“Todos os cães ao redor do claustro são tão devotos?” Ele retraiu o olhar enquanto criticava.
Ele rapidamente deixou a floresta para trás.
Sua principal preocupação era traçar uma rota do Castelo do Cisne Vermelho até o Claustro do Coração Sagrado, anotando qualquer terreno vantajoso e esconderijos ao longo do caminho. A aparência real do Claustro do Coração Sagrado ou se ele tinha algum significado especial era de pouca importância para ele.
No meio da tarde, Lumian havia explorado minuciosamente a área ao redor do Castelo do Cisne Vermelho. Ele descobriu várias rotas de fuga em potencial, algumas seguindo a estrada principal, algumas ao longo das ferrovias de carga, outras serpenteando por florestas, passando por lagos ou por colinas. Elas não só estavam bem escondidas, mas também continham armadilhas naturais.
Inicialmente, Lumian havia contemplado se infiltrar no Castelo do Cisne Vermelho em sua forma canina, mas logo percebeu que a segurança era extremamente rígida. Cães vadios não eram tolerados, e intrusos enfrentavam morte certa.
“Infelizmente, o Feitiço de Criação Animal só permite a transformação em animais grandes. O requisito implícito é que a pele deve ser capaz de envolver um humano enrolado. Caso contrário, eu poderia me transformar em um rato. Não acredito que eles poderiam se proteger contra isso!” Ele suspirou e recuou para um local isolado próximo.
Com sua espiritualidade, Lumian manipulou o ar dentro da pele do cão e murmurou duas palavras de Hermes.
— Sua Graça!
Criar um som dessa maneira não foi desafiador para Lumian. O que se mostrou difícil foi que sua espiritualidade era restringida pelo Feitiço de Criação Animal. Ele não podia se estender além de seu corpo ou da pele de cachorro, e era de suprimento limitado. Assim, qualquer som produzido permanecia confinado à pele de cachorro, escondido dos ouvidos dos outros. Além disso, ele podia dissipar o encantamento depois de proferir algumas palavras.
Num movimento rápido e sombrio, a pele amarela-amarronzada do cão se abriu, revelando a forma humana de Lumian.
Ele saiu engatinhando, dobrou cuidadosamente o couro e o guardou contra o peito.
Embora tivesse perdido suas propriedades místicas, Lumian não tinha intenção de descartá-lo. Encontrar uma pele de cachorro tão completa e grande era uma raridade.
“Só me resta uma pele ritualística de cachorro. Preciso conservá-la.” Lumian murmurou esses pensamentos enquanto retomava sua jornada pela estrada familiar em direção à cidade mais próxima.
Em uma metrópole movimentada como Trier, peles de cachorro ritualísticas provaram ser mais práticas do que pele de carneiro ou couro de vaca. Vestir as duas últimas e se transformar nos animais correspondentes sem dúvida chamaria a atenção. Afinal, quem não ficaria tentado a guiar uma ovelha solitária vagando pelas ruas para casa para prepará-la em várias iguarias? Além disso, em Trier, havia aqueles com inclinações pervertidas, aqueles que gostavam de nádegas de ovelha.
…
Quando Lumian retornou ao apartamento 601, na Rue des Blouses Blanches, nº 3, a noite já havia caído, lançando um véu escuro sobre a cidade.
Franca rapidamente vestiu suas roupas habituais e se acomodou na poltrona, seu olhar fixo cautelosamente no colar Mentira que estava em um canto da mesa de centro, como se ele pudesse ganhar vida e prendê-la a qualquer momento.
— O que houve? — Lumian fechou a porta entreaberta atrás de si e casualmente guardou o colar.
A expressão de Franca mudou, e ela suspirou, confessando: — Depois que retornei, me vi com tempo ocioso, então tentei ajustar minha aparência, mas…
Nesse momento, ela soltou outro suspiro, suas emoções eram uma mistura de medo e nostalgia.
— Fiquei encantada com meu próprio reflexo no espelho!
— Eu nunca vi uma mulher tão impecável. Só de olhar para o rosto dela, eu poderia fazer isso por um dia inteiro… não, por uma eternidade!
Lumian refletiu sobre suas palavras por um momento antes de responder: — Você pode usar a Mentira para enganar os outros, mas nunca engane a si mesma.
— Eu entendo, mas o fascínio da Demônia do Prazer e os efeitos da Mentira são genuinamente potentes, — Franca admitiu seriamente. — Não foi fácil para mim recuperar o controle. Eu removi o colar à força e o joguei na mesa de centro. Embora meu transe possa ser parcialmente devido às suas propriedades de amplificação, não posso deixar de relembrar. Não posso deixar de desejar tentar. Heh heh, minha mente passou no teste.
Com o colar fora de vista, Franca relaxou visivelmente. Ela riu e comentou: — Você estava hehe… uh, usando o jeito de falar da sua irmã para me alertar?
— Sim, em preparação para a próxima reunião — confirmou Lumian, sem fazer nenhum esforço para esconder o fato de que ele vinha praticando o modo de falar de Aurore recentemente.
Franca assentiu pensativamente e comentou: — Parecia bem natural. Se continuar nesse nível, enganá-los não deve ser um problema.
Sem esperar pela resposta de Lumian, a Demônia do Prazer perguntou brincando: — Então, qual era o gosto das asas de frango assadas com mel?
Lumian fez uma avaliação objetiva: — Eles foram decentes.
A curiosidade e o espírito provocador de Franca persistiram quando ela perguntou: — Será que suas papilas gustativas foram melhoradas devido aos seus sentidos caninos? Seu olfato se tornou mais aguçado?
Lumian respondeu com um tom experimental: — Isso tem alguma influência sobre mim, mas não me transformei completamente em um cachorro. Ainda mantenho uma parte significativa dos meus sentidos humanos.
Franca continuou: — E quanto a outros aspectos?
Após um momento de contemplação, Lumian explicou: — Outros aspectos? É mais como se minha alma estivesse confinada dentro do corpo de um cachorro de verdade. Tudo o que eu faço é restrito e influenciado pela minha forma física, incluindo…
Sentado no sofá, ele levantou a perna, imitando a postura de um cão urinando.
Franca exclamou: — Você realmente não se importa com sua imagem, não é? Isso não te incomoda?
Lumian deu de ombros e respondeu: — O que há para se preocupar?
Franca pensou por um momento antes de fazer sua pergunta final: — Uma última coisa: você será afetado pelos hormônios e reagirá de forma estranha a outros cães?
— O corpo é meu, e o cachorro é só um disfarce. É meramente uma restrição externa. — A expressão de Lumian sugeria que ele não era um tolo.
Ele então adotou uma imitação da Madame Mágica e perguntou: — Há mais alguma pergunta?
— Terminei. — Franca estava satisfeita.
Lumian riu.
— Então é a minha vez de perguntar. O que você achou das moças que observou hoje?
Franca distraidamente enrolou alguns fios de cabelo cor de linho que se soltaram de seu rabo de cavalo enquanto respondia: — Há dois suspeitos em potencial…
Ela continuou contando suas especulações e acrescentou: — Aquela mulher com o cabelo ruivo alaranjado ainda me dá uma sensação estranha, como se ela estivesse me atraindo.
Lumian sorriu em aprovação. — Você está no caminho certo. Ela é pelo menos uma Demônia do Prazer ou uma Beyonder com um item místico correspondente.
Após identificar que a Beyonder pertencia ao caminho da Demônia, Lumian sentiu um fascínio magnético em cada gesto que ela fazia, semelhante ao de Franca. Foi um pouco desafiador para ele, com a maioria de suas habilidades seladas, resistir a tal tentação. Felizmente, a resistência de um Monge da Esmola se manteve firme.
— Demônia? — Franca ponderou a possibilidade e pensou consigo mesma, — Isso faz sentido. Como uma reunião de mulheres dedicadas ao prazer não poderia atrair uma ou duas Demônias…
Lumian teve um momento de realização e fez uma pergunta: — É para trazer prazer aos outros e a si mesma?
Ele percebeu que isso poderia ser um requisito fundamental para sua atuação.
— Esse é um aspecto. Mesmo que não fosse pela poção, eu ainda gostaria de comparecer. No entanto, eu consigo me controlar, mas o mesmo não pode ser dito de outras Demônias, — Franca disse com desdém e um suspiro.
Lumian, sem entender completamente a implicação por trás de suas palavras, comentou: — Ela seguiu você, mas você conseguiu se livrar dela.
— Ah… — Franca ficou momentaneamente surpresa. — Ela deve ser da Família das Demônias.
— A Família das Demônias que você mencionou? — Lumian já tinha ouvido Franca mencionar brevemente essa organização secreta.
Ele sempre teve curiosidade sobre como as Demônias conseguiam formar famílias.
Sociedade matriarcal?
Franca suspirou e disse: — Sim, também é conhecida como a Seita da Demônia. Suas origens remontam aos descendentes da Demônia Primordial durante a Quarta Época. A Demônia Primordial é uma Sequência 0 do caminho Assassino, essencialmente uma divindade verdadeira. Ela é amplamente considerada uma deusa maligna, também conhecida como a Demônia do Caos.
“Demônia Primordial…” Lumian decorou o nome.
Franca continuou, — O núcleo da Família das Demônias sempre inclui uma descendente da Demônia Primordial, mas elas também recrutam ou cultivam Assassinas com sobrenomes diferentes. É essencialmente uma seita que controla todas as fórmulas de poções e a maioria dos recursos relacionados a esse caminho.
— Somente uma Demônia da Seita das Demônias seguiria uma Demônia selvagem no primeiro encontro.
— Para recuperar a característica de Beyonder? — Lumian perguntou.
Seja recrutamento ou eliminação, era uma forma de resgatar as características de Beyonder.
Franca franziu os lábios e respondeu: — Exatamente. Elas não querem que as características de Beyonder do caminho da Demônia sejam perdidas fora de sua seita. Além disso, elas têm um profundo desdém por Assassinas e eliminam qualquer uma que encontrem.
— Por quê? — Lumian não conseguia compreender.
Franca lançou-lhe um olhar ressentido, como se o culpasse por fazer tal pergunta.
Ela suspirou e disse: — É porque a Demônia Primordial era originalmente homem. Durante o processo de atingir a divindade através do caminho do Assassino, Ela se transformou inteiramente em uma mulher. Essa transformação deixou Sua mente distorcida e cheia de agonia. A Seita da Demônia afirma que querem emular a experiência da Primordial.
— Então, cada Demônia na seita já foi homem. Depois de suportar imensa dor e sofrimento, elas se tornaram profundamente distorcidas. Anseiam ver outros homens passarem por provações semelhantes. Talvez você não saiba, mas essas Demônias procuram homens para serem pais de seus filhos. Meninas são mandadas embora, enquanto meninos são mantidos para trás para viver a vida de suas mães.
Como o Rei Brincalhão de Cordu, Lumian não conseguiu deixar de balançar a cabeça em descrença.
— Isso não é incrivelmente distorcido?
— O que é ainda mais distorcido é que os pais dessas crianças eventualmente se tornam Demônias. — Franca relatou as informações que obteve da Madame Julgamento e exalou de medo. — Eu as tenho evitado, não querendo que me descubram.
— Mas você é originalmente um homem. Por que deveria ter medo? — Lumian perguntou, intrigado. — Você está preocupado que estar perto delas possa corromper você e distorcer seus sentidos depois de se juntar à Seita das Demônias?
Franca assentiu solenemente.
— Sim.
— Além disso, eu já sou portadora de uma carta de Arcanos Menores do Clube do Tarô. Como eu poderia me juntar à Seita das Demônias?
Lumian ficou em silêncio por alguns momentos antes de falar novamente.
— Você não queria se juntar à Ordem da Cruz de Ferro e Sangue também?
— Isso é diferente. É uma missão para o Clube de Tarô. — Franca defendeu-se reflexivamente.
Lumian não insistiu no assunto e, em vez disso, assentiu pensativamente.
— Não é de se espantar que você tenha mencionado que orgias femininas atraem facilmente Demônias.
Franca zombou.
— É que a maioria das Demônias são membros da Seita das Demônias e têm conexões verticais ou horizontais. Caso contrário, metade das orgias femininas podem consistir de Demônias.
— O que é ainda mais extremo é que quando você recebe um convite para um baile de striptease e vai com entusiasmo, o evento sempre está lotado de homens.
Depois de murmurar algumas palavras, Franca olhou para Lumian e perguntou sem jeito: — Então, o que devemos fazer agora?