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Damn Reincarnation – Capítulo 25

Treinamento de Mana (3)

“Pelo menos minhas circunstâncias atuais são incomparavelmente melhores do que em minha vida passada.”

Pensou Eugene enquanto tentava se livrar das lembranças ruins.

Eugene havia iniciado sua mana antes do que em sua vida anterior, e até aprendeu a Fórmula da Chama Branca de Vermouth. Devido a esses fatos, não fazia sentido comparar o tamanho atual de seu núcleo com o núcleo que ele cultivou pela primeira vez em sua vida passada.

Eugene se livrou de seus sentimentos melancólicos e se concentrou na estrela ao redor de seu coração. Ele começou a mover sua mana, permitindo que ela fluísse ao lado de seu sangue, mas também em diferentes direções. Enquanto mantinha o fluxo da Fórmula da Chama Branca, Eugene começou a aquecer seu corpo. Logo, Eugene assentiu com uma expressão satisfeita.

“Parece bom.”

Ele decidiu.

Só porque o núcleo tinha muita mana, não significava que a pessoa era forte. O importante era como usar essa mana. A Fórmula da Chama Branca também obedece estritamente a este princípio. Mesmo com essa escassa quantidade de mana, os movimentos corporais já haviam melhorado visivelmente.

A partir daí, Eugene tentou aplicar as experiências obtidas em sua vida anterior. Ele sempre teve um talento especial para lidar com mana e sabia exatamente como maximizar seu poder.

Pow!

Um punho cerrado avançou no ar com um estrondo. Embora ele tivesse socado apenas uma vez, seus músculos e ossos já estavam dormentes. Mesmo que Eugene não tenha negligenciado seu treinamento físico, ainda precisava se familiarizar com o efeito amplificador que a mana tinha no corpo.

“Isso é algo que eu só preciso me acostumar gradualmente.”

Depois de mover seu corpo mais algumas vezes, Eugene concluiu que ainda não era capaz de criar a luz da espada. Embora pudesse ter sucesso se tentasse criar um pouco à força, não queria fazer algo assim tão cedo.

“Se esgotar meu núcleo inutilmente, mesmo tirar um dia de folga não será suficiente para me recuperar.”

Do mesmo jeito que se pode ter sérios problemas de saúde sobrecarregando seu corpo, o mesmo vale para o núcleo. Se usasse toda a sua mana, seu núcleo seria esgotado, colocando uma carga correspondente em seu corpo.

— Mestre Eugene,

Nina gritou ao se aproximar.

Depois de colocar uma bacia de água pesada no chão, ela não parou para recuperar o fôlego e imediatamente começou a limpar o corpo de Eugene com uma toalha seca. Eugene ficou parado, permitindo que ela trabalhasse enquanto ele continuava a pensar.

— Talvez eu consiga fazer um contrato agora.

Ponderou ele, incerto.

Eugene passou por todo tipo de coisa em sua vida anterior, mas nunca assinou um contrato com um espírito. Então, Eugene não tinha certeza se poderia convocar um espírito com a quantidade mínima de mana que tinha agora.

— Afaste-se um pouco.

Ordenou Eugene.

— Certo.

Nina imediatamente desviou para trás com um aceno de cabeça.

Eugene lentamente respirou fundo enquanto desenhava Wynnyd. A lâmina prateada azulada deslizou para fora de sua bainha com um anel suave. O ombro de Nina tremeu quando se assustou com essa visão. Depois de respirar mais algumas vezes, Eugene começou a tirar mana de seu núcleo.

“Vamos tentar.”

Ele pensou com antecipação.

Nunca tinha aprendido nenhum tipo de magia, muito menos magia espiritual. Então não podia prever a quantidade de mana necessária para convocar algo. Desse modo, não teve escolha a não ser tentar cegamente.

A mana de seu núcleo fluiu para Winith. A estrela girando em torno de seu coração começou a brilhar. Estranhamente, mesmo que não pudesse ver, podia sentir isso acontecendo com a estrela dentro de seu corpo.

A lâmina de Winith tremeu. A espada mágica começou a devorar avidamente toda a mana que Eugene estava provendo. O suor mais uma vez escorria de seu corpo, que tinha acabado de ser limpo. A lâmina emitiu uma luz suave e uma leve brisa começou a girar em torno de Eugene.

— Aah…

Nina engasgou em choque ao presenciar tal visão.

À medida que o vento ficava cada vez mais forte, o cabelo de Eugene começou a esvoaçar. Sua boca secou de tensão, mas Eugene cerrou os dentes e continuou a infundir sua mana na lâmina.

Roooooar!

Em um certo ponto, a leve brisa começou a se transformar em uma tempestade violenta. Nina deu um salto de surpresa e recuou ainda mais.

No entanto, quem mais se surpreendeu foi Eugene. O que estava acontecendo? O vento já estava tão forte que ele nem conseguia abrir os olhos direito, mas ainda estava ficando mais forte. Mesmo que Winith não estivesse absorvendo mais mana.

Eugene sentiu algo como uma ‘porta’ aparecer dentro de seu corpo. Essa porta se abriu lentamente e, à medida que a abertura se alargava, o vento ficava ainda mais forte. A essa altura, o vento que soprava ao redor de Eugene havia formado um tornado.

[…Você é…]

No centro desse tornado, Eugene levantou a cabeça para olhar ao redor. O vento que soprava ferozmente parecia carregar uma voz que falava dentro da cabeça de Eugene.

[…Poderia realmente ser… Você realmente é Hamel?]

O coração de Eugene começou a bater forte enquanto tentava descobrir de onde vinha aquela voz.

— É você, Tempest?

Ele perguntou.

Tempest era o Rei Espírito do Vento que havia concedido sua proteção à Espada da Tempestade Winith. Eugene tinha visto Vermouth convocá-lo algumas vezes em sua vida anterior.

[Como pode ser você? Poderia realmente ser que… Você reencarnou?]

Eugene começou a responder a Tempest em sua cabeça:

“Seu velho filho da puta, como conseguiu descobrir que sou eu?”

[Sendo o companheiro de Vermouth, como eu poderia esquecer a aparência de sua alma?]

Trezentos anos se passaram, e até seu rosto havia mudado, mas sua alma ainda era a mesma. Os espíritos não eram seres do plano material. Assim, o Rei Espírito do Vento, Tempest, reconheceu facilmente Hamel por sua alma.

[…Parece que você também se lembra de mim.]

“Como diabos você chegou aqui? Eu não estava tentando convocá-lo.” 

Exigiu Eugene.

[Faz muito tempo desde a última vez que ouvi o chamado de Winith. Estava curioso para ver qual dos descendentes de Vermouth tinha sido escolhido para empunhá-la, mas então eu senti… Uma alma familiar.]

O vento lentamente começou a diminuir. Ao fazer isso, a estática começou a interferir na voz de Tempest enquanto ecoava dentro de sua cabeça.

[Como pode ser isso? Para alguém reencarnar com suas memórias antigas… E como descendente de Vermouth? E é Hamel de todas as pessoas?]

“Por que Vermouth não matou os Reis Demônios restantes?”

Eugene perguntou de repente.

Como ele havia reencarnado? Eugene não fazia ideia. Ele havia morrido no castelo do Rei Demônio do Encarceramento, e quando caiu em si, já estava no corpo de um bebê recém-nascido chorando.

“Diga-me, Tempest. Você não os acompanhou no resto de sua jornada pelo Domínio Demoníaco? Por que o Rei Demônio do Encarceramento e o Rei Demônio da Destruição ainda estão vivos depois de trezentos anos?”

[Eu não sei por que Vermouth tomou essa decisão.]

Tempest respondeu.

[A única coisa que sei é que… Na batalha decisiva contra o Rei Demônio do Encarceramento… Vermouth embainhou sua espada.]

“O quê?!”

Eugene exclamou.

[…Eu não sei exatamente o que aconteceu naquele momento.]

A voz de Tempest estava ficando mais difícil de ouvir.

[…A luta deles naquela época… Era feroz, mas em última análise fútil. No fim, apenas Vermouth e o Rei Demônio do Encarceramento ficaram de pé. No momento final, Vermouth largou sua espada e se recusou a matar o Rei Demônio do Encarceramento. E também não foi para o castelo do Rei Demônio da Destruição… Sua jornada terminou no castelo do Rei Demônio do Encarceramento.]

“Para de falar merda.”

Eugene rosnou com os dentes cerrados.

A jornada deles tinha acabado ali? De acordo com as histórias, o Herói Vermouth e seus companheiros levaram o Rei Demônio do Encarceramento à beira da morte. No entanto, o Rei Demônio do Encarceramento conseguiu escapar sem morrer e implorou ao Lorde Demônio da Destruição por ajuda.

Durante a morte de Hamel, Vermouth jurou que mataria todos os Reis Demônios. Claro, Eugene não estava por perto para ouvir tal juramento, mas todos os contos de fadas concordavam com isso.

Então, o grupo do herói seguiu para o castelo do Rei Demônio do Encarceramento. No entanto, não conseguiram derrotar os dois Reis Demônios que uniram forças e, em vez disso, os forçaram a fazer um ‘Juramento’ para trazer a paz ao mundo…

“Como eu disse, para de falar merda.”

Eugene exigiu enquanto o gosto de sangue enchia sua boca, e sua mente ficava confusa.

“Que porra é essa desse juramento? Por que fizeram esse Juramento? Por quê? Vermouth embainhou sua espada? Em vez de matar o Rei Demônio do Encarceramento…?”

[Não sei nada sobre esse juramento ou por que Vermouth tomou tal decisão.]

“Então, o que você sabe, seu filho da puta?”

[Só quem estava lá sabe que tipo de juramento foi feito. A partir do momento que Vermouth guardou sua espada, eu não pude mais intervir naquela situação.]

“Quem estava lá…? Você não disse que ninguém ficou lá além de Vermouth e o Rei Demônio do Encarceramento? Isso não significa… Que todo mundo perdeu a consciência…?! Você está me pedindo para desenterrar o cadáver de Vermouth e perguntar a ele?”

[Não há mais tempo…]

Tempest soltou um longo suspiro.

[Com sua mana inadequada, seria impossível ter me convocado… Abri a porta à força para vir aqui, então agora tenho que fechá-la.]

“Me responda antes de ir!”

[Já disse que não sei, então por que você continua me perguntando…? Eu também gostaria de perguntar ao Vermouth por que ele fez isso…]

O vento estava desaparecendo no nada, e a voz de Tempest entrou e saiu.

[…Da próxima vez… Quando você tiver força suficiente…]

Eugene agarrou algo para firmar seu corpo oscilante enquanto olhava para Winith.

[Então… Vamos nos encontrar de novo… Algum dia.]

— Seu filho da puta!

Incapaz de aguentar mais, Eugene cuspiu um xingamento.

— Me conta a história completa… Antes de ir embora….

O vento finalmente desapareceu.

E Eugene desmaiou com o nariz sangrando.

Quando Eugene acordou de novo, estava na cama que ele vinha usando nos últimos dias. Nina, que estava esperando à sua beira da cama, deu um sobressalto e estava prestes a chamar alguém, mas Eugene imediatamente levantou a mão para detê-la.

— Por favor, fique parada — gemeu Eugene.

— Per-permita-me chamar alguém para pedir ajuda — balbuciou Nina.

— Não, está tudo bem — recusou Eugene

Nina deixou sair um barulho confuso: — Ahn?.

— Fique quieta e não diga nada — forçando as palavras, Eugene segurou sua cabeça dolorida.

Suas lembranças não estavam turvas, e Eugene lembrou-se claramente do que havia feito pouco antes de desmaiar e do conteúdo de sua conversa com Tempest.

Mas isso ainda o deixou com uma dor de cabeça palpitante, junto com uma sensação oca de vazio dentro de seu corpo. Esta teria sido uma sensação desconhecida para o Eugene de treze anos, se não fosse por suas lembranças como Hamel. Esta sensação era o esgotamento de mana. Ele tinha conseguido espremer a pouca mana que tinha até que não sobrou nada.

— …Tudo isto porque Tempest tinha justamente que aparecer em pessoa.

Toda a sua mana tinha sido sugada até secar, apenas abrindo a porta para o mundo espiritual. De lá, Tempest tinha assumido e atravessado para o mundo físico por um curto período de tempo sob seu próprio poder.

Fazer isto também havia colocado um fardo considerável sobre Tempest. Mesmo os espíritos com grande força não eram capazes de abrir a porta para o mundo espiritual por conta própria. Mas como alguém que havia se tornado um Rei Espiritual, Tempest foi capaz de empurrar a porta para mais longe, colocando o fardo de fazer isso sobre si mesmo.

“Parece que Tempest também deve ter ficado bastante empolgado”.

Tempest tinha assumido imprudentemente o fardo e ampliado à força a abertura para descer ao mundo físico e confirmar a verdade por si mesmo. Era o quanto Tempest, o Rei Espiritual do vento, tinha ficado alarmado por Eugene – não, a reencarnação de Hamel.

“… Teria sido chocante para ele ver que eu estava reencarnado com as memórias intactas de minha vida passada, mas o fato de que eu estava reencarnado como descendente de Vermouth deve ter feito com que parecesse ainda mais”.

Os espíritos se lembravam das pessoas pela alma, então Tempest tinha conseguido reconhecer aquele que empunhava Winith, Eugene, como Hamel…

Este fato fez Eugene soltar um gracejo.

Depois de aceitar que ele havia reencarnado, Eugene não conseguia se livrar de algumas preocupações desagradáveis e persistentes.

Ele era realmente Hamel? O Hamel que via em suas memórias de uma vida passada de trezentos anos atrás?

E se… Não havia reencarnado e fosse apenas alguém que tivesse as lembranças de Hamel implantadas nele?

“Mesmo que seja esse o caso, essas lembranças são definitivamente reais” Eugene tinha se tranquilizado sempre que esses medos surgiam.

Ele também se consolou dizendo que não faria diferença se ele não fosse Hamel reencarnado. Ele não queria atribuir muito significado à natureza incerta de sua existência. Eu penso, portanto eu sou; só essa crença teria que ser suficiente.

“Mas Tempest me chamou de Hamel” lembrou Eugene com um sorriso.

Essas palavras haviam apagado completamente todas aquelas preocupações desagradáveis. Eugene sacudiu a cabeça com um sorriso despreocupado.

— … Mestre Eugene, você tem certeza de que está bem? — Nina perguntou incerta.

Eugene descartou suas preocupações: — Estou bem. Quanto tempo estive desacordado?

— Cerca de meio dia…

— Devo ter deixado todos vocês preocupados.

— O Patriarca e o Mestre Gion ficaram no anexo esperando que você recupere a consciência.

— Eles não precisavam fazer isso — disse Eugene, balançando a cabeça enquanto olhava para a porta fechada da sala.

Graças à mana absorvida em seu corpo, seus sentidos físicos tornaram-se ainda mais sensíveis. Como resultado, ele podia sentir algumas presenças pairando impacientemente pela porta.

—  Por que você não abre a porta —  sugeriu Eugene a Nina: —  Parece que eu lhes causei muitas preocupações.

Aqueles dois tinham todo o direito de poderem entrar. Gilead havia lhe concedido muitas conveniências, adotou-o na família principal e até lhe deu Winith. Depois eles haviam passado a Fórmula da Chama Branca que somente os membros da família principal tinham permissão para aprender e até mesmo abriram a linha de força para que ele iniciasse sua mana.

Depois de ter tudo isso previsto para seu treinamento de mana, Eugene ainda tinha acabado desmaiando. Quando a notícia disto chegou a eles, Gilead e Gion correram assustados e agora esperavam impacientemente do lado de fora da porta para checar sua recuperação.

Assim que Nina abriu a porta, Gilead e Gion se apressaram a entrar. Ao ver Eugene sentado na cama, Gilead suspirou aliviado e se aproximou dele mais tranquilamente.

—  Você está bem? —  Gilead perguntou preocupado.

—  Sim, senhor —  Eugene deu sua resposta com um sorriso tranquilizador.

Embora ele não pudesse verificar pessoalmente sua aparência em um espelho, Eugene adivinhou que seu rosto apareceria como se tivesse sido drenado de todo o seu sangue. Gilead e Gion olharam para o rosto de Eugene por um momento antes de trocar olhares.

Agora era a vez de Gion falar enquanto ele perguntava: —  O que aconteceu exatamente?.

Quando eles estavam deixando a linha de ley e voltando para o anexo, Eugene parecia perfeitamente bem. Entretanto, pouco tempo depois de seu retorno ao anexo, Eugene havia se esvaído.

Graças a isso, Gion não pôde deixar de sentir toda uma onda de preocupações. Foi ele quem transmitiu a Fórmula da Chama Branca a Eugene e o guiou a formar seu próprio ciclo respiratório de mana. E se Gion tivesse cometido um erro durante este processo, que levou a algo a dar errado dentro do corpo de Eugene? Embora Gion tivesse fé em suas próprias habilidades, ele não podia deixar de se preocupar agora que algo terrível havia ocorrido.

—  Já ouvi parte da história —  desta vez, Gilead retomou o discurso. —  Disseram-me que depois que você sacou Winith, uma grande… brisa… de repente começou a soprar. Isso foi porque você convocou um espírito”?

Embora ele tivesse esperado tal pergunta, Eugene hesitou por um momento sem responder imediatamente. Como ele deveria tentar explicar isso? Será que ele teria  que inventar uma mentira gritante?

—  O Rei Espiritual do vento desceu do mundo espiritual —  admitiu finalmente Eugene.

Não fazia sentido divulgar a história toda, mas ele tinha que dizer algo. Havia muitos olhos que tinham visto a descida de Tempest, e era impossível para qualquer outro espírito ser capaz de provocar tal tempestade através de sua chegada neste plano.

—  …O quê? —  Gilead gritou.

Eugene explicou: —  Ele disse que já fazia muito tempo que não ouvia uma convocação, então ele queria ver quem era.

—  Que tipo de…! —  Gilead caiu em silêncio, chocado demais para terminar sua frase.

Tanto Gilead como Gion não podiam não ficar surpresos. Tinham passado trezentos anos desde que Vermouth os deixou, portanto, é claro que mais do que alguns antepassados na linha direta tinham empunhado Wynnyd. Embora seja óbvio o óbvio, a maioria deles foi capaz de invocar os espíritos do vento com a ajuda de Winith.

Entretanto, as expectativas que o Rei Espiritual do Vento, Tempest, tinha para seus evocadores eram tão elevadas quanto sua própria posição real. Assim, após Vermouth, nenhum ancestral havia conseguido convocar com sucesso o Rei Espiritual do Vento.

Gion engoliu seco e questionou: — Isso é realmente a verdade…?

Ele sabia que Eugene não teria motivos para contar tal mentira, mas a notícia foi tão chocante que Gion sentiu que não tinha outra escolha senão perguntar.

—  Sim, Rei Espiritual do Vento… um….. —  Eugene não pôde continuar.

Eugene franziu o cenho, tornando óbvio que ele estava tendo alguma dificuldade para se lembrar.

Enquanto tocava o lado de sua própria cabeça desgrenhada a fim de refrescar suas memórias, Eugene continuou falando: —  … acho que ele disse que eu ainda não tinha força suficiente. E que da próxima vez… Quando eu tivesse poder suficiente, ele estaria ansioso para me ver novamente nesse dia. Então ele retornou ao Mundo dos Espíritos.

— … Hahaha! —  Gilead, que tinha estado silenciosamente ouvindo a explicação de Eugene, de repente explodiu em gargalhadas.

Enquanto abanava a cabeça, ele se jogou em uma cadeira ao lado da cama de Eugene.

—  …Eugene. Você é realmente …uma criança surpreendente —  suspirou Gilead em alívio.

Eugene não sabia o que dizer em resposta, então ele apenas sorriu. Depois de olhar para Eugene por alguns momentos, Gilead colocou uma mão dentro de seu colete.

—  Ouvi de Gion o que aconteceu na linha de força. Em menos de uma hora, você foi capaz de sentir mana e fazer um núcleo usando a Fórmula da Chama Branca. Tudo isso teria sido chocante o suficiente, mas para você atrair a atenção do Rei Espiritual do Vento também.

Algo assim aconteceu sem precedentes. Entretanto, o que aconteceu com Eugene não foi sem precedentes? Ganhar a Cerimônia de Continuação da Linha de Sangue como uma criança colateral, ser adotado na família, tornar-se o novo dono do Winith e receber a Fórmula da Chama Branca com a ajuda da leyline; todas estas coisas foram sem precedentes na história da família Lionheart.

Ele passou a sentir mana para acumulá-la em seu corpo em menos de um dia. Isso também… é algo sem precedentes —  lembrou-se Gilead.

Gilead não sentiu nada além de puro prazer com esta notícia. O Rei Espirito do Vento tinha tomado nota desta jovem criança e tinha até descido pessoalmente para dar uma olhada nele. Um evento como este poderia até mesmo ser considerado a revitalização do Clã Coração de Leão.

— Beba isto —  ordenou Gilead.

Quando sua mão saiu de seu colete, Gilead estava segurando uma poção de tamanho pequeno.

Gilead explicou: —  Isto vai restaurar sua mana esgotada. No entanto, você tem que me prometer que, em vez de exagerar, você vai se deitar na cama nos próximos dias.

— Mas meu corpo se sente bem.

—  Eu ainda quero sua promessa. Se você ferir seu corpo por sobrecarregá-lo desnecessariamente, você se arrependerá.

—  Tudo bem, eu prometo —  sem mais protestos, Eugene acenou com a cabeça.

A poção de recuperação da mana foi tão valiosa quanto útil. Eugene engoliu a garrafa inteira sob o olhar atento de Gion e Gilead.

Seu corpo escavado começou a encher novamente com mana. Sem mais nervosismo, Eugene imediatamente começou a usar a Fórmula da Chama Branca para recarregar seu núcleo com esta mana, mas a mana da poção não era suficiente para restaurar completamente seu núcleo esgotado. Devido à natureza da mana, a quantidade que podia ser contida dentro da poção não era tão grande assim. Mesmo assim, depois de esvaziar a garrafa inteira, sua dor de cabeça e a rigidez em seus membros foram consideravelmente aliviadas.

—  Depois de alguns dias de descanso, Gion retomará suas aulas — disse Gilead enquanto se levantava: —  Inicialmente, estávamos planejando fazer outra viagem de treinamento uma vez que a Continuação da Linhagem tivesse terminado, mas agora… parece que isso será impossível.

—  É por minha causa? — perguntou Eugene.

—  É isso mesmo. Acho que precisamos priorizar o cultivo de seus talentos em vez do nosso próprio treinamento.

—  Não quero ocupar muito tempo do Patriarca e de Sir Gion —  admitiu Eugene timidamente.

—  Não pense nisso dessa forma. Afinal, sou eu quem quer guiá-lo pessoalmente —  disse Gion.

Ele deu um tapinha no ombro de Eugene com um sorriso.

Gion acrescentou: —  Ah, mas é claro, eu vou ensinar Cyan e Ciel bem ao seu lado. E o Patriarca também ajudará com nossas lições.

Eugene era certamente especial. No entanto, não seria bom mostrar a Eugene um favoritismo excessivo por causa disso. O filho mais velho, Eward, havia deixado a propriedade principal e se dirigido a Aroth, mas Cyan e Ciel ainda estavam hospedados na propriedade principal. Eles também mereciam receber o mesmo nível de ensino que Eugene.

“Espero que seja um bom estímulo ter Eugene treinando ao lado desses dois”, pensou Gilead.

Depois de saber que Eugene havia retornado da linha de força com resultados impressionantes depois de passar menos de um dia lá, Cyan e Ciel tinham imediatamente ido para o ginásio e começado seu próprio treinamento. Assim, Gilead também estava alimentando altas expectativas tanto de Cyan quanto de Ciel.

Algum tempo depois da saída de Gilead e Gion, Eugene gritou:—  Nina.

—  Por favor, deixe-me ir e preparar sua refeição —  ofereceu Nina.

—  Bom, mas antes disso —  disse Eugene ao sair da cama e pegou Winith: —  Mantenha o que quer que aconteça de agora em diante um segredo entre nós dois.

— … Sim, senhor?

—  Mesmo que eu volte a desmaiar, não conte a ninguém.

— … Você realmente precisa tentar fazer algo assim agora? —  perguntou Nina, preocupada.

—  Eu só preciso verificar algo, então eu provavelmente não ficarei inconsciente —  Eugene a tranquilizou antes de infundir mana em Winith.

Felizmente para ele, não houve uma repetição do incidente anterior. Apesar da sobrancelha de Eugene ainda estar cerrada, demonstrando uma leve insatisfação. Ao invés disso, um espírito do tamanho de sua mão começou a pairar ao seu redor.

Era um silfo, um espírito menor do vento. Composto de uma massa de vento, ele nem mesmo tinha uma forma adequada. No entanto, com a pequena quantidade de mana de Eugene, era normal que ele tivesse convocado um silfo.

Só por precaução, Eugene tentou perguntar mentalmente ao silfo: — Ei, você ouviu alguma coisa de seu rei?.

No entanto, não houve resposta. Parecia impossível conversar com um espírito que tinha tão pouca inteligência. Com um estalar de sua língua, Eugene brandiu Winith

Eugene começou seu teste chamando um encantamento em sua cabeça, “Lâmina de vento”.

Uma vez feito isso, um fluxo de vento opaco se formou ao redor de sua espada. Eugene olhou para este vento ondulante em forma de lâmina antes de brandi-lo.

Shick.

O som sinistro que a lâmina fazia ao balançar pelo ar fez com que o corpo de Nina tremesse. Após balançar Winith mais algumas vezes, Eugene soltou o silfo de volta para o Mundo dos Espíritos.

Antes de fazer isso, ele tentou se comunicar mentalmente com ele mais uma vez, ‘Passe esta mensagem para Tempest: “Se você estiver mentindo para mim, eu vou te matar”.

Mas o Silfo não respondeu mesmo assim. No entanto, parecia sentir que seu rei havia sido insultado, pois mandou uma rajada de vento para soprar os cabelos de Eugene antes de retornar ao Mundo dos Espíritos.

“… Embora Tempest não devesse ter nenhuma razão para mentir sobre isso”, admitiu Eugene a si mesmo.

Era só que Eugene não conseguia entender bem o que estava sentindo, então tinha que dizer alguma coisa. Enquanto sentia uma mistura de emoções complexas, Eugene sentou-se pesadamente na cama.

“… Preciso pensar sobre isto racionalmente”, disse Eugene a si mesmo, “sem deixar nenhuma emoção inútil atrapalhar o caminho”.

Há trezentos anos, Hamel morreu. Seus companheiros, Vermouth, Sienna, Anise e Molon, continuaram a se dirigir para o castelo do Demônio Rei do Cárcere.

Tinha que ter sido uma jornada difícil. O segundo rei demoníaco do encarceramento foi suficientemente forte para que nenhum dos anteriores Reis Demoníacos da Fúria, Crueldade e Carnificina pudesse se comparar a ele. Chegar ao seu castelo foi tão difícil quanto matar um dos anteriores Reis Demoníacos.

“…E comigo morto….

Falando objetivamente, Hamel tinha sido forte. Embora não fosse tão forte quanto Vermouth, ele era facilmente o próximo mais forte dentre eles. Assim, com Hamel morto, os quatro restantes podem ter achado impossível lidar com os Rei Demoníacos restantes.

Eles já estavam exaustos de fazer a tortuosa caminhada até o castelo do rei demônio do encarceramento, e Hamel já havia perecido antes da batalha. Em tal estado, era questionável se eles teriam sequer sido capazes de derrotar o Rei Demoníaco do Encarceramento. Nesse caso… não teria sido melhor para eles se retirarem por enquanto e reconsiderar seus planos?

“…Então, tudo realmente acabou aí?

Com apenas Hamel tendo perecido, Vermouth e os outros quatro haviam retornado do Devildom de Helmuth depois de terem feito algum tipo de promessa misteriosa. No entanto, os únicos que conheciam os detalhes desta promessa eram Vermouth e os demais Reis Demoníacos.

Mas realmente, o que estava naquele juramento?

Isso foi o que mais incomodou Eugene. Para os Reis Demoníacos que viveram para causar sofrimento ao mundo, o que na Terra poderia tê-los feito mudar de ideia e jurar manter a paz? Quem exatamente foi quem propôs tal juramento em primeiro lugar? Qual era o conteúdo do juramento?

“…Tudo volta a Helmuth”.

Só pensar nisso sozinho não lhe traria nenhuma resposta. As memórias de sua vida passada terminaram claramente quando ele havia morrido no castelo do rei demônio do encarceramento há trezentos anos. Quanto aos acontecimentos depois disso… A maior parte do que ele sabia veio do conteúdo dos contos de fadas que o jovem Eugene havia lido.

“Preciso encontrar algum tempo para ir a Helmuth”, Eugene finalmente decidiu.

Há trezentos anos, Helmuth era um lugar horripilante. Bestas demoníacas cujo único objetivo na vida era alimentar-se de humanos vagueavam pela terra, e o povo demônio que habitava aquela terra estava constantemente marchando para invadir territórios humanos. Os Feiticeiros Caídos – agora conhecidos como Feiticeiros Negros – caçavam humanos para oferecê-los como tributos a seus mestres, os Reis Demoníacos. Estes feiticeiros malignos queriam se tornar eles mesmos demônios, então procuraram a verdade do Caminho Demoníaco, mesmo que isso significasse dobrar o joelho para os Reis Demônios.

Helmuth era um inferno distorcido de desejos profundamente perversos e hediondos.

Entretanto, esse não era mais esse o caso. Desde duzentos anos atrás, Helmuth tinha começado a aceitar visitantes humanos, e os Reis Demoníacos e os demônios mostraram tanta hospitalidade aos seus visitantes que parecia que eles estavam tentando compensar em demasia sua crueldade passada.

Hoje em dia, as pessoas não pensam em Helmuth como um lugar infernal. Ao invés disso, pensavam nele como um destino turístico onde se podia experimentar entretenimento único, sedutor e decadente que não poderia ser encontrado em nenhum outro lugar.

Os demônios, que antes tinham tomado a iniciativa de invadir territórios humanos, estavam agora oferecendo seus serviços em países vizinhos como reparações pela guerra. E os magos negros, que estavam abanando a cauda para os Reis Demoníacos, tinham se lançado como vítimas e, após terem conseguido influenciar a opinião pública, conseguiram até mesmo erguer a Torre Negra da Magia em Aroth.

Na opinião de Eugene, tudo isso era uma farsa.

Os demônios estavam se voluntariando para trabalhar? Definitivamente, eles estavam desviando as almas humanas pelas costas do povo. A Torre Negra da Magia? Seria melhor chamá-la de um Pântano Negro da Corrupção.

Embora eles dissessem que era para promover o estudo da magia, era evidente porque aqueles malucos em Aroth haviam recebido os Feiticeiros Negros e desviado seus olhos dos crimes passados desses mesmos feiticeiros. Embora a verdade não tenha sido revelada, Eugene estava certo de que deveria haver todo tipo de coisas feias escondidas por trás da construção da Torre Negra da Magia…

Helmuth, Aroth, Yuras e o Ruhr…’, como Eugene lembrou cada um dos lugares onde os companheiros de sua antiga vida haviam deixado seus vestígios, ele estalou sua língua irritado.

É claro, ele não podia simplesmente partir imediatamente. Com seu jovem corpo, era impossível partir sozinho em uma viagem a países tão distantes.

Mas um dia’, disse Eugene a si mesmo com determinação antes de deixar sair um suspiro profundo e colocar a mão sobre sua barriga.

Seu estômago vazio estava roncando de fome.


O que ele deveria dizer exatamente a Eugene?

Depois de sair do banquete, esta preocupação manteve Cyan acordado durante a maior parte da noite. Embora ele mal tivesse conseguido dormir um pouco, aquele maldito sonho tinha arruinado seu descanso. Naquele sonho, Cyan tinha se recuperado com Eugene e perdido mais uma vez.

Exceto desta vez, Cyan era um minotauro em vez de si mesmo.

Dentro do sonho, ele havia vivenciado pessoalmente a cena que havia testemunhado durante a Cerimônia de Continuação da Linhagem. Depois de tornar-se um minotauro que não podia usar a espada-leve, Cyan foi brutalmente desmembrado por Eugene.

Rasgado em pedaços impiedosamente.

Ao sair do ginásio, Cyan tentou sacudir os últimos vestígios de seu sonho ao estremecer. No entanto, o franzido de seu rosto permaneceu pesado como sempre. Enquanto esfregava os olhos, que haviam sido torcidos várias vezes durante seu sonho, Cyan mordeu seu lábio em frustração.

—  O que está acontecendo, irmão? —  Ciel perguntou de repente.

—  Nada está acontecendo. Por que você está perguntando? —  Cyan respondeu defensivamente.

—  Pela sua expressão parece que está indo a um funeral, e você também não comeu muito no café da manhã.

—  Sempre tive esta expressão, e comi tanto café da manhã quanto costumo comer.

—  Mentira —  Ciel o acusou colocando sua língua de fora com um sorriso: — Eu sei o que realmente está acontecendo com você. É por causa de Eugene, não é?.

Cyan surpreendeu-se: —  O que isso tem a ver com ele?

—  Eles disseram que treinaremos junto a Eugene a partir de hoje. Eu sei que você está realmente incomodado por causa disso.

—  Eu já disse que isso não tem nada a ver com ele!

—  Está vendo, você perdeu a calma mais rápido do que de costume. Por que você está descarregando sua raiva com Eugene em mim?

— …Eu não perdi a paciência.

—  Mas você não nega que algo está te incomodando?

—  Isso é… —  hesitante, Cyan cerrou os punhos enquanto olhava para sua irmã mais nova atrevida: — … Honestamente, isso me incomoda.

—  Mas a mãe disse que você precisava se tornar amiga dele —  lembrou Ciel.

—  Você acha que eu posso realmente fazer isso só porque ela me diz para fazer?

— Eu acho. Você gostaria que eu desse uma palavrinha com Eugene?

— O que você vai dizer a ele?

—  Vou só pedir-lhe para ser amigo do meu irmão.

Os ombros de Cyan caíram com estas palavras e seus punhos começaram a tremer de vergonha. Embora ele pudesse pedir a sua mãe para fazer algo assim, Cyan definitivamente não podia permitir que sua irmã, que era apenas segundos mais nova que ele, fizesse um pedido tão humilhante….

—  Vou fazer as coisas do meu jeito —  Cyan cuspiu antes de fechar imediatamente os lábios.

Ele tinha acabado de avistar Eugene caminhando do longínquo anexo. Os olhos de Cyan se alargaram quando ele viu Winith pendurado na cintura de Eugene. Mesmo a esta distância, ele podia ver todos os minúsculos detalhes daquela famosa arma.

—  Eles me disseram que ele já é Primeira Estrela na Fórmula da Chama Branca —  Ciel alertou ao seu lado.

—  Eu sei —  Cyan quase gritou.

—  Não demoramos muito tempo para chegar à Primeira Estrela da Fórmula da Chama Branca?

—  Não foi muito tempo. Como levou cerca de um mês, isso significa que apenas alguns de nossos ancestrais na linhagem direta foram tão rápidos quanto nós.

—  Mas Eugene não demorou nem um dia para chegar à Primeira Estrela — Isso não significa que ele é o mais rápido da história?”

—  Apenas fique quieto.

—  Eu ouvi isso do tio Gion, mas aparentemente, Eugene foi capaz de sentir a mana assim que se sentou na linha de força. Levou mais de quatro dias, certo?

—  E daí —  respondeu Cyan com uma voz afiada enquanto olhava para sua irmã mais nova.

Ciel riu divertindo-se com a reação de seu irmão mais velho.

Em vez de continuar a provocar seu irmão, Ciel acenou para Eugene que se aproximava e gritou uma saudação: —  Olá!.

—  Por que você planeja ficar no anexo? Você deveria morar conosco na mansão principal da família —  disse Ciel a Eugene assim que ele se aproximou.

Cyan respondeu imediatamente no lugar de Eugene: —  Essa é uma ideia terrível.

Depois de olhar Cyan com os olhos encapuzados, Eugene acenou com a cabeça e disse: —  Eu também acho que seria uma péssima ideia.

—  Mas eu acho que seria ótimo —  insistiu Ciel com um sorriso antes de apontar para Winith:  — Então, ouvi dizer que você foi capaz de convocar o Rei Espiritual do Vento usando Winith?

—  Isso só pode ser mentira —  assim como da última vez, Cyan respondeu em vez de Eugene.

Embora seu coração estivesse se abrindo lentamente para Eugene, Cyan não conseguia absolutamente mudar seu comportamento hostil. Cyan era muito jovem para entender seus sentimentos de admiração por Eugene, e era ainda mais difícil para ele identificar o sentimento de respeito que ele sentia por causa disso.

— Exceto pelo Grande Vermouth, nenhum de nossos antepassados podia convocar o Rei Espírito do Vento enquanto empunhava Winith —  Cyan citou como evidência.

Eugene ao ouvir estas palavras desembainhou Winith Isso assustou Cyan e o afastou dele.

—  O que você acha que está fazendo? —  Exigiu Cyan.

Em vez de responder, Eugene infundiu sua mana em Winith. Pouco tempo depois, o vento se reuniu na forma de um silfo. Vendo sua aparência, Cyan interiormente se sentiu aliviado e saiu rindo.

— O que é isso? O Rei Espírito do Vento? —  perguntou ele zombando.

— Não — veio a simples resposta de Eugene.

Eugene ergueu Winith para que ele pudesse ser visto claramente e o silfo passou a se enrolar em torno da espada. A mandíbula de Cyan caiu quando ele pegou esta lâmina de vento.

—  Espada-leve?! —  Cyan exclamou em estado de choque.

—  Isto realmente parece ser espada-leve para você? —  Eugene perguntou, zombando.

O rosto de Cyan ficou avermelhado enquanto sentia as mesas sendo viradas sobre ele. Enquanto balançava Winith algumas vezes, Eugene olhou fixamente para Cyan.

—  Vamos duelar? — Eugene se ofereceu.

— … O quê?! —  O Cyan engasgou-se em pânico.

—  Você pode se sentir livre para usar a espada-leve, porque eu estarei usando isto.

“….”

Quando o Cyan ficou em silêncio, Eugene persuadiu: —  Por que não nos divertimos um pouco? Ou se você quiser, podemos apostar. Se você ganhar, eu…

— Eu não vou —  Cyan recuou imediatamente enquanto abanava a cabeça. —  Eu… vim aqui hoje… para aprender com o tio Gion. Eu não estou aqui para lutar com você.

Eugene sorriu: — Você está com medo?

— …Não estou com medo —  respondeu Cyan, hesitante, enquanto enviava urgentemente um olhar pleiteante à Ciel.

Ele esperava que sua irmã pudesse de alguma forma salvar a situação. Entretanto, Ciel simplesmente ignorou o olhar de Cyan e sorriu divertindo-se.

—  Aquela cobra malvada.

Felizmente, antes de Cyan ser forçado a dar qualquer desculpa, Eugene recuou e deu-lhe uma saída.

— Não vamos discutir sem razão —  disse Eugene com um suspiro.

Cyan não conseguia pensar em nada para dizer, “….”.

— Agora somos irmãos, então devemos tentar nos dar bem —  disse Eugene com um largo sorriso enquanto oferecia a mão a Cyan.

Por alguns momentos, Cyan alternou entre olhar fixamente para a mão e o rosto de Eugene.

Eugene acabou perguntando: — Você não sabe o que este aperto de mão significa?.

— …não é? — Cyan parecia confuso.

— Significa que eu quero que nos demos bem como irmãos.

— …Oh, bem… isso … — após alguma hesitação, Cyan acabou pegando a mão de Eugene com um grato aceno de cabeça.

— Aperte a mão também comigo —  exigiu Ciel, cortando a conversa de sua posição ao lado deles.

Este pedido obrigou Eugene a cruzar os braços para que pudesse segurar as mãos tanto de Cyan quanto de Ciel simultaneamente.

— Como nasci mais cedo que você, você deveria me chamar de irmã mais velha —  Ciel trouxe à tona mais uma vez.

Eugene recusou: — Você poderia parar com isso?

Isso não significava que ele era o irmão mais velho de Eugene? Embora Cyan notasse este pensamento surgindo em sua cabeça, ele decidiu manter a boca fechada quando viu os olhos estreitos de Eugene.

Ele definitivamente não teve a audácia de afirmar que Eugene era seu irmão mais novo.


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FuraTripa
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FuraTripa
11 meses atrás

Muito Bom.

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