Chrysalis – Capítulo 124

‘Hum. Fazer um túnel ou não? Eis a questão… E mesmo no caso de fazer um túnel, onde eu cavaria?’ 

‘Não é muito razoável esperar que uma cidade maior tenha sido construída no limite de alguma fronteira selvagem infestada de monstros, posso ver isso agora, mas eu realmente esperava que houvesse mais monstros aqui para nós comermos.’ 

‘Além daquelas coisas peludas e magras, os únicos monstros que encontramos são criaturas bastante próximas aos animais normais das florestas na Terra. Um ocasional javali que é um pouco maior, alguns cervos com chifres brilhantes, alguns pássaros de tamanho decente.’ 

‘O suficiente para conseguir um pouco de comida, mas completamente insuficiente para abastecer o XP e a Biomassa que é preciso para energizar a colônia.’ 

‘Há apenas um lugar para obter o que precisamos e, por acaso, é o lugar de onde acabamos de escapar.’ 

‘Maldição!’ 

‘Vou ter que cavar até a Masmorra de novo!’ 

‘O problema agora é: onde? Com certeza não vou cavar direto de dentro do novo formigueiro, isso seria completamente estúpido! Talvez eu pudesse simplesmente criar um novo túnel a algumas centenas de metros de distância, onde Tiny e eu poderíamos usar para caçar, talvez conduzindo algumas operárias para lá em grupos de caça.’ 

‘A outra opção é voltar para o túnel existente que se abre dentro da igreja. Talvez alguns monstros já estejam saindo de lá, invadindo a superfície. Para o seu próprio bem, espero que o padre não tente dar a esses monstros sua ‘bênção’ como ele fez comigo, acho que ele não iria escapar com apenas a perda de um braço!’ 

‘Só de pensar na cidade humana causa uma leve pontada no meu peito. Ainda não sei o que pensar sobre os humanos deste mundo ou como deveria me relacionar com eles. Parte do que mais me incomoda é como os considero menos do que antes. Talvez aceitar a colônia como minha nova família me aproximou de aceitar minha vida monstruosa. Quer dizer, a experiência agora me mostrou que não tenho esperança de voltar a fazer parte da sociedade humana, então talvez meus sentimentos estejam se distanciando mais deles com o passar do tempo.’ 

‘Ainda assim, espero que abrindo um túnel no meio da cidade não tenhamos causado inadvertidamente a morte de centenas de pessoas inocentes.’ 

‘Talvez eu tenha que voltar lá em breve para ver como as coisas estão indo.’ 

Nesse meio tempo, Tiny e eu continuamos nossa primeira varredura por aquela floresta. Não fomos muito longe do ninho, apenas para poder voltar mais rápido para o caso de algo inesperado, mas até aquele momento a caça tinha sido bastante fraca. A floresta em si era adorável, antiga e exuberante, cheia de sons que se esperaria ouvir em uma floresta velha. 

Havia uma vibração pacífica ali que eu gostei bastante! O lugar era muito silencioso comparado à Masmorra, especialmente depois que a onda explodiu. 

‘Calma aí. Estou recebendo uma leitura de calor perto daquela árvore!’ 

Sinalizando para Tiny com minhas antenas, aponto para a árvore. Este é o novo sistema em que estou trabalhando com meu companheiro macaco, alguns sinais não-verbais rápidos que posso fazer apenas com minhas antenas. 

É simples o suficiente para que até o grande macaco consiga entender. 

Seus olhos brilham com a perspectiva de uma presa e ele rapidamente começa a procurá-la na direção que indiquei. Uma carranca quase imediatamente enruga seu rosto quando ele falha em notar qualquer coisa e olha de volta para mim com sua expressão de morcego decepcionado. 

‘Não me olhe assim carinha, também não consigo ver nada ainda!’ 

A árvore à nossa frente é claramente velha. Raízes grossas e retorcidas enrolam-se na base da árvore e retorcem-se para o solo abaixo. O tronco grosso não é liso, mas sim coberto de tufos de musgo, pendurados em seus galhos. 

‘Isto é estranho…’ 

‘Posso detectar claramente que há uma fonte de calor apenas alguns metros à minha frente, mas tudo que consigo ver é uma árvore!’ 

‘Isso é realmente curioso! Tá bom, meu interesse já está no ápice! Por que esta árvore está transmitindo vibrações de uma criatura? Quer dizer, eu sei que as árvores estão vivas, mas elas não deveriam estar vivas assim, certo?’ 

Eu gradualmente me aproximo da árvore, com meus olhos fixos neste estranho mistério. 

Tiny fica entediado e senta de costas, estudando o pelo pendurado em seu braço. 

‘Droga, Tiny! Onde está o seu senso de admiração?!’ 

Por fim, cheguei perto o suficiente da árvore para que minhas antenas a tocassem diretamente. 

‘Posso detectar claramente o calor aqui, algo que nenhuma outra árvore mostrou na floresta, o que há com essa árvore em particular?!’ 

Naquele momento, enquanto minhas antenas batem de leve na casca da árvore, algo estranho acontece. 

A árvore ri. 

… 

‘Uh…’ 

*Tippety tappety tap* 

*Risadinhas* 

….. 

*tippetytappetytippetytappetytippetytappetytippetytappetytippetytappety* 

Enquanto minhas antenas batem loucamente no tronco da árvore, um pedaço de madeira começa a se contorcer de tanto rir e se desprende do resto da árvore antes de cair no chão! 

Diante dos meus olhos, um estranho humanoide amadeirado está rolando na terra, com dedos finos como raízes na ponta de braços musgosos e retorcidos presos a um corpo fino como um galho. 

Quando a… coisa percebe que não estou mais fazendo cócegas com minhas antenas, de repente para de se mover e eu noto dois olhos verdes profundos olhando para mim, do que agora posso dizer que é um rosto de casca de árvore nodosa. 

… 

*tippetytappetytippetytappetytippetytappetytippetytappetytippetytappety* 

Quando eu retomo as batidinhas com a minha antena, a criatura imediatamente recomeça a rir enquanto rola no chão como uma criança pequena. 

‘Mas. Que. Merda. É. Essa?’ 

Ao meu lado, Tiny se aproxima e fica olhando para a criatura com seus olhos redondos de morcego. Posso dizer exatamente o que ele está pensando. 

‘Podemos comer isso?’ 

‘Quer saber Tiny, eu não tenho a mínima ideia…’