O tempo voou rapidamente.
Eugene pensou de repente quando se olhou no espelho durante as primeiras horas de uma manhã. Ele arrumou casualmente seu cabelo com sua crista desgrenhada enquanto olhava seu próprio rosto no espelho.
Ele tinha agora dezessete anos de idade.
Já haviam passado quatro anos desde o final da Cerimônia de Continuação da Linhagem e sua adoção na família principal. Embora seu rosto ainda fosse parecido com o de um rapazinho, seu corpo estava quase totalmente crescido. Quando Eugene examinou seu próprio peito e ombros largos, por um momento, ele foi dominado por suas emoções.
“Este é realmente um grande corpo”.
Este foi um tema que ele havia pensado várias vezes ao longo dos dezessete anos que viveu neste corpo, mas ele nunca se aborreceu de repetir este fato dentro de sua cabeça sempre que ele se levantou.
Antes de tudo, ele tinha um rosto bonito. Eugene não estava apenas dizendo isso porque era dele. Mesmo que fosse forçado a olhar objetivamente, ele teria que admitir que suas feições eram bonitas. Embora ele sentisse que o rosto de Hamel de sua vida passada não era tão feio assim, comparando aquele rosto com seu rosto atual depois de reencarnado como Eugene, a diferença em sua aparência era tanto quanto a diferença entre um elfo comum e um humano.
“Embora não tanto quanto um elfo comparado a um orc”.
Eugene não tinha nenhum desejo de depreciar a face de sua vida anterior a tal ponto. Depois de dar alguns tapinhas nas bochechas suaves, Eugene começou a esticar seus músculos faciais, puxando todo tipo de expressão no espelho.
O olhar desagradável em seus olhos quando franziu o cenho não mudou em nada desde a infância. Era apenas uma parte de seu caráter inato. Apesar de andar por aí com os olhos estreitos desde jovem, Eugene estava apenas feliz por não ter rugas.
“Eu tinha um olhar ainda mais desagradável durante minha vida anterior”.
Relaxando seu franzido, ele deu um largo sorriso em vez disso.
Mas será que este cara bonito no espelho era realmente ele?
Embora ele já tivesse deixado de lado pensamentos tão absurdos, mesmo após dezessete anos de vida neste corpo, ele ainda se sentia maravilhado cada vez que via este rosto bonito no espelho.
“Tenho que admitir que sua linhagem é forte”, pensou Eugene ao levantar os olhos para seus cabelos grisalhos.
Quanto mais velho ele ficava, mais proeminentes se tornavam os cabelos grisalhos. Cada vez que Eugene via esta cor de cabelo, ele se lembrava do Vermouth.
Eugene tinha suas razões para se entregar a tais sentimentos egocêntricos logo cedo pela manhã.
Após iniciar sua mana quando tinha treze anos, Eugene havia treinado a mana todas as manhãs sem pular um único dia. E hoje, Eugene havia finalmente alcançado a Terceira Estrela na Fórmula da Chama Branca.
“Isso foi rápido”
Ele podia sentir os núcleos divididos em torno de seu coração. Três pontos de luz que mostraram que ele havia alcançado a Terceira Estrela da Fórmula da Chama Branca.
— Rápido demais.
Após ter começado a treinar sua mana, Eugene tinha percebido algo.
O desempenho da Fórmula da Chama Branca era incomparável com as escrituras de treinamento de mana que ele havia aprendido em sua vida anterior. Eugene foi capaz de extrair o grau ideal de eficiência de apenas uma pequena quantidade de mana, e a velocidade com que absorveu a mana também foi extremamente rápida. O custo de espalhar esta mana absorvida por todo o seu corpo e transformá-la em força também não era muito alto.
Entretanto, para ele ter alcançado esta classificação tão rapidamente… não podia ser atribuído apenas à superioridade da Fórmula da Chama Branca; era também porque o corpo de Eugene estava naturalmente “sintonizado” para absorver mana.
“…Embora seja ótimo que o desempenho deste corpo seja tão incrível…”.
Às vezes ele não conseguia deixar de se sentir perturbado.
“Se já é tão rápido… Quão mais rápido será meu progresso mais tarde”.
Seria o oposto de sutil.
Mas esta era na verdade uma questão bastante agradável para se perturbar. Eugene sorriu enquanto olhava para seu reflexo.
“Mas a força que eu tinha em minha vida anterior não será suficiente”.
Este incrível corpo havia sido concedido a ele, Eugene Lionheart, e lhe havia dado muitas expectativas para seu futuro. Com este corpo, ele não podia se contentar em confiar apenas nas memórias e experiências de sua vida passada. Eugene tinha se convencido deste fato anos atrás.
Hamel tinha sido definitivamente talentoso. Embora ele não fosse tão bom quanto Vermouth, ele também aprendeu a empunhar todo tipo de armas. Sem qualquer treinamento formal, as habilidades de Hamel tinham sido forjadas e aperfeiçoadas no campo de batalha, pois ele tinha traçado a linha entre a vida e a morte. Isto significava que suas técnicas tinham sido refinadas através do uso constante.
Hamel havia conquistado sua reputação apenas com estas habilidades e chegou até a se confundir com um gênio. Foi neste ponto que ele havia conhecido Vermouth e… Hamel havia subitamente percebido que afinal não era um gênio.
Depois de se tornar o companheiro de Vermouth, ele também tinha passado por muita coisa. Suas técnicas haviam sido aperfeiçoadas ainda mais e ele havia acrescentado vastas habilidades ao seu repertório.
“Mas ainda não é suficiente”.
Não era suficiente adquirir apenas a força que ele tinha em sua vida anterior. Para tirar proveito deste seu corpo talentoso e provocador de ganância, ele precisava mais do que apenas as lembranças de sua vida passada.
“Eu preciso aprender tudo.”
E não apenas a um nível básico também.
A espada, a lança, o machado e o arco; ele já sabia como manusear habilmente a maioria das armas. Ele tinha confiança em suas técnicas de armas, já que havia aperfeiçoado estas habilidades para não apenas sobreviver, mas prosperar no Reino Demoníaco.
Mas ele ainda não havia chegado lá. Embora ainda fosse um pouco mais lento do que em sua vida anterior, ele sabia na cabeça como chegar lá; era apenas uma questão de tempo. Seu corpo alcançaria o que ele sabia ser capaz de fazer. Portanto, se chegaria lá de qualquer maneira, não seria mais eficiente usar seu tempo noutro lugar?
***
— Parece que eu preciso aprender um pouco de magia — disse Eugene de repente.
— Que tipo de bobagem é essa? — Cyan soltou.
Enquanto Cyan sentava no chão, tentando recuperar o fôlego, levantou a cabeça para olhar para Eugene. O cara monstruoso que estava ao seu lado não mostrava nenhum sinal de cansaço, mesmo depois de todo o exercício que tinham acabado de fazer.
No início, isto o teria feito ficar com inveja, mas agora… Após quatro anos de olhar para aquela expressão relaxada, ele já estava acostumado a ela.
— Eu disse que preciso aprender um pouco de magia — repetiu Eugene gentilmente.
— E eu disse, ‘que tipo de bobagem é essa? — Cyan cuspiu com uma expressão confusa em seu rosto.
Eugene não era o único cujo corpo havia crescido durante estes quatro anos. O Cyan também tinha crescido muito. Claro, era óbvio que Cyan não apreciava muito este fato, e Eugene era uma grande razão para isso. Embora eles pudessem ter idade semelhante, Cyan era apenas um pouco mais curto que Eugene, e a diferença em seus níveis de habilidade eram tão grandes quanto nunca.
— Por falar nisso….
Eugene continuou falando sem oferecer uma ajuda ao Cyan. Cyan ainda era um pirralho com muito orgulho próprio; ele não admitiria que houvesse perdido mesmo quando derrotado, e não apreciaria se Eugene lhe oferecesse uma mãozinha. Mesmo que Cyan não mais se preocupasse em ser insultado ou não, como aconteceu quando se conheceram pela primeira vez, só alimentaria sentimentos de frustração que permaneciam nos cantos de seu coração se Eugene lhe mostrasse alguma gentileza.
—…Eu estava apenas treinando na Fórmula da Chama Branca como costumo fazer….
— Não pode ser… — Cyan não conseguiu terminar a pergunta.
Os olhos do Cyan começaram a tremer quando ele teve um mau pressentimento. Cerrando seus dentes, ele pulou de pé.
Eugene sorriu quando viu Cyan ficar nervoso assim.
—…e então isto aconteceu;
Quando Eugene terminou de falar, a mana que normalmente se espalhava pelo corpo dele se reuniu perto de seu coração. Uma vez lá, as três estrelas em seu núcleo começaram a ressoar uma com a outra. Estas estrelas, presas juntas em um circuito ao redor de seu coração, começaram a amplificar explosivamente o poder de sua mana.
Fuuush!
A mana, na forma de luz branca pura, engoliu todo o corpo de Eugene. Cyan olhou fixamente para esta visão com olhos bem abertos. A luz branca em forma de chama envolvida pela forma de Eugene parecia a juba de um leão que fluía.
— Mas que… porra…! — Cyan praguejou, sua voz trêmula.
Como ele também praticava a Fórmula da Chama Branca, ele estava bem ciente do que aquele manto de mana engolfando Eugene significava. Cobrindo seu corpo com uma chama de mana como aquela, ele tinha realmente criado um farol ardente que honrava o nome da Fórmula da Chama Branca.
Isto significava que Eugene havia alcançado a Terceira Estrela da Fórmula da Chama Branca.
— Isso é mesmo possível? — perguntou Cyan, incrédulo.
Cyan ficou tão envergonhado que sentiu que era melhor estar morto. Ele havia iniciado a mana sete anos antes de Eugene e estava treinando na Fórmula da Chama Branca há quase tanto tempo. Graças a isto, ele tinha conseguido alcançar a Segunda Estrela da Fórmula da Chama Branca três anos atrás.
Mas até agora, o progresso de Cyan tinha permanecido estagnado na Segunda Estrela. As estrelas ao redor de seu coração pareciam estar prestes a se dividir, mas nunca o fizeram. Mas ao invés disso… Aquele filho da mãe irritante, Eugene, que havia iniciado a mana sete anos depois de Cyan, já havia alcançado a Terceira Estrela da Fórmula da Chama Branca.
— Claro que é possível — disse Eugene com um sorriso relaxado, pois permitiu que a mana se dissipasse: — Porque eu sou um gênio.
Eugene pensou que declarar algo assim de sua própria boca era bastante vergonhoso. Ou pelo menos, ele costumava pensar assim. Mas agora, ele tinha que admitir ser ridículo agir de forma humilde sem sentido. Ele havia nascido com o corpo de um gênio e, além disso, ele tinha lembranças de sua vida passada.
Embora Hamel de sua vida passada não fosse um gênio, Eugene definitivamente era.
— Por que você simplesmente não morre — amaldiçoou Cyan.
Eugene o repreendeu: — Os irmãos não deveriam dizer tais coisas um ao outro.
— Como se você pudesse falar sobre o que irmãos não deveriam fazer. Todas as manhãs você me espanca tanto que parece que vou coaxar.
— Você não é aquele que continua pedindo um duelo todas as manhãs? Se não quer ser espancado, vamos parar. Para mim não importa.
Cyan rangeu seus dentes quando olhou de relance para Eugene. Desafiar Eugene a um duelo todas as manhãs era a própria maneira de Cyan lidar com a frustração de sua rivalidade com Eugene.
Honestamente, Eugene apreciou esta mudança na atitude de Cyan. No início, ele pensou que Cyan era apenas um pirralho estúpido, mas talvez por ter vindo a aceitar Eugene após a adoção, o comportamento de Cyan tinha mostrado grande melhora.
—…Mas por que magia dentre tantas coisas? — Cyan voltou ao ponto principal.
— Porque eu nunca aprendi nenhuma magia — explicou Eugene.
— Então é por isso que você quer aprender magia? Não me faça rir… E como exatamente você pretende aprender magia? Quer chamar um professor da capital?
— Vou precisar verificar com o Patriarca a respeito disso.
— Você está falando sério? Não, mas… por que diabos você quer aprender magia de repente?
Cyan simplesmente não conseguia entender Eugene. Já que ele tinha tanto talento em artes marciais, por que ele iria querer se dedicar à magia em vez de se concentrar naquilo em que ele era bom?
Cyan tentou dissuadir Eugene: — Você não é velho demais para aprender magia?
— Dezessete ainda é muito jovem— negou Eugene.
— Isto é um absurdo. Você já esqueceu o que aconteceu com Eward? — Cyan perguntou com um bravata enquanto tirava o pó das calças: — Ele saiu para aprender magia quando tinha quinze anos, dois anos mais novo do que você é agora, e agora ele está sendo tratado como um tolo em Aroth.
Eugene olhou para Cyan e rosnou: — Bastardo, como você ousa dizer tal coisa sobre seu irmão mais velho?
— Eu disse algo que não seja verdade? — Cyan protestou enquanto se encolhia frente ao olhar de Eugene. “…Em vez de colocar isso na cabeça e ir inutilmente até Aroth para aprender magia, basta ficar aqui na propriedade principal, onde é confortável. …Se você realmente lhe disser que quer começar a aprender magia, o pai pode começar a chorar lágrimas de sangue.
Isso parecia ser uma possibilidade.
Há quatro anos, Eward Lionheart, o filho mais velho da família principal, havia acompanhado Lovellian, o Mestre da Torre Vermelha, a Aroth assim que a Cerimônia de Continuação da Linhagem terminou.
…Mas no final, ele não pôde se tornar discípulo de Lovellian. Parecia que seu potencial não era ruim, pois ele tinha sido autorizado a permanecer em Aroth, mas ele não podia se tornar um sucesso tão grande quanto seus pais esperavam. Agora haviam se passado quatro anos e Eward ainda permanecia em Aroth.
De acordo com o que Eugene havia ouvido, ele estava aprendendo magia com um feiticeiro afiliado à Torre Mágica Vermelha, mas ele não parecia estar tendo muito progresso. Graças a isto, não foi apenas a autoridade de Lovellian como o Feiticeiro Chefe que obviamente foi afetado, mas o prestígio da família principal também foi manchado.
Embora o Patriarca tivesse acabado de fazer o melhor por seu filho mais velho, usando suas conexões para enviá-lo à Torre Vermelha para aprender magia, para outros, parecia que o Patriarca estava se livrando de um herdeiro medíocre e sem talento, exilando-o na Torre Vermelha.
— Mesmo que o Patriarca derrame lágrimas de sangue, a Madame Ancilla acabaria me apoiando — comentou Eugene.
—…Eu imagino a Mãe fazendo isso — Cyan murmurou com um olhar desnecessariamente cauteloso sobre a mansão principal da família: — Até porque não é que minha mãe não goste de você.
Eugene objetou: — Mas às vezes, quando nos cruzamos, ela fica com um olhar realmente feroz nos olhos.
— Isso é porque ela vê como você me bate como um cão. — argumentou Cyan.
— Mesmo que ela tenha visto, o quê que eu posso fazer? Como posso parar de bater em você se você continua pedindo?”
— Seu filho da puta.
Todos sabiam que Cyan havia pedido para levar a sério os duelos. Isto porque Cyan havia pensado que suas habilidades não cresceriam se Eugene continuasse a brincar, mas, por muito tempo, Cyan havia chegado a sentir profundo pesar por dizer algo assim.
Eugene não demonstrou absolutamente nenhuma piedade durante suas justas. Se ele visse sequer uma pequena abertura, ele a atravessaria imediatamente e continuaria atacando sem piedade. Ao fazer isso, Eugene também apontava constantemente as várias inadequações de Cyan. Além disso, graças a Eugene explicando suas críticas claramente e de uma maneira que era fácil de entender, Cyan era forçado a ouvi-lo silenciosamente mesmo quando sentia que seu coração pararia de bater por raiva.
Eventualmente, Cyan perguntou a Eugene: —…Você realmente pretende ir a Aroth?
— Se vai aprender alguma coisa, você deve aprender corretamente — era tudo o que Eugene precisava dizer na explicação.
Se quisesse aprender magia corretamente, a melhor coisa a fazer seria ir a Aroth.
“E também há algo que eu quero investigar” pensou Eugene para si mesmo.
Ele queria ver como tinha sido a vida de Sienna em Aroth, após sua jornada. Este desejo vinha se acumulando dentro dele há muito tempo. E não era apenas Sienna, mas também Anise e Moron. Ele queria saber como seus companheiros haviam vivido suas vidas depois de terem retornado do Reino Demoníaco há trezentos anos e, finalmente… ele queria saber a verdade por trás do que havia acontecido naquela época.
“Mesmo aqui, na propriedade principal, quase não há registros deles”.
A história do antepassado fundador, Vermouth, também era muito vaga. Embora ele tivesse procurado aqui e ali durante estes quatro anos, quase não havia vestígios do que o herói e seus companheiros fizeram após o retorno do Reino Demoníaco.
“E este colar também”.
Eugene olhou fixamente para o colar pendurado em seu pescoço. Ele tinha usado constantemente o colar desde que o recuperou do cofre do tesouro quatro anos atrás. Mesmo quando o Mestre da Torre Vermelha havia espreitado pessoalmente as memórias deixadas dentro da mana do colar, Lovellian não havia sido capaz de encontrar nenhuma memória que o identificasse como um memento de Hamel.
Isto significava que alguém havia criado uma camada falsa e indetectável nas lembranças do colar.
Até onde Eugene sabia, as únicas pessoas que podiam fazer algo assim eram Sienna ou Vermouth. Mas por que diabos eles teriam feito isso? Ele não conseguia descobrir quais poderiam ser as razões deles para fazer isso.
Entretanto… se ele tivesse que apostar, Sienna deveria ser a culpada de ter preparado tal artimanha no colar, em vez de Vermouth. O Vermouth de que Eugene se lembrava não era o tipo de pessoa que faria algo assim.
—…E também… se você for a Aroth… — Cyan tossiu antes de continuar com uma expressão hesitante: —…Ciel ficará triste.
— Realmente — disse Eugene, com uma risada por quão absurda a afirmação de Cyan soou: — Estamos falando da mesma Ciel, aquela que parece enojada sempre que me vê?
— Esses não são os verdadeiros sentimentos dela — embora ele tenha dito isto, Cyan não parecia ter confiança em suas próprias palavras.
Ciel Lionheart, aquela pirralha astuta, parecia ter começado a passar pela puberdade no início deste ano. Ela não ficava mais perto de Eugene como antes, e nem sequer iniciava uma conversa com ele. Talvez fosse porque os sintomas de sua puberdade eram bastante severos; ela raramente saía de seu quarto. Embora Ciel não tenha negligenciado seu treinamento, ela não treinou mais com Eugene e Cyan como havia feito antes.
— Odeio o cheiro do suor — era a razão pela qual ela havia deixado de treinar.
Graças a isso, Gion e Gilead foram obrigados a se manter muito ocupados. Eles se encontraram pela primeira vez com o Ciel, que estava na puberdade, pela manhã e passaram metade do dia ensinando-a, enquanto a outra metade foi passada ensinando Cyan e Eugene.
—…De qualquer forma, se você for para Aroth, Ciel ficará triste — insistiu Cyan.
— Você realmente acha que eu vou mudar de ideia só porque Ciel ficará triste? — perguntou Eugene.
— Seu bastardo sem coração — Cyan praguejou enquanto seus punhos tremiam de raiva com o comentário displicente de Eugene: — Você já considerou ao menos como o Sr. Gerhard se sentirá?
— Meu pai vai ficar perfeitamente bem sem mim.
Mesmo Cyan não pôde deixar de concordar com isso. Gerhard tinha inicialmente se sentido desconfortável em viver na propriedade principal, mas ele tinha se acostumado completamente à vida aqui nos últimos anos. Agora, ele fazia regularmente viagens de caça com os chefes das outras famílias colaterais, e às vezes passava noites inteiras bebendo cerveja com Gion e Gilead. Até mesmo Ancilla se dava muito bem com Gerhard.
É claro, Eugene estava bem ciente da razão disso. Ancilla não queria mostrar muita hostilidade com Eugene. Embora ela não tivesse diminuído sua considerável vigilância em relação a ele, ela sabia que era melhor para ambos que parecessem se dar bem ao invés de serem abertamente hostis.
No entanto, Tanis, como mãe de Eward e a primeira esposa oficial…, desconfiava abertamente de Eugene e Gerhard. Após o fracasso de Eward em se tornar discípulo de Lovellian, a personalidade excessivamente sensível de Tanis tinha continuado a piorar.
“Parece que vou precisar ter um pouco de cuidado com Tanis”, lembrou Eugene.
Se lhe dissessem que Eugene estava indo para Aroth, Tanis definitivamente se tornaria ainda mais sensível à ameaça que ele representava para a candidatura de seu filho. Este não era um problema que Eugene pudesse simplesmente resolver dando mais atenção a ela. Ao invés disso, isto era algo que ele teria que confiar secretamente ao Patriarca, Gilead.
—…Onde você está indo? — Cyan perguntou ao perceber que Eugene começava a ir embora.
— Para se encontrar com o Patriarca — explicou Eugene por cima de seu ombro.
— Você vai se encontrar com ele agora mesmo?
— Preciso obter sua permissão rapidamente — com esta resposta final, Eugene deixou o ginásio.
Depois de olhar distraidamente para Eugene se retirando, Cyan deu um suspiro profundo.
—…Que diabos de besteira é essa de aprender magia? — Cyan resmungou e começou a seguir atrás de Eugene.
O cara é brabo.