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Damn Reincarnation – Capítulo 199

O Cruzado (2)

O Comandante dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, jurado ao Império Yuras, o Cruzado, Raphael Martinez.

Eugene também tinha ouvido várias histórias sobre o homem.

Seu nome era um dos que apareciam sempre que se tratava de discutir os guerreiros mais fortes do continente.

O Chefe do Conselho do Castelo dos Leões Negros.

O Comandante dos Cavaleiros Dragão Branco.

Os Doze Melhores de Shimuin.

O rei de Ruhr do Norte.

E o Comandante dos Cavaleiros da Cruz de Sangue.

Eugene observou enquanto o homem caminhava em direção a eles do outro lado da floresta.

Os anos que este homem tinha visto ultrapassaram os vistos por Carmen ou Alchester e eram comparáveis às centenas de anos vividos pelo agora falecido Doynes Lionheart. No entanto, por sua aparência, era difícil acreditar que o homem que agora se aproximava deles tivesse vivido mais de cem anos.

Raphael parecia que ainda não havia chegado à puberdade. Chamá-lo de ‘jovem’ seria na verdade um exagero, pois, ao que tudo indicava, ele parecia um menino. Um menino com lindos cabelos loiros e olhos azuis…

No entanto, aqueles grandes olhos azuis não carregavam o menor indício de inocência infantil. Em vez disso, o olhar desolado e sombrio em seus olhos combinava com sua aparência infantil para criar uma atmosfera estranha.

“É realmente bizarro”, Eugene admitiu para si mesmo.

Embora tivesse ouvido falar sobre ele várias vezes, esta foi a primeira vez que Eugene o viu pessoalmente. Mas possuir uma aparência diferente dos anos reais vividos não era nada especial para alguém que havia alcançado tal nível de força.

Era natural que um corpo mais jovem fosse mais forte do que um corpo mais velho. Portanto, assim que magos, cavaleiros e outros tipos de guerreiros atingissem o ponto em que pudessem controlar perfeitamente seus corpos com mana, eles reconstruíam seus corpos velhos em corpos mais jovens.

Depois de rejuvenescer seus corpos, o que eles faziam com sua ‘aparência’ dependia de seu gosto e status. Por exemplo, podem ter uma aparência digna que combina com sua idade, ou podem apenas seguir o exemplo de seu corpo e deixar seu rosto mais jovem também.

Se não se importassem com as opiniões ao redor ou com sua própria posição de autoridade, poderiam decidir manter um corpo jovem e uma aparência como Carmen. Por outro lado, se eles se preocupassem com a aparência que sua posição atrairia, poderiam manter uma aparência digna de meia-idade como Klein, o atual chefe do conselho, ou Gilead, o patriarca do clã.

No entanto, Raphael estava indo longe demais. Ou pelo menos foi o que pareceu aos olhos de Eugene. Ele não apenas tinha o rosto de um menino, mas também um corpo imaturo para combinar. Tinha cerca de um metro e sessenta de altura? Eugene adivinhou que não era tão pouco, mas…

“Eles dizem que seu crescimento parou durante a infância.”

Comparado com outros cavaleiros, Raphael era especialmente pequeno. Não se destacava tanto quando era mais jovem. Mas no meio da adolescência, o ponto em que o crescimento físico do corpo se acelerava, enquanto os outros cavaleiros brotavam como ervas daninhas e apertavam os músculos em seus corpos, o corpo de Raphael não havia mostrado nenhum crescimento adicional.

Mesmo em condições tão adversas, Raphael ainda conseguiu ascender ao posto de Comandante dos Cavaleiros da Cruz de Sangue. Ele já deveria ser capaz de controlar perfeitamente seu corpo com sua mana, mas o corpo de Raphael permaneceu pequeno. Durante o último meio século, o cruzado fez seu nome como o menor e mais forte cavaleiro do continente.

— Sir Eugene Lionheart? — Raphael chamou cautelosamente Eugene enquanto se aproximava com um andar lento.

Então Raphael parou onde estava, não se aproximando mais. Em vez de responder imediatamente, Eugene olhou para Raphael.

Ele certamente era pequeno. Aquele rosto de menino combinado com os olhos de um velho cavaleiro que tinha visto quase tudo não combinava nem um pouco, então, à primeira vista, parecia que Raphael estava usando uma máscara.

Raphael usava o uniforme dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, que trazia uma cruz vermelha bordada no pescoço e no peito. Ele não estava usando nenhuma armadura, mas, ao mesmo tempo, não estava desarmado. Atrás da cabeça de Raphael estava o cabo de uma grande espada em forma de cruz que era mais alta que a própria altura de Raphael.

Os olhos de Raphael desceram do rosto de Eugene. Ele sabia o que aquele olhar óbvio queria ver. Então levantou seu manto e mostrou a Raphael o punho da Espada Sagrada em sua mão.

— Ainda bem que você está bem. — Raphael disse com um aceno de cabeça.

Era difícil para Eugene adivinhar o que esse velho estava pensando por trás de sua máscara de menino. Especialmente porque, como alguém que poderia sentar-se à frente dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, Raphael deveria ser um fanático da Luz; e desse incidente, Eugene concluiu em seu coração que todos os fanáticos da Luz eram existências incompreensíveis.

— A Candidata a Santa Kristina ainda está com você, correto? — Raphael perguntou com um aceno de cabeça.

O olhar perpetuamente sombrio de Raphael ainda estava fixo na Espada Sagrada.

Eugene apontou para a tenda atrás dele e disse:

— Ela está ali. Mas qual o motivo de nos procurar?

— Não é como se você estivesse perguntando, porque não sabe. — Raphael apontou.

— Claro que sei. — Admitiu Eugene. — Mas é exatamente por isso que sua atitude parece tão misteriosa. Depois que fiz uma coisa dessas… Bem… Acho que você jamais seria capaz de aceitar as razões disso do seu ponto de vista. Portanto, é estranho para você vir aqui sozinho nessas circunstâncias, e seu comportamento também está estranhamente calmo.

Os lábios de Raphael se contraíram com essas palavras. Com um leve sorriso, apontou para a Espada Sagrada na qual Eugene estava descansando sua mão.

— Sir Eugene, você foi reconhecido pela Espada Sagrada. Então, para você ter feito algo assim, deve ter tido um motivo que o deixou sem escolha a não ser fazê-lo. E Sir Eugene, já que você ainda é capaz de colocar sua mão na Espada Sagrada, isso deve significar que o Deus da Luz que criou a Espada Sagrada também aprova sua ação… Ou pelo menos eu gostaria de pensar assim. — Raphael terminou hesitante.

— Hm. — Eugene murmurou pensativamente.

— Além disso, a Candidata a Santa Kristina continua ao seu lado. — Acrescentou Raphael. — Embora não a tenha encontrado com muita frequência, sei que ela é uma pessoa muito sincera e gentil.

Eugene ergueu uma sobrancelha.

— É mesmo?

— Sim. — Raphael assentiu. — Se você a tivesse sequestrado à força, então acredito que ela teria tirado a própria vida.

Eugene realmente não gostou de ouvir tais palavras.

Com um sorriso torto, Eugene envolveu os dedos ao redor do cabo da Espada Sagrada e disse:

— Eu realmente odeio ouvir coisas assim.

— O mesmo vale para mim. — Raphael disse com um aceno de cabeça e um sorriso retribuído. — No entanto, como alguém que foi criado pelo Cardeal Rogeris, pelo que sei e tenho visto, a Candidata a Santa é exatamente essa pessoa. Então, para ela… Ter abandonado a cerimônia sagrada no meio do caminho e buscado refúgio com você, Sir Eugene, ainda é difícil de acreditar.

— Você viu o templo antes de vir para cá? — Eugene perguntou.

Raphael assentiu.

— Está em um estado bastante miserável.

Eugene esperava que a pergunta deixasse uma rachadura na expressão de Raphael, mas parecia ter falhado.

— Ah, acabei de perceber que deveria ter verificado uma coisa. Embora, na verdade, eu me pergunte se é algo que eu realmente preciso confirmar… Tudo foi feito por você, Sir Eugene? — Raphael perguntou tardiamente.

— Eu matei mais de cem Paladinos e Inquisidores, assim como o Justiceiro Atarax, e… Havia também… Quem era mesmo? — Eugene parou incerto.

— Se está falando do Capitão dos Cavaleiros da Cruz de Sangue, esse amigo se chamava Giovanni. — Raphael respondeu.

— Ah, sim, senhor… Giovanni, assim como o cardeal Rogeris. Eu matei todos eles. — Eugene confessou honestamente.

Durante toda essa conversa, a expressão de Raphael não mudou. Ele manteve o mesmo sorriso que tinha desde o início, e seus olhos calmos pareciam estar tratando tudo isso como um relatório extremamente formal e profissional.

— Você realmente fez algo incrível. — Raphael comentou.

— Sim, bem… As coisas acabaram assim. — Respondeu Eugene.

Então os dois ficaram parados enquanto um breve silêncio se espalhava entre eles.

Era realmente assim que a conversa deveria acontecer? Eugene fez essa pergunta no fundo de seu coração. A reação de Raphael não foi muito casual? Mesmo assim, como um paladino que serve como símbolo de sua nação, sua lealdade ao império e à igreja, e também sua fé na luz, devem ser fortes.

A expressão de Raphael parecia verdadeiramente calma. No entanto, Eugene ainda não baixou a guarda. Pelo que havia experimentado em sua vida anterior, quanto mais não conseguia entender o que alguém estava pensando, e quanto mais bizarra sua atitude, mais absurda era a loucura que aquela pessoa escondia.

Raphael se animou.

— Ah, Candidata a Santa Kristina.

Kristina, que estava esperando dentro da tenda, surgiu de repente.

Embora ainda estivesse a uma boa distância da tenda, Raphael avistou Kristina emergindo e a cumprimentou com um sorriso e um aceno de mão:

— Fico feliz em ver que você está ilesa.

Eugene bufou.

— Você não disse que ela é alguém com quem você não se encontra com tanta frequência?

— Eu estava falando a verdade, mas isso não quer dizer que eu seja indiferente a ela. Também fui eu que a ensinei a usar o mangual que ela empunha. — Raphael explicou.

Kristina começou a se aproximar. Eugene tentou impedi-la de se aproximar levantando a mão para detê-la, mas Raphael levantou a mão ainda mais rápido do que Eugene.

— Candidata a Santa. — Gritou Raphael. — Por favor, não se aproxime ainda.

Kristina hesitou.

— Lorde Raphael…

— Ainda não decidi exatamente o que devo fazer sobre tudo isso. — Raphael a informou.

Eugene sorriu com essas palavras.

Olhando para Raphael, que era mais baixo que ele, Eugene perguntou:

— O que mais você tem a considerar?

Raphael se recusou a fazer mais perguntas.

— Acho que não precisamos dizer mais nada sobre o assunto que acabou de ocorrer. Eu realmente não quero fazer algo assim, e não acho que seria bom para você também, Sir Eugene.

— Por que você não quer perguntar sobre isso? — Eugene perguntou curiosamente.

— Bem, é… É porque eu dei uma olhada no templo antes de vir para cá. O cardeal Rogeris era forte, e o amigo Giovanni era capitão de nossa ordem de cavaleiros, então suas habilidades eram inquestionavelmente boas. Atarax do Maleficarum também não era um oponente para ser menosprezado. Havia também cerca de cento e setenta paladinos e inquisidores que morreram lá. — Raphael disse com um aceno de cabeça. — Para tal tragédia acontecer em um único dia, Sir Eugene, você deve ser incrivelmente forte. É por isso que posso dizer honestamente que realmente não quero lutar contra você, Sir Eugene.

Eugene levantou uma sobrancelha.

— Então não precisamos lutar, certo?

— Se fosse assim, eu nem teria sido mandado para cá. Você também deve estar ciente de quão absurdo é o que acabou de dizer.

— Então tem mesmo que ser assim?

— Sim, Sir Eugene, você realmente fez algo incrível. Se eu deixasse de lado o quanto não quero lutar contra você, olhasse para todos os fatos do assunto e pensasse seriamente sobre a situação, então teria que concluir que devo lutar e matar você, não importa o que aconteça.

— Mas teria sido mais fácil fazer isso se você trouxesse alguns outros Paladinos com você em vez de vir aqui sozinho. — Eugene apontou.

— Não tem jeito. — Raphael deu de ombros. — O templo e a Fonte de Luz localizados aqui devem ser mantidos em segredo mesmo dentro da igreja… E só vim aqui para descobrir o que exatamente aconteceu.

— Então é isso mesmo. — Eugene assentiu em compreensão.

Raphael suspirou.

— Sinceramente falando, isso vai além do que eu poderia imaginar. Examinei os cadáveres daqueles que você matou, e o que encontrei foi realmente… Impressionante. Tal esgrima implacável é difícil de ver em uma era como esta.

O silêncio caiu mais uma vez.

Raphael acabou quebrando o silêncio.

— Foi o Santo Papa quem me mandou aqui. Depois de confirmar o que aconteceu aqui na Fonte, ele me mandou subjugá-lo completamente e levá-lo ao Vaticano, ou então… Decapitá-lo e levar sua cabeça para eles.

Eugene hesitou.

— Então… Lorde Raphael, na sua opinião, você realmente acha que isso será possível?

— Embora eu tenha que tentar saber ao certo, entre todos os cavaleiros sob o comando do Santo Papa, não há cavaleiro tão forte, fiel, confiável e leal quanto eu. — Raphael declarou sem aparente arrogância. — Como tal, não tive escolha a não ser vir para cá.

— Então o que você vai fazer agora? Vai sacar aquela sua grande espada? — Eugene perguntou desafiadoramente.

— Ainda estou pensando nisso, mas… Sir Eugene, e se você fugir em vez disso? — Raphael propôs.

Eugene franziu a testa.

— Hein?

— Só estou dizendo isso, porque acho que vai ser mais fácil para mim, reunir alguma motivação, mas se for possível… Que tal deixar a Candidata a Santa aqui e fugir sozinho? — Raphael explicou.

— Você está falando sério agora? — Eugene perguntou em descrença.

— Só estou dizendo isso depois de pensar muito. — Raphael assentiu. — Eu não quero que uma luta de espadas comece onde a Candidata a Santa possa ver… E depois de ver você parado aí tão imponente, minha fé também foi ligeiramente abalada.

— Sinceramente. — Eugene disse duvidosamente.

Raphael engasgou.

— Ah, esqueci de te contar uma coisa? Então… Antes de virarmos nossas espadas um contra o outro, posso te pedir um favor?

— Que tipo de favor?

Embora não houvesse nenhuma raiva, hostilidade ou intenção assassina presente em sua conversa, Eugene ainda podia detectar o estranho cheiro de aço. Parecia que ele estava falando com uma espada como boca. O mesmo acontecia com Eugene, mas Raphael era alguém que não precisava de nada como uma rotina de aquecimento antes de entrar em uma luta.

Como um paladino que estava vestindo a pele de um menino, uma vez que ele decidiu fazê-lo, Raphael poderia imediatamente desencadear uma intenção assassina indutora de insanidade. Se necessário, Raphael poderia reunir raiva e ódio pelas mortes dos Paladinos, dos Cardeais e dos membros da Inquisição. Ele então aprimoraria todas as emoções geradas por isso em sua intenção assassina e infundiria essa intenção em sua grande espada.

Parecia que Raphael era alguém que pensava que resolver seus problemas com luta e matança era desnecessariamente confuso. Pelo que ele havia mostrado através de suas palavras, olhar e atitude até agora, ele empunhava sua espada de uma maneira altamente profissional.

— Por favor, saque a Espada Sagrada. — Raphael finalmente falou. — E chame a luz da Espada Sagrada na minha frente.

Kristina exclamou:

— Lorde Raphael! Sir Eugene realmente é—

— Perdoe-me por dizer isso, Candidata a Santa Kristina, mas receio não poder ouvir suas palavras. No momento, o que preciso é confirmar os fatos para poder fazer meu julgamento. — Disse Raphael dando alguns passos para trás.

Depois de olhar nos olhos perpetuamente nublados de Raphael, Eugene assentiu lentamente. Esta não foi a primeira vez que recebeu um pedido para retirar a Espada Sagrada e mostrar sua luz.

Sempre que Eugene sacava a Espada Sagrada e atraía sua luz, todos os crentes da Luz que a viam celebravam o fato de que Eugene era o Herói. Mas mesmo sob tais circunstâncias, ao saber que as opiniões de Eugene contradiziam seus próprios pontos de vista, eles mudavam sua avaliação de Eugene tão rapidamente quanto um movimento da palma da mão.

— Isso é o suficiente? — Eugene perguntou quando a lâmina da Espada Sagrada foi totalmente retirada de dentro de seu manto e começou a irradiar luz.

Fazer a luz da Espada Sagrada brilhar não era difícil para Eugene. Ele só precisava segurar a Espada Sagrada e se concentrar em seu desejo de luz.

O próprio Eugene tinha muitas perguntas sobre essa ‘luz’.

Quando Eugene estava matando os fiéis dentro do templo, a Espada Sagrada não emitia luz como Eugene desejava, mas também não queimava suas mãos para tentar escapar das garras de Eugene. Em vez disso, na verdade guiou Eugene a encontrar o caminho certo através da névoa do templo e, no último momento, quando matou o Cardeal Rogeris, explodiu em uma luz brilhante, embora Eugene não tivesse pedido isso.

Era como se estivesse tentando provar que isso realmente era Retribuição Divina, como Eugene havia afirmado.

Mesmo sob tais circunstâncias, a ‘Luz’ também emprestava sua força a todo o clero do templo. No final, Sergio convocou anjos usando magia divina de alto nível e até fez uso de seu estigma.

Nas mãos de Eugene, a Espada Sagrada parecia mostrar que o Deus da Luz desprezava essa tentativa de imitar sua Encarnação e a cerimônia que deveria completar a transformação de Kristina nessa falsa Santa, entregando assim a Retribuição Divina.

Mas, ao mesmo tempo, Deus emprestou sua luz a seus outros crentes.

Anise disse que o Deus da Luz ama todos os seus seguidores e concede sua luz a cada um deles.

Teria sido melhor se o Deus da Luz tivesse respondido à vontade de Eugene e retirado sua luz dos sacerdotes que Eugene estava enfrentando. Então, dada a sua posição como Herói, Eugene teria sido capaz de agir sem qualquer restrição.

No entanto, o Deus da Luz não tinha feito isso. O Deus da Luz parecia mais indiferente do que benevolente. Ele permitiu que o cadáver de sua Encarnação fosse usado para criar uma imitação de sua Encarnação na forma de uma Santa, e silenciosamente concedeu sua luz para ser usada nos experimentos desumanos que Yuras vinha conduzindo por centenas de anos para aperfeiçoar sua Imitação de Encarnação.

Isso durou centenas de anos.

Embora fosse verdade que Eugene era o Herói reconhecido pela Espada Sagrada, os fanáticos de Yuras, especialmente o Papa e os Cardeais que sabiam o que estava acontecendo nos bastidores e mentiram que os Estigmas que eles mesmos esculpiram foram concedidos pela luz, poderiam não mostrar nenhum arrependimento, mesmo que Eugene revelasse a verdade sobre essa tragédia. O fato de Raphael Martinez ter ido até ali sozinho naquele dia também permitiu a Eugene adivinhar o que eles estavam pensando.

O Papa e os Cardeais pretendiam enterrar completamente este assunto.

Raphael silenciosamente olhou para a brilhante Espada Sagrada por alguns momentos.

Então ergueu a mão e segurou o cabo atrás da cabeça.

Era impossível sacar uma espada longa amarrada em suas costas sobre a cabeça em um movimento, então Raphael puxou o cabo da espada longa em direção ao ombro. O cinto enrolado em seu peito foi movido junto com esse movimento, então a grande espada agora estava pendurada em seu ombro.

Schiiing.

A grande espada em forma de cruz deslizou lentamente para fora de sua bainha. Raphael segurou o punho da grande espada em ambas as mãos.

Sem apagar a luz emitida pela Espada Sagrada, Eugene apenas encarou Raphael.

Fwoosh.

Uma luz brilhou da espada larga de Raphael. Essa luz que foi invocada tão casualmente era incomparavelmente mais brilhante e profunda do que a luz invocada pelos Paladinos que Eugene tinha visto alguns dias atrás.

Raphael silenciosamente comparou as duas luzes diferentes.

A luz foi refletida nos olhos profundamente sombreados de Raphael. Sem qualquer traço de diversão, ele olhou para sua própria espada larga, então acenou com a cabeça ligeiramente.

A grande espada girou em um círculo. Então, descansando-a ao lado dele e segurando-a como suporte, se ajoelhou no local.

— Respeite o Herói. — Raphael disse enquanto inclinava a cabeça.

Eugene ainda não conseguia descobrir quais eram as intenções de Raphael.

Ele então ergueu a grande espada no ar acima de sua cabeça usando ambas as mãos e disse.

— E adore a Luz.

Raphael levantou a cabeça. Através da luz brilhante que vinha de suas espadas, olhou para Eugene, então abaixou a grande espada que havia levantado acima de sua cabeça no chão na frente de seus joelhos.

— O que você está fazendo? — Eugene finalmente perguntou.

— A Espada Sagrada reconheceu você. Mesmo que tenha matado muitos crentes da fé, sua luz não se apagou e, mesmo agora, brilha tão intensamente. — Raphael disse como explicação enquanto abaixava a cabeça mais uma vez. — Como a luz permanece tão brilhante, mesmo quando segura em suas mãos, Sir Eugene, o que você fez não foi um massacre dos fiéis, mas sim uma Retribuição Divina entregue pela Luz.

— Você acha mesmo? — Eugene perguntou com ceticismo.

— Como simples crente, não sinto necessidade de separar os fatos da verdade. Eu só preciso seguir a vontade da Luz Brilhante. — Raphael afirmou calmamente.

Eugene ergueu uma sobrancelha. — Você não está desconfiando que eu me corrompi?

— Se a mão de um corrompido ainda fosse capaz de emitir tal luz, então estavam certos em se corromper. — Raphael disse com um encolher de ombros e uma risada. — Há muito tempo sigo a Luz e sempre servi fielmente à Fé. Durante esse tempo, vi tantas coisas que quase abalaram minha fé. O que encontrei aqui foi um templo secreto, vestígios de um ritual que não era diferente de abuso, os restos mortais perdidos de nossas ex-santas falecidas e evidências de uma colaboração secreta entre o Papa e os Cardeais.

Eugene permaneceu em silêncio.

— Mas a Luz generosamente concedeu a eles uma luz que é mais brilhante do que a maioria das outras, e mesmo quando estou com dor e dúvida, tendo perdido a confiança em minha fé por causa de tudo o que acabei de ver, Deus ainda concedeu sua luz para mim. Como tal, acabei decidindo que ‘este lado’ deve ser o certo… Mas Sir Eugene, tendo visto sua luz, está claro que este lado não está certo. — Raphael declarou com firmeza enquanto se levantava. — Então vamos decapitar o Papa.

— Hã? — Eugene engasgou.

— O Papa Aeuryus aguarda meu retorno na Câmara de Audiências do Vaticano. — Revelou Raphael. — O cardeal Beshara e o cardeal Pietro também devem estar com Aeuryus.

Eugene ficou mudo mais uma vez.

— Já que os três estão juntos, podemos decapitar todos de uma vez. Existem alguns Paladinos designados para o Vaticano, mas se eu mostrar o caminho, deve ser fácil para nós chegarmos à Câmara de Audiências, Raphael conspirou.

— Espere. — Exigiu Eugene.

Preso em seus planos, Raphael continuou ininterruptamente.

— Existem Cavaleiros de Escolta acompanhando Aeuryus diretamente, mas eles são apenas dez no total, e suas habilidades são semelhantes às de Giovanni, a quem você matou.

— Espere um segundo. — Eugene tentou mais uma vez.

— Acho que o verdadeiro problema será com Aeuryus, Beshara e Pietro. Sir Eugene, você disse que matou Sergio, mas ele conseguiu usar a luz? — Raphael perguntou.

Eugene respondeu:

— Ele foi sim, mas—

— De fato, a luz misericordiosa ilumina todos aqueles que possuem fé. Graças a isso, teremos dificuldade em matar o Papa e os Cardeais. — Como se fosse natural, Raphael se colocou ao lado de Eugene e Kristina, amarrando-os em seus planos como ‘nós’. — Então, é claro, recomendo um ataque surpresa, mas isso exigirá sua ajuda, Sir Eugene. Em primeiro lugar, você finge ter sido subjugado por mim para que possamos entrar juntos na Câmara de Audiências, então devemos ser capazes de matar os Cardeais de surpresa. Mas isso ainda nos deixa com Aeuryus… Hm… O problema é que, enquanto não formos capazes de matar Aeuryus com um só golpe, todos os Paladinos, Inquisidores e Sacerdotes serão chamados, então mesmo que consigamos matá-lo—

— Espere, espere um pouco! — Eugene gritou apressadamente para cortar as palavras de Raphael. — Não tenho intenção de matá-los.

— Mas eles não merecem ser mortos? — Raphael questionou confuso. — E também estão planejando matá-lo, Sir Eugene.

— Sério? — Eugene perguntou.

— Na minha opinião, provavelmente é isso que eles estão procurando. Pelo que ouvi, a maioria das relíquias sagradas armazenadas no relicário especial desapareceram em algum lugar. — Raphael os informou.

— Hã? — Eugene reagiu surpreso com esta notícia.

Raphael assentiu.

— Embora eu não saiba o motivo exato do desaparecimento delas, provavelmente tem algo a ver com você, certo?

Eugene lembrou o que tinha visto da Fonte de Luz e as relíquias que atuavam como filtros e purificadores de água dentro dos mecanismos do templo. Tudo isso se transformou em luz e desapareceu diante dos olhos de Eugene.

“Ele acabou de dizer que as relíquias sagradas no Vaticano também desapareceram?” Eugene considerou a notícia com a testa franzida.

No final, a maioria dessas relíquias eram restos mortais de ex-santas.

— A maioria das relíquias de classe especial que estavam armazenadas desde a fundação de Yuras foram perdidas, e a Fonte de Luz, que era considerada um local sagrado, também desapareceu. O Cardeal Rogeris morreu, e bandos de Paladinos e Inquisidores também foram mortos, então não é natural que o Papa e os outros Cardeais tentem matá-lo ou considerá-lo responsável por isso, Sir Eugene? — Raphael alertou.

— Mas afinal, eles também não são sacerdotes? Não vão se converter como você ao ver a luz da Espada Sagrada? — Eugene perguntou esperançoso.

— Eu não fui convertido. Fui resgatado da minha desilusão. — Disse Raphael com um sorriso calmo. — Já que eu estava desiludido em primeiro lugar, eu só precisava de um gatilho para me colocar em um caminho diferente. Mas o Papa e os Cardeais são diferentes de mim. Para eles, como o Herói que apareceu de repente do nada, Sir Eugene, você é apenas um capricho da Luz. Eles podem adorá-lo como um milagre, mas se precisarem, não hesitarão em chamá-lo de corrompido ou de demônio.

Assim como Sergio havia feito.

— Sir Eugene, o melhor que pode esperar é a aceitação deles, não a conversão. Esses três estiveram em uma posição muito elevada, viram muitas coisas e firmaram sua determinação para que muitas decisões difíceis fossem muito facilmente influenciadas. Eles vão exigir que você faça algo para equilibrar todas as coisas que perderam por sua causa e, a meu ver, será impossível atender a tal pedido, então será melhor matá-los. — Aconselhou Raphael.

— O que você acha que eles vão me pedir para fazer? — Eugene checou.

— Eles podem pedir para você assassinar um dos três Príncipes de Helmuth para provar que você é o Herói… Hmm, pensando bem, isso pode ser uma provocação muito grande para o Rei Demônio do Encarceramento. A naturalização completa em um cidadão de Yuras seria muito leve… Ah! Eu pensei em uma solicitação com a quantidade certa de impacto. O Papa Aeuryus provavelmente pedirá que você assassine o Rei de Ruhr, Raphael declarou em voz alta.

 Hã? — Eugene ficou boquiaberto em descrença.

— O Rei de Ruhr, o Rei Bestial, Aman Ruhr. Seu país se recusou repetidamente a se juntar à Aliança Anti-Demônio liderada pelo Império Sagrado e, desde alguns anos atrás, começou a interagir com Helmuth. A força pessoal do rei Aman é digna de ser considerada uma das melhores em todo o continente, então você poderia chamar sua existência contínua de um espinho no olho do Papa. — Raphael explicou.

— Mas por que eles me pediriam para fazer isso? — Exigiu Eugene.

Raphael continuou a extrapolar:

— Não importa o quão irritante ele seja, o Papa não pode fazer um movimento sozinho, e Yuras não ganhará nada travando uma guerra contra Ruhr. É por isso que tentariam usá-lo, Sir Eugene. Eles provavelmente colocariam um selo em seu cérebro para o caso de você falhar. Dessa forma, mesmo que a tentativa falhasse, a conexão com Yuras não seria revelada, e Kiehl ou o clã Lionheart seriam forçados a assumir a culpa.

— Hah. — Eugene bufou acreditando.

Raphael teve outra ideia.

— Ou talvez eles possam cortar seus membros e transformá-los em relíquias.

— Se for esse o caso, então vamos discutir como convencê-los sem que eu tenha que aceitar um de seus pedidos. — Eugene mudou de assunto com força.

— Isso me parece ser impossível… — Raphael murmurou com uma expressão grave.

Eugene ignorou essas palavras e virou a cabeça. Kristina ainda estava parada à distância.

Eugene gritou para ela.

— Kristina, venha aqui.

Kristina reagiu confusa.

— Hein?

— Não venha até aqui andando, faça ‘aquilo’. — Instruiu Eugene.

O que ele quis dizer com ‘aquilo’? Kristina ficou surpresa por um momento, mas logo entendeu o que Eugene estava pedindo para ela fazer. Com uma tosse baixa, ela colocou as mãos juntas na frente do peito.

Quando Kristina deu um passo…

Fwooosh!

Oito asas se abriram atrás de suas costas.

— Eles não vão se convencer assim que virem isso? — Eugene se virou para perguntar a Raphael enquanto apontava para Kristina, que ainda se aproximava com as asas abertas.

A máscara estóica de Raphael havia se quebrado.

Sua boca estava aberta em uma expressão de pura admiração e empolgação que finalmente combinava com seu rosto de menino.

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Deus Maligno
Membro
Deus Maligno
2 meses atrás

Pelo visto nem todo escalão superior do império sagrada são lunáticos, é bom. Muitas histórias só mostram o podre das representações religiosas sem mostrar que tem lado bom, oq é impossível.

Giovanne
Membro
Giovanne
3 meses atrás

Cara esse raphael é foda pakas total respeito por ele e namoral eu só imaginei ele como uma criança de 14 anos falando tudo isso

Saefel
Membro
Saefel
4 meses atrás

Kkkkkkkkkkk toda vez que eu lia as falas desse cara eu imaginava ele com a voz do Darwin de o incrível mundo de gumball

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