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Circle of Inevitability – Capítulo 124

Método de Autoproteção

Conforme planejado, Lumian circulou pelas proximidades da Cafeteria de Mason, no Quartier du Jardin Botanique, antes de retornar ao Auberge du Coq Doré, na Rue Anarchie. Ele foi direto para o terceiro andar e chegou ao quarto 310, onde residia o lunático.

Bang! Bang! Bang! Ele bateu na porta.

— Estou morrendo! Estou morrendo! — O lamento lá dentro ficou frenético.

— Eu também estou morrendo! — Lumian imitou-o, com o rosto inexpressivo.

Assustado com sua resposta, o lunático ficou em silêncio e não respondeu.

Lumian não bateu novamente. Pegou um pequeno fio que carregava consigo, inseriu-o no buraco da fechadura e mexeu.

Com um clique, a porta de madeira marrom e suja se abriu.

Lá dentro, Lumian encontrou o lunático, vestido com camisa de linho e calça amarela, ajoelhado com a espessa barba e cabelos pretos quase cobrindo os olhos.

Lumian entrou e fechou a porta casualmente. Ele se agachou diante do lunático e baixou a voz.

— Eu também encontrei o fantasma de Montsouris.

O lunático tremeu visivelmente, seus olhos azuis cheios de medo mostravam um leve brilho de lucidez.

Depois de alguns segundos, ele recuperou o fôlego e perguntou com voz profunda: — Tem certeza de que era o fantasma de Montsouris?

“Ele está naquele estado de lucidez intermitente que Charlie mencionou?” Lumian sorriu e respondeu: — Não sei. É por isso que estou pedindo que você confirme.

— Como era o fantasma de Montsouris que você viu?

Com um arrepio, o lunático descreveu: — Uma sombra negra, como um velho solitário. Suas costas eram ligeiramente curvadas e se movia muito lentamente.

— Depois que o vi, ele desapareceu na escuridão. Não percebi que era o fantasma de Montsouris até que meus pais, minha esposa e meus filhos começaram a morrer um após o outro…

“É estranhamente semelhante à minha experiência…” Lumian franziu a testa, suspeitando que realmente havia encontrado o fantasma Montsouris.

Ele contemplou por um momento.

— Como sua família morreu? Você foi atacado?

O lunático balançou a cabeça apressadamente.

— Eu… muitas vezes senti algo me observando das sombras. Mas não encontrei mais nada. Caso contrário, não teria chegado tão longe.

— Meu filho ficou gravemente doente e morreu no hospital. Tínhamos acabado de purificá-lo e enterrá-lo nas catacumbas quando minha esposa… minha esposa, se enforcou… se enforcou em nosso quarto.

— Foi então que me lembrei da lenda do fantasma de Montsouris. Levei meus pais à catedral e pedi ao padre que nos protegesse.

— A Igreja levou isso muito a sério e designou três clérigos para ficarem em minha casa. Nada aconteceu durante esse período. Pensei que o pesadelo tivesse acabado.

— Mas depois do Ano Novo, os clérigos foram embora. Logo depois, meu pai estrangulou minha mãe e acabou com a própria vida com uma faca de mesa. Não consigo me lembrar de muita coisa depois disso. Às vezes, acordo e percebo que em algum momento me mudei para cá…

Os olhos azuis do lunático revelavam uma angústia desmascarada. Lumian parecia uma mola bem comprimida, pronto para sair a qualquer momento.

— Disseram que o fantasma de Montsouris mataria qualquer um que o encontrasse naquela época. Mas isso durou até o Ano Novo. — Lumian notou profundamente que o relato do lunático diferia da lenda.

O lunático balançou a cabeça.

— Não sei por que isso aconteceu. Achei que o pesadelo havia acabado. Caso contrário, os três clérigos não teriam partido…

“Uma maldição sem limite de tempo até que todos os alvos estejam mortos?” Lumian formulou uma nova hipótese sobre a lenda do fantasma de Montsouris.

Ele se levantou e disse ao lunático: — Posso ter encontrado o fantasma de Montsouris também. Vamos ver qual de nós dura mais. Se eu descobrir como quebrar essa maldição, você pode me pagar para ajudá-lo.

— Um caminho, uma solução… — Os cantos da boca do lunático se contraíram enquanto ele repetia as palavras de Lumian, preso entre lágrimas e risadas.

Ele ergueu as mãos e agarrou o cabelo.

— Estou morrendo, estou morrendo!

Lumian pretendia perguntar o nome do lunático, algo para inscrever quando ele fosse sepultado no cemitério ou nas catacumbas, mas balançou a cabeça, abriu a porta e saiu do quarto 310.

De volta ao quarto 207, Lumian sentou-se na cama, pensando em como quebrar a maldição trazida pelo fantasma de Montsouris.

Embora teoricamente a maldição possa não entrar em vigor até o final do ano, não deixando nenhuma urgência por enquanto, Lumian não podia confiar no aparente atraso do fantasma Montsouris.

Além disso, ele não tinha família imediata, então tinha grandes chances de ser a primeira vítima da maldição. Isso poderia acontecer na segunda metade do ano, na próxima semana ou mesmo esta noite.

“Pensando bem, esse homem ainda pode estar vivo. Se o fantasma Montsouris pudesse me ajudar a matá-lo, eu teria uma dívida de gratidão com ele…” Os pensamentos de Lumian dispararam e de repente riu de si mesmo.

No sonho, ele mentiu para Ryan e os outros, alegando que havia esquecido seu nome original. Ele simplesmente queria evitar mencionar ou lembrar disso.

Quando era jovem, sua família era rica, mas o homem que ele chamava de pai revelou-se um namorador e mais tarde viciado em jogos de azar.

Sua mãe morreu de doença induzida pelo luto e seu avô faliu. Eles viveram juntos nas favelas até a morte de seu avô, alguns anos depois.

Assim, após ser adotado por Aurore, Lumian pediu de bom grado para adotar o sobrenome dela e mudar o seu.

Lumian não sabia se o homem que apenas fornecera material genético estava vivo ou morto. Se estivesse morto, seria uma bênção. Caso contrário, esperava que o fantasma de Montsouris intensificasse seu jogo.

Quanto a si mesmo, Lumian não ousava presumir que o fantasma de Montsouris não lhe faria mal só porque ele abrigava a mácula de um deus maligno e a marca de uma grande existência.

Contanto que não o possuísse, o fantasma poderia fazer qualquer coisa!

De acordo com a Madame Mágica, Lumian estava convencido de que muitos Beyonders e monstros poderiam facilmente matá-lo, mas eles teriam que enfrentar a corrupção que se seguiu como consequência.

“Não tenho certeza se isso é uma maldição ou não… Mas não posso ficar aqui sentado esperando a morte. Eu tenho que agir… Aurore costumava dizer que a melhor habilidade para os fracos ou menores de idade é ‘encontrar seus pais’…” Com isso em mente, os olhos de Lumian brilharam. Ele se levantou e caminhou até a mesa para encontrar uma caneta e papel.

Ele planejava atualizar a Madame Mágica sobre o progresso da missão. Simultaneamente, mencionaria seu encontro com o fantasma de Montsouris, questionando se ele havia sido amaldiçoado e como resolver o problema.

Embora a mulher com o codinome de Mágica não fosse sua mãe, ela era sem dúvida sua superior nas circunstâncias atuais. Era lógico procurar ajuda de seu superior quando estava em apuros!

Lumian ponderou por um momento antes de escrever:

“Estimada Madame Mágica,”

“Segui suas instruções e ganhei a confiança de Osta Trul. Também solicitei uma vaga na reunião de misticismo do Sr. K.”

“Ao retornar das catacumbas, infelizmente encontrei o lendário fantasma de Montsouris. Claro, não posso ter certeza.”

“A lenda específica é assim…”

“Procuro saber se fui amaldiçoado pelo fantasma de Montsouris ou se outra influência está em jogo. Como devo proceder?”

No final, Lumian adicionou intencionalmente o codinome Sete de Paus para lembrar ao destinatário de não ignorar seu status como membro externo de sua enigmática organização.

Lumian deduziu isso do uso que a mulher fez do codinome Mágica das cartas de tarô e de seu Sete de Paus.

Ele suspeitava que a Madame Mágica pudesse pertencer a uma organização clandestina simbolizada por cartas de tarô e dedicada a uma entidade poderosa. Os Arcanos Maiores eram membros oficiais, cada um possuindo habilidades formidáveis. Os Arcanos Menores eram membros periféricos que faziam diversas missões.

Depois de dobrar a carta, Lumian limpou meticulosamente o quarto. Ele esmagou alguns percevejos que vieram da casa ao lado e os jogou na lata de lixo do banheiro.

Após isso, acendeu a vela e conjurou uma barreira espiritual para invocar o mensageiro da Madame Mágica em seu nome.

Em pouco tempo, a chama da vela se transformou em um tom azul profundo.

Desta vez, um mensageiro parecido com uma boneca, da altura de um braço, em um vestido dourado claro, materializou-se sobre as chamas, flutuando ali.

Seus olhos azuis claros e desfocados examinaram os arredores antes de assentir gentilmente.

— Muito melhor do que da última vez.

A voz era sobrenatural e fantasmagórica, longe de ser humana.

— Verdade seja dita, eu também não gosto desses percevejos, — Lumian entrou na conversa.

A boneca mensageira sorriu.

— Certo? Nenhuma criatura aprecia essas pragas!

Lumian sentiu um sentimento compartilhado, como se ambos os lados desprezassem a mesma coisa.

Com isso, a boneca mensageira estendeu a palma da mão branca pálida, desprovida de qualquer textura de pele, e a carta flutuou.

Lumian observou a boneca agarrar a carta e desaparecer como uma bolha estourando.

Ele suspirou de admiração e pensou: “Ter um mensageiro é tão conveniente…”

Após concluir o ritual e arrumar a mesa de madeira, Lumian voltou para a cama aguardando a resposta.

Com o passar do tempo, a noite lá fora se aprofundou. As músicas ecoaram no bar subterrâneo, mas Lumian não recebeu resposta da Madame Mágica.

Isso o fez franzir a testa.

“A Madame Mágica tem outros assuntos para tratar e não tem tempo para ler minha carta?”

“Não posso continuar esperando. Devo planejar outras maneiras de me proteger…”

“Nem Caçador, nem Provocador me concedem o poder de combater maldições — se é de fato uma maldição…”

“Dançarino também não. A menos que eu ore genuinamente a essa entidade oculta após a dança sacrificial. Mas como isso seria diferente do suicídio?”

“Ah, se não posso rezar para esse ser oculto, posso procurar essa grande existência!”

“Eu carrego Seu selo sobre mim. Até obtive Sua permissão quando reivindiquei a benção. Não tenho medo de orar a Ele novamente!”

“Sim, posso rogar-lhe que me ajude a acabar com esta maldição.”

Lumian agiu rapidamente, montando o altar.

Como a Madame Mágica não havia dito especificamente os ingredientes representantes do domínio da grande existência, Lumian acreditava que tudo o que ele empregasse não impactaria o resultado final, desde que não invocasse outras divindades.

Ele arranjou velas laranja feitas de frutas cítricas e lavanda. Duas simbolizavam a divindade e uma representava a si mesmo.

Após completar os preparativos, Lumian recuou e examinou as três velas amareladas. Ele recitou em Hermes: — O Louco que não pertence a esta época, o governante misterioso acima da névoa cinza; o Rei do Amarelo e do Preto que exerce a boa sorte…

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