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Damn Reincarnation – Capítulo 272

História Paralela — Interlúdio (3)

Ela abriu os olhos. Apesar de ter dormido apenas por um breve período, não conseguia se livrar da sonolência. Ficou imóvel por alguns momentos, esperando voltar a dormir, mas seus esforços foram em vão. Uma vez acordada, ela achou difícil retornar à terra dos sonhos.

No final, Sienna soltou um profundo suspiro de frustração ao abrir os olhos. Anise lançou magia divina para estabilizar sua mente antes de adormecer, e Sienna até recorreu a um feitiço para dormir. Mas neste lugar, tão perto dos portões do inferno, tais métodos pareciam inúteis.

O Castelo do Rei Demônio do Encarceramento exalava uma aura palpável de Poder Negro que os cercava. Noir Giabella e seu exército de Demônios da Noite atacavam implacavelmente os heróis em seus sonhos, tentando penetrar em suas mentes. Apesar das tentativas fracassadas, cada ataque corroía o poder divino e dispersava a magia que protegia os heróis e poluía suas mentes.

Sienna sempre acreditou que os magos tinham uma predisposição para serem psicopatas sensíveis, mesmo que outros negassem. Os acontecimentos recentes deram-lhe muito com que se preocupar e o estresse constante a afetava. Portanto, não foi surpresa que ela sofresse de insônia e tivesse dificuldade para ter uma boa noite de sono.

— Você está tendo problemas para adormecer? — Perguntou Vermouth.

— Sim. — Sienna respondeu enquanto esfregava os olhos. Ela virou a cabeça e encontrou Vermouth sentado em frente à fogueira. Seus olhos dourados estavam calmos diante das chamas oscilantes, e Sienna acenou com os dedos enquanto recebia seu olhar.

— Você deveria dormir, mesmo que tenha que forçar. — Disse Vermouth.

Com uma Santa e uma Arquimaga em seu grupo, eles não precisavam de descanso urgente. Mesmo que conseguissem dormir apenas o mínimo, poderiam contar com suas reservas de magia e poder divino para complementar sua energia.

— Eu vou aguentar por enquanto. Não precisa se preocupar. — Sienna respondeu com um sorriso. Só porque não precisavam desesperadamente de descanso não significava que fosse desnecessário. Usar magia e poder divino para neutralizar a fadiga física e mental era apenas uma solução temporária. A privação prolongada de sono poderia ter consequências a longo prazo, incluindo uma redução da expectativa de vida.

— Você está se esforçando demais? — Vermouth perguntou com uma nota de preocupação na voz. Sienna não respondeu imediatamente, em vez disso fixou o olhar no rosto de Vermouth, além das chamas bruxuleantes da fogueira.

A luz do fogo iluminou a pele pálida e os cabelos grisalhos de Vermouth, lançando sobre ele um tom alaranjado. Apenas seus olhos permaneceram com um impressionante tom dourado. Mesmo depois de viajarem juntos por dezesseis anos, Sienna ainda sentia uma sensação de desconforto quando encontrou o olhar dele.

— Quem entre nós não está se esforçando? Vermouth, você também está exagerando, não acha? — Disse Sienna com um sorriso indiferente.

Vermouth Lionheart permaneceu inalterado desde o dia em que se conheceram. Sienna, Anise, Moron e Hamel passaram por alguma transformação durante a jornada, mas Vermouth parecia ter permanecido o mesmo. Pelo menos era isso que Sienna pensava.

Desde o início, Vermouth foi perfeito e transcendente. Sienna não podia negar que ele havia se tornado ainda mais perfeito e transcendente com o passar do tempo, mas isso não significava que ele não fosse perfeito para começar.

Naquela época e agora, ele era misterioso e heroico. Era como se fosse um humano, ou melhor, uma existência que nasceu assim.

— Estou bem, então não precisa se preocupar comigo. — Respondeu Vermouth.

Sienna não conseguia entender o que se passava na mente do grande Herói e sabia que os outros concordariam. Vermouth Lionheart nunca revelou seus verdadeiros sentimentos e pensamentos. No entanto, nenhum deles jamais duvidou das verdadeiras intenções de Vermouth. Semelhante a todos os outros, ele foi completamente sincero sobre matar os Reis Demônios e salvar o mundo.

Vermouth era um ser perfeito e transcendente, um guerreiro misterioso e enigmático, por isso o mundo o chamou de Herói. Mesmo depois de passar dezesseis anos com ele, Sienna e os outros ainda viam Vermouth como o herói.

Ele tornou-se o núcleo e o apoio de todos no grupo, e até mesmo Hamel, que sempre resmungava, reconheceu esse fato. Sem ele, eles nunca teriam chegado tão longe. Não teriam conseguido derrotar nem mesmo o primeiro Rei Demônio, o Rei Demônio da Carnificina, muito menos três deles.

“É longe…”

Mesmo que apenas uma fogueira separasse os dois, Sienna não pôde deixar de sentir uma grande distância de Vermouth. Eles brigavam, conversavam, comiam e bebiam juntos e, nos pequenos momentos do dia a dia, ela se sentia próxima de Vermouth. Ele era um guerreiro e o Herói, mas também seu companheiro e amigo.

Porém, em momentos como esse, quando Vermouth olhava para ela com olhos tão serenos, ele parecia muito distante. Talvez só fosse possível que ela tivesse confiança absoluta nas palavras dele por causa do quão distante ele às vezes parecia.

Sienna balançou a cabeça, tentando dissipar a dor latejante em sua cabeça. Ela olhou para seus companheiros, encontrando Moron esparramado no chão e Anise enrolada como uma bola, dormindo profundamente.

Ela não conseguia ver Hamel.

— É para nós? Ou é para Hamel? — Perguntou Sienna, sem saber, dando um sorriso irônico.

Vermouth não respondeu imediatamente, mas encolheu os ombros.

— Não sei do que você está falando.

— Vermouth, acho que você é particularmente suave quando se trata de Hamel. Você sempre foi. — Disse Sienna.

— É injusto da sua parte fazer parecer que sou o único. Não somos todos particularmente moles quando se trata de Hamel? — Respondeu Vermouth com um sorriso estranho.

Eles estavam nas profundezas do inferno, um lugar onde deveriam permanecer sempre em guarda. Mesmo o menor dos sons tinha que ser levado a sério e com sensibilidade. Embora Sienna e Vermouth estivessem conversando em voz baixa, apesar da conversa, Anise e Moron não estavam sendo perturbados durante o sono. Além disso, Sienna não conseguia ouvir nenhum som vindo de além da escuridão.

Era tudo graças à magia do Vermouth.

— Eu sei que já disse isso uma dúzia de vezes, mas vou repetir. Vermouth, quando finalmente deixarmos este lugar abandonado e voltarmos ao continente…

— Você quer estudar minha magia, não é? Embora, para ser sincero, não sou fã da ideia. — Respondeu Vermouth.

— Por que não? O mundo estará em paz até lá, e não é como se eu fosse fazer algo de ruim pesquisando sua magia. É tudo para desenvolver a magia… — Disse Sienna.

— A sua curiosidade não é um fator maior? — Perguntou Vermouth.

— Satisfazer minha curiosidade e obter respostas equivale ao desenvolvimento da magia. — Era uma coisa arrogante de se dizer, mas Sienna quis dizer isso do fundo do coração. Ela se levantou com um sorriso sem qualquer sinal de constrangimento. — Falta algum tempo até ser meu turno, certo? Vou ver Hamel, só para garantir.

— Sienna, se você quiser, não precisamos trocar. — Disse Vermouth.

— Do que você está falando? — Perguntou Sienna.

— Estou dizendo que você deveria ter um pouco mais de coragem. — Vermouth respondeu com um leve sorriso.

Sienna simplesmente piscou confusa, sem entender imediatamente suas palavras. Ela era a próxima pessoa no turno, mas… Eles não precisavam trocar? Vermouth estava sugerindo que ele faria dois turnos seguidos? Por quê?

“Coragem?”

No momento em que entendeu, Sienna ficou com os olhos arregalados e seu queixo caiu. Embora a dor de cabeça latejante tivesse passado, ela sentiu as bochechas corarem de calor.

— O-O-O que você está dizendo?! Sienna sibilou ferozmente.

— Eu disse algo estranho? — Vermouth disse com uma expressão indiferente enquanto inclinava a cabeça.

Sienna agitou os braços sem motivo antes de dar um tapa no rosto.

— V-Você está dizendo algo tão estranho… Do nada! O-O que quer dizer com coragem…?

— Sua reação me parece ainda mais estranha. Você consegue ficar tão envergonhada depois de ter sentimentos por dezesseis anos? — Perguntou Vermouth.

— Não… São… Dezesseis anos…!

— Isso não pode ser verdade. — Vermouth não tinha uma expressão provocadora. Ele parecia calmo como sempre, o que deixou Sienna ainda mais louca.

Ela arrancou os cabelos sem dó, tateou suas memórias e contou os anos.

— Estritamente… Falando… Cerca de quinze anos e meio…

— Se você ainda está tão envergonhada com isso, será difícil ter coragem. Você precisa de ajuda? — Perguntou Vermouth.

— Não faça… Algo tão inútil…! E-Eu mesma cuidarei disso. E… E, você sabe, não podemos nos dar ao luxo de nos preocupar com essas coisas agora, certo? — Disse Sienna, tentando desesperadamente manter uma expressão calma. Mas não foi apenas uma desculpa. Independentemente de há quanto tempo ela nutria seus sentimentos ou quão grandes eles eram, sua prioridade atual era matar os Reis Demônios para salvar o mundo. Era justo… Deixar de lado seus sentimentos para mais tarde.

— Algum dia, então. — Disse Vermouth com um leve sorriso. Ele olhou para Sienna enquanto continuava. — Num dia em que tudo estiver acabado, um dia em que poderemos desfrutar do futuro de que muitas vezes rimos e falamos.

Eles frequentemente discutiam suas aspirações para o futuro. Moron ansiava por se tornar rei, enquanto Anise sonhava com uma viagem tranquila e libertadora. Embora Hamel geralmente relutasse em falar, ele ocasionalmente trazia à tona a ideia de ensinar esgrima a órfãos de guerra.

Sienna tinha suas próprias aspirações para o futuro. Ela ansiava por uma vida simples, casar, ter filhos, envelhecer e ser avó. Embora reconhecesse que esse tipo de vida não era a única maneira de viver uma vida normal, era o que ela desejava. Durante as conversas sobre seus planos futuros, Vermouth ocasionalmente os agraciava com um raro sorriso.

Não era um sorriso desconhecido.

— Hmph, você não sabe como um coração humano pode mudar, Vermouth. Mesmo se eu… Agora mesmo, uh, bem… Hamel… Certo. Mesmo sendo assim, você não sabe como isso pode mudar no futuro, certo? Quando voltarmos ao continente…

Infelizmente, Sienna não conseguiu continuar com suas palavras. Ela não poderia imaginar-se amando outro homem além de Hamel. Mesmo que fossem apenas palavras, ela não queria dizer algo em que não acreditava. Parecia que estaria cometendo um crime ao expressá-lo.

No final, ela fez beicinho sem continuar suas palavras. Vermouth deu um sorriso e riu da reação dela.

— Não quero me tornar objeto de sua pesquisa mágica, mas não me importaria… Certo, eu não me importaria de oficializar o casamento entre você e Hamel. Isto é, se eu puder. — Disse Vermouth.

— N-N-Não diga coisas tão malucas. Casamento?! Como eu disse, você nunca sabe como as coisas vão acabar! E-Estou indo, Vermouth. Não suporto ouvir essa bobagem. Isso não é típico de você! — Gaguejou Sienna antes de se virar. Parecia que seu rosto iria explodir com todo o calor.

Sienna ficou surpresa com o comentário inesperado de Vermouth. Suas emoções flutuaram ainda mais, sabendo que ele não era alguém que costumava brincar.

Mas, ao contrário de suas emoções, os delírios se desenvolviam livremente em sua cabeça. Ela já havia imaginado algo assim diversas vezes, uma fantasia vergonhosa que ela nunca poderia contar a ninguém.

“Sua vadia sem-vergonha.” Sienna se repreendeu.

Mas, na verdade, havia uma existência que já sabia de seus vergonhosos delírios. Seus delírios só tomaram forma em detalhes quando ela foi atacada por Noir Giabella… Ela tinha sonhado por causa da maldita bruxa.

Sienna não queria um casamento simples. Afinal, era um evento único na vida.

Se ela fosse se casar, queria um grande casamento que ficasse na história, um casamento que todos no continente conhecessem. Era apropriado que o casamento de dois heróis, aqueles que salvaram o mundo, fosse grandioso.

Eles realizariam o casamento no maior e mais esplêndido castelo do continente. Independentemente de a quem pertencesse, fosse um rei ou um imperador, esvaziariam o castelo com prazer a pedido de Sienna. O evento seria mais grandioso e glamoroso do que qualquer coroação, mas também magnífico e belo.

Todos os reis do continente seriam obrigados a comparecer ao casamento como convidados. E se não o fizessem? Então estariam sujeitos à raiva mesquinha da Arquimaga, aquela que derrotou os Reis Demônios. Qualquer nobre altamente conceituado também precisaria comparecer e oferecer as riquezas acumuladas enquanto os Heróis salvavam o mundo.

Vermouth oficializaria… Moron poderia hospedá-los? Não, seria um fardo muito pesado para o idiota. Então… Anise?

“Não. Isso seria muito cruel.”

Ela poderia simplesmente deixar isso para qualquer rei. Ela queria a bênção de Anise, mas agora sabia que não poderia pedi-la. E se realizassem um casamento conjunto? Ela tinha certeza de que isso surpreenderia a todos, mas quem se importava? Eles salvaram o mundo. Poderiam fazer o que quisessem.

“Hamel deve ter salvado o mundo em sua vida anterior.”

Não, talvez ele pudesse desfrutar do luxo, porque salvaria o mundo nesta vida. Era uma visão bastante agradável de imaginar.

“Você ficaria extremamente estranho em um smoking, e Anise e eu estaremos com vestidos brancos puros ao seu lado. Quando Vermouth nos chamar, nós três entraremos juntos. Aquele idiota do Moron vai começar a chorar quando nos ver entrar.

Isto era ainda melhor. As duas estariam segurando um buquê e, no final, poderiam jogar um para Vermouth e Moron cada.

“Não acho que nenhum deles estaria casado até então. Por alguma razão, acho que Vermouth ficará solteiro pelo resto da vida, e Moron… Bem…”

Pensando bem, ela poderia imaginar Moron se casando muito rapidamente.

“Então eu seria pior que Moron? Eu… Acho que não posso evitar. Se eu perder para Moron, serei provocada pelo resto da minha vida… E-Eu deveria me esforçar mais e me casar mais rápido do que Moron…”

Seria possível que ela estivesse sob ataque de Noir Giabella? A menos que a rainha indecente estivesse atacando sua mente, como ela poderia ter pensamentos tão vergonhosos? Caso contrário, não havia como ela se afundar tanto nessas imaginações malucas, não é?

— Hum…

Mas isso era impossível. Ela sabia que não poderia estar sonhando quando viu Hamel à distância. Ela sabia que as ilusões flutuando em sua mente e as emoções que faziam seu coração disparar não poderiam ser causadas pela hipnose de Noir. Elas eram sinceras.

Não era difícil admitir seus próprios sentimentos. Como Vermouth havia dito, ela nutria esses sentimentos há dezesseis… Ou melhor, quinze anos e meio. Ela havia esclarecido a confusão e reconhecido seus próprios sentimentos há cerca de dez anos, ou nove anos e alguns meses, mais exatamente.

No entanto, ainda estava envergonhada e seu coração ainda batia forte, só porque Sienna era assim como pessoa. Ela havia aceitado seus sentimentos há muito tempo, mas ainda não conseguia expressá-los diretamente. Na verdade, precisaria confirmar adequadamente seus sentimentos por Hamel, mas antes que isso acontecesse, esperava que o idiota estúpido e imbecil percebesse isso primeiro.

Em vez de ter que transmitir seus sentimentos com o rosto vermelho, ela esperava que Hamel fosse o primeiro a confessar com um buquê… Ou até mesmo uma única flor silvestre.

Sienna vinha induzindo Hamel a se apaixonar por ela até agora. O problema era que ele era um idiota incrivelmente denso, estúpido e ridículo.

Então ela mudou as coisas. De vez em quando, quando era inevitável e necessário, Sienna revelava uma pequena porção de seus sentimentos a Hamel, apenas o suficiente para que ninguém além dele notasse. Era perfeito para Sienna quando olhava para trás.

“…”

Vermouth e Anise notaram, mas isso só aconteceu, porque ambos eram mais perspicazes do que o necessário. Infelizmente, Hamel, por outro lado, parecia ser ainda mais denso que Moron quando se tratava dessas coisas.

— Por que está sentado aí desse jeito? — Sienna limpou o rosto antes de falar com Hamel. Seu rosto ainda estava vermelho? Mas não seria melhor ficar corada apelando para o idiota? Não, ela não gostava disso. Não queria mostrar seu rosto corado para ele, mesmo que pudesse atraí-lo. Era constrangedor e ela queria manter a compostura.

— E por que você não está dormindo? — Hamel disse depois de levantar a cabeça e olhar para Sienna. Ele estava sentado no chão. Sienna sorriu sem querer.

Foi assim que aconteceu.

Suas emoções envelheceram quinze anos, mas ela ainda ficava envergonhada e seu coração acelerava quando via Hamel.

— Estou de guarda depois do Vermouth, idiota. — Disse Sienna.

— Falta mais de uma hora. — Respondeu Hamel.

— É educado acordar mais cedo e se arrumar. — Disse Sienna.

— Até parece. Pelo menos coloque um pouco de esforço em sua mentira. É obvio. Você não consegue dormir, não é? — Hamel disse com um sorriso enquanto enxugava o suor da testa. Em vez de responder, Sienna bufou. Como disse Hamel, era bastante óbvio e uma ocorrência bastante comum. — Durma, mesmo que tenha que forçar. Já faz um tempo que você não dorme direito, certo? Você vai se machucar.

— Que tal não ficar se preocupando comigo? Fale por você mesmo. Quem está preocupado com quem? — Retrucou Sienna enquanto limpava o rosto. Ela foi sincera e quis dizer cada palavra.

Mas em vez de responder, Hamel encolheu os ombros. A parte superior de seu corpo cheio de cicatrizes estava encharcada de suor e espalhadas ao seu redor estavam as muitas armas que ele gostava de usar.

Essa também era uma ocorrência óbvia e cotidiana. Hamel não permitia que seu corpo descansasse, mesmo de madrugada, quando todos estavam dormindo. Ele treinava e empunhava suas armas como uma obsessão.

— Não é a primeira vez que você me vê assim. — Disse Hamel.

— Você já esqueceu o que conversamos antes? Seu corpo está um desastre, então faça uma pausa. — Respondeu Sienna.

— Se eu descansar, acabo ficando enferrujado. Preciso continuar me ajustando para que se mova bem quando necessário. — Respondeu Hamel.

— Não diga algo tão estúpido. Você quer levar uma surra de Anise de novo? Ou posso simplesmente bater em você agora mesmo. — Disse Sienna.

— Eu não exagerei. — Hamel levantou-se, limpou as mãos e pegou a toalha que estava aos pés. — Estou apenas descobrindo até onde posso me esforçar e quanto posso me mover.

— É muito sério se você tiver que descobrir isso… — Respondeu Sienna.

— Quem no mundo iria querer morrer? — Disse Hamel rindo enquanto se enxugava com movimentos bruscos. — Tudo o que estou fazendo é garantir que não vou morrer.

— Mas—

— É, não, não vou voltar e também não vou esperar sozinho. Eu irei com vocês, não importa o que aconteça. Se você está realmente preocupada comigo, proteja-me para que eu não morra. — Hamel respondeu antes que Sienna pudesse falar. Ela abriu a boca algumas vezes, depois franziu a testa antes de bater no peito de Hamel.

— Desgraçado. — Ela fez questão de usar um pouco de força, vendo o quão irritante ele estava sendo. No entanto, Hamel pareceu imperturbável e sorriu em resposta.

— Não importa o quanto eu pense sobre isso, é estranho o quão mole o Vermouth é quando se trata de você. Por que ele deixou um idiota ferido treinar? — Disse Sienna.

— Porque ele me conhece bem. — Respondeu Hamel.

— O mesmo de antes. Se Vermouth empurrasse você, então…

— É igual a você. — Comentou Hamel. Ele chutou uma grande espada do chão, depois a pegou no ar antes de colocá-la sobre o ombro. — Sienna, no final das contas, você também não conseguiu me pressionar. É o mesmo com o Vermouth. Ele sabe que não vou ouvir, independentemente dele me pressionar ou não. Se sim, é melhor ficar de olho em mim, certo?

— Você tem talento para adoçar suas palavras. Está basicamente dizendo que é um idiota teimoso que corre solto sem qualquer consideração pela sua vida. — Disse Sienna.

— Viu? Você me conhece bem, Sienna. — Disse Hamel.

— Cada vez que você age assim, me sinto uma idiota por me preocupar com você. — Disse Sienna.

— Então não se preocupe comigo. — Hamel sorriu e empurrou o polegar contra o peito. — Eu não vou morrer.

Foi uma coisa engraçada de se dizer. Qualquer pessoa no mundo poderia dizer que não morreria, e havia inúmeras pessoas que morreriam depois de proferir tais palavras. Poderia Hamel ser uma exceção incondicional?

Sienna simplesmente não conseguia acreditar, mas não tinha escolha. Não havia outros resultados aceitáveis. Todos, incluindo Sienna, sobreviveram até agora dedicando-se a evitar que os outros morressem.

— Idiota… — Sienna murmurou em voz baixa antes de dar um suspiro profundo. — Vou tomar cuidado sozinha e não vou exagerar. Então, Hamel, você tem que fazer o mesmo. Tenha cuidado, não se esforce e… Se não quiser me matar, você tem que me proteger. Porque eu vou proteger você também.

— Não somos só nós também. Todo mundo é igual, não é? Eu acho que se algum de nós acabar morrendo… Não seria o Moron? Aquele maldito está sempre correndo sem pensar. As palavras de Hamel não foram sinceras e ele riu de brincadeira. Já havia chegado a uma conclusão sobre sua pergunta há muito tempo. Se algum deles tivesse que morrer, então…

— Enquanto você sobreviver, sempre haverá uma próxima vez, Hamel. — Disse Sienna antes de sorrir para ele ver. Era como se tivesse sido pego em flagrante. Depois de piscar algumas vezes, Hamel brandiu a espada com um sorriso.

“Não quero ter essa conversa.”

Sienna sentou-se enquanto pensava assim. Esta era uma situação familiar. Sempre que Hamel treinava com suas armas, Sienna geralmente era encontrada sentada em algum lugar próximo. Em momentos como este, não havia muita necessidade de conversa, e hoje foi a mesma coisa. Sienna observou Hamel empunhar a espada sem dizer uma palavra.

— Pirralho infantil. — Mas ela tinha que dizer o que tinha a dizer.

— O quê? — Perguntou Hamel.

— Você está fazendo isso de propósito para eu ver. Está usando apenas seu corpo nu, sem mana. Está protestando comigo que seu corpo está bem? É isso? — Continuou Sienna.

— Não, estou apenas treinando meu corpo. Isto é o que há de errado com os magos. Eles são obcecados por mana. Mana isso, mana aquilo. Não é bom treinar só mana, sabe? Você também precisa treinar seu corpo se quiser… — Explicou Hamel.

— Entendi, então vá com calma. Todo mundo sabe que você treina à noite, mas se realmente se machucar, Anise não vai te deixar inteiro quando acordar. — Disse Sienna.

A expressão de Hamel endureceu com as palavras dela, como se estivesse genuinamente preocupado em ser o destinatário da violência de Anise. Sienna riu enquanto Hamel liberava sorrateiramente sua mana.

— O que você conversou com Vermouth? — Perguntou Hamel enquanto pigarreava como se estivesse envergonhado pela risada de Sienna.

— Sobre o que mais iríamos conversar? Estávamos falando mal de você. — Respondeu Sienna.

— Você já faz isso todos os dias. — Respondeu Hamel.

— Certo, bem… Acabamos conversando sobre o de sempre. — Disse Sienna.

— Ah, entendo. Falando sobre o que faríamos no futuro? — Perguntou Hamel.

Sienna sorriu. Talvez eles se conhecessem muito bem. — Sim. Mas agora… Podemos começar a levar isso mais a sério. Restam apenas dois Reis Demônios.

— Mas será mais difícil matar os dois restantes do que os três que já matamos. — Disse Hamel.

— Você tem sido tão teimoso até agora, então por que está agindo de forma tão fraca? Hamel, você está realmente planejando ensinar os órfãos a usar a espada? Quer construir um orfanato em homenagem a si mesmo ou algo assim? — Perguntou Sienna.

— Tenho pensado nisso, mas e se eu construir uma academia em vez de um orfanato? Vou reunir órfãos de todo o país e ensinar-lhes isto e aquilo. — Respondeu Hamel.

— Ah sim. Você vai dar o seu nome e chamá-la de Academia Hamel, não é? Se construir uma academia, haverá filas de pessoas que vão querer ingressar, não apenas órfãos. — Disse Sienna.

— Você não acha que eles matariam os pais só para—

— Não seja idiota. — Sienna interrompeu as palavras dele enquanto endireitava o rosto. — Acho que uma academia seria legal…

Além de seu comentário absurdo, Sienna simpatizou com seu plano. Independentemente do que ele quisesse, era bom planejar o futuro depois de salvar o mundo de seu terrível destino.

— Vou continuar minha pesquisa mágica, então… Certo. Hamel, se você construir uma academia, vou agraciá-lo com minha presença como professora de magia. – Disse Sienna.

— Mas Aroth já tem a academia de magia. Eles também têm as torres. — Comentou Hamel.

— Ah! Os magos de Aroth são velhos que querem ser servidos em uma bandeja de prata, embora sejam inferiores a mim. Garanto que serei melhor do que todos os chefes das torres mágicas e professores juntos quando se trata de desenvolver magia e passá-la para as gerações futuras. — Disse Sienna com confiança.

O futuro era um tema de discussão para eles, mas nunca uma noção fixa. Cada vez que falavam sobre isso, a visão que tinham mudava e se transformava, às vezes apenas ligeiramente e às vezes drasticamente. Isso ocorria, porque seus sonhos e aspirações evoluíam ao longo do tempo.

— É por isso que vou te ajudar. Um futuro assim… Acho que é muito bom. — Murmurou Sienna com um leve sorriso.

Como se estivesse envergonhado, Hamel virou a cabeça completamente enquanto brandia a espada.

— Não consigo imaginar você sendo diretor de uma academia. — Comentou Sienna.

— Pensando bem, acho que não vou construir uma academia. Vou apenas para algum lugar arejado e tranquilo e cultivarei. — Respondeu Hamel.

— Envergonhado, não é? — Sienna riu enquanto abraçava os joelhos.

Suas visões mudavam cada vez que conversavam, mas algumas coisas permaneciam iguais.

Sienna esperava uma vida feliz e, desde há algum tempo, Hamel sempre esteve ao seu lado no futuro que imaginava.

Era assim que tinha que ser.

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OblivionD
Membro
Oblivion
26 dias atrás

hmm, minha teoria é que vermouth é um horoi invocado ou viajante de outro mundo, por isso as SKILLS estranhas dele, talvez ele tenha sistema, por exemplo, o jeito que ele procura o hamel como se fosse um objetivo de quest, ou a maneira que summona o barril ou guarda as inumeras armas parece que ele tem um inventario, não um item com sub espaço como o manto. o pacto dele com o encarceramento deve ser algo como conhecimento moderno(pq… Ler mais »

Outsider
Visitante
Outsider
11 dias atrás
Resposta para  Oblivion

Teorizo numa linha semelhante… algo sobre ele saber de outras linhas temporais

Nanda
Visitante
Nanda
1 mês atrás

Eu sabia que Esse trisal ia rolar kkkk
Se até Sienna concorda, quem somos nós pra discordar? 😚
Fico feliz que eles estejam tendo outra oportunidade

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