A natureza e a origem dos Krath têm sido uma questão de debate há muitos anos nos círculos acadêmicos, mas não é algo que convide um estudioso a se aprofundar muito.
Secretas ao ponto da obsessão e mais elusivas do que a palavra dos próprios Antigos, as tribos de lesmas do quinto são difíceis de estudar. Não que não haja entusiasmo entre os círculos acadêmicos para aprender mais sobre elas, nem mesmo uma escassez de força motriz entre as várias autoridades do quarto. A cada onda, os Krath atormentam os túneis inferiores e enviam seus servos para cima para espalhar veneno e sujeira. O conhecimento de seus métodos e técnicas beneficiaria muito a todos nós, mas ninguém está disposto a tentar.
Não mais.
Os Krath, vivendo no quinto, são quase impossíveis de alcançar como estão, mas expedições foram feitas para tentar proteger essa informação antes. Todas elas falharam. Não apenas falharam, mas foram transformadas em exemplo. Por mais bárbaros e cruéis que sejam, os Krath parecem ter um lugar especial em seus corações distorcidos para aqueles que tentam aprender seus segredos.
As expedições foram devolvidas ao quarto, distorcidas e mutiladas além do reconhecimento. Às vezes, apenas pedaços eram recuperados, deixados a céu aberto para outros coletarem. Famosamente, um grupo do Império de Pedra foi recuperado, mentes quase completamente perdidas pelos horrores que haviam suportado. Os membros seguravam diários em suas mãos trêmulas, registros que os Krath os forçaram a manter detalhando sua própria tortura.
Como resultado, não buscamos aprender os segredos do Krath.
Não mais.
– Trecho de ‘The Fifth and Beyond’, do acadêmico Ralis.
“Ah, não, eles me pegaram.”
Os tentáculos presos a mim se contorciam de alegria enquanto tentavam me puxar com força para dentro do rio de muco.
Ênfase em “tentavam”.
‘Eu sou a criatura mais forte por aí, fisicamente? Não, claro que não. Eu não sou o mais forte fisicamente nem no meu próprio grupo de animais de estimação. Eu vou me deixar ser jogado em um rio por alguma lesma do quinto estrato? Absolutamente não!’
Eu cravei minhas garras no chão, cerrei minhas mandíbulas e segurei firme.
‘Acha que consegue me fazer mergulhar minha cabeça em um rio de ranho?! Você é louco! Isso não vai acontecer!’
‘Ah, eles com certeza estão me atingindo com um monte de mana tóxico, no entanto. Caramba.’
Em todo lugar que os membros viscosos me tocavam, estava inundando meu corpo com essa coisa horrível, tanto que minhas construções mentais estavam lutando para quebrar tudo antes que pudesse começar a se replicar.
Ainda assim, não estava em perigo real. A qualquer momento, essa situação vai mudar.
A qualquer segundo.
[T̸̜͉̍̀͝I̵̼̐͒̚R̶͈͂̃E̶̤̙͓͛ ̸̲̪̫̄̎S̸̥̼͠Ū̶̼̄̿Ạ̷̾S̶̡̢̆́ ̵͍͉̯͐͒͋G̸̱̑͝A̴͓͆̈R̸̗̙̈̅̂R̶̳̫̗̆͐̅A̴̤͚̖͌Ş̶̳͎͡ ̵̞͛͋̈Ś̸̫̗̺̊̋U̵̗̟̒̂J̸̩́̅Ẩ̶̘̺̭̅S̵͚̄ ̴̺͇̖̊̓͡Ḋ̴̘͇̅Ǒ̷͙ ̷̻̭̽M̷̹̜̾͑͝E̴͇̻̓̀̓Ů̵͚͎ ̸̘̀̒͘M̷̖̫̙̾͌̅E̶͖̽S̵̨̨͘T̷͚̲̟̀́R̶̤̺̓͝Ẹ̶̗̆́͠!] Crinis gritou.
Em um instante, o túnel ao meu redor foi mergulhado em escuridão perfeita. Não conseguia ver nada, mas certamente conseguia sentir a mana da minha leal amiga. Conforme a luz era afugentada, ela emergia de todos os lados, agarrando-se ao monstro que me pegou e devorando tudo o que podia alcançar.
[Ei, Crinis! Não coma essa coisa, o veneno vai entrar em você!]
[SAIA DAQUI LIXO! TENHO QUE TE DESTRUIR POR ESSE INSULTO!]
Ignorando meu aviso, ela mergulhou seus próprios membros no rio, mil deles, procurando e se contorcendo na lama espessa, em busca de seu alvo.
Só podia suspirar. Ela estava tão dedicada como sempre, mas falando sério… ela precisava cuidar um pouco mais da própria saúde.
[Invidia, você pode se certificar de desintoxicar Crinis o máximo possível? Ela está meio boba agora.]
[Ssssim, eu devo fazer isso.]
Houve uma luta violenta na água, uma luta vigorosa, e então… Crinis usou sua arma mais mortal.
Quando ela encontrou a criatura, ela mirou em sua cabeça e enfiou seu Cílios Caçadores de Alma com um grito de triunfo selvagem. Um momento depois, a própria besta emergiu do rio, uivando em desespero e se debatendo descontroladamente enquanto tentava lutar contra o monstro das trevas que a atacava.
Senti um pouco de pena da coisa neste momento, mas era tarde demais agora. Pelo menos consegui dar uma boa olhada no meu suposto atacante.
Este monstro claramente vinha de uma árvore evolutiva diferente da maioria dos que lutei até agora no quinto. Não parecia nem um pouco com uma lesma ou caracol, mas sim com uma espécie de estrela do mar mucosa, exceto com muito mais do que cinco pontas. Crinis enfiou seus tentáculos bem no centro da besta, atormentando-a enquanto o monstro se debatia, atirando gosma por todo o lugar.
[Crinis! Acabe com isso ou deixe-o ir, mas não deixe que ele entre na zona de segurança! Vai bagunçar a formação.]
Ou ela me ouviu, ou decidiu que já estava na hora de acabar, e Crinis liberou sua fúria reprimida sobre sua presa indefesa, aniquilando-a em instantes.
[Eu… eu sinto muito por isso, Mestre. Parece que deixei minhas emoções tomarem conta de mim.]
‘Oi. É muito cedo para você fazer esse pedido de desculpas e fazê-lo soar sincero! Você claramente gostou disso! Mesmo que as toxinas estejam te comendo por dentro, você ainda gostou! Eu posso dizer!’
[Vamos te levar de volta para a zona segura,] eu disse a ela. [Você precisa ser purificada antes que algo ruim aconteça.]
E claro, como se eu tivesse falado sobre algo ruim acontecer, algo ruim aconteceu imediatamente.
Mais membros pegajosos irromperam do rio, buscando e se contorcendo em minha direção. Avisado por minhas antenas, pulei para trás.
‘Posso ter me deixado ser pego na primeira vez, mas isso parece um pouco mais sério.’
Segundos depois, o lodo espesso do rio surgiu quando uma dúzia das mesmas estrelas-do-mar assustadoras emergiram, com bocas em formato de anel rangendo na parte inferior de sua massa central.
Ainda mais alarmante, o primeiro monstro, que Crinis tinha… separado em componentes de tamanho divertido… começou a se recompor, as peças ondulando juntas e se fundindo em uma pilha de gosma coagulada.
‘Isso… isso parece um pouco coordenado demais para ser um ataque aleatório de masmorra, certo?’
…