Em um túnel escuro sustentado por pilares de pedra, Franca, indiferente à presença de lâmpadas de carboneto, virou-se para Lumian e expressou sua preocupação.
— Você tem certeza absoluta de que não haverá problemas em usar esse coração para avançar? Mesmo que você não pareça com medo da maldição da família Sauron, ela ainda pode afetar sua condição após consumir a poção e potencialmente levar ao fracasso. Honestamente, vale a pena considerar a proposta de Gardner. Consumir uma poção adicional de Sequência 9 para Sequência 7 o deixará mais forte, mas não muito. Não haverá nenhuma mudança qualitativa, então é melhor seguir um caminho mais seguro.
A Demônia do Prazer já havia aprendido sobre as experiências de Lumian no labirinto subterrâneo do Castelo do Cisne Vermelho e a maioria das informações da carta da Madame Mágica.
Embora estivesse impressionada com a existência dos soldados especiais e os gritos frenéticos do anjo incontrolável, ela não conseguia deixar de se preocupar com o plano de Lumian de usar a característica de Beyonder do artesão de estátua de cera e o coração murcho da aranha negra mutante para preparar a poção.
Lumian, segurando uma lâmpada de carboneto, riu.
— Estou fazendo isso porque estou mais do que confiante.
Franca permaneceu cética. — Você tem um método para negar a influência da linhagem sanguínea restante do coração?
Nesse momento, foi como se ela tivesse saído de seu devaneio.
— Para onde estamos indo? Você não vai beber a poção? Só encontre um lugar tranquilo. Não há necessidade de continuar vagando no subsolo, certo?
Lumian riu.
— É justamente porque o destino é especial que acredito que posso minimizar a influência da linhagem residual da família Sauron no coração.
Simultaneamente, isso reduziria o risco de corrupção em seu corpo durante o avanço!
A curiosidade de Franca foi aguçada. — Para onde estamos indo?
Lumian respondeu com um sorriso: — Você descobrirá quando chegarmos lá.
“Droga! Odeio gente como você, que deixa as frases no ar! — Franca não conseguiu resistir a xingar.
…
Depois de mais de meia hora, Franca apontou para uma caverna de porta de pedra naturalmente formada e modificada, sua expressão era uma mistura de surpresa e realização. Ela perguntou: — É esse o lugar de que você estava falando?
A entrada era marcada com inúmeras gravuras de caveiras, braços esqueléticos, girassóis e símbolos relacionados ao vapor.
Isso marcava a entrada para as catacumbas, levando ao Império da Morte!
— Em algum lugar lá dentro — Lumian respondeu. Ele pegou uma vela branca da bolsa contendo as luvas de boxe Atormentadoras e jogou para Franca. Com um sorriso, ele acrescentou: — Quero consumir a poção sob os olhos vigilantes de Deus.
— Sob o olhar de Deus? — Franca olhou para Lumian com desconfiança, imaginando se ele havia sucumbido aos hábitos peculiares de um Astrólogo.
Ele não parecia estar falando de forma direta!
Lumian preferiu não explicar. Em vez disso, acendeu uma vela branca e se aventurou nas catacumbas.
Como de costume, os administradores os abordaram, e eles deram suas garantias. Os dois finalmente chegaram ao terceiro nível das catacumbas, onde encontraram um pilar sacrificial composto de duas pedras desgastadas, cercadas por uma pequena praça.
Ao entrar nesta área notavelmente limpa, Franca teve uma epifania.
— Você está tentando explorar a singularidade deste lugar?
Ela já havia explorado as catacumbas, mas não se aventurara profundamente no terceiro nível. Lumian apenas mencionou que havia uma praça aqui com dois pilares de sacrifício simbolizando o Eterno Sol Ardente e o Deus do Vapor e da Maquinaria.
Sob a proteção desses dois pilares, mesmo que as chamas das velas em suas mãos se apagassem, os indivíduos na praça não seriam mergulhados na escuridão, e não haveria nenhum vestígio de sua presença apagado.
— Sim. — Lumian sorriu.
Ele entregou a vela branca para Franca e se aproximou do pilar manchado adornado com símbolos como o Emblema Sagrado do Sol, girassóis e linhas radiantes. Ele estendeu os braços reverentemente e ofereceu uma oração sincera.
— Louvado seja o Sol!
Seu plano era utilizar a singularidade das catacumbas e o poder protetor da praça sacrificial para suprimir a influência da linhagem residual da família Sauron e a corrupção da Inevitabilidade dentro de seu corpo.
De suas experiências, uma parte substancial dessas influências adveio de fontes externas e do mundo exterior. Por exemplo, o Sauron de Vermonda selado nas profundezas do palácio subterrâneo e o poder da Inevitabilidade além da barreira.
Sem essas influências externas, tudo o que restaria seria a corrupção dentro de seu corpo. Lumian havia suportado isso durante seus três avanços anteriores e acreditava que era administrável. Isso porque o suporte externo que essa corrupção recebia seria enfraquecido pela singularidade das catacumbas e pela proteção dos pilares sacrificiais.
A ideia inicial para esse plano foi inspirada pela criação do acessório Beyonder, o Colar de Beatrice. A Madame Mágica mencionou que ambientes específicos poderiam cortar conexões e impedir que o poder de uma bênção retornasse à sua fonte, como a área ao redor da Fonte do Esquecimento.
Lumian acreditava que, embora a praça sacrificial nas catacumbas pudesse não ser tão especial quanto a área ao redor da Fonte do Esquecimento, não estaria muito longe. Após considerar a peculiaridade das catacumbas e a proteção do pilar sacrificial do Eterno Sol Ardente, a influência externa seria, sem dúvida, significativamente reduzida.
Além disso, a santidade da praça sacrificial vinha da proteção dos deuses ortodoxos. Lumian não precisava se preocupar com nenhuma reação negativa ao consumir a poção para avançar aqui.
Franca observou com surpresa momentânea enquanto Lumian elogiava genuinamente o Sol.
Ele estava realmente sob o “olhar atento” de uma divindade!
“Mas ele não tem medo de ser diretamente expurgado como seguidor do Sr. Tolo?”
Após a oração, Lumian retornou até Franca e lhe entregou um frasco de perfume requintado.
— O que é isso? — Franca perguntou, intrigada.
— Perfume de âmbar cinza — Lumian explicou com um lampejo de emoção nos olhos sob a luz da vela. — Depois que eu consumir a poção, observe minha reação de perto. Se sentir algo estranho, desenrosque a tampa e leve o frasco até meu nariz.
Inicialmente, ele teria feito isso sozinho, mas dessa vez, dada a influência da linhagem residual da família Sauron e seu status como um Beyonder de Sequência Média, ele estava preocupado que a situação pudesse piorar. Ele poderia não ter forças para abrir o frasco de perfume. Além disso, se o tivesse usado desde o começo, seu subconsciente poderia se lembrar de que ele o havia criado, potencialmente anulando o efeito pretendido.
— Tudo bem. — Vendo que Lumian não tinha intenção de explicar, Franca reprimiu sua curiosidade e se absteve de perguntar.
Lumian olhou para os largos degraus de pedra que levavam ao segundo nível das catacumbas e acrescentou:
— Mais uma coisa, você precisa garantir que os turistas não me incomodem.
— Você acha que eu sou burra? — Franca revirou os olhos.
“Você realmente precisava perguntar?”
Sem mais delongas, Lumian pegou uma caneca de cerveja com aparência de cristal de sua mochila.
Usando um cilindro de medição, ele começou o processo. Primeiro, despejou um total de 80 mililitros do sangue vermelho-escuro do artesão de estátua de cera na caneca. Então, adicionou a glândula venenosa da aranha negra mutante, 10 gramas de pó de âmbar e duas frutas de carvalho branco que ele havia coletado há mais de um mês.
Esses ingredientes, infundidos com espiritualidade potente e símbolos correspondentes, não se dissolveram instantaneamente; em vez disso, criaram uma espuma escura na superfície.
Lumian submergiu delicadamente na mistura o objeto cor de sangue que lembrava um cérebro humano encolhido e o coração preto e murcho.
Com um som crepitante, uma névoa tingida de carmesim se difundiu e então recuou. Todos os ingredientes sólidos rapidamente se desintegraram e se fundiram, fazendo com que a cor da poção se intensificasse.
Bolhas subiram e estouraram até que o líquido dentro da caneca de cerveja adquiriu uma tonalidade preta como ferro, com um toque de ferrugem avermelhada.
Observando essa transformação, Franca murmurou suavemente: — De fato, o coração de alguém é contaminado quando se emprega estratégias de batalha. Até a poção é contaminada…
Contemplando a mistura escura e cor de sangue, Lumian removeu sua mochila e seu frasco militar, deixando-os de lado.
Depois de entregar Mentira para Franca, ele respirou fundo, lentamente, e se recompôs.
Depois de 20 a 30 segundos, ele se sentou de pernas cruzadas, com o pulso firme, enquanto pegava a caneca de cerveja e bebia a poção sem hesitar.
A poção tinha um gosto forte e enferrujado, fria como uma serpente deslizando na escuridão, escorregadia e gelada.
No entanto, o corpo de Lumian não queimou como antes. Em vez disso, ele sentiu uma sensação de frio, como se todas as chamas tivessem sido absorvidas pela poção.
Simultaneamente, sua cabeça latejava com uma dor familiar, e sua visão rapidamente ficou turva. Todos os pensamentos e informações que ele conhecia se materializaram, entrelaçando-se na forma de imagens em miniatura, formando camadas de teias de aranha interconectadas.
Isso despedaçou a mente de Lumian. Desvarios aterrorizantes, aparentemente emanando de uma distância infinita enquanto simultaneamente ecoavam em seus ouvidos, eram acompanhados por emoções violentas e frenéticas.
No entanto, a dor não deixou Lumian quase inconsciente. Ele rolou instintivamente, sua expressão involuntariamente contorcida com malevolência. Suas mãos se fecharam com força, e ele não conseguiu evitar gemer de dor. Isso estava dentro da tolerância de um Monge da Esmola.
A palma direita de Lumian sentiu um leve calor devido ao estímulo.
Finalmente, o inferno o alcançou. Desta vez, convergiu para dentro da mente de Lumian, irreal e ilusório.
Franca, que observava atentamente, quis abrir o frasco de perfume várias vezes, mas cada vez que pensava nisso, Lumian voltava ao normal.
A provação inteira durou apenas 20 a 30 segundos. As mãos cerradas de Lumian relaxaram lentamente, e seus músculos faciais contorcidos gradualmente retornaram às suas posições originais.
Ufa… Lumian exalou um suspiro escaldante e abriu os olhos.
— Funcionou? — Franca perguntou inconscientemente.
Lumian, sentindo uma dor aguda na cabeça e no corpo, respondeu com um sorriso irônico: — Se não tivesse funcionado, você já teria começado a lutar contra o meu eu descontrolado.
Isso foi ainda mais fácil do que seus três avanços anteriores.
— Quem sabe se a perda de controle de um Conspiracionista não é um ato de fingir ser uma pessoa normal e me atacar secretamente?… — Franca não conseguiu deixar de argumentar, mesmo sabendo que tinha falado fora de hora.
Lumian levantou a mão para esfregar as têmporas. Apesar da dor, seus pensamentos pareciam mais claros do que nunca.
Ele rapidamente se lembrou dos eventos que ocorreram e percebeu que alguns detalhes poderiam ser problemáticos.
Isso era algo que ele não tinha notado antes.
Por exemplo, de acordo com seus pesadelos, Iraeta, o poeta que frequentemente participava dos jogos Torta do Rei, deveria ter se transformado em uma estátua de cera pela metade, enlouquecido, machucado a si mesmo ou aqueles ao seu redor a qualquer momento. No entanto, ele não só saiu ileso, mas também entrou no problemático Claustro do Coração Sagrado e coincidentemente encontrou Albus Medici!