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Damn Reincarnation – Capítulo 219

Uma Assinatura (3)

Eugene passou os últimos meses com um foco singular em estudar magia, ainda mais do que quando começou a aprender magia. Ele releu os livros mágicos guardados na Torre Mágica Vermelha, embora já tivesse terminado de ler todos há muito tempo, enquanto também trabalhava em Acryon mais uma vez, do primeiro andar ao último. Ele até persuadiu e ameaçou Melkith a emprestar-lhe os livros mágicos mais raros que eram mantidos na Torre Mágica Branca.

Visto que estava tão focado nisso, era natural que os rumores começassem a se espalhar. Na verdade, mesmo que Eugene não estivesse tão entusiasmado em sua busca pela magia, os rumores ainda não teriam escolha a não ser começar a voar. Era porque o nome Eugene Lionheart era muito famoso.

Além de estar associado ao clã Lionheart, Eugene era o mestre de Akasha e o sucessor da Sábia Sienna. Com alguém como Eugene já começando a pesquisar sua Assinatura e se preparando para ascender ao posto de Arquimago, era natural e inevitável que se tornasse o olho da tempestade de Aroth.

A primeira pessoa a procurá-lo foi o príncipe herdeiro de Aroth. Honein Abram, o príncipe herdeiro que se interessou por Eugene desde que começou a estudar em Aroth, visitou a Torre Vermelha acompanhado por Trempel Vizardo, o chefe da Divisão de Magos da Corte. Sob o pretexto de alugá-los, Honein emprestou a Eugene vários livros da Biblioteca Mágica do Palácio Real.

A próxima pessoa a procurar por Eugene foi Hiridus Euzeland, o Mestre da Torre Azul. Como estava preocupado que, como alguém que não era membro da Torre Mágica Vermelha, seria rude da parte dele dar conselhos e instruções ao discípulo de Lovellian, ele só foi procurar por Eugene depois de primeiro pedir permissão a Lovellian. Como Trempel, Hiridus ouviu a notícia de que Eugene estava concebendo sua própria Assinatura e foi dar conselhos do ponto de vista de um Arquimago.

O Mestre da Torre Verde, Jeneric Osman, não foi procurar por Eugene. Talvez fosse porque ainda não havia se livrado da humilhação e da raiva por perder aquele duelo que teve contra Eugene naquela época? Pelo que Eugene ouviu, parecia que Jeneric estava enfiado no último andar da Torre Mágica Verde desde o dia em que o duelo terminou.

Isso realmente não importava muito para Eugene. Ele não sabia que tipo de conselho o Mestre da Torre Verde poderia dar de sua perspectiva, mas Eugene já havia ouvido conselhos de três Mestres de Torre e do Chefe da Divisão de Magos da Corte.

Além disso, ele já tinha visto a Assinatura do Mestre da Torre Verde, Yggdrasil, e graças à compreensão do nível anterior do feitiço, a Árvore Divina, através de Akasha, Eugene foi capaz de conjurar o feitiço sozinho.

— Se possível, você não deveria visitar a Praça Merdein. — Aconselhou-o Melkith. — Você também não deve ir a nenhuma das lojas da cidade que tenham letras ou padrões verdes em seus letreiros.

— Por que não? — Eugene perguntou.

Melkith zombou.

— É realmente tão ignorante? A Praça Merdein é o jardim da frente da Torre Mágica Verde. As lojas com letras ou padrões verdes em suas placas são lojas que apoiam a Torre Verde. Então, naturalmente, essas lojas estão cheias de magos de lá.

Eugene argumentou de volta:

— E por que eu deveria ter tanto medo a ponto de evitá-los?

— Não estou dizendo isso porque estou preocupada com você. Não, só estou preocupado com os magos da Torre Verde que vão arranjar briga com você e levar uma surra. Já é uma pena que o Mestre da Torre tenha sido espancado e humilhado em público, mas se eles também forem espancados, podem simplesmente explodir de vergonha e cometer suicídio.

Eugene não ignorou esse conselho que Melkith deu enquanto estalava a língua em preocupação fingida. Em todo caso, Eugene não tinha nenhum motivo para ir à Praça Merdein ou a qualquer uma das tabernas, restaurantes ou lojas que vendem itens mágicos na cidade.

Mas por esse motivo, era conveniente para Eugene que Kristina e Anise o acompanhassem até ali. Enquanto Kristina estivesse no comando de Mer, que vinha implorando para que ele pudesse ir aos restaurantes da cidade sempre que tivessem tempo livre, Eugene poderia se concentrar confortavelmente em suas ideias para uma Assinatura.

Mas então havia o Mestre da Torre Negra.

Balzac Ludbeth havia enviado várias cartas para a Torre Mágica Vermelha e Eugene. Enquanto o parabenizava por começar a subir até o meio degrau antes de se tornar um Arquimago, sua carta também oferecia qualquer ajuda que Eugene precisasse se quisesse conselhos sobre como projetar sua própria Assinatura.

No entanto, o Mestre da Torre Vermelha, Lovellian, tinha um profundo ódio pelos magos negros, e Eugene não era diferente a esse respeito. Enquanto o mundo podia ter mudado drasticamente nos últimos trezentos anos, e a posição dos magos negros mudou drasticamente, para Eugene, ele eram apenas magos negros.

Claro, tendo retornado recentemente de uma visita ao Império Sagrado, ele talvez pudesse reconhecer o fato de que os magos negros de hoje podem ser caras bastante decentes… Eugene até pensou que a Torre Mágica Negra de Aroth, em particular, poderia ser uma instalação de pesquisa mágica extremamente humana e sensata em comparação com o que viu em Yuras.

Mesmo assim, os magos negros ainda eram magos negros. O fato de não estar xingando na cara deles ou tentando matá-los cegamente já era uma prova de que Eugene estava se segurando muito e que conseguiu se adaptar a esta época à sua maneira.

— Você finalmente arranjou tempo para mim. — Balzac cumprimentou Eugene com um sorriso.

No final, Eugene ainda concordou em se encontrar com o Mestre da Torre Negra. Foi Lovellian, não Eugene, quem primeiro cedeu aos fervorosos pedidos de Balzac. Embora pudesse não gostar de Balzac, o respeitava. Ele ainda podia odiar todos os magos negros, mas Lovellian tinha que admitir que o próprio Balzac e a Torre Negra que o homem controlava nunca causaram grandes problemas.

Um colega Mestre de Torre e Arquimago, cujo nome sem dúvida deixaria sua marca na história do continente, estava enviando uma carta para eles a cada poucos dias, então nem mesmo Lovellian poderia mais ignorá-lo. Então sutilmente pediu a Eugene que se encontrasse com o Mestre da Torre Negra, e Eugene também fingiu ceder e aceitou o convite de Balzac.

— Eu também estava curioso sobre a Torre Mágica Negra. — Eugene respondeu enquanto olhava para a Torre.

Ela era localizada em um lugar considerado remoto, mesmo que ainda estivesse na capital Pentágono e, como seu nome, a torre parecia negra como breu, como se tivesse sido esculpida em obsidiana. A praça abaixo da torre também estava repleta de rosas negras em plena floração, e a atmosfera de todo esse lugar parecia sombria e triste.

— Essas rosas. — Eugene apontou. — Você as projetou intencionalmente dessa cor e os plantou ali?

Balzac prontamente admitiu:

— Sim, fizemos isso mesmo.

Eugene deu sua opinião.

— Por que fez algo assim? Esteticamente falando, não acho que seja tão bom.

— Honestamente, elas foram plantadas para dar essa impressão. — Balzac confessou. — Isso vale para mim também, mas os magos pertencentes à Torre Mágica Negra não costumam atrair olhares amigáveis de seus arredores, então, em vez de ter que lidar com esses olhares hostis, preferimos evitá-los completamente. Então, se plantássemos muitas rosas nessa cor sinistra, as pessoas não viriam aqui, pois isso apenas estragaria seu humor… Ou pelo menos é o que pensávamos.

Balzac olhou ao redor com um sorriso.

A praça abaixo da Torre Negra estava extremamente lotada. A maioria das pessoas ali eram amantes se divertindo em encontros. Embora um jardim de flores com uma variedade de cores fosse comum, um jardim de flores cheio de nada além de rosas negras era raro neste mundo. Como resultado, a Praça Negra tornou-se inevitavelmente famosa como um ponto de encontro para os amantes que viviam em Aroth.

Balzac encolheu os ombros.

— Embora não pudéssemos esperar que isso acontecesse, não acho que seja tão ruim assim. Também é muito agradável olhar para os jardins de rosas negras da torre.

Será que ele realmente não tinha previsto isso? Eugene deu uma olhada no sorriso de Balzac, então olhou para a Torre Negra mais uma vez. A única diferença era a cor; a forma da Torre não era muito diferente da Torre Vermelha ou de qualquer outra Torre Mágica.

— Embora eu não saiba o que você pode estar esperando, o interior da Torre Negra não será muito diferente da Torre Vermelha. — Revelou Balzac. — Naturalmente, isso também significa que você não encontrará coisas como cadáveres humanos por aí.

Eugene respondeu.

— De acordo com os rumores, a terra onde a Torre Mágica Negra foi construída já foi um cemitério há muito tempo. Mesmo agora, dizem que cadáveres não identificados daqueles que morreram ou desapareceram nos becos da cidade estão empilhados no porão da Torre Negra.

— Aroth é um país desenvolvido. Como tal país, nossa segurança é excepcional e a magia se infiltrou em nossas vidas a tal ponto que a maioria das atividades diárias dependem dela. Quantos cadáveres não identificados poderiam realmente existir em um país como este? — Balzac perguntou retoricamente.

— Deixei você de mau humor?

— Já ouvi falar de tais mal-entendidos tantas vezes que estou bem com isso. Na verdade, estou realmente feliz em saber que suas suspeitas são apenas as tradicionais, Sir Eugene.

Balzac riu enquanto abria as portas da Torre Negra. Enquanto Eugene o seguia, ele aguçou seus sentidos, mas não sentiu o cheiro de cadáveres em decomposição como esperava. Assim como Balzac havia dito, a cena dentro da Torre Mágica Negra não era muito diferente da Torre Vermelha.

Balzac sorriu.

— Admito que a necromancia é o exemplo mais típico de magia negra, mas ela não é tudo que existe na magia negra.

Balzac sabia que Eugene estava procurando o cheiro de cadáveres. Mantendo um sorriso relaxado, conduziu Eugene para frente.

— Além disso, eu mesmo não gosto muito de necromancia. — Balzac continuou falando. — Afinal, a única coisa que a necromancia pode fazer é levantar os cadáveres dos mortos ou convocar almas e manipulá-las, mas isso não é um uso tão grosseiro da magia?

— Parece que sua antipatia não decorre de razões morais. — Disse Eugene acusativamente enquanto encarava as costas de Balzac.

Balzac foi silenciado por esta declaração por alguns momentos, mas logo caiu na gargalhada e assentiu.

Balzac prontamente admitiu:

— Sim. Se eu tiver que ser honesto, está correto. Abstenho-me da necromancia, porque os feitiços grosseiros dela simplesmente não me atraem como mago. O que me fascina na magia negra… É o fato de que ao receber o poder de um Rei Demônio, cuja existência é comprovada, você pode alcançar coisas que estão além do que é capaz através da magia comum. Assim como a magia divina, você pode usar feitiços que são quase milagrosos, contando com o apoio de um Rei Demônio.

A Torre Mágica Negra também tinha um elevador que era movido por magia. Balzac entrou primeiro no elevador e apertou o botão do último andar, enquanto Eugene subia no elevador um passo atrás dele.

— Posso dizer isso, mas não desprezo a necromancia. — Acrescentou Balzac. — Embora não se adeque ao meu gosto em certos aspectos, a necromancia também é um campo impressionante de magia. Por exemplo, Amelia Merwin, que atualmente é uma dos Três Magos do Encarceramento como eu, também é uma necromante com habilidades extremamente formidáveis.

No momento em que o nome de Amelia Merwin foi mencionado, os lábios de Eugene se contraíram em desgosto.

Esse nome foi esculpido em um lugar profundo no coração dele. Amelia pisou no túmulo de Hamel com seus pés sujos e até transformou o cadáver de Hamel em um Cavaleiro da Morte.

Naquela época, Eugene não era forte o suficiente para matar Amelia. Mas e agora? Honestamente falando, ele não podia ter certeza disso. A presença que ela exalava naquela tumba subterrânea era tão forte que mesmo alguém como Eugene não tinha escolha a não ser ter cautela.

— Mestre da Torre Negra, se você lutasse com Amelia Merwin, quem venceria? — Eugene perguntou de repente.

O elevador chegou ao último andar. Mais uma vez, Balzac deu o primeiro passo para fora dele. Enquanto caminhava pelo corredor e conduzia Eugene ao seu destino, com essa pergunta repentina, Balzac se virou para olhar para trás, para Eugene.

— Você realmente está me fazendo uma pergunta bastante inesperada. — Observou Balzac.

— Não é esse o tipo de pergunta que todo mundo gosta de fazer e pensar? — Eugene argumentou de volta.

Balzac admitiu:

— Pode ser, mas não perguntariam à pessoa diretamente envolvida.

— Heh, se alguém me perguntasse algo assim, eu ficaria feliz e daria uma resposta honesta. — Encorajou Eugene.

— Se sua resposta fosse que você teria a vantagem, então, é claro, esse seria o caso. Mas se lutássemos, eu perderia para Amelia Merwin. — Balzac admitiu com um sorriso irônico enquanto se virava para frente novamente.

Eugene disparou mais perguntas.

— Realmente perderia? Você é o Mestre da Torre Negra, um Arquimago do Oitavo Círculo, não é? Até ouvi dizer que antes de se tornar um mago negro, era um mago genial que já havia sido escolhido como o próximo Mestre da Torre Mágica Azul?

— Um mago genial, você diz. Realmente acha que existe um mago entre os atuais Mestres de Torre que não foi chamado assim antes de se tornarem Mestres? No mundo dos magos, a palavra gênio tem muito pouco peso. — Afirmou Balzac, depreciativo.

Tanto a pergunta quanto o tópico que Eugene havia levantado eram bastante ofensivos. Talvez no fundo de seu peito o aborrecimento e a raiva estivessem se agitando, mas Balzac não dava sinais disso.

Balzac continuou:

— Assim como eu, Amelia Merwin também é um gênio. Além disso, ela e eu somos fundamentalmente diferentes.

— Qual é a diferença entre vocês? — Eugene perguntou.

Balzac explicou:

— Edmond Codreth e eu éramos originalmente magos e assinamos contratos com o Rei Demônio do Encarceramento para nossos objetivos pessoais. A maioria, não, quase todos os magos negros são criados dessa forma. Eles eram todos originalmente magos, mas não achavam que seriam capazes de alcançar seus objetivos como magos comuns, então assinaram um contrato com o povo demônio… Para se tornar um mago negro.

O escritório de Balzac ficava no final do corredor enfeitado de preto no último andar da Torre Mágica Negra. A porta era apenas preta e limpa, sem enfeites extravagantes. Sem que Balzac sequer estendesse a mão, a porta se abriu sozinha e deu as boas-vindas a Balzac e Eugene.

— Há muito tempo, quando você me disse que estava indo para o deserto, Sir Eugene, o avisei sobre Amelia Merwin. — Balzac o lembrou.

—Ela é especial.

—Mesmo antes de fazer um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento, ela já era uma incrível maga negra.

— Amelia Merwin também era originalmente uma maga, mas é uma pessoa única que se tornou uma maga negra sozinha sem fazer um contrato. Você sabe o que significa? Amelia Merwin é um ser humano, mas foi capaz de compreender o poder demoníaco por si mesma sem quaisquer contratos e refinou-o em seu próprio Poder Negro, permitindo-lhe conjurar magia negra. — Concluiu Balzac.

Não havia como Eugene não entender o que isso significava. Poder Demoníaco era um poder sinistro que originalmente pertencia apenas a demônios e bestas demoníacas. Para os humanos usarem livremente o poder demoníaco, um contrato com um demônio era essencial.

No entanto, em casos extremamente raros entre os humanos… Um número muito pequeno de pessoas havia aprendido a como controlar o poder demoníaco por conta própria. Mesmo trezentos anos atrás, havia alguns desses casos.

Eugene estava bem ciente do que esses magos negros que renasciam dessa maneira poderiam se tornar. Essas pessoas se tornariam os mestres de um destino terrível e hediondo. Embora fossem humanos, faziam coisas que nenhum humano faria, e mesmo tendo nascido como humanos, eles essencialmente se tornaram algo como um povo demônio.

— Tanto quanto sei, nesta era atual e em toda Helmuth, ninguém mais foi capaz de dominar o poder demoníaco e aprender magia negra por conta própria como Amelia Merwin. Em outras palavras, ela e eu somos diferentes em termos de nossas capacidades em magia negra. É por isso que o Rei Demônio do Encarceramento dá a Amelia Merwin tratamento especial e lhe oferece muita liberdade. — Balzac finalmente explicou.

Eugene sempre pensou em Amelia como alguém muito importante, mas isso significava que ela era ainda mais importante do que havia pensado. No entanto, em vez de entrar em pânico, ouvir essas notícias realmente acalmou o coração acelerado de Eugene. Se Amelia Merwin era tão forte e especial assim, então não havia necessidade dele se apressar. Só precisava matá-la quando estivesse confiante de que havia feito todos os preparativos necessários.

— Espero que não ache meu escritório humilde demais. É porque simplesmente não gosto de coisas muito bagunçadas e desordenadas. — Balzac disse enquanto mudava casualmente de assunto.

Como havia dito, o escritório de Balzac era tão humilde que era difícil acreditar que aquele era o escritório de um Mestre de Torre.

Não, ao invés de humilde, seria melhor descrevê-lo como vazio. Além de uma grande mesa e cadeira, bem como um sofá para receber convidados… Não havia estantes ou ferramentas mágicas de propósitos desconhecidos que deveriam ser comuns em uma sala como esta.

— Acho que está bem arrumado. — Elogiou Eugene.

— Por favor, não fique aí parado e sente-se. O que gostaria de beber? — Balzac ofereceu.

— Só chá está bom. Não importa de que tipo.

Depois de ouvir a resposta de Eugene, Balzac estalou o dedo. Então, algo como uma pequena marionete surgiu da sombra sob o sofá.

Alguns momentos depois, o boneco de sombra subiu na mesa, tirou um grande bule e xícaras de dentro de seu corpo e começou a colocá-los sobre a mesa.

— É apenas um familiar comum. — Balzac o assegurou.

— Ele realmente faz o chá no próprio corpo? — Eugene perguntou em descrença.

Balzac riu:

— Claro que não. As sombras na Torre Mágica Negra estão todas conectadas. Depois de enviar um pedido para as cozinhas do andar de baixo, a comida ou as bebidas são enviadas pelas sombras.

Embora tenha ouvido essa explicação, Eugene ainda não queria beber o chá que emergiu do corpo do boneco de sombra. Como tal, apenas colocou a xícara de chá na frente dele e olhou silenciosamente para Balzac.

Mesmo com o olhar flagrante pesando sobre ele, Balzac perguntou vagarosamente com a xícara de chá pendurada no dedo:

— Como está indo a concepção de sua Assinatura?

— A concepção está feita e agora estou construindo a fórmula. — Relatou Eugene.

— Pode não ser fácil conectar todas as fórmulas fundamentais de sua Assinatura, mas essa etapa é, na verdade, a mais agradável de inventar sua própria Assinatura. — Informou Balzac.

A criação de um feitiço era como resolver uma fórmula com uma resposta predeterminada. Pode-se desmontar as fórmulas de outros feitiços e inseri-los no próprio conforme necessário, ou pode-se começar criando a fórmula do zero por conta própria. Qualquer que fosse a maneira que escolhessem, seria um sucesso, uma vez que a resposta a que chegassem fosse capaz de desencadear um fenômeno.

Se fosse um feitiço que merecesse o título de Assinatura, então a resposta que se decidisse deveria ser capaz de desencadear uma fantasia inacreditável e aparentemente impossível. Embora Eugene já tivesse decidido como o fenômeno se manifestaria e o que realmente aconteceria…

No entanto, como Balzac havia dito, era verdade que o estágio em que Eugene estava era o mais agradável para um mago. No momento, ele precisava acumular todos os tipos de fórmulas de feitiços e tentar conectar vários diferentes. Ao fazer isso, a fórmula mágica do feitiço inicial seria inevitavelmente complexa e longa, mas uma vez que a forma dele fosse estabelecida até certo ponto, o trabalho de lapidá-lo poderia começar. Ele precisaria filtrar as fórmulas desnecessárias e suavizar tudo para que o fenômeno desejado ainda pudesse ocorrer mesmo sem essa parte.

— Perguntar sobre a forma de sua Assinatura e sua fórmula seria ir além de minha posição, então não farei isso. — Balzac lhe assegurou. — Mas eu poderia ao menos perguntar qual seria o nome?

— O nome… — Eugene hesitou.

— Qual é o problema? — Balzac perguntou preocupado.

Eugene finalmente admitiu:

— Ainda não decidi.

Isso era uma mentira. Já havia sido decidido, mas Eugene sentiu vergonha de revelar o nome antes de ser concluído. Além disso, como na maioria desses processos de criação, o resultado que ele estava imaginando seria forçado a mudar pouco a pouco conforme se comprometesse com a realidade.

Na opinião de Eugene, o nome que decidiu agora foi feito com a suposição de que se assemelharia ao que ele havia imaginado quando concebeu sua assinatura, mas e se fosse forçado a comprometer a aparência no meio do caminho? E se tivesse que mudar de curso, porque algo não estava funcionando? Então, o nome que havia decidido não se adequaria ao resultado inevitável, então se Eugene dissesse a alguém o nome de sua assinatura com antecedência, não seria muito constrangedor mais tarde?

Tais pensamentos eram o motivo pelo qual ele ainda não havia contado o nome nem mesmo para Lovellian e Melkith. Mas acidentalmente acabou revelando o nome para Mer, e assim que Mer ouviu, ela bateu palmas e disse…

—É melhor que Explosão do Dragão.

— Qual é o nome da sua Assinatura, Mestre da Torre Negra? — Eugene perguntou eventualmente.

— É Cegueira. — Balzac revelou facilmente.

O nome era simples e soava bem.

Eugene adivinhou:

— Ela cobre os olhos das pessoas?

— É parecido, mas não posso entrar em detalhes. Embora se estivesse disposto a me contar sobre a Assinatura que está concebendo atualmente, Sir Eugene, também ficaria feliz em lhe dizer que tipo de feitiço é Cegueira. — Balzac ofereceu em troca.

— Minha Assinatura ainda não foi concluída, mas Mestre da Torre Negra, sua Cegueira já deve estar concluída, certo? Então não perderia se trocássemos informações um com o outro? — Eugene perguntou cautelosamente.

Balzac dispensou suas preocupações.

— Isso não importa. Mesmo que saiba qual é a minha assinatura, ainda seria difícil lidar com ela. Embora esse seja o caso com todas as outras assinaturas dos Arquimagos também.

Balzac podia estar dizendo isso em um tom casual como se estivesse apenas brincando, mas suas palavras estavam cheias do orgulho de um arquimago. Eugene estava curioso para ver o que poderia fazer Balzac mostrar tanta confiança em sua Assinatura, mas ainda não queria revelar sua própria Assinatura inacabada para Balzac, que assinou um contrato com o Rei Demônio do Encarceramento.

— Primeiro, vamos começar com isso. — Balzac disse enquanto levantava a mão.

Com seu gesto, a sombra projetada no chão se contorceu e se ergueu.

Eugene olhou para os velhos cadernos e outros livros que a sombra havia espalhado sobre a mesa de Balzac. Todos os livros pareciam ter sido escritos à mão pessoalmente em vez de impressos.

— O que é tudo isso? — Eugene perguntou.

— São de antes de eu me tornar um mago negro. — Revelou Balzac. — Este é o material de pesquisa que usei para a Assinatura que criei quando fui selecionado como o próximo Mestre da Torre Mágica Azul.

Balzac disse isso casualmente como se não fosse significativo, mas se estava dizendo a verdade, então aquelas notas antigas tinham um valor astronômico.

Balzac podia não ter sido um Arquimago do Oitavo Círculo naquela época, mas essas ainda eram as notas de pesquisa de um mago de alto nível prestes a se tornar um Arquimago que dedicou sua vida a alcançar sua magia ideal. Se isso fosse colocado no mercado negro de Aroth como um item de leilão, era óbvio que uma quantia absurda de dinheiro começaria a se mover.

— Você realmente vai me dar isso? — Eugene perguntou em choque.

— Já que são todas as pesquisas que descartei desde então, isso não importa para mim. Além disso, Sir Eugene, não é como se você tivesse qualquer intenção de tentar imitar a Assinatura que desenhei a partir deste material de pesquisa, certo? — Balzac empurrou as notas de pesquisa para Eugene com um sorriso. — Estou dando esta pesquisa para você, porque espero que ajude você a aprender os truques de construir, refinar e, finalmente, aprimorar seus próprios feitiços.

Eugene confessou:

— Isso é tão generoso que realmente parece pesado. Você pelo menos estaria disposto a aceitar algum dinheiro?

— Permita-me recusar. De qualquer forma, não tenho discípulos e, no meu nível atual, é realmente constrangedor olhar para esses materiais de pesquisa do meu passado. Ah, por favor, não tenha a ideia errada. Não tenho vergonha, porque falta qualidade. É só… — Balzac empurrou os óculos para cima e olhou para as notas de pesquisa. Por trás dos óculos, os olhos azuis escuros de Balzac se franziram enquanto continuava: — É constrangedor relembrar aqueles dias em que eu era tão inocente e excessivamente zeloso. É por isso que não posso simplesmente deixar essas notas de pesquisa na biblioteca da Torre Mágica Negra. Como os magos negros desta torre realmente me respeitam, não quero mostrar a eles meu passado vergonhoso.

Eugene levantou uma sobrancelha.

— Você está dizendo que está tudo bem em me mostrar?

— Afinal, você não gosta de mim, não é, Sir Eugene? Então, em vez disso, espero que essas notas de pesquisa façam você reconsiderar sua opinião sobre mim, mesmo que seja um pouco. — Balzac disse esperançoso.

— Atualmente suspeito que você seja uma das poucas pessoas honestas entre todos os magos negros. Outra coisa de que tenho certeza é que você é o mais amigável comigo entre todos os magos negros que conheci, Mestre da Torre Negra. — Afirmou Eugene com confiança.

Esta era a verdade. Os magos negros que viu em sua vida anterior tentaram matar Hamel ou fugiram com medo, e o mesmo aconteceu com aqueles que Eugene conheceu nesta vida também.

No entanto, Balzac não tentou matar Eugene, nem parecia querer.

Balzac parecia estar mostrando o mesmo tipo de favor que os outros Mestres de Torre, exceto o da Torre Verde, mostraram a um talentoso jovem aprendiz. Mas era difícil para Eugene dizer se a bondade de Balzac era genuína ou se pretendia atraí-lo para se tornar um mago negro.

“Ele disse que não era gay, mas…”

Isso era mesmo verdade ou mentira? No momento em que Eugene começou a considerar seriamente essa questão, Balzac falou mais uma vez.

Balzac confessou:

— Pedi uma reunião como esta, porque há outra coisa que preciso falar com você, Sir Eugene.

— Eu sabia que seria o caso. — Eugene disse com um aceno de cabeça.

Balzac levantou uma sobrancelha.

— Hm?

— Não foi sempre assim até agora? — Eugene respondeu. — Quando eu estava prestes a deixar Aroth, você me avisou sobre Amelia Merwin estar em Nahama, e até me entregou uma carta pessoal para entregar a ela a fim de salvar minha vida. Além disso, quando vim a Aroth pela última vez para a audiência, você me avisou que a princesa Rakshasa viria me procurar.

Depois de ouvir silenciosamente essas palavras de Eugene, Balzac caiu na gargalhada:

— Agora que você mencionou isso, realmente parece que sim. Na verdade, eu preferiria me encontrar com você para um assunto casual, mas Sir Eugene, já que parece que você não gostaria disso… No entanto, como tenho insistido veementemente em me encontrar com você sempre que sinto que é necessário, parece que as coisas acabaram assim.

Eugene hesitou.

— Hum… Mestre da Torre Negra, você não é casado, é?

Balzac imediatamente se endireitou de maneira anormal e insistiu com força:

— Por favor, não entre em nenhum mal-entendido estranho.

Como tal, Eugene engoliu as palavras que estava prestes a dizer e deu de ombros.

— Então, há algo que você gostaria de me avisar desta vez também, Mestre da Torre Negra? Parece que a princesa Rakshasa está planejando um retorno?

— Não sei o que a princesa Rakshasa tem feito desde a última vez que virou as costas para Helmuth. — Balzac admitiu enquanto tomava um gole da xícara de chá que ainda não havia tocado e então a pousou. — Em primeiro lugar, gostaria de lhe fazer uma pergunta. Ouvi dizer que há um tempo houve um conflito interno no Castelo dos Leões Negros dos Lionheart. O que exatamente Eward Lionheart tentou fazer?

— Você ainda não ouviu os rumores? — Eugene perguntou.

Balzac respondeu:

— Ouvi dizer que ele instigou uma rebelião e cometeu um crime grave. Algo sobre realizar um ritual sinistro. Eu me diverti bastante ao ouvir o que as pessoas achavam que Eward Lionheart estava fazendo. Há rumores de que ele estava tentando cometer traição para se tornar o Patriarca, mas… Haha! Ele certamente deve ter tido algum outro propósito, mas eu não consegui descobrir qual era.

Eugene coçou a cabeça.

— É um pouco difícil para mim, te dizer isso.

— O ritual maligno que Eward Lionheart tentou realizar deve ter sido magia negra, correto? Se for esse o caso, posso fornecer mais algumas pistas do ponto de vista de um mago negro. — Balzac ofereceu.

Esta era uma proposta bastante tentadora. Eles já haviam conseguido descobrir o que Eward estava tentando fazer naquela época. O diário que havia escrito, porque estava cheio de vontade de mostrar seus crimes e estava repleto de detalhes sobre o que estava passando e o porquê fez o que fez.

Era tudo para os Remanescentes dos Reis Demônios que residiam na Lança Demoníaca e no Martelo da Aniquilação. Essas existências sinistras se transformaram em um Espírito das Trevas e seduziram Eward, que tinha o sangue da família principal, a realizar um ritual maligno. Se o ritual tivesse sido bem-sucedido, aqueles Remanescentes teriam renascido em um novo corpo e se tornado o Rei Espírito das Trevas, e se não fosse naquele momento, poderia até ter se tornado um novo Rei Demônio.

Isso foi o que conseguiram descobrir da perspectiva oferecida pelo Mestre da Torre Vermelha e pela Mestra da Torre Branca. Eugene ainda tinha uma lembrança perfeita de como era o círculo mágico naquela época, então estava um pouco curioso para ver o que o Mestre da Torre Negra poderia decifrar dele.

Mas Eugene estava apenas um pouco curioso. Ele não tinha intenção de esclarecer verdadeiramente Balzac. Se fosse um mago negro como Balzac, ele poderia reproduzir perfeitamente o feitiço assim que aprendesse sua fórmula completa.

Eugene lembrou de algo, “Além da fórmula…”

Havia também a questão de Hector Lionheart.

Embora Hector não fosse forte o suficiente para Eugene se preocupar indevidamente com ele, estava bastante curioso sobre como Hector conseguiu escapar daquele local sem morrer.

— Então você queria se encontrar comigo para perguntar sobre isso? — Eugene confirmou.

— Há também outro motivo. E, claro, sem falar dos materiais de pesquisa. — Balzac disse brincando enquanto abaixava os óculos e sorria. — Helmuth começou a prestar atenção em você, Sir Eugene.

— Hã? — Eugene respondeu tardiamente.

— Para ser mais preciso, tirando o Duque Raizakia do Castelo do Dragão Demoníaco, são os outros Duques que estão interessados em você. — Balzac esclareceu.

A Lâmina do Encarceramento e a Rainha dos Demônios da Noite.


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