia perdido seu escudo, em queijo suíço.

Mas, um pequeno objeto dançava levemente na altura de seus olhares.

— Vocês duas, estamos fugindo agora!

No momento em que Kosuke gritou isso, o objeto explodiu no ar com um clarão. Um clarão intenso que queimava a retina invadiu o interior do quarto. Sim, esse era o brilho da granada de atordoamento. A coisa que Kosuke pegou de forma despreocupada e que foi jogada ao mesmo tempo em que o rapaz dava um golpe em Kimberly.

Os homens armados gritaram: — De novo não. —, enquanto cobriam os olhos. Durante esse tempo, um som doloroso e — Buberah! —, um pequeno grito tornou-se audível mais uma vez. A arma letal de Kosuke fez os homens que estavam perto de Emily saírem voando.

— Sr. K! Pegue a Doutora Grant!

— Sim, sim, eu sei. Além disso, não me chame de Sr. K.

— Fuwah, que-quem!? Sr. K!?

— …

Enquanto a luz tomava o interior da sala, parecia que Emily estava vacilando por ter sua visão roubada por seus olhos serem atingidos pela granada de atordoamento que foi lançada sem qualquer aviso prévio. Ela encolheu seu corpo o máximo possível, agachando-se com as duas mãos segurando a cabeça. De alguma forma, era uma postura defensiva que faria qualquer um que olhasse para ela sentir uma pitada de charme.

Kosuke amaldiçoou enquanto a carregava no ombro. A verdade é que ele gritou planejando que as duas protegessem os olhos do clarão, como haviam feito na primeira vez, usando essa abertura, ele rapidamente ocultaria o paradeiro delas, mas parecia que seu plano não podia prosseguir tão bem.

Vanessa também teve sua visão roubada, mas parecia que ela havia memorizado a posição de todas as pessoas dentro da sala e as distâncias com precisão, usando o número de seus passos como referência. Que ela era capaz de se mover mesmo tendo a visão roubada era algo de se esperar.

Os homens armados, mesmo sendo incapazes de ver, no mesmo instante apontaram suas armas na direção da voz, mas não teria sentido se não capturassem Emily viva. Assim, eles só podiam se mover confusos sem puxarem os gatilhos. Vendo como eles foram incapazes de perseguir as duas para esta sala do andar superior como Kimberly, e como suas visões foram obstruídas com facilidade pela segunda vez, parecia que eles não estavam no nível em que poderiam se apresentar como agentes.

— Vá para fora. Há um carro na rua a uma quadra daqui.

— Entendido. Ou melhor, você pode correr muito bem, hein? Você ainda não consegue ver?

— Com-com licença, Sr-Sr. K. Você pode, parar seu ombro, de bater no meu estômagoooo!? Meu estômago está… heguh!

— Vejo um pouco e compreendi o número aproximado de passos. Por favor, me guie no caso de eu cometer um erro.

— Entendido.

— Por-por-por isso, meu estômago está… heguuu. Antes, eu não consegui, ir ao banheiroooo. Estou em uma situação ruim aquiiii.

Parecia que o estômago de Emily estava em apuros, mas no caso de encontrarem o inimigo, Vanessa, que não estava carregando uma arma, não podia ser considerada uma força de batalha nem Kosuke queria isso, então havia uma necessidade de ele manter uma de suas mãos vazias. E assim, ele não podia carregar Emily nas costas onde ela poderia escorregar a qualquer momento ou carregá-la em seus braços, o que ocuparia ambas as mãos.

Foi por isso que, apesar de Emily, que foi atacada quando estava prestes a ir ao banheiro, agora estar com a bexiga estourando, não havia como o rapaz ouvir o pedido dela. De jeito nenhum era porque suas palavras foram ignoradas ou Emily mencionou o assunto dele no café esta tarde com uma sincronia milagrosa, ele não estava fazendo isso por uma vingança mesquinha. Se ele disse que não estava, então não estava.

— Muh, como pensei, há mais alguns. Coma isso, morte certeira, o imprevisível ataque de terça-feiraaaa!

Enquanto Emily-chan estava no meio de uma batalha desesperada que dizia respeito à proteção de sua dignidade, Kosuke jogou a arma letal Terça-feira (cinzeiro) em direção ao homem armado que apareceu da porta que dava para a escada. Terça-fe-… o cinzeiro que subiu exibindo uma rotação esplêndida como um bumerangue, realizou um golpe certeiro no nariz do homem que acabara de espreitar com seu rosto.

Docha! O cinzeiro caiu ao lado do homem que estava desmoronando com uma pilha com sangue jorrando do nariz. O cinzeiro já estava tingido de vermelho por absorver o sangue de várias pessoas. Era preocupante ao ponto de fazê-los se perguntarem se isso faria com que o item se tornasse uma katana amaldiçoada ou melhor, um cinzeiro amaldiçoado.

De forma despreocupada, Vanessa pisou na virilha do homem caído e se aproximou da escada. Por um instante, Kosuke pensou em dar um aviso para a mulher cuja visão estava diminuindo, mas Vanessa estava descendo as escadas com uma leveza que o fez duvidar se ela era mesmo incapaz de ver.

— Sr-Sr. K? Eu já entendi. Mas, estou te implorando, por favor, deixe-me fazer…

— Eu não sou o Sr. K.

— Nã-não! A escada não é boa, estou te dizendoooo! Eu te imploro… younyaaAAAAAAAAA!

Kosuke desceu correndo as escadas pulando degraus. Esse movimento foi realmente ágil, perseguindo Vanessa por trás de forma galante, como se ele estivesse fazendo passos de dança. Deve-se lembrar que ele estava correndo assim apenas para acompanhar o ritmo de Vanessa, ele não tinha segundas intenções, nem um pouco.

Mesmo que ouvir a voz triste de Emily-chan como: — Pareeeee! —, ou: — Me-me perdoeeeeeee! —, ou: — Meu estômago, pare de bater aíííííííí! —, ou: — Está vindoooo, está vindooooooo! —, ou: — Sr. K, eu vou te matar por istooooooo! —, ou: — Ah, isso foi mentira, não falei sérioooooo! Sinto muitooooooo! —, fizesse com que seu coração palpitasse um pouco, ele não tinha segundas intenções, e isso era tudo!

— Doutora Grant, por favor, abaixe um pouco a voz. Talvez ainda existam inimigos por perto.

— É-é isso o que você está dizendo, neste tipo de situação!?

— Está tudo bem. A situação está assim, então… não há nada para se envergonhar.

— Agora, eu entendo! Eu não tenho nenhum aliado aquiiiiiiiiiiiii!

A voz triste de Emily-chan não tinha fim. Isso era relativo à dignidade de uma garota. Embora agora fosse uma situação de emergência, mas, de certa forma, esse era um momento crítico para a inexperiente Emily.

Como esperado, mesmo para Kosuke, seria insuportável se Emily realmente fizesse isso enquanto ela ainda estava em seu ombro, então ele estava pensando em mudar a postura para carregá-la debaixo do braço o quanto antes. Kosuke era uma pessoa muito normal. Embora Emily fosse uma garota bonita, ele não tinha um fetiche de se sentir feliz se ela estivesse ***-nando nele.

No entanto, independentemente de Kosuke ter um motivo oculto ou não, essa decisão parecia ser um pouco tardia.

— Hmm? Espere um segundo senhorita de jaleco? Você pode me poupar disso? Vou te carregar debaixo do meu braço, tá?

— Im-impossível… se eu me mover… ele sairá.

— Espere, espere, espere, não há mais tremores, certo? Estou descendo a escada de forma suave.

— Impossível… sinto muito, pai, mãe… Emily é… uma filha má.

Emily estava agarrada a Kosuke com firmeza enquanto permanecia imóvel, sem nem se mexer. Vendo do ponto de vista de Kosuke, seus olhos estavam vazios enquanto seus lábios estavam formando um sorriso irônico.

Emily, que repentinamente sussurrou seu arrependimento para seus pais, fez com que o rapaz fizesse uma expressão perturbada que dizia: — Merda, eu exagerei!? — Ele até usou sua habilidade para que nenhuma vibração fosse transmitida a Emily no meio do deslocamento, mas parecia que a garota estava no limite desde o início.

— Dê-dê o seu melhor senhorita de jaleco! Não desista; se você desistir, esse será o fim de sua dignidade!

— … (tremetreme)…

— Você nem consegue mais falar!? Espere, pessoa de terno! Esta garota está mesmo em seu limite! Pare um pouco! Vamos parar naquela esquina…

— Não há tempo para isso. Sr. K. Se você é homem, cale-se e aceite isso como um.

— Você, o que você está dizendo!? Eei, senhorita de jaleco! Vou te colocar no chão agora, então…

— … ah…

— Espere…

Um drama de fuga aconteceu tarde da noite em um hotel acabado.

Kosuke e as outras que escaparam esplendidamente foram perseguidos por Kimberly e seus homens que recuperaram as consciências.

… enquanto eram seguidos pela trilha de água que se destacava por seu cheiro pungente.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Muito bem, este é um questionário sobre o atributo de heroína de antes, você já sabe a resposta correta, não sabe?

A resposta correta é:

Loira com trança lateral + jaleco de laboratório + olhos de gato + urina + defesa de carisma (porém, poder defensivo igual a zero)1.

Algo parecido com isso. O que acham? Foi exatamente como vocês imaginaram?

Ficarei feliz se vocês leitores se divertirem.

Muito bem, um pequeno relatório agora, o terceiro volume foi lançado.

Isso também é graças às pessoas que gentilmente compraram o livro (provavelmente devido ao poder dos leitores de Narou-san).

“A história extra é terrível (risos)”, isso é algo que eu e outras pessoas estamos reconhecendo, mas se vocês leitores puderem se divertir com ela, isso me fará feliz.

Por favor, cuidem de mim daqui em diante também.


Notas

[1] “Terça-feira” aqui é algum tipo de jogo de palavras. Terça-feira em japonês é escrito com o kanji de “fogo”.

[2] O termo “defesa de carisma” surgiu de um jogo de luta Touhou, onde a pose da personagem Remilia é chamada de “guarda de carisma”, onde ela se agacha e coloca as duas mãos na cabeça, ficando totalmente desprotegida.


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