Lumian se acomodou em uma poltrona com um sorriso educado direcionado ao Conde Poufer. Ele respondeu: — Seria uma honra para mim.
Com um gesto gracioso, ele estendeu um convite à Srta. Elros.
O Conde Poufer, vestido com uma camisa vermelha, acenou com a mão.
— Depois que ela terminar de tocar esta peça.
Lumian desviou o olhar para o piano, finalmente tendo uma visão clara da Srta. Elros.
Suas sobrancelhas castanhas emolduravam seus expressivos olhos castanhos, que brilhavam com uma vibração juvenil. A curva delicada de suas bochechas e os contornos faciais suaves sugeriam que ela tinha menos de 20 anos, e não havia nenhum traço aparente da linhagem Sauron.
Lumian supôs que Elros provavelmente herdou a linhagem Sauron de seu lado materno.
Ele se virou brevemente, seus dedos envolvendo um copo de licor vermelho, branco e azul descansando na mesa de centro. Engajando-se em uma conversa animada com o Conde Poufer, o escritor Anori e outros, Lumian discutiu as últimas tendências e escândalos que circulavam em seu grupo.
Ele lia com afinco jornais como Novel Semanal, Jornal dos Debates, Juventude de Trier e Rosto Fantasma para se manter bem informado para ocasiões como essas.
A mulher de cabelos pretos que estava ajoelhada ao lado do Conde Poufer já havia se afastado para observar os editores do jornal envolvidos em uma partida de bilhar.
Lumian sabia que não poderia ser a esposa do Conde Poufer. Aurore uma vez o esclareceu sobre os costumes peculiares de Trier: em reuniões íntimas e bailes de pequena escala, os anfitriões masculino e feminino se abstinham de aparecer juntos. Era considerado impróprio e poderia convidar fofocas desnecessárias. Portanto, quando um deles organizava uma reunião dessas, seu cônjuge comparecia ao evento de outra pessoa.
Quando Lumian soube disso pela primeira vez, ele tinha apenas quinze anos, e isso lhe pareceu um conjunto bizarro de regras. Agora, refletindo sobre isso, ele não conseguia deixar de pensar:
“Vocês, moradores de Trier, criaram regras não escritas absurdas e cômicas para facilitar casos discretos, e todos as seguem de bom grado!”
Quando a peça musical terminou, Elros graciosamente deixou o piano e foi até os sofás. Sua prima a apresentou a Lumian, puxando um banco de bar para ela. Ela sentou-se com as pernas perfeitamente juntas, uma observadora silenciosa da conversa em andamento.
Conforme o tempo passava, outros gradualmente convergiam em sua direção. Laurent seguiu um homem de meia-idade, vestido casualmente, que ostentava uma barba impressionante.
O Conde Poufer assumiu a responsabilidade de fazer as apresentações, dizendo: — Este é Cornell, o editor-chefe do Le Petit Trierien.
Lumian já havia lido o jornal antes e se lembrava vividamente do anúncio da “ponte interestelar para a lua carmesim” publicado em suas páginas.
Agora, com essa lembrança em mente, ele não pôde deixar de suspeitar que poderia ser um plano habilmente disfarçado ou talvez uma peça de arte performática de Trier. Ele também nutria suspeitas de que poderia estar conectado a devotos de algum deus maligno.
— Este é Ciel Dubois, gerente geral da Corporação de Exportação e Importação Costeira, — Poufer apresentou a identidade que Gardner Martin havia inventado para Ciel.
Cornell estendeu a mão direita com um olhar de surpresa enquanto cumprimentava Lumian. — Você é um rapaz bem jovem.
Lumian aceitou o aperto de mão, oferecendo um sorriso encantador.
— Este é o resultado da minha inabalável diligência e trabalho duro.
Assim como o poeta Iraeta estava prestes a comentar sobre a diligência da maioria dos indivíduos presentes, sem se tornar gerente geral de uma grande empresa tão jovem, Lumian acrescentou um toque de autodepreciação ao seu tom.
— Foi justamente por eu me destacar em ambas as áreas que meu pai me nomeou gerente geral da empresa de importação e exportação.
A sala explodiu em gargalhadas quando todos entenderam o significado do que Lumian quis dizer.
A percepção deles sobre Ciel Dubois passou por uma transformação positiva.
Em seu círculo social, não faltavam indivíduos que haviam conquistado posições importantes em tenra idade devido a conexões familiares. Essas pessoas geralmente evitavam mencionar seus pais e anciãos, esforçando-se para demonstrar suas habilidades autoproclamadas, ou lutavam com confiança e maturidade, fixando-se infinitamente em seus pais ou tios. Havia muito poucos que exalavam o tipo de abertura, honestidade e humor que Lumian irradiava sem esforço. Naquela época, o Conde Poufer dificilmente poderia ser contado entre eles.
Lumian, com um toque de humor travesso emprestado de sua irmã, voltou seu olhar para Laurent e perguntou: — Quem seria?
Thud! Thud! O coração de Laurent disparou em resposta.
Embora tivessem um acordo tácito de não revelar as verdadeiras identidades um do outro, Laurent não tinha um conhecimento profundo de Ciel Dubois, o líder de máfia, e estava preocupado que Lumian pudesse mudar de ideia repentinamente.
Cornell, editor-chefe do Le Petit Trierien, gesticulou para o jovem ao seu lado.
— Este é Laurent. Ele é notavelmente talentoso, bem informado e infalivelmente educado. Estou observando-o há quase três meses e estou pensando em oferecer a ele uma posição como meu assistente e editor-chefe adjunto. Laurent, como você se sente sobre essa proposta inesperada?
Laurent inicialmente ficou surpreso, mas logo foi tomado pela alegria e sentiu uma leve sensação de vertigem.
Todas as dores e ansiedades que ele suportou, desde as lágrimas de sua mãe até o desdém de seus vizinhos, o levaram a esse momento.
Ele sempre acreditou que, com seus talentos, não deveria ficar estagnado, e estava buscando ativamente uma oportunidade, mesmo que isso significasse ‘esgotar sua mãe’ para manter uma fachada de dignidade.
Laurent se absteve de demonstrar excitação excessiva e respondeu a Cornell com um sorriso gracioso, dizendo: — Seria uma honra.
“Nada mal,” Lumian pensou enquanto avaliava a situação. “Especulação pode ser um empreendimento arriscado, mas as recompensas podem ser substanciais. No entanto, há a importância de mudar a mentalidade e começar genuinamente da posição atual. Especular para melhorar o status social pode levar a perder tudo a longo prazo.” Lumian lembrou-se dos comentários de sua irmã depois de perder no mercado de ações enquanto considerava as ações de Laurent.
Ele era diferente de Charlie e outros; Lumian tinha desdém por aqueles que exploravam suas mães no processo especulativo. Enquanto a mãe de Laurent pudesse aceitar e não recorresse à violência contra seu filho ou mostrasse forte resistência, Lumian não fazia julgamentos severos.
Com Cornell e os outros agora sentados, a curiosidade de Lumian o levou a perguntar: — Onde você conheceu Laurent?
Cornell respondeu com um sorriso: — Na Cafeteria Vichy. Ele costuma nos visitar para participar de discussões sobre vários assuntos relacionados a Trier e para compartilhar suas opiniões.
“Cafeteria Vichy, lugar onde 5 verl d’or poderia comprar meia garrafa de água mineral e dois ovos cozidos? A mãe de Laurent, Madame Lakazan, nem ganha 3 verl d’or depois de um longo dia de trabalho. No entanto, o investimento claramente valeu a pena. Até mesmo um novato editor-chefe adjunto em um jornal como Le Petit Trierien ganha quase 5.000 verl d’or anualmente, e isso é apenas a ponta do iceberg.” Lumian observou as diferenças e percebeu que a fixação de Laurent no mercado de ações tinha uma certa lógica.
Ainda assim, o sucesso em tais empreendimentos era uma ocorrência rara — um em cem, na melhor das hipóteses.
Lumian lançou um olhar para Laurent, que o observou com cautela, e mudou suavemente de assunto com um sorriso.
— Cornell, por acaso me deparei com um anúncio da Ponte Interestelar em Le Petit Trierien no mês passado, ou talvez até antes. Isso despertou meu interesse. Algum comentário sobre isso?
Cornell deu uma tragada em seu cachimbo antes de cair na gargalhada.
— Acredito que seja um bando de gente delirante, mas, já que eles pagaram, não há razão para que eu não publique o anúncio deles. Talvez isso possa enganar alguns entusiastas fanáticos da mecânica e da ciência.
— Como eles estão agora? — Lumian riu. — Estou até pensando em investir neles, só para ver se são vigaristas ou se realmente conseguem produzir alguma coisa.
O poeta Iraeta pegou seu cachimbo e murmurou: — Você pode muito bem me patrocinar em vez de investir neles. Pelo menos assim, você pode me repreender por escrever como um pedaço de merda de cachorro, e eu não terei nenhuma resposta.
Lumian entrou na brincadeira, agindo como se dinheiro não fosse problema para ele. — Sem problemas. Que tal 5.000 verl d’or?
Sua intenção era dar a Iraeta apenas 3.000 verl d’or depois, usando a desculpa de não ter dinheiro suficiente disponível no momento.
Iraeta abaixou o cachimbo e abriu os braços teatralmente.
— Louvado seja o Sol e que a malícia de Ciel ataque com mais força!
— Haha, vamos voltar para a cidade velha juntos depois daqui. — Lumian sutilmente sugeriu sua intenção de patrocinar Iraeta mais tarde, mas se absteve de entregar o dinheiro diretamente para evitar se mostrar.
Após essa breve distração, Cornell pareceu se aquecer com a presença de Lumian.
— Não tenho certeza de como essas pessoas estão se saindo. Elas só pagaram por um mês de anúncio.
Enquanto a conversa fluía, o Conde Poufer olhou para o sol poente e propôs um jogo com um sorriso caloroso. — Vamos jogar a Torta do Rei? Considere isso um aquecimento antes do jantar.”
Esse é o único jogo que você conhece? Você teve uma infância… Lumian não conseguiu deixar de criticar internamente a escolha de jogos do Conde Poufer, mas ele se conteve de objetar.
Os outros concordaram prontamente, e o Conde Poufer prontamente instruiu seu criado a trazer a considerável Torta do Rei que havia sido preparada na cozinha.
Parecia a tampa de uma grande panela, emitindo um aroma e uma cor tentadores.
— Quem ficará responsável pelo corte? — O Conde Poufer observou os participantes, seu olhar percorrendo cada um deles.
Depois de pensar um pouco, ele decidiu: — Elros, você faz as honras. Você é a moça mais jovem e bonita aqui.
Elros, sentada em um banco ao lado de Lumian, levantou-se graciosamente e pegou a faca de mesa para começar a dividir a Torta do Rei.
“Bastante obediente ao seu primo. Vivendo da família Sauron, do Conde Poufer?” Lumian percebeu que as técnicas de Elros eram hábeis, talvez pela prática frequente.
Em pouco tempo, a colossal Torta do Rei foi dividida em cerca de 29 porções.
Como era de costume, o Conde Poufer propôs oferecer a fatia extra ao seu ancestral, Vermonda Sauron, e ninguém manifestou objeções.
Após completar essa parte do ritual, a sala de estar pareceu mergulhar em um silêncio assustador, como se a própria atmosfera do lado de fora do castelo tivesse se solidificado.
O Conde Poufer então voltou sua atenção para Lumian e Laurent. — Laurent, esta é sua primeira vez no meu castelo com Ciel. Você será o primeiro a escolher.
Lumian riu e disse: — É claro que o anfitrião deve ser o primeiro a escolher. Vocês não acham isso?
Instigados por ele, os outros participantes prontamente concordaram que o anfitrião masculino teria a honra de fazer a seleção inicial.
O Conde Poufer não insistiu e pegou um pedaço de Torta do Rei, dirigindo-se ao grupo: — Quem morder a moeda de ouro será rei.
Vendo que o membro da família Sauron havia feito a primeira escolha, Lumian se sentiu mais à vontade e se inclinou para a frente para examinar as fatias.
Isso era um seguro duplo. Primeiro, ele deixaria o Conde Poufer fazer sua seleção. Então, enquanto ainda houvesse muitas fatias restantes, ele exploraria a aversão de Termiboros ao assunto para escolher uma fatia sem a moeda de ouro.
Dessa vez, Termiboros permaneceu em silêncio, sem oferecer nenhum aviso. Lumian naturalmente pegou a fatia de Torta do Rei que ele havia selecionado pessoalmente.
Mas quando se recostou em seu assento, sua mente girou inesperadamente. Era como se ele visse a estreita janela de vidro mais uma vez, e a imagem do homem ruivo escuro que havia arrancado seus próprios olhos se intrometeu em seus pensamentos.