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Circle of Inevitability – Capítulo 397

Campo de Execução

Lugano lançou um olhar confuso para Lumian.

— Você também ouviu falar dessa cirurgia?

Depois de pensar um pouco, ele forçou um sorriso.

— Como esperado de você. Você é bem informado e tem uma ampla gama de interesses. Você até sabe sobre cirurgias de ponta.

— Parece que você sabe muito, — Lumian ignorou a bajulação de Lugano.

Lugano assentiu rapidamente.

— Li em várias revistas que os médicos acreditam que a essência dessa cirurgia é destruir o cérebro do paciente, e é irreversível. Em outras palavras, embora pareça curar a loucura do paciente, ela o deixa com menor inteligência e eternamente calmo, desprovido de flutuações emocionais.

— Eles acreditam que se não usarmos essa cirurgia, ainda há uma chance de recuperação da loucura por meio de outros métodos, mas quando eles se tornam estúpidos, não há esperança de recuperação.

“Intis ainda tem muitos médicos com altos padrões acadêmicos que ousam falar a verdade. A ética profissional deles também não é ruim…” Lumian assentiu internamente.

Depois de confirmar que Lugano tinha um certo conhecimento do mundo médico, ele perguntou casualmente:

— Algum caso médico estranho recentemente?

Lugano refletiu por um momento e balançou a cabeça lentamente.

— Nada fora do comum.

Quando Lumian estava prestes a mudar de assunto, Lugano acrescentou: — Se você insiste em algo estranho, há um folclore que tem se tornado tendência em pequena escala recentemente.

— Folclore relacionado à medicina? — Lumian percebeu o significado subjacente nas palavras de Lugano.

Lugano, com seus cabelos e olhos castanhos, respondeu com um sorriso: — Mais ou menos.

— Provavelmente é porque um grupo de cidadãos de Trier acredita que o sangue derramado por um condenado à morte carrega os últimos vestígios da resiliência da vida. Se você comer um pouco de pão mergulhado nele, ele pode tratar várias doenças. Isso enfureceu muitos médicos, que o chamaram de um ato retrô, sangrento e tolo. Em comparação, ir à catedral para buscar proteção pode ser mais eficaz.

— Por que nunca ouvi falar desse folclore? — Lumian achou as ações dos cidadãos de Trier indescritíveis. Elas não eram apenas tolas.

Lugano riu.

— Chefe, isso é normal. Eu também nunca tinha ouvido falar disso antes. É um folclore que só apareceu nos últimos dois ou três meses. Talvez tenha sido trazido por alguns estrangeiros. Mais e mais pessoas estão acreditando nisso.

Lumian conversou com o caçador de recompensas, que havia economizado para comprar o ingrediente principal do Doutor, por mais algum tempo, obtendo uma vaga compreensão do mundo médico de Trier.

Pouco antes do meio-dia, depois de encher o estômago, ele virou na Rue des Blouses Blanches e entrou no apartamento 3.

Durante todo esse processo, Lumian não escondeu sua curiosidade. Ele examinou cuidadosamente a Rue des Blouses Blanches nº 06, mas não encontrou vestígios.

Ele bateu na porta do apartamento 601 e jogou o brinco Mentira para Franca, cujo cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo simples.

Esta companheira tinha que interagir com a Seita da Demônia à tarde novamente. Então, devia voltar à sua aparência anterior.

— Por que demorou tanto? — Franca pegou precisamente o brinco de prata. — Você não recebeu a informação da Madame Hela? Eu estava esperando você vir e discutir isso.

Uma risada suave escapou dos lábios de Lumian.

— Por que você está ainda mais ansiosa do que eu?

Após fechar a porta, ele se sentou no sofá e relatou as informações-chave e os palpites correspondentes que havia extraído das informações. Franca entrava na conversa de vez em quando, oferecendo suas opiniões.

Perto do final, Lumian contou a descrição do caçador de recompensas Lugano Toscano sobre o mundo médico de Trier e o estranho folclore.

A expressão de Franca ficou estranha.

— Algum problema? — Lumian não ficou alarmado, mas encantado.

Franca confirmou sucintamente: — O rumor de que comer pão manchado com o sangue de condenados à morte pode tratar doenças é muito semelhante ao folclore antigo em minha terra natal, mas isso foi há muitos anos. Desde que a educação se tornou universal, esse folclore basicamente desapareceu.

— No folclore original, pães cozidos no vapor e tingidos de vermelho pelo sangue de condenados à morte podiam tratar doenças pulmonares graves, desde que fossem comidos ainda quentes.

Lumian levantou a sobrancelha direita.

Ele descobriu que o estranho folclore lhe dava uma sensação indescritível.

Parecia uma brincadeira!

Esse era o estilo da Reunião da Mentira!

— ‘Eu Conheço Alguém’ inventou isso? — Lumian de repente sentiu uma onda de excitação.

Um psiquiatra capaz de hipnose poderia fazer esse folclore aparecer e se espalhar sem que ninguém soubesse!

Franca assentiu solenemente.

— ‘Eu Conheço Alguém’ também é da terra natal da sua irmã e da minha. Caso contrário, sua irmã não teria confiado nele e buscado tratamento para seus problemas psicológicos.

— Seu codinome e a língua são testemunhas disso. Além dele e da Terra Negra, os outros membros da Reunião da Mentira podem não estar cientes desse folclore antigo.

— Loki também não sabe? — Lumian perguntou surpreso.

— Não tenho certeza. — Franca franziu a testa. — Não o conheço, e ele nunca revelou sua identidade como compatriota. Se ele não tivesse recitado o nome honroso de quatro frases na língua da sua irmã e minha, eu não saberia que ele sabia. Sempre pensei que as notas do diário do Imperador Roselle da equipe deles foram traduzidas por ‘Eu Conheço Alguém’ e Terra Negra.

Um sorriso travesso curvou os lábios de Lumian.

— Se for realmente uma brincadeira folclórica criada por ‘Eu Conheço Alguém’, irei até o local de execução no distrito prisional e assistirei.

O distrito prisional, também conhecido como Quartier du Red Hat, oficialmente numerado, era um dos distritos urbanos mais antigos. Ele ostentava a prisão mais renomada de Intis, a Prisão do Santo Maar1, daí o nome do distrito.

Perto da Prisão do Santo Maar ficava um dos campos de execução mais movimentados de Trier: o Grande Campo de Execução Rois.

— Tenha cuidado. Psiquiatras são mais cautelosos que Mestre das Marionetes, — alertou Franca.

Embora ‘Eu Conheço Alguém’ não fosse um Beyonder dos caminhos do Vidente, Saqueador ou Aprendiz e não pudesse descobrir o selo no corpo de Lumian, mesmo que ele acreditasse no Celestial Digno do Céu e da Terra, Lumian ainda sentia que não poderia ser descuidado. Ele pegou de volta o brinco Mentira e mudou brevemente sua aparência. Ele estava preocupado que o Loki ressuscitado já tivesse se comunicado com ‘Eu Conheço Alguém’ sobre a aparência real dele e de Franca.

Franca pegou o brinco Mentira de volta e perguntou curiosamente: — O que houve com aquela aura aterrorizante daquele dia?

Lumian riu.

— Precisamos começar com Madame Hela e eu procurando pela Fonte do Esquecimento.

“…” Franca ficou surpresa por um momento antes de xingar. — Droga! Quantos detalhes você deixou de fora?

— O quanto for necessário. — Lumian mencionou brevemente como a aura do Imperador do Sangue corroeu sua carne.

Franca já havia esquecido sua raiva. Ela observou cuidadosamente a mão direita erguida de Lumian e finalmente notou as marcas indistintas que pareciam ter sido espremidas além do reconhecimento.

— Uau, você realmente tem a aura de um verdadeiro deus em você. Embora seja apenas uma casca vazia, ainda é a aura de um verdadeiro deus. Além disso, é um verdadeiro deus do mesmo caminho. — Franca suspirou com inveja, desejando poder ter um para si.

Ela então olhou para a mão esquerda enfaixada de Lumian.

— O que tem aqui?

— Nada. É só para chamar atenção, — Lumian respondeu com um sorriso.

Franca ficou atordoada por dois segundos.

— Você é tão sinistro! Se você avançar para Conspiracionista, sua velocidade de digestão definitivamente será muito rápida!

— Espero que o resultado seja tão bom quanto suas bênçãos, — Lumian respondeu sem modéstia.

À tarde, Lumian pegou uma carruagem pública para a margem norte do Rio Srenzo e chegou ao Grande Campo de Execução Rois, no distrito prisional.

Um dos hobbies dos cidadãos de Trier era assistir à execução de criminosos. Embora não fosse fim de semana, ainda havia muitas pessoas reunidas aqui. Havia até muitos vendedores montando barracas ou atravessando entre elas, vendendo comida e bebida.

Entre eles, não faltavam garotas de rua lindamente vestidas em busca de negócios, assim como um grupo de autores que tinham vindo deliberadamente para dar um passeio.

Se não fosse pelo nome “Grande Campo de Execução Rois” escrito no cruzamento e a forca e a plataforma de decapitação ao longe, Lumian teria suspeitado que tinha vindo ao lugar errado e entrado em um mercado próximo. Era movimentado e barulhento.

Pisando no chão lamacento, Lumian se escondeu na multidão e circulou o local da execução como se estivesse passeando por um mercado.

Ele não viu ninguém suspeito, mas viu uma dúzia ou mais de homens e mulheres com pão nas mãos se aglomerando na frente. Suas roupas eram velhas, e algumas delas poderiam ser consideradas grosseiras.

Depois de um tempo, a multidão de repente se agitou, espremendo-se nas laterais da estrada que levava ao local da execução para receber a procissão da Prisão do Santo Maar.

Lumian não se juntou à agitação, mas ouviu aplausos, assobios e mulheres gritando: — Estou disposta a me casar com você.

Não era uma proposta de verdade, mas uma brincadeira sobre o folclore do passado. Na era clássica antes do Imperador Roselle, se um condenado à morte recebesse uma proposta enquanto caminhava da prisão para o local da execução e ele concordasse, ele receberia uma mudança na sentença e sobreviveria. No entanto, nem todos os condenados à morte aceitariam. Alguns valorizavam muito a aparência, enquanto outros tinham dignidade. Todos escolheram a morte para defender seus ideais.

Os dois casos mais famosos envolveram um belo condenado à morte que rejeitou a proposta de uma mulher, acreditando que sua aparência era um pesadelo. Por outro lado, uma bela garota, diante da oferta de um carrasco, desistiu da oportunidade de se salvar, acreditando que era um insulto ao amor e ao casamento.

Lumian se espremeu na primeira fila de espectadores e viu dois condenados à morte parados no ponto de tiro.

Eles eram relativamente jovens, não tinham mais de 30 anos. Usavam uniformes padrão de prisão — camisas curtas vermelhas, calças amarelas e chapéus verdes. Seus pés arrastavam bolas de ferro, e suas mãos estavam amarradas atrás das costas com correntes de ferro.

Um dos homens tinha cabelos pretos e olhos azuis, enquanto o outro tinha cabelos e olhos castanhos. Eles eram bonitos, mas seus olhares estavam cheios de ódio.

Ao ver os atiradores chegarem às suas posições designadas e levantarem seus rifles, os dois condenados à morte gritaram: — Viva a liberdade!

— Retornem à glória!

Depois de gritarem, os dois se encararam com raiva e caíram em meio aos tiros, com sangue jorrando.

As pessoas que seguravam o pão ficaram animadas, mas foram paradas pelos soldados na frente delas e não puderam correr para o ponto de tiro.

Uma vez que a condição dos dois condenados à morte foi confirmada, os soldados partiram em formação. Os cidadãos carregando pão avançaram em direção ao solo manchado de sangue.

Lumian não olhou para eles. Em vez disso, observou os arredores para ver quem estava gostando dessa comédia absurda.


Nota:

[1] não sei se é homi ou muié.

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