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Damn Reincarnation – Capítulo 101

O Mercado (1)

— Acho que você pode parecer um pouco mais intimidador se colocarmos uma barba em você. — Disse Kristina, pensativa.

— Preciso mesmo parecer mais intimidador? — Eugene perguntou.

— Já que você está tentando se disfarçar de traficante de escravos, não seria melhor se todos pudessem reconhecê-lo como traficante de escravos assim que olhassem para você? — Kristina argumentou.

— Talvez sim. — Admitiu Eugene enquanto olhava para Kristina com uma expressão falsamente apologética. — Mas por que estamos trabalhando apenas no meu disfarce? Você também precisa se disfarçar.

— Por que eu tenho que usar um disfarce também? — Kristina objetou.

— Então, você realmente pretende entrar em um mercado de escravos vestindo uma roupa de sacerdotisa que diz a todos que você é uma? Realmente acha que aquele bando de malditos estaria disposto a deixá-la entrar? — Eugene apontou.

— Pode ser realmente o caso, mas não tenho intenção de mudar minha roupa ou alterar minha aparência. — Kristina insistiu, seu rosto endurecendo em um biquinho teimoso enquanto erguia o queixo. Parecia que não estava disposta a tirar o traje de sacerdotisa por qualquer motivo. — Além disso, não há necessidade de eu colocar um disfarce também, não é? Se descobrirmos um motivo para um sacerdote estar acompanhando você, então—

— Deixando de lado sua posição como a Santa, esse curso de ação certamente trará muito desprezo ao Império Sagrado. Para um de seus sacerdotes realmente aceitar dinheiro de um comerciante de escravos para ajudá-lo a comprar um elfo… Você realmente ficará bem se esses rumores começarem a circular? — Eugene perguntou com uma sobrancelha levantada.

Com essas palavras, o rosto de Kristina endureceu ainda mais. Depois de hesitar por alguns momentos, ela se levantou de seu assento.

— Vou pensar um pouco. — Disse Kristina, cedendo.

— Na verdade, nada vai acontecer se você não me seguir. — Ofereceu Eugene como alternativa.

— Não tem como eu fazer isso. — Kristina negou com firmeza. — É meu dever acompanhá-lo em sua jornada.

— Por que você iria tão longe a ponto de chamar isso de seu dever? — Eugene brincou com ela enquanto se virava para se olhar no espelho.

Ele estava usando um feitiço de transformação de nível superior ao que havia usado na Rua Bolero no passado. Embora ele ainda não fosse capaz de fazer nenhuma alteração em sua estrutura esquelética, o rosto atual de Eugene se transformou completamente no de um homem rabugento de meia-idade. Além disso, a cor do cabelo mudou de cinza para amarelo; depois de cobrir as mãos com óleo, Eugene alisou o cabelo para o lado.

Uma negociação de escravos seria realizada naquele dia, e todas as tribos de Samar deveriam comparecer em grande número. Esta negociação, que só se realizava duas vezes por ano, exibia várias raças que captavam particularmente o interesse dos seus visitantes estrangeiros, sendo que a mais valiosa de todas estas raças eram os elfos.

Antes de sair para redescobrir o domínio élfico usando a folha da Árvore do Mundo, Eugene decidiu comparecer ao mercado de escravos para resgatar os elfos que seriam exibidos lá.

Sua razão para fazer isso não era particularmente premente.

Ainda era incerto se a folha da árvore do mundo poderia realmente ser usada para conduzi-los ao território élfico, mas uma vez que esse assunto fosse resolvido, Eugene prometeu levar os elfos que viviam na aldeia de volta com ele para a propriedade principal do clã Lionheart. Embora fosse melhor se ele primeiro tivesse pedido a permissão da família principal, já que já havia decidido sobre esse curso de ação, pretendia apenas levá-los de volta com por enquanto e pedir permissão mais tarde.

E já que iria levá-los com de qualquer maneira, não seria bom encerrar as coisas se cuidasse dos elfos que seriam exibidos no mercado de escravos primeiro?

— Acho que uma barba pode estar indo longe demais. — Eugene murmurou enquanto se olhava no espelho e torcia o rosto para um lado e para o outro.

— Sim, creio que seu rosto já parece bastante intimidador do jeito que está, jovem mestre. Aquela que acabou de concordar com sua opinião era uma elfa caolha. Ela estava olhando para Eugene com seu único olho e, ao contrário de sua maneira educada de se dirigir, seu olhar não era tão educado.

Embora Eugene e Kristina fossem convidados do Guardião Signard, muitos dos elfos que viviam naquela vila nutriam antipatia pelos humanos.

Esse também era o caso dessa elfa caolha chamada Lavera. Os elfos que viviam ali sentiam uma animosidade particular em relação a Eugene, pois haviam sido informados de que logo deixariam Samar para segui-lo e viver na floresta que pertencia ao clã Lionheart.

Eles entenderam por que isso estava acontecendo. O guardião Signard os informou pessoalmente sobre os fatos por trás desse movimento. Ao invés de Samar, que estava infestada de bárbaros e traficantes de escravos, seria muito mais confortável para os elfos viver nas florestas da propriedade principal do clã Lionheart. Já que até levariam as árvores encantadas que há muito protegiam os elfos desta vila, também não haveria necessidade de se preocupar com a Doença Demoníaca.

No entanto… Vários elfos, incluindo Lavera, sentiram um medo inevitável ao pensar em serem protegidos não por sua própria espécie ou pela floresta, mas pelos odiados humanos.

Eugene também tinha uma ideia aproximada de em que tipo de posição essa proposta havia deixado os elfos. Ele teve que admitir para si mesmo que, ao primeiro comparecer ao mercado de escravos e resgatar os elfos que estavam sendo exibidos lá, esperava fazer uma demonstração pública de sua boa vontade para com os elfos.

“Embora eu realmente não tenha tempo livre para me preocupar com a reação deles a isso”, ponderou Eugene.

Ainda assim, deveria pelo menos amenizar a hostilidade que mostraram a ele desde o início. Eles não teriam escolha a não ser fazer isso, certo? Estavam correndo um risco desnecessário indo para o mercado de escravos e teriam que gastar muito dinheiro para comprar os elfos exibidos e escoltá-los de volta à aldeia. Então, Eugene também estaria permitindo que vivessem na propriedade do clã Lionheart, que era muito mais segura do que esta floresta.

“Depois de ter feito esse tanto, se ainda não gostarem de nós sem pensar, só porque somos humanos, ainda seriam capazes de se chamar de elfos? Em vez disso, seriam apenas malditos sem educação.”

Tendo esses pensamentos, Eugene mudou o corte de seu manto. Então Kristina, que havia saído alguns momentos atrás, voltou para o lado de Eugene.

— Sir Eugene. — Chamou Kristina. — Dá uma olhada nisso.

Ao voltar, o rosto de Kristina estava coberto por um sorriso orgulhoso. Tendo coberto sua roupa sacerdotal com um grande manto, ela caminhou para ficar na frente de Eugene e girou em círculos.

— Se eu fizer isso, não há necessidade de tirar meu traje de sacerdotisa e, se eu colocar o capuz também, posso até cobrir o rosto. — Declarou Kristina.

— Você não acha meio engraçado se gabar disso como se fosse uma grande descoberta? — Eugene perguntou zombeteiramente.

O sorriso de Kristina vacilou com essa pergunta. Ela parou de girar no local e, enquanto olhava para Eugene com os olhos apertados, ela abotoou o manto.

— Está tudo bem eu não acompanhar? — Narissa, que estava por perto de muletas, perguntou hesitante.

Ela certamente tinha medo de ir para o mercado de escravos, mas também sentia o desejo de ajudar Eugene e Kristina, que já haviam feito tanto para ajudá-la.

— Você deve esperar aqui. — Disse Eugene com firmeza. — Se levarmos você desnecessariamente conosco, seria um saco se nos encontrássemos com a tribo Garung.

— Sim… — Narissa aceitou humildemente.

Os ombros de Narissa tremeram levemente com as palavras ‘tribo Garung’. Fazia apenas alguns dias desde que ela se jogou de um penhasco para escapar de seus perseguidores tribais montados em lobos gigantes.

— Também não há necessidade real de você nos seguir. — Disse Eugene, dirigindo-se a Lavera.

Lavera balançou a cabeça. 

— Você realmente acha que um estrangeiro sem mercadoria à venda poderá entrar e sair do mercado como bem entender?

Seu argumento era irrefutável. Eugene verificou a placa de marfim que já havia recebido de Signard. Esta placa foi emitida pela tribo Erbor, uma das grandes tribos de Samar. Sem essa placa, por mais que se disfarçassem de traficantes de escravos, não conseguiriam nem entrar no mercado.

— Talvez você possa confiar no nome Lionheart para entrar. — Propôs Lavera. — Se revelar sua verdadeira identidade, Mestre, então as várias tribos certamente o receberão como um convidado estimado e permitirão que você participe do mercado.

— Eu não quero tanto entrar lá a ponto de estar disposto a sujar todo o nome do clã. — Eugene resmungou enquanto se levantava.

Com um sorriso em seu único olho, Lavera assegurou-lhe: 

— Contanto que você esteja carregando a placa e tenha mercadorias para vender, você pode entrar no mercado pagando apenas uma pequena taxa de entrada.

— Haverá inspeção? — Eugene perguntou.

— Não deve haver. Em primeiro lugar, essas placas são espalhadas apenas entre os traficantes de escravos. — Explicou Lavera.

Eugene não se preocupou em perguntar por que Signard teria uma placa dessas. O motivo não era óbvio? Os traficantes de escravos que originalmente o possuíam devem ter sido pegos se esgueirando, tentando capturar alguns dos elfos errantes, apenas para encontrar seu fim na espada de Signard.

— Não se preocupe muito com isso. Como tenho experiência pessoal com o mercado de escravos, posso fornecer toda a orientação de que você precisa. — Disse Lavera enquanto prendia um conjunto de algemas em volta do próprio pescoço e membros.

Observando essa visão, Narissa começou a tremer de medo. Especialmente quando Lavera trancou as correntes pesadas em torno de seus próprios tornozelos, Narissa não aguentou mais e foi forçada a se sentar com o rosto pálido.

— Hic… Hic… Hic…

Ao contrário de Narissa, que havia sido superada por seu trauma, os olhos de Lavera se fixaram em um olhar frio. Ela cambaleou e depois colocou a ponta da longa corrente na mão de Eugene.

— Preciso mesmo segurar isso tão cedo? — Eugene perguntou desconfortavelmente.

— Você precisa se acostumar a me tratar com tanta crueldade quanto seu rosto sugere. Se me tratar inútilmente com cuidado, os outros mercadores de escravos e os nativos suspeitarão de você, Sir Eugene. — Insistiu Lavera.

— Venha então, escrava. — Eugene imediatamente concordou e puxou desajeitadamente a corrente.

Diante dessa visão, Narissa foi forçada a esconder um sorriso trêmulo, enquanto Lavera apenas balançou a cabeça sem dizer uma palavra.


— Eu sou Ryan.

— E eu sou a Tina…

Antes de chegarem ao mercado de escravos, eles pararam para esclarecer suas histórias. O pseudônimo de Eugene era Ryan e o pseudônimo de Kristina era Tina.

Ryan era um ex-mercenário que se tornou escravocrata, e Tina era a esposa de Ryan.

— Preciso mesmo ser sua esposa? — Kristina perguntou petulantemente.

— Então você quer agir como uma escrava também? — Eugene perguntou em troca.

— Em primeiro lugar, para um casal trabalhar como um par de escravocra—

— Há um ditado, não é? Que ‘diga-me com quem tu andas, que direi quem tu é’?

— Quando você diz isso com seu rosto atual, Sir Eugene, não, Sir Ryan, parece muito ofensivo para mim. — Protestou Kristina.

— Desculpe dizer, mas seu rosto atual também não é exatamente bonito. — Disse Eugene sem parecer particularmente apologético.

O rosto de Kristina se contorceu em uma carranca com essas palavras provocativas. O rosto dela havia se transformado no de uma mulher de meia-idade que parecia de língua venenosa e mal-humorada.

— Enquanto está nesse disfarce, também deve mudar a maneira como fala.

— Hã?

— Seu jeito educado de falar não combina em nada com essa cara. Você deveria misturar alguns xingamentos e deixar sua voz um pouco mais áspera… — Eugene parou de pensar.

— Preciso mesmo fazer isso? — Kristina perguntou com relutância.

— Você prefere ser mais um estorvo do que uma ajudante, fazendo barulho e chamando atenção? — Desafiou Eugene.

— Eu vou… Fazer… — Kristina hesitou e então mudou de assunto. — E-Entendi, chefe.

— Parece que você simplesmente não consegue. — Eugene balançou a cabeça. — Por que não tenta agir como uma muda? Enfim, não deve haver necessidade de você abrir a boca enquanto estivermos lá.

Kristina apertou os lábios e olhou para Eugene. Se ela tivesse seu rosto normal, teria sido capaz de esconder sua raiva por trás de um sorriso em vez de olhar para ele assim, mas talvez por causa de como seu rosto foi alterado, seu olhar raivoso parecia especialmente duro naquele momento.

Apenas a maior das tribos detinha o direito de hospedar esse mercado de escravos. Desta vez, o mercado seria realizado no território da tribo Zyal.

“Achei que pelo menos estaríamos indo para uma cidade.”

Talvez porque estrangeiros e membros da tribo estivessem indo e vindo, o mercado seria realizado no meio da floresta em vez de em uma cidade. Em termos de mercado negro, lembrava a Rua Bolero que ele havia visitado em Aroth, mas fora isso, o mercado de escravos realizado ali era incomparavelmente mais primitivo do que a Rua Bolero.

Até a entrada refletia esse fato. Os guerreiros da tribo Zyal, que haviam montado patrulhas por toda esta área da floresta, olhavam com os olhos arregalados para os mercadores que entravam, enquanto faziam gestos ameaçadores para os convidados das outras tribos.

“Parece que o mercado é apenas uma fachada.”

Eugene tinha uma ideia aproximada do que estava acontecendo ali. O mercado de escravos só abria duas vezes por ano. Naquela época, mesmo tribos hostis não tinham permissão para lutar entre si. Isso porque as grandes tribos haviam proibido qualquer luta dentro do mercado de escravos.

Mesmo assim, num lugar onde tanta gente se reunia, as sementes do conflito não podiam deixar de ser semeadas aqui e ali. Com quanta cautela e hostilidade cada tribo nutria em relação às outras, as tribos sentiram a necessidade de aumentar sua própria estatura para impedir a influência umas das outras.

Os ilustres convidados que estavam ligados a cada uma das tribos também gostaram profundamente de tal visão. Para eles, o próprio mercado era uma atração raramente vista. Além disso, escravos não eram as únicas coisas negociadas ali. vários outros itens de interesse também eram trocados.

Samar era vasta. Este lugar não era apenas coberto de árvores; muitos outros recursos valiosos raramente vistos no resto do continente estavam enterrados lá dentro. Várias gemas inestimáveis e mithril extraídos das minas de Samar e os materiais obtidos dos monstros da floresta eram todos vendidos ali. Além disso, também havia poções que podiam aumentar artificialmente a mana ou fortalecer o corpo. Estes eram o produto dos legados transmitidos por cada uma das tribos de seus ancestrais.

Para esses nobres estrangeiros, essas coisas eram mais valiosas do que escravos, mesmo que os escravos fossem elfos.

— Eu quero um elfo com algum tipo de imperfeição física. — Um desses nobres murmurou para si mesmo.

Era Dajarang Kobal. Ao invés de coisas que não eram de valor óbvio, aquele porco estava mais interessado em um escravo élfico que pudesse ver com seus próprios olhos, possuir e brincar.

— Não há necessidade de pressa. — Ujicha persuadiu Dajarang enquanto resistia à vontade de zombar.

O guerreiro chefe da tribo Garung de alguma forma conseguiu sobreviver ao encontro com o agressor desconhecido alguns dias antes.

Foi tudo graças aos caprichos do homem desconhecido. Depois de olhar para o patético Ujicha, que havia mijado nas calças no local e estava implorando por sua vida, o homem simplesmente desapareceu.

Ujicha não sentiu vergonha do que havia acontecido. Qualquer um que fosse colocado em tal situação teria feito xixi nas calças. Na verdade, nenhum dos guerreiros da tribo Garung que estavam lá naquela época havia saído com as calças secas. Alguns até se cagaram. Não havia apenas um ou dois deles que também caíram no chão e começaram a implorar por suas vidas.

Comparado a esses guerreiros, Ujicha parecia praticamente digno e manteve sua honra como guerreiro chefe. Ele poderia ter implorado por sua vida, mas não caiu de joelhos. Ele pode ter se mijado, mas pelo menos não esvaziou as entranhas.

Ele de alguma forma não morreu e conseguiu viver outro dia. Isso não era o suficiente para pedir?

Um dos Doze Melhores de Shimuin, Bron Jerak, havia perdido a vida, mas Ujicha havia sobrevivido. Dajarang Kobal, um convidado importante, também saiu vivo da situação.

Isso foi o suficiente para considerar a situação um sucesso. Ujicha não conseguiu que Bron o apresentasse às damas do Reino Shimuin, mas enquanto conseguisse satisfazer os desejos de Dajarang, ele ainda poderia garantir um futuro esplêndido para si mesmo em Shimuin.

— Você… Apenas deixe-me dizer, é melhor você se certificar de cuidar bem de mim. — Dajarang olhou para Ujicha com uma arrogante virada de olhos. — Só porque Bron se matou, não significa que você pode se safar por me tratar mal. Afinal, você… Sabe quem é meu pai, não sabe? Realmente acha que eu não notaria o que você realmente está sentindo por dentro?

Dajarang com certeza era um idiota, mas não era como se fosse completamente sem cérebro. Antes de vir para cá, ele foi forçado a ouvir dezenas de sermões sobre a importância do acordo feito entre seu pai, o conde Kobal, e Ujicha. Mesmo depois de chegar à tribo Garung, o falecido Bron também lhe deu dezenas de lembretes.

— Sobre a mina da sua tribo. Você sabe que meu pai é o único que pode lhe dar as condições que você quer para o negócio, certo? — Dajarang fungou arrogantemente.

Embora não seja necessariamente a verdade, o Conde Kobal foi o melhor parceiro comercial que Ujicha encontrou depois de chegar a vários lugares. Em primeiro lugar, o Conde Kobal era um aristocrata de grande importância, mesmo dentro de toda Shimuin.

— A morte de Bron… Bem… Foi inevitável. N-Não foi minha culpa. — Dajarang gaguejou.

Dajarang não tinha desejo de recordar aquele momento. Não, ele não tinha. O que tornou ainda mais assustador em retrospecto foi o fato de que Bron havia morrido.

Mesmo sendo o menor dos Doze Melhores de Shimuin, Bron era um dos doze cavaleiros mais fortes de Shimuin, e o Conde Kobal o valorizava muito. Foi por isso que contratou Bron como escolta para seu filho tolo e o enviou para Samar.

— Entendo o que você está dizendo, jovem mestre. — Ujicha arregalou os olhos inocentemente enquanto olhava para Dajarang. — A morte de Bron foi um acidente. Se o acordo for finalizado, vou me certificar de testemunhar ao Conde Kobal como o jovem mestre deseja que eu faça.

— Certo… Isso mesmo. B-Bron morreu após cair em uma fossa. Depois de ficar bêbado… E-Ele caiu nos banheiros da sua tribo por serem abertos. Ele tropeçou no buraco com os pés primeiro e morreu. — Dajarang declarou com orgulho.

Ujicha hesitou. 

— Em vez disso, que tal dizermos que ele morreu enquanto tentava montar um cavalo depois de beber demais. De qualquer forma, não há necessidade do jovem mestre se preocupar. Pois farei tudo o que puder para que você não precise se preocupar com nada.

— M-mhm, tudo bem então. — Dajarang aceitou. — Farei questão de elogiá-lo ao meu pai, para que lhe conceda o título de cavaleiro.

Com a palavra ‘cavaleiro’, os cantos dos lábios de Ujicha se contraíram para cima. Embora sentisse pena do falecido Bron, graças à morte dele, o futuro de Ujicha estava se tornando ainda mais brilhante.

Tendo perdido tal cavaleiro, o Conde Kobal certamente estaria à procura de guerreiros fortes. Ujicha tinha a confiança de que era habilidoso o suficiente para ocupar o lugar de Bron. Depois de receber o título de cavaleiro do Conde Kobal, se Ujicha fosse capaz de acumular méritos suficientes, poderia até conseguir ter seu nome listado no Grupo dos Doze Melhores do qual Bron era membro.

“Se isso acontecer, então… Terei certeza de viver uma vida luxuosa como um aristocrata”, Ujicha pensou consigo mesmo com um sorriso enquanto se virava para olhar ao seu redor.

Ele olhou ao redor do mercado primitivo e sujo. Escravos estrangeiros, nus e acorrentados, eram exibidos como pedaços de carne pendurados na banca de um açougueiro.

— Por favor me salve!

Havia todos os tipos de chamadas semelhantes. Todos os escravos estrangeiros gritavam quem eram e de que país eram, esperando por resgate. Os criminosos tribais que haviam sido punidos com a escravidão estavam apenas olhando em volta com olhos temerosos, mesmo enquanto se inflavam para tentar parecer o mais musculosos possível.

Vendo isso, Ujicha se decidiu. No momento, ele havia chegado a este mercado como escolta daquele porquinho, mas algum dia voltaria ali depois de se tornar um nobre de Shimuin. Na frente desses caras grandes das tribos maiores, a quem como o guerreiro chefe da tribo Garung ele nem estava qualificado para olhar nos olhos enquanto se vangloriavam, ele retornaria como um nobre que todos lutariam para se alinhar e cumprimentar.

Enquanto imaginava aquele futuro distante — não, não tão distante, os lábios de Ujicha tremeram em um sorriso.

— Ujicha! — Naquele momento, Dajarang gritou, agarrou Ujicha pelo braço e começou a sacudi-lo. — A-Aquela elfa! Lá!

— Que elfa? — Ujicha perguntou.

Até este ponto, eles estavam dando uma olhada no mercado, mas só conseguiram encontrar um elfo à venda. O problema era que o elfo era um homem e Dajarang não demonstrou nenhum interesse por ele, porque todos os seus membros estavam intactos.

No entanto, agora, a voz de Dajarang estava cheia de mais desejo do que nunca. 

— Bem na nossa frente!

Ujicha olhou para frente para onde Dajarang estava apontando.

— Mas ela tem todos os membros? — Ujicha apontou hesitante.

— Não vê que falta um olho! — Dajarang gritou, praticamente engolindo sua baba.

De fato, agora que Ujicha deu uma segunda olhada, a elfa na frente deles havia perdido o olho direito, deixando para trás uma massa de cicatrizes.

Dajarang murmurou animadamente. 

— Ela nem tem um tapa-olho… São… São cicatrizes de uma faca? Ou poderiam ser cicatrizes de queimadura?

A cicatriz deixada em exibição flagrante despertou o interesse de Dajarang. Embora Ujicha definitivamente não pudesse entender um gosto tão distorcido, pelo bem de seu glorioso e doce futuro, tinha que satisfazer os desejos de Dajarang.

Ujicha deu um aceno confiante com a cabeça e rapidamente avançou.

— Ei, você aí. — Gritou ele.

Os mercadores que arrastavam aquela elfa eram um homem e uma mulher. Os olhos de Dajarang vibraram enquanto ele olhava para o homem segurando a corrente do elfo.

O físico do comerciante masculino era muito bom, mas não se comparava ao de Ujicha, que treinava na floresta há décadas.

“Ele poderia ser um mercenário que virou traficante de escravos? Isso significa que suas habilidades não devem ser tão boas.” Ujicha avaliou as habilidades daquele homem com os olhos afiados do guerreiro chefe de Garung. “Aquela ao lado dele… Ela poderia ser sua esposa?”

Vendo como seus rostos estavam igualmente desgastados, pareciam um casal.

“O corpo dela não parece ter sido muito treinado. Ela poderia ser uma maga… Ou apenas uma aquecedora de cama?”

A resposta realmente não importava.

Enquanto exibia descaradamente seus bíceps imponentes, Ujicha bloqueou o caminho dos dois com os braços cruzados e exigiu: 

— Aquela elfa. Venda-a para mim.


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ᚾᚨᛟ᛫ᚠᚨᛊᛊᛟ᛫ᚨ᛫ᛗᛖᚾᛟᚱ᛫ᛁᛞᛖᛁᚨ
Membro
ᚾᚨᛟ᛫ᚠᚨᛊᛊᛟ᛫ᚨ᛫ᛗᛖᚾᛟᚱ᛫ᛁᛞᛖᛁᚨ
9 meses atrás

Não importa a raça q seja o bagulho de escravidão sempre me dá nojo principalmente os que compradores.

Nunca vi desse geito esses asiáticos adora escravizar os elfos e os meio humano. pq porr pra mensionar isso em praticamente toda obra que se passa na era medieval debe fazer sucesso por lá

sla
Visitante
sla
7 meses atrás

Também tenho muita agonia de sempre ter escravidão envolvida em muitas obras. Eles realmente devem gostar de sempre mencionar coisas assim

Lucas leopoldino da silva
Membro
Lucas leopoldino da silva
7 meses atrás

concordo mano, o pior é os protas comprarem, eu simplesmente mataria geral ali, afinal nenhum vendedor de escravo é uma boa pessoa, e que se foda se eles tem familia, familia de merda que vive a custa dos outros tem que se fuder tambem

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