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Damn Reincarnation – Capítulo 425

O Universo (2)

Eugene e Moron haviam mudado o local de seus duelos há meses.

Não era que eles tivessem parado de controlar sua força. Não. Em vez disso, ambos haviam se acostumado a liberar todo o seu poder sem destruir o ambiente ao redor. Eles eram capazes de se concentrar apenas um no outro.

Assim como Eugene havia se familiarizado com a força e o estilo de combate de Moron, Moron havia completado a reabilitação do poder que não usava há centenas de anos. Ele havia recuperado um senso de batalha que há muito havia esquecido.

Raguyaran.

Era a beira do mundo, uma terra de nada. Um mar calmo era visível ao longe, mas nenhum som de ondas chegava aos ouvidos. Nenhuma criatura viva podia ser encontrada nesta terra vazia entre montanhas e mar.

“Eu…” Moron apertou seu machado com as duas mãos enquanto pensava.

Eugene estava a uma distância. Sua mão direita estava agarrada ao cabo da Espada Sagrada, e sua postura era relaxada e aparentemente sem esforço. No entanto, não era um reflexo de sua arrogância. Aquela compostura e tranquilidade eram os precursores de inúmeras possibilidades. Isso permitia que Eugene agisse e respondesse em um instante.

“Eu não serei mais capaz de derrotar Hamel,” Moron reconheceu o fato com uma aceitação calma.

Ele já sabia disso há algum tempo. Havia chegado a essa conclusão inevitável meio ano atrás, quando a espada de Eugene havia cortado seu machado pela primeira vez.

A partir desse ponto, as inúmeras possibilidades dentro de Eugene superaram o poder que Moron havia alcançado.

Os dois haviam duelado diariamente por meio ano.

Moron não sentiu que havia se tornado particularmente mais forte. Para ele, aquele meio ano era uma forma de reabilitação.

Sua melhor fase foi há cento e cinquenta anos, no alvorecer de sua missão, e nos anos desde então, sua melhor fase tinha se desvanecido. Seus olhos permaneciam aguçados, mas todos os sentidos de batalha haviam sido embotados pela loucura.

No entanto, ele havia se livrado da loucura e tinha duelado com Eugene. Ele se esforçou para recuperar o que havia perdido. Ele revitalizou seus sentidos embotados. Os resultados foram satisfatórios, mas mesmo assim, não se tornou mais forte do que havia sido em sua melhor fase.

E Eugene? Enquanto Moron havia recuperado o que havia perdido, Eugene havia ganhado muito mais além do que já possuía.

Ser mais forte do que eu era ontem. Era uma frase que poderia soar como uma piada, no entanto, Moron sabia muito bem que não era um mero ditado. De fato, ele experimentava isso em primeira mão todos os dias.

Era o mesmo até agora. Eles tinham duelado ontem. Mas a figura diante dele era realmente o Hamel de ontem? Moron não pôde deixar de sorrir involuntariamente.

“Tinha que ser você.”

Hamel era a reencarnação de um antigo deus da guerra. Esse era seu destino.

Mas isso era apenas uma vida passada da qual ele não tinha consciência. Talvez Vermouth tivesse escolhido Hamel porque ele era uma existência destinada, mas Moron acreditava que a singularidade de Hamel estava mais em sua natureza do que em sua vida passada.

Ele se impulsionava até o ponto da crueldade. Ele nunca negligenciava nem mesmo um único momento de treinamento. Não era desencorajado pela dor de um corpo quebrado, e nunca estava satisfeito com o que tinha, mas buscava incessantemente alcançar o próximo passo.

Hamel era uma pessoa assim.

“Estou feliz por tê-lo como companheiro.”

Moron ergueu seu machado.

“Sou grato por não ter enlouquecido antes de nos reunirmos.”

Ele sinceramente acreditava nisso.

Ao longo dos seis meses de treinamento, Moron sentiu que estava grato por ter sido útil a Hamel. Isso o alegrava. Se ele tivesse perdido completamente a razão, se tivesse se tornado tão quebrado que nem mesmo pudesse empunhar seu machado, então ele não teria sido capaz de poder acompanhar Hamel pela vida e pela morte como desejava.

— Hamel. — Moron chamou, seu olhar percorrendo o comprimento de seu machado erguido para encontrar o de Eugene. — Você nunca deu o seu máximo nestes seis meses, deu?

Em termos de vitórias, Moron liderava.

Era inevitável. Em seus duelos, Eugene impôs muitas restrições a si mesmo.

Ele nunca usou Eclipse. Nem sequer usou Ignição, quanto mais a Proeminência. Ele nem mesmo desembainhou sua Espada do Luar, nem empunhou qualquer outra arma. Em todos os seus treinos com Moron, Eugene só havia usado a Espada Sagrada, a Fórmula da Chama Branca e a Espada Vazia.

— Isso mesmo. — Eugene concordou com um aceno.

O motivo pelo qual ele não usava essas técnicas era simples. O que Eugene queria de seus treinos com Moron era despertar e controlar conscientemente a divindade que possuía e a intuição de Agaroth.

Para conseguir isso, ele escolheu treinar repetidamente e flertar com a linha entre a vida e a morte.

Se ele tivesse usado Proeminência ou Ignição, esse tipo de treino teria sido impossível.

Ignição forçava Eugene a entrar em conflitos curtos e decisivos. Mesmo que os efeitos colaterais de seu uso tivessem diminuído à medida que avançava na proficiência da Fórmula da Chama Branca e no aprimoramento de seu corpo e Núcleo, usar a Ignição apenas uma vez significava dias de recuperação.

Proeminência não tinha o mesmo recuo que Ignição. Mas ao ser ativada, amplificaria o poder de fogo de Eugene, o que não era o que ele queria. Eugene não tinha a intenção de se engajar em um concurso de força e poder em seus treinos com Moron. Seu objetivo era desviar e contra-atacar a força de Moron com algo além de pura força bruta.

— Hamel. — Moron parou, um sorriso astuto se espalhando por seu rosto. — Eu também preciso da derrota.

Depois de ouvir suas palavras…

Eugene não respondeu, apenas encarou Moron. Ele não precisava perguntar o que Moron queria dizer com isso… ele soltou uma risadinha.

Derrota.

Eugene havia provado a derrota nas mãos de Moron muitas vezes. Mesmo durante a Marcha dos Cavaleiros, apesar de suas desculpas, o fato permanecia que ele havia sido derrotado pelas mãos de Moron. Além disso, as derrotas que ele sofreu ao longo dos últimos seis meses eram tão numerosas que não podiam ser contadas.

As lições de cada derrota, as percepções de suas deficiências, os acréscimos que fez a si mesmo…

Ele as entendia e as guardava em seu coração.

Não respondeu às palavras de Moron. Não era necessário. No momento, o foco de Eugene era corresponder às expectativas dele. Eugene silenciosamente embainhou a Espada Sagrada e a guardou em seu manto.

Colocando sua mão direita sobre o peito esquerdo, ele se postou.

Kristina soltou um longo suspiro enquanto o observava de longe, dizendo:

— É a primeira vez desde que ele derrotou a Rainha Demônio da Fúria.

[E pensar que ele conseguiu se conter por meio ano. Deve ter querido usá-lo toda vez que Moron o deixava meio-morto,] resmungou Anise internamente.

Kristina ouviu enquanto iniciava a magia sagrada. Oito asas se desdobraram atrás dela, e uma luz radiante se espalhou sob seus pés.

— Mãos. — Disse Kristina.

Ao seu comando, Ramira segurou firmemente o manto de Kristina pelo lado esquerdo, e Mer segurou sua mão direita. Ramira assentiu com um sorriso tímido após ouvir o sussurro.

— Sim. — Mer considerava um ato inevitável segurar a mão de Kristina. Ela precisava segurar a mão de alguém, e com a Senhorita Sienna ausente, a mão da Santa era a única opção que restava.

Se as duas Santas tivessem sido malévolas, ela nunca teria consentido com essa intimidade. Mas considerando sua bondade diária — escovando seu cabelo, ajudando-a a se vestir, até mesmo se banhando juntas — era apenas natural retribuir o favor.

A conformidade de Mer era uma coisa, mas Ramira há muito tempo era devota às duas Santas. Ela estava ainda mais inclinada.

“Mãe”, Ramira chamou em sua mente.

Um dia ela afirmaria esse título ousadamente. Ramira entreteve o pensamento enquanto se agarrava ao manto de Kristina. Kristina estendeu sua palma esquerda, marcada com os Estigmas, e ergueu uma barreira.

A criação da barreira e a ativação da Ignição de Eugene aconteceram quase simultaneamente.

Booooom!

Uma tempestade de chamas negras irrompeu ao redor de Eugene. Ela se espalhou para fora em uma espiral crescente. As chamas não eram apenas negras; dentro delas brilhavam incontáveis ​​faíscas, fazendo parecer como se uma galáxia inteira estivesse girando ao redor de Eugene.

O Universo.

A Ignição revelou o universo que Eugene abrigava. O universo parecia que poderia se expandir e se estender para sempre. No entanto, parou de expandir após certo ponto, e com um estalo, raios começaram a percorrer entre as estrelas. O universo se condensou ao redor de Eugene. Um vendaval varreu a terra desprovida de vento.

— Meu Deus. — Disse Kristina, chocada.

A mera consequência do poder fez a barreira de Kristina se despedaçar. Ela piscou incrédula mesmo enquanto era empurrada para trás pela rajada de vento.

— Esta senhorita vê com seus próprios olhos, mas não consegue compreender. — Comentou Ramira.

Ela havia transformado seus braços em de um dragão por preocupação com o contra-ataque. Ela tremeu. Mesmo sendo um filhote de dragão, Ramira estava sobrecarregada pela força absurdamente imensa emanando de Eugene.

— Porém… — Murmurou Mer sem perceber por trás do braço de dragão que estava usando como cobertura. — É lindo.

Nebulosas se ergueram no céu.

Assim como a Fórmula da Chama Branca e a Ignição se transformaram, também o fez a Proeminência. Embora a forma das asas permanecesse a mesma, elas não se assemelhavam mais a uma chama.

Moron, também, observou Eugene com olhos em branco.

O universo de Eugene se expandiu com a ativação da Ignição. Sem perceber, Moron concentrou sua força na mão que segurava seu machado. À medida que o universo se condensava e as asas de nebulosa se erguiam atrás de Eugene—

— Uhahaha…. — Moron riu enquanto olhava para o chão sob ele.

Ele podia ver as marcas criadas por seus pés. Havia vestígios dele recuando. Ele agora percebia a considerável distância entre eles. Quando foi a última vez que ele recuou instintivamente após sentir um senso de crise tão grande?

Houve um choque de cores estranhas. Uma cor preta maliciosa devorava tudo enquanto o carmesim fluía como sangue pelas veias. Eugene retirou sua espada divina do peito, uma fusão de ambas as cores.

— Não usarei a Espada do Luar. — Disse Eugene.

Brilho piscava em seus olhos dourados enquanto divindade e intuição imbuíam seus pensamentos. Ele segurava a Espada Divina de Agaroth. Embora Eugene Lionheart fosse cada vez mais reverenciado como o Herói e seu poder divino crescesse, ele ainda era incapaz de empunhar a Espada Divina repetidamente.

— Aquela espada é perigosa de muitas maneiras. Mas não se sinta menosprezado, Moron. — Continuou Eugene.

Apenas o ato de retirar a Espada Divina amplificou a divindade de Eugene.

— Esta é sem dúvida minha força total. — Ele assegurou a Moron.

Ele havia liberado a Ignição e aumentado seu poder de fogo com a Proeminência. E agora havia retirado a Espada Divina, uma arma que mal podia empunhar mais do que algumas vezes.

— Uhahahaha… — Moron riu mesmo com as palmas das mãos encharcadas de suor. — Não estou confiante. — Murmurou enquanto esfregava o cabo de seu machado.

Era a primeira vez que via a espada, mas ele conseguia sentir o que era.

Era o próprio símbolo do Deus da Guerra, a arma que havia abatido inúmeros Reis Demônios em uma era antiga agora destruída. Era a espada que havia confrontado o Rei Demônio da Destruição.

— Devo chamar isso de uma honra? — Moron perguntou. Ele riu enquanto levantava seu machado acima da cabeça.

Craaackkkk…!

O espaço ao redor de Moron se curvou e comprimiu de uma vez. A área ao redor do machado crepitou e começou a ondular. Logo, finas fraturas se espalharam como teias de aranha.

“É bom que não estejamos dentro da barreira”, pensou Moron.

Por mais potente que fosse a magia de Vermouth ou o quão perfeita fosse a barreira, se duas potências de magnitude anormal colidissem — a barreira poderia muito bem se despedaçar.

Ou melhor, deveria ser uma preocupação com o próprio mundo independente.

Moron nunca havia avaliado a extensão total de seu poder. Com mera força bruta, ele poderia puxar e desmoronar os eixos do espaço. Ele poderia revirar e destruir as leis que naturalmente se aplicavam a este mundo com força simples.

Ele nunca precisou exercer toda sua força para realizar tais feitos. Isso simplesmente acontecia quando ele queria.

— Além disso… — Disse Moron.

Crackcrackcraaackkk.

Suas veias se dilataram visivelmente. Seu cabelo tremulava como chamas. Ele abaixou sua postura enquanto mostrava os dentes cerrados. E então disse.

— É um ato necessário.

Se ele nunca havia avaliado sua força total antes, agora era a hora de exercê-la. Para colidir e, se falhasse — aspirar.

“Isso é o que eu quero”, Moron afirmou em sua mente.

Kwoooong!

Moron deu um passo à frente.

Para eles, neste momento, a distância não significava nada. Com um único passo à frente, Moron desceu o machado.

Foi um golpe dado com todo o seu poder. E ele não havia preparado nenhum golpe subsequente. Não precisava se preocupar com o que viria depois, pois seu golpe era destinado a ser fatal. Se este golpe não bastasse, então só poderia significar uma coisa.

“É mesmo?” Eugene pensou.

Ele observou enquanto sua Espada Divina, uma mistura de negro envolvente e vermelho-sangue, era envolvida pela luz do golpe do machado de Moron. A espada era maravilhosa por si só. No entanto, ela não estava sozinha. A espada era amplificada pelas chamas da Fórmula da Chama Branca, ou melhor, pelo universo.

Era vasto.

Naquele momento fugaz, Moron percebeu sua própria pequenez. Ele nunca havia se considerado pequeno. Em seu mundo, ele sempre fora maior do que a maioria — sua estatura, sua força e até o machado que empunhava. Tudo em relação a Moron Ruhr era monumental.

Mas não agora. Contra o universo que se aproximava, ele se sentia distintamente minúsculo. Estranhamente, ou talvez até comicamente, ele não ficou descontente com essa revelação. Isso não o humilhou.

Ele estava contente.

Após testemunhar tamanha grandiosidade, Moron pôde vislumbrar seu próximo passo. Sua atual diminuição, sua derrota, significava que ele poderia aspirar a ser maior, mais forte nos tempos futuros.

— Hahahaha. — Moron riu sinceramente antes de colocar seu machado de lado.

Não era como da última vez. Ele não estava cortado, nem o cabo de seu machado estava quebrado, e ele não sofreu nenhum ferimento.

— Eu perdi, de fato. — Admitiu Moron.

Mas ele não podia levar o machado adiante. A Espada Divina não havia cortado a arma de Moron nem sua carne, mas havia derrotado sua vontade.

— Você está satisfeito? — Perguntou Eugene.

Eugene colocou a Espada Divina no chão enquanto lutava para recuperar o fôlego. Com um sorriso, Moron cravou o machado no chão.

— Aprendi que não sou forte. — Disse Moron.

— Você é forte. — Retrucou Eugene.

— Não mais forte do que você, Hamel. — Admitiu Moron.

Moron ergueu as mãos, vazias do machado, e disse:

— Sabendo que sou fraco, não posso me contentar com onde estou agora. Este machado, eu não o empunharei novamente até que tenha me superado. 

A Ignição terminou e a Proeminência desapareceu. O universo vacilante recuou para as chamas negras e se dispersou. Eugene lutou contra o desejo de desmoronar enquanto se concentrava em regular sua respiração.

“Parece que estou morrendo com apenas um momento de uso”, pensou Eugene melancolicamente.

Ele pensou que o recuo tinha diminuído, mas parecia que estava errado. Será que era porque o poder que ele empunhava havia crescido ainda mais? Moron permaneceu intacto após admitir a derrota. Mas apesar de ser o vencedor, Eugene estava vacilante. Ele lutava para manter sua expressão e postura.

— Prometo… não, eu juro. — Moron se aproximou de Eugene e ofereceu um aperto de mão. — Eu vou me tornar mais forte do que sou agora.

— É claro que você deveria. — Respondeu Eugene.

Ele conseguiu forçar um sorriso e apertou a mão de Moron.

O aperto de volta era tão firme que ele teve que cerrar os dentes para sufocar um grito de dor.


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