Eugene vagueou pela loja de departamento, sendo arrastado para onde quer que Noir quisesse ir. Honestamente, ele tentou manter sua distância para não ser considerado parte do mesmo grupo que ela, mas Noir não permitia que ele brincasse com esse truque.
Com um sorriso travesso, ela chamava o nome de Eugene em voz alta, se aproximava dele e puxava seus braços enquanto se agarrava a ele.
Depois que isso foi repetido várias vezes seguidas, Eugene eventualmente desistiu. Enquanto mantinha metade de sua atenção seguindo Noir, carregando sua bagagem, Eugene estava pensando em algumas ideias.
Ele estava pensando em suas duas perguntas restantes. Que tipo de perguntas seriam mais significativas? Como planejado, deveria perguntar sobre o exército privado que ela poderia estar abrigando?
Não, não havia muito significado em fazer isso. Sinceramente, Eugene não ficaria realmente surpreso se algo assim aparecesse quando ele voltasse para esta cidade, mas não importava quantas tropas estivessem posicionadas ali, no final, o maior desafio era Noir Giabella.
“Também sinto que seria uma boa ideia direcionar a investigação para o Rei Demônio do Encarceramento ou Gavid Lindman”, Eugene considerou.
Por exemplo, ele poderia pedir o ponto fraco do Rei Demônio do Encarceramento… Eugene riu inconscientemente quando esse pensamento lhe veio à mente.
O ponto fraco do Rei Demônio? Poderia até mesmo haver tal coisa? Mesmo que existisse, Eugene não achava provável que Noir soubesse sobre isso.
— Que tipo de pensamento está te distraindo tanto? — Noir perguntou curiosamente.
— Estou pensando no que te perguntar. — Eugene respondeu com um comportamento franco.
Eugene estava irritado com a música fluindo em seus ouvidos.
Em vez de ouvir tal música, Eugene até pensou que teria sido melhor apenas continuar vagando pela loja de departamento enquanto fazia compras. Pelo menos lá, ele havia conseguido continuar se movendo. No entanto, agora, Eugene era forçado a apenas ficar sentado no lugar.
Depois de terminarem as compras, Noir e Eugene haviam chegado ali, em um bar com uma atmosfera agradável, o som suave da música ao fundo, acompanhado pelo farfalhar dos agitadores de coquetéis. Eugene e Noir estavam sentados em um canto, um de frente para o outro.
— Você não precisa perguntar todas hoje; está tudo bem se você apenas me perguntar da próxima vez. — Noir disse rindo enquanto mexia sua bebida.
Também havia uma bebida na frente de Eugene, mas ele ainda não a tinha pegado. Neste momento, a noite já havia começado a dar lugar ao amanhecer, e o sol nasceria em apenas algumas horas.
Eugene rejeitou duramente.
— Eu não tenho a intenção de sair com você nunca mais.
— Você realmente é uma pessoa tão consistente. Na verdade, eu gosto disso em você, mas como encontro, você não é nada divertido. — Noir reclamou.
— Um encontro? — Eugene repetiu.
Noir sorriu provocativamente.
— Se o que você e eu estamos fazendo agora não é um encontro, o que mais poderia ser?
Ele não tinha mais energia para tentar refutá-la. Eugene soltou um suspiro pesado enquanto batucava ociosamente em sua bebida com a ponta dos dedos.
— Eu não entendo você. — Eugene confessou.
— Oh, estou tão feliz, Hamel. — Noir disse alegremente. — Parece que você finalmente está disposto a conversar comigo?
Eugene não mostrou nenhuma reação ao desabafo de Noir. Ele apenas levantou a cabeça e a encarou diretamente.
Ele viu um sorriso no rosto de Noir, que estava iluminado pelas cores quentes das luzes acima. Em vez de dizer qualquer coisa, ela também apenas esperou Eugene falar.
— Conversar? Uma conversa, hã…? Talvez, mas estou mais no clima para desabafar. — Eugene murmurou enquanto pegava seu copo.
Noir sentiu-se comovida por essa ação, e seus lábios se esticaram em um sorriso largo quando ela perguntou.
— Hamel, você realmente está disposto a beber comigo?
Eugene negou.
— Eu só quero uma bebida porque estou me sentindo uma merda.
— Então esse é o caso! Entendi. Hamel, você pode continuar bebendo sozinho assim, e eu também continuarei bebendo aqui sozinha. Mesmo que estejamos sentados um em frente ao outro assim, não estamos realmente bebendo juntos. — Noir disse com uma risadinha enquanto erguia seu copo.
Sua bebida se aproximou casualmente da dele para tentar brindar, mas Eugene ignorou sua abordagem e simplesmente virou sua bebida direto na boca.
Noir voltou ao assunto.
— Então, Hamel, o que é que você não entende sobre mim?
— Tudo. — Eugene respondeu.
Quando Eugene abaixou seu copo vazio, Noir prontamente pegou uma garrafa e o encheu novamente como se estivesse apenas esperando a chance de fazer isso. Enquanto uma bebida forte e cor de bronze enchia seu copo até a metade, Eugene não se deu ao trabalho de impedi-la.
— Como por que você continua mexendo comigo. — Eugene especificou.
— Isso é porque eu te amo. — Noir afirmou.
Eugene acrescentou.
— Também não entendo todo o esforço que você tem feito por esta cidade.
— Heehee, você não entende? Sou eu quem não entende o que você quer dizer com essas palavras, Hamel. Eu já não te disse para que serve esta cidade? Nesse caso, não é natural que eu faça o meu melhor para desenvolver esta cidade? — Noir perguntou enquanto se inclinava em direção a ele.
O novo vestido que ela tinha trocado tinha um decote baixo, então quando se inclinava daquele jeito, seu decote estava claramente visível. No entanto, em vez de seu decote, o olhar de Eugene foi atraído pelo colar balançando acima dele e pelo anel no referido colar.
— Eu vi sua cidade. — Eugene disse. — E ela está transbordando com um nível incompreensível de narcisismo. Tanto que a maioria das coisas dentro desta cidade tem seu nome associado a ela.
O nome da cidade era Cidade de Giabella. Seu parque temático era chamado de Parque Giabella. As cabeças voadoras eram chamadas de Rostos Giabellas, e até o nome do Castelo era Castelo Giabella. A única exceção eram os trens, chamados de Trens dos Sonhos, mas… além desses, inúmeras outras coisas ainda haviam sido nomeadas em homenagem a Giabella.
— Dizem ser o maior destino turístico de todo o continente, e de fato está lotado de pessoas. Também vi muitas crianças jovens. — Eugene observou.
— Ah… — Os olhos de Noir se arregalaram como se tivesse percebido o que Eugene estava tentando dizer. — Você vai perguntar se eu talvez sinta culpa?
— Eu não necessariamente quero focar apenas nessa emoção. — Eugene disse vagamente.
— Pesar então? — Noir disse com uma risadinha. — Ou talvez arrependimento? Algo assim?
Sem responder, Eugene apenas encarou Noir.
Eugene estava bem familiarizado com os demônios. Ou pelo menos, era o que ele pensava. No entanto — depois de ver Helmuth na era atual — às vezes ele duvidava de si mesmo e se perguntava se realmente os conhecia tão bem assim.
Durante a era da guerra, os demônios eram o inimigo. Não havia outra maneira de defini-los. Naquela época, para os humanos, os demônios eram inimigos que precisavam ser combatidos a todo custo. Para alcançar a paz, os Reis Demônios precisavam ser mortos, e os demônios deveriam ser expulsos.
No entanto, todos os demônios realmente eram apenas inimigos? Nesse sentido, nem Eugene nem Hamel poderiam ter certeza absoluta de que isso era o caso.
No final das contas, os demônios eram apenas mais uma raça, então entre os inúmeros demônios… talvez houvesse alguns demônios que não queriam prejudicar os humanos e fossem amigáveis em relação a eles.
Não havia necessidade de refletir sobre esse pensamento naquela época. Isso porque eles estavam no meio de uma guerra. Em vez de tentar distinguir entre bons demônios e maus demônios, Hamel achava que seria melhor considerar todos os demônios como inimigos e matar todos os demônios que encontrasse.
A era atual era diferente. Era uma era de paz. Trezentos anos haviam se passado desde a guerra.
Todos os demônios nascidos nesta era de paz ainda deveriam ser considerados inimigos? Os demônios nascidos no Império de Helmuth desta era, que se davam bem com os humanos imigrantes como se fosse natural e tinham boa vontade para com os humanos, eram realmente inimigos?
Um dia, a guerra iria estourar.
Eugene não achava que teria que esperar muito mais até lá. Ele poderia realmente dar início à guerra neste exato momento. Se ele atacasse Babel agora mesmo sem pensar nas consequências, o Rei Demônio do Encarceramento certamente ordenaria o fim da paz que o Juramento havia garantido nos últimos trezentos anos.
— Você está pensando na lacuna entre suas memórias de trezentos anos atrás e a era atual? — Noir perguntou enquanto luzes brilhavam de seus olhos roxos.
Ela não conseguia ler a mente de Eugene. Noir nem sequer conseguia mergulhar em sua consciência e espiar seus pensamentos internos. No entanto, Noir conseguia ver através do que Eugene estava pensando e tentando dizer.
— Você está pensando que o mundo mudou desde o que você conhecia há trezentos anos… — Noir disse enquanto se recostava no sofá, enterrando-se mais profundamente nas almofadas enquanto levava sua bebida aos lábios. — Agora que fomos reabilitados, você está se perguntando se… nós realmente precisamos ser inimigos. É isso que você está pensando, certo?
— Algo assim. — Eugene admitiu.
Este não era um problema que Eugene pudesse simplesmente ignorar completamente. Uma vez que o Juramento chegasse ao fim e o Rei Demônio do Encarceramento declarasse guerra, um número significativo de demônios estaria disposto a ir para a guerra imediatamente.
Em particular, os demônios de alto escalão que haviam sobrevivido desde a era da guerra certamente ficariam radiantes e definitivamente se lançariam de cabeça na guerra. Mesmo agora, muitos desses demônios que não podiam esperar pela guerra iminente já haviam pulado para o deserto.
No entanto, todos os demônios concordariam em se juntar à guerra? Não haveria alguns demônios que haviam sido manchados pela paz que durara nos últimos trezentos anos? Talvez os demônios nascidos em uma era onde a paz era considerada garantida não desejassem a guerra.
Como mestre desta cidade, havia uma corrente interminável de turistas que entoavam o nome de Noir em adoração todos os dias. De todos os demônios que eram vistos como os mais familiares e próximos dos humanos, Noir era supremo mesmo entre eles. Então, Eugene queria descobrir o que exatamente era que ela queria.
Eugene preparou sua segunda pergunta.
— Além de como isso tem a ver comigo, como você vê—
— Hahaha. — Noir explodiu em risadas mesmo antes de Eugene terminar de falar.
Ela deu um gole em sua bebida antes de baixá-la para encarar Eugene.
— A partir de agora, minha resposta contará como queimando uma das duas perguntas restantes que você tem. — Noir o avisou.
Eugene esperou em silêncio.
— Em troca, isso significa que vou garantir responder a você seriamente, sem uma única mentira. — Noir prometeu.
Eugene assentiu sem fazer qualquer protesto. Ele não tinha nada em particular que queria perguntar agora, então pensou que se pudesse ouvir alguns dos verdadeiros sentimentos de Noir Giabella, poderia valer a pena.
— Permita-me dizer isso, Hamel. — O sorriso desapareceu lentamente do rosto de Noir enquanto ela começava a falar. — Seja culpa, tristeza ou arrependimento, eu sempre quis ser capaz de experimentar esse tipo de emoção.
Eugene franziu os lábios.
— Cada um dos convidados que chegam a esta cidade tem um desejo em seus corações. Seja homem, mulher, criança ou idoso, são todos iguais. Eles vêm a esta cidade para realizar seus desejos, satisfazer seus sonhos e criar novos sonhos para perseguir. — Os lábios de Noir se contorceram em um pequeno sorriso. — É só isso. Isso é tudo o que eles querem de mim, e em troca, é tudo o que eu quero deles. Agora, eu consigo interagir com eles porque eles têm algo que eu quero, mas se eles não tiverem nada…? Hamel, você deveria ficar feliz com essa resposta, certo?
A voz de Noir ficou mais suave.
— Se todos que viessem para esta cidade morressem me odiando, isso só me deixaria mais feliz.
Noir estava certa.
Essa era a resposta que Eugene esperava dela. Ele tinha esperança de que a Rainha dos Demônios da Noite não tivesse realmente mudado ao longo dos últimos trezentos anos. Ele tinha esperança de que esta era de paz não tivesse deixado uma única marca nela.
Noir balançou a cabeça.
— Uma guerra? Ahaha… é verdade, uma guerra provavelmente vai acontecer. Embora seja uma questão de se a guerra virá primeiro, ou se, entre você e eu, um de nós morrerá primeiro… Hmm, isso parece ser um problema sobre o qual terei que pensar. Se eu te matasse, o Rei Demônio do Encarceramento declararia guerra?
— Quem sabe. — Eugene deu de ombros.
Noir sorriu.
— Nesse caso, vamos fazer uma suposição. O que aconteceria… se o Rei Demônio do Encarceramento declarasse guerra enquanto ambos você e eu ainda estivéssemos vivos? Provavelmente haverá muitos demônios que não concordarão com a guerra. Isso também foi o caso há trezentos anos. No entanto, há mesmo a necessidade de considerá-los? Os demônios que não querem guerra apenas se retirarão por conta própria. Quanto a mim… haha, naturalmente, estarei na linha de frente.
Na verdade, Noir gostava bastante desse lado de Hamel. O homem diante dela parecia egocêntrico e emotivo, mas surpreendentemente, ele na verdade não era. Suas ações que pareciam emocionais sempre tinham sua própria lógica e raciocínio por trás delas. Cada uma de suas ações e escolhas sempre exigia pelo menos algum fundamento e justificação para elas.
Conhecendo esse aspecto de seu caráter, Noir tentou cumprir as expectativas de Eugene.
De qualquer forma, parecia que Eugene… tinha medo de que o inimigo que ele deveria odiar tivesse de alguma forma mudado. Como mestra desta cidade, Noir era adorada por inúmeras pessoas. Eugene parecia preocupado que Noir possa ter sido manchada por esse amor e tenha vindo a amar os humanos da mesma maneira que eles a amavam.
Essa era uma preocupação sem sentido. Era fundamentalmente errado. Noir não amava os humanos. Mas também não amava os demônios. As únicas duas coisas que ela amava eram ela mesma, como Noir Giabella, e Hamel.
— Hamel, eu sou apenas eu. A Noir Giabella que você sempre conheceu. Embora talvez você na verdade não me conheça tão bem. Mesmo assim, não há problema com isso, certo? Posso garantir pelo menos isso: eu… sou o inimigo que você deve matar. Se você pensar o contrário ou tiver alguma dúvida, então estou disposta a provar que ainda sou sua inimiga. — Noir o advertiu.
Noir achou que Hamel parecia um pouco estranho depois de ter chegado ali na Cidade de Giabella. Até agora, ela nunca o tinha visto vacilar… mas depois de chegar a esta cidade, ela tinha visto Hamel duvidar de si mesmo várias vezes. Será que era por causa de lacunas em sua memória? Será que isso realmente poderia ser tudo? Noir não podia ter certeza da resposta exata para isso, mas…
Ela realmente achou sua hesitação bastante adorável.
Ela não sabia que lado dela ele tinha visto ou que tipo de ilusão ele pode ter tido dela que estava fazendo-o sentir tal autodúvida. No entanto, o fato de que ele teria mais fardos pesando em seu coração quando lutasse com ela só adicionaria doçura extra ao seu já lindamente adornado fim.
— Não há outro jeito além de nos tornarmos inimigos? — Eugene perguntou calmamente, suas emoções tendo se acalmado.
Ele não estava mergulhado na agonia ou na autoilusão. Ele sabia que estava encarando Noir Giabella, não a Bruxa do Crepúsculo.
— Não, não há outros caminhos. — Noir respondeu com um sorriso brilhante. — Eu te amo e quero deitar na cama junto com você. Mas isso dito, Hamel, o que eu sinto por você não é uma mistura de amor e ódio. Eu não te odeio de jeito nenhum. No entanto, o amor que sinto por você não pode existir sem que um de nós acabe morto.
O desejo de Noir pela morte dele era motivado por puro amor, sem qualquer ódio colorindo-o.
Eugene não conseguia realmente entender sobre o que Noir estava falando, mas ele não precisava pensar muito profundamente sobre isso. Ele apenas desistiu de tentar entendê-la.
Eugene se sentiu relaxar assim que fez isso.
— Hah.
Não havia motivo para sentir qualquer arrependimento. Eugene se sentiu aliviado ao perceber que não havia nada de errado com seus pensamentos e com a decisão que tomara.
— Haha, hahaha… — Eugene explodiu em risos conforme a pressão apertada ao redor de seu coração desaparecia.
Ele pensou que era uma sorte ter decidido ter essa conversa com Noir.
Enquanto Eugene começava a rir sem restrições, Noir também soltava uma risada graciosa enquanto cobria a boca com uma mão.
Noir suspirou com prazer.
— Ah, mesmo assim… Estou muito grata pela nossa paz atual, já que é graças a ela que um dia como este chegou. Pensar que realmente haveria um dia em que eu poderia rir com você tomando drinks.
Essa situação atual era uma das coisas que Noir nunca seria capaz de imaginar sozinha, assim como sua própria morte. Hamel, que tinha tanto ódio pelos demônios, sentaria assim enquanto a encarava e compartilhava uma bebida com ela. Não era apenas inimaginável, mas impossível, pelo menos até agora.
— Parece um sonho. — Noir disse enquanto descansava o queixo na mão e olhava para Eugene.
Ela era a Rainha dos Demônios da Noite. Sabia melhor do que qualquer outra pessoa que não havia tal coisa como um sonho eterno. Ela poderia dar a ilusão de eternidade para aqueles humanos que ansiavam por isso, mas na realidade, ainda era limitada pelas restrições da realidade deles.
Não havia muito tempo restante. Depois de apenas algumas horas, esse sonho romântico chegaria ao fim. Ela sentia como se tivesse ganhado um leve entendimento do porquê do coração humano poder ser tão ganancioso.
De fato, não era porque eles odiavam esse sentimento de decepção que queriam que seus sonhos durassem para sempre?
Enquanto aproveitava esse sentimento de decepção, Noir sussurrou para Eugene:
— Ainda há algum tempo. Você gostaria de subir para o meu quarto?
— Saia daqui. — Resmungou Eugene.
Noir não foi abalada por sua rejeição.
— Então vamos apenas falar sobre os velhos tempos juntos. Isso mesmo, que tal? Quando eu te conheci pela primeira vez em seus sonhos—
Crack!
O copo na mão de Eugene se partiu em pedaços.
As histórias de Noir fizeram o tempo passar rápido. Mas as histórias dos velhos tempos que Noir queria falar eram todas da era da guerra que só serviram para aumentar ainda mais a intenção assassina de Eugene, então no fim, elas não se encaixaram realmente no tópico da nostalgia.
No entanto, eles acabaram compartilhando algumas outras histórias. Embora mais precisamente falando, Noir era a única que falava enquanto Eugene principalmente apenas ouvia em silêncio.
Noir compartilhou algumas histórias sobre o amanhecer da nova era.
A história de como Helmuth se tornou um império após o término da guerra. De como Noir ascendeu ao posto de duque e como expandiu sua influência. Ela também revelou quantos inimigos devorou em busca de suas próprias ambições e desejos.
— Sobre Raizakia, aquele idiota era na verdade meu maior alvo. Depois que aquele maldito devorou seus próprios filhos e ficou mais forte. Justo quando sua arrogância atingiria o auge, era quando eu planejava derrubá-lo. — disse Noir com um suspiro.
Devido à intensa iluminação das ruas, a cor real do céu era difícil de ver. No entanto, tanto Eugene quanto Noir podiam sentir que o amanhecer estava se aproximando.
— Ele poderia ter te devorado também. — Apontou Eugene.
— Me devorar? Ahaha, que absurdo. Hamel, você também lutou com Raizakia, não foi? Esse dragão estúpido e arrogante, além de ser um dragão, na verdade não tinha outros talentos. — disse Noir com uma risada enquanto caminhava ao lado de Eugene.
Cada vez que ela avançava, as luzes nos prédios ao redor eram apagadas.
Noir pausou pensativa.
— Se eu tivesse falhado em caçar Raizakia… hmm, e se você não tivesse sido reencarnado, provavelmente eu teria me tornado uma Rainha Demônio e desafiado o Rei Demônio do Encarceramento. Você não sabia disso, certo? A razão pela qual não me tornei uma Rainha Demônio é unicamente você.
Eugene fez uma careta.
— Você está dizendo isso como se pudesse se tornar uma Rainha Demônio sempre que quisesse.
Noir jogou a cabeça para trás e riu.
— Ahaha! Aquele desperdício, Iris, também conseguiu se tornar uma Rainha Demônio, então o que estou faltando para me impedir de me tornar uma Rainha Demônio também? Além disso, eu já sei o método para me tornar uma Rainha Demônio. Só não quero fazer isso.
Hipoteticamente, depois que ela satisfizesse seu desejo de matar Hamel, então, naquele momento—
Noir sorriu e virou a cabeça em direção a ele para confessar.
— Hamel, eu… eu odeio o amanhecer.
Ela odiava como a manhã acordava as pessoas de seus sonhos.
— No passado, eu sempre odiei isso, mas sinto que vou odiar ainda mais a partir de agora. — disse Noir.
Em algum momento, todas as luzes da cidade que estavam focadas em Noir e Eugene foram apagadas. No entanto, nenhuma das pessoas caminhando ao longe parecia questionar esse estranho fenômeno.
À medida que o amanhecer iluminava as ruas, Noir sentia seu peito começar a bater ao ver Eugene sendo tocado por sua luz fraca. Outras emoções surgiram dentro dela e se combinaram com as já presentes.
Sentindo uma sensação inexplicável de déjà vu, Noir sussurrou:
— Eu queria que fosse crepúsculo agora.
Se fosse crepúsculo, a hora em que o sol se punha e a noite começava…
Sua garganta parecia queimar de saudade. Estranhamente, seus olhos pareciam frios, e lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas.
— Ahem. — Noir fungou, pensando que acabaria chorando.
Noir não pôde deixar de entender erroneamente o motivo das lágrimas que escorriam por suas bochechas.
Será que o fim de um sonho era realmente tão decepcionante assim? Noir riu enquanto segurava sua mão esquerda com a direita. Ela acariciou o anel em seu dedo.
Noir deu uma última olhada em Eugene, que estava ali parado com uma expressão surpresa, antes de se virar com um sorriso.
— Bem, adeus, Hamel.
Eu odeio a ciel com força
A relação deles, ao mesmo tempo que que é conturbada, é fofa, de sua maneira.