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Damn Reincarnation – Capítulo 99

O Guardião (1)

Depois de puxar Narissa, que estava agarrada às suas costas, ainda mais para perto, Eugene levantou o capuz de seu manto. Ele também invocou os espíritos do vento para proteger seus arredores. Além disso, ergueu seu escudo de mana e até misturou alguns feitiços defensivos.

Em resposta a seus preparativos, Kristina também conjurou seu próprio feitiço sagrado. Esses tipos de feitiços eram realmente superiores em termos de defesa a outras magias da mesma classe.

Depois de verificar o alcance da barreira que Kristina conjurou sobre eles, Eugene disse a ela: 

— Certifique-se de ficar bem atrás de mim.

— Sim. — Respondeu Kristina sem objeções.

Ele não estava sendo muito imprudente? Mas tais pensamentos nem sequer passaram por sua cabeça. Quando se tratava de coisas assim, Kristina não discutia com Eugene.

Enquanto avançava, Eugene colocou as duas mãos dentro de seu manto, mas não sacou nenhuma arma com antecedência.

Apenas quando avançou um pouco mais com a guarda ainda levantada, seus sentidos altamente aguçados captaram algo. Mas no momento em que foi pego, escapou.

Não… Não havia escapado; em vez disso, estava chegando ainda mais perto. Eugene estava em alerta de qualquer maneira, então sua resposta veio imediatamente. Ele sacou uma espada de seu manto e cortou o ar.

Clang!

A espada quebrou no momento em que colidiu com alguma coisa.

Ignorando os fragmentos de metal quebrados que foram lançados, Eugene puxou sua mão direita, que ainda estava em seu manto. A mana que explodiu no momento da colisão foi então absorvida pela Espada Devoradora, Asphel.

— Kyaaaah! — Narissa gritou com a explosão repentina.

Eugene parou de carregar Narissa e a jogou aos espíritos do vento, que a afastaram da luta. Kristina também ergueu imediatamente sua varinha e cobriu Narissa com um escudo de luz.

Agora que seu corpo estava livre de seu fardo, Eugene avançou sem demora. A figura do Guardião, que usava um manto velho, foi capturada em sua visão. A lâmina estendida de Asphel saltou e sacudiu enquanto desviava os ataques que se aproximavam.

Claclang!

Houve o som de metal batendo contra metal, mas Asphel não quebrou como a primeira espada.

O Guardião também se recusou a recuar. Em vez de continuar atacando, preparou sua espada enquanto esperava pelo ataque de Eugene.

Asphel cavou um sulco no chão enquanto Eugene corria para frente. Então a espada golpeou para cima com uma explosão de mana. A espada do Guardião moveu-se para enfrentar o ataque.

Whoosh!

Antes que a explosão pudesse engolir o Guardião, a espada que estava brandindo cortou o espaço agora vazio quando o ataque foi retirado.

[Esta espada.]

A voz do Guardião soou dentro de sua cabeça. Sem brandir mais a espada, Eugene deu um passo para trás.

[Essa é a Espada Devoradora, Asphel.]

Eugene não respondeu. O Guardião olhou para Eugene calmamente antes de continuar a falar.

[Desde quando o clã Lionheart começou a proteger os elfos errantes?]

— Por que você não mostra o rosto primeiro e depois fala comigo em voz alta? — Eugene disse desafiadoramente.

Seu coração estava batendo em antecipação. Eugene suavizou sua expressão e colocou Asphel de volta dentro de seu manto. Ao fazê-lo, seus lábios se moveram ligeiramente.

— Ho. — Vendo os movimentos de seus lábios, o Guardião soltou um pequeno suspiro.

Depois de olhar para Eugene por alguns momentos, ele riu com um sorriso no rosto.

[Eu pensei que você se parecia com ele, mas parece que não era um caso de semelhança.]

Eugene apenas deu de ombros sem dizer nada em resposta. Em resposta a esse silêncio, o Guardião abaixou sua espada, então puxou para trás o capuz que cobria seu rosto.

[Hamel Dynas.]

Eugene brandiu sua espada enquanto esperava que a outra parte o reconhecesse por ela. Por pura vergonha, o nome do ataque absolutamente se recusou a sair de seus lábios, mas o golpe de espada que atingiu de baixo para cima foi o quinto movimento do estilo Hamel – Explosão do Dragão.

[Você está vagando como um fantasma incapaz de encontrar o descanso eterno?]

— Sinto que o mesmo poderia ser dito de você? — Eugene respondeu com um sorriso.

Sem deixar escapar sua voz, Eugene apenas moveu seus lábios levemente para pronunciar um certo nome.

Um elfo mais velho que poderia reconhecer Asphel e possuía tais habilidades. Um elfo implacável que odiava Iris e os elfos negros e estava disposto a agir com base no ódio que sentia.

Não havia muitos elfos assim na memória de Eugene.

Com o capuz abaixado, o Guardião que foi revelado tinha cabelos verdes opacos, um rosto tão bonito que não estava claro se o dono era homem ou mulher e uma cicatriz em uma bochecha.

O nome desse elfo era Signard.

— Qual é o seu propósito aqui? — Signard perguntou, não mais falando com sua voz mental.

Quando deslizou sua espada de volta em sua bainha, olhou abertamente para Eugene e Narissa. Então seu olhar se moveu para Kristina. Então olhou para Kristina por alguns momentos.

Assim como Eugene reconheceu Signard, Signard reconheceu que Eugene era Hamel. Em outras palavras, Signard também estava familiarizado com a Anise de trezentos anos atrás.

— Não, não é ridículo perguntar isso a você? — Signard murmurou para si mesmo enquanto se virava.

Ele não disse a eles para segui-lo, mas Eugene foi atrás de Signard sem sequer fazer perguntas.

— Ele é alguém que você conhece? — Kristina caminhou até o lado dele e perguntou.

Tendo ainda que compreender completamente a situação, Narissa ainda estava apavorada demais para falar.

— Se fosse alguém que eu conhecesse, ele teria me atacado em primeiro lugar? — Eugene apontou.

— Porém, ele parou de atacar, não foi? — Kristina apontou.

— Depois de ver nossas aparências, parece que ele percebeu que foi um mal-entendido. — Eugene disse provocando enquanto olhava para o rosto de Kristina. — Também ajuda que sua aparência se assemelhe a uma certa pessoa.

Kristina sorriu fracamente e assentiu com a cabeça. Essa foi sua única resposta às palavras dele. Sem fazer mais perguntas, Kristina jogou um braço sobre os ombros trêmulos de Narissa com uma expressão reconfortante no rosto.

À medida que avançavam, o cenário ao redor deles parecia se distorcer. Eles tinham acabado de passar por um feitiço de barreira tão avançado que era difícil detectá-lo do lado de fora, muito menos interferir nele.

Claro, isso não era nada para se surpreender. Esta era uma vila onde elfos errantes se reuniam. Haveria um campo de caça mais delicioso para os traficantes de escravos e os tribais do que um lugar como este? Nestas circunstâncias, o fato de sua localização não ser conhecida não se devia apenas à existência do guardião, mas também ao feitiço que protegia a aldeia, mantendo-a num espaço à parte.

“Ainda bem que trouxemos Narissa”, Eugene pensou consigo mesmo.

Se eles não a tivessem guiando, eles teriam sido forçados a vagar por esta grande floresta por algum tempo.

— E pensar que haveria uma barreira como esta. — Kristina murmurou enquanto olhava em volta com admiração. Mesmo quando estavam bem na frente da barreira, e agora, depois de terem passado por ela, ainda não sentiam nenhum senso de incongruência.

Eugene também se sentia da mesma maneira. Em termos de magia, o nível de Eugene havia ultrapassado o Quinto Círculo. Como regra geral, os magos do Quinto Círculo ou superior eram classificados como magos intermediários. No entanto, com o senso de mana sensível de Eugene e o conhecimento que ele obteve da Bruxaria, não estava apenas no nível de um mago intermediário.

“Esta não é uma barreira comum.” Eugene percebeu.

Eugene tentou entender a barreira do ponto de vista mágico, mas não foi fácil para ele. Mesmo quando estava atravessando a própria barreira, ele não sentiu nenhum desconforto por isso.

O Signard de que Eugene se lembrava não era um elfo excepcional em termos de magia.

— Quantos elfos há nesta aldeia? — Eugene perguntou.

— Cerca de cem. — Respondeu Signard.

Diante dessa resposta, Narissa soltou uma exclamação surpresa.

Eles podiam ver alguns elfos olhando para eles das casas à distância. Seus olhares continham uma mistura de hostilidade e medo.

— Parece que precisamos conversar. O que você gostaria de fazer? — Signard checou com Eugene.

— Kristina, faça o que quiser para matar o tempo. — Disse Eugene sem olhar para trás para Kristina.

Suas palavras vieram de repente, mas Kristina não ficou perturbada com elas. Ela assentiu levemente, então se virou para olhar para os elfos com olhos cheios de interesse.

— Não faça nada rude. — Eugene a advertiu.

— Por favor, não se preocupe com isso. — Respondeu Kristina com um sorriso radiante.

Eugene deixou Kristina e Narissa para trás e seguiu Signard.

— Você não está sendo um pouco descuidado? — Perguntou Signard.

Eugene zombou: 

— Por quê? você está planejando fazer as duas como reféns enquanto eu não estiver com elas?

— Eu teria algum motivo para fazer isso?

— Claro que não. Então eu não preciso manter minha guarda alta.

— Os elfos que vivem aqui odeiam forasteiros. — Signard o advertiu.

— Eu perceberia isso mesmo sem você dizer. A hostilidade deles é extremamente… Aguçada. No entanto, parece que existem apenas alguns elfos realmente capazes de agir em sua hostilidade. — Eugene disse enquanto olhava para eles.

Embora não esperasse que fossem cem deles, sentiu que o único elfo que poderia realmente ameaçar Kristina era Signard.

Com um sorriso, Signard deu de ombros e mudou de assunto: 

— Sobre aquela mulher.

Eugene sabia o que ele estava tentando dizer. 

— Tem uma semelhança, né?

— Vai um pouco além de apenas ter uma semelhança.

— Também fiquei surpreso quando a vi pela primeira vez. No entanto, ainda é apenas uma semelhança.

— Ela pode estar enganando você.

— Signard, assim como você me reconheceu, Anise também teria me reconhecido. Posso não ter dito nada abertamente, mas também não escondi. Se ela fosse me reconhecer, teria me reconhecido muito mais rápido do que você.

Enquanto viajava com Kristina, Eugene desembainhou sua espada algumas vezes. Não, mesmo antes disso; quando lutou com uma espada contra Genos no Castelo dos Leões Negros, Eugene não mostrou escrúpulos em usar o Estilo Hamel. Isso não era apenas para obter a aprovação de Genos, mas também para verificar a reação de Kristina.

Seus olhos naquela época pareciam um pouco estranhos. Isso o incomodava bastante, mas Kristina ainda não havia mencionado Hamel. Se ela realmente era Anise, não havia razão para se esconder assim.

— Bem, pode ser. — Signard murmurou em voz baixa enquanto sorria. Ele abriu a porta de uma velha cabana e fez sinal para que Eugene entrasse. — Nunca esperei ver você de novo.

— Isso vale para mim também. — Eugene concordou com um sorriso retribuído ao passar pela porta.

No momento em que entrou, a figura de Signard desapareceu. Eugene sorriu e curvou-se para trás na cintura. Um cotovelo balançando roçou o tecido de sua camisa. Mesmo estando em uma posição instável, Eugene conseguiu estender a mão e agarrar Signard pelo colarinho. Então diminuiu a distância entre eles, puxando Signard para perto.

— Você realmente cresceu. Aprendeu até a arranjar briga. — Elogiou Eugene.

— Você é que ficou muito jovem. — Disse Signard enquanto mostrava os dentes em um sorriso.

Depois de lutarem assim por alguns momentos, Signard foi quem primeiro abaixou as mãos. Então deu alguns passos para trás e examinou Eugene de cima a baixo.

— Suas habilidades podem não ter enferrujado, mas você está mais fraco do que em sua vida passada. — Comentou Signard.

— Não há como evitar. — Eugene deu de ombros. — Este meu corpo ainda não cresceu totalmente.

— O corpo de um humano… — Signard fez uma pausa. — Quantos anos você tem?

— Em breve farei vinte anos. — Revelou Eugene.

— Haha! — Signard caiu na gargalhada com a resposta de Eugene. — De fato. Mesmo levando em consideração que você é um ser humano, ainda é uma idade jovem. Mesmo assim, para você ser tão forte quanto agora… Parece que não está apenas curtindo sua reencarnação.

— Se o mundo não estivesse no estado em que está, eu poderia ter me divertido enquanto fazia todas as coisas que não pude fazer na minha vida anterior. — Eugene admitiu enquanto puxava uma cadeira e se sentava.

Signard notou tardiamente: 

— Esse corpo… Poderia ser o corpo de um descendente de Vermouth?

— Não me faça muitas perguntas. — Disse Eugene com uma carranca. — Mesmo eu não sei o suficiente sobre minha reencarnação para responder satisfatoriamente a todas as perguntas que a cercam.

— É mesmo?

— Eu morri no castelo do Rei Demônio do Encarceramento. Para mim… Fui direto da minha morte para a reencarnação. Não fui para o céu, nem para o inferno… Apenas… Morri, e quando abri meus olhos mais uma vez… Eu era um bebê.

Signard sentou-se em frente a Eugene enquanto ouvia sua história.

— Não sei todos os detalhes. — Confessou Eugene. — Nasci como um dos descendentes de Vermouth e de alguma forma me tornei o filho adotivo da família principal. Depois de crescer assim… Bem… Acabei encontrando meu caminho até aqui. Você pode adivinhar a minha razão para fazê-lo.

— Sienna. — Murmurou Signard.

Eugene mudou de assunto. 

— Então o que você tem feito? Trezentos anos, não é pouco tempo, mesmo para um elfo.

— Também não foi um momento muito divertido. — Disse Signard enquanto seus lábios se contorciam em um sorriso irônico.

Trezentos anos atrás, Signard era um dos patrulheiros élficos que lutaram contra os Reis Demônios. Ele lutou em Helmuth, que, na época, era considerada a linha de frente da guerra. Patrulheiros élficos, incluindo Signard, percorriam as florestas e montanhas de Helmuth, combatendo os exércitos de demônios.

Hamel conheceu Signard apenas uma vez em sua vida anterior. Enquanto ambos lutavam contra as forças do povo demônio em Helmuth, Hamel uma vez conduziu uma operação conjunta com os patrulheiros élficos. Naquela época, Signard era um jovem elfo cheio de energia que conhecia Sienna desde que ela era criança.

Sienna costumava chamar Signard de irmão mais velho.

Embora Signard fosse um elfo, ele realmente não agia como um. Especialmente porque não podia aceitar que Sienna fosse forçada a ir para um campo de batalha tão perigoso por causa dos elfos. Ele gritou várias vezes com Sienna, tentando fazê-la voltar para a floresta, e quando Sienna se recusou a ouvi-lo, ele até tentou forçá-la a voltar.

Justamente quando estava prestes a superar suas objeções com força, Hamel deu um passo à frente. Signard era realmente forte, mas não tão forte quanto Hamel.

—Aconteça o que acontecer, cuide de Sienna.

Depois de ter sido espancado e deixado caído no chão, Signard, que estava coberto de sangue e sujeira, ainda cuspiu algumas palavras bastante arrogantes, mesmo enquanto tentava recuperar o fôlego.

—Cuidar dela? Mas essa garota provavelmente deve ser mais forte do que eu.

Foi assim que eles se separaram de Signard. Hamel, Sienna e Vermouth… O ‘grupo do herói’ continuou. As forças aliadas, incluindo Signard e os patrulheiros élficos, ficaram para trás para evitar que os exércitos do povo demônio cruzassem a linha de frente.

Alguns meses depois disso, a tropa de elfos negros liderada por Iris aniquilou uma grande parte dos patrulheiros élficos.

— Depois que você morreu, a guerra acabou com o Juramento de Vermouth. — Signard continuou falando. — Os outros elfos e eu… Voltamos ao nosso território. Não tivemos escolha a não ser fazê-lo. A paz que havíamos acabado de criar não poderia ser quebrada por causa de nossa vingança.

O juramento feito trezentos anos antes estava à mercê dos Reis Demônios. Nem o Rei Demônio do Encarceramento, nem o Rei Demônio da Destruição estavam em uma posição em que precisavam fazer tal promessa.

Tempest não disse isso. Mas a batalha final que ocorreu no castelo do Rei Demônio do Encarceramento estava longe de ser uma batalha equilibrada. A batalha não foi decidida imediatamente, porque Vermouth estava lá, mas se o Rei Demônio da Destruição também tivesse se juntado, mesmo Vermouth não teria sido capaz de sobreviver e escapar de tal situação.

No entanto, o Rei Demônio do Encarceramento ainda havia feito tal juramento. Vermouth, Anise, Sienna e Moron escaparam da morte. O único que morreu lá foi Hamel. Ninguém mais havia perecido.

Com isso, a guerra acabou. Vermouth voltou ao Império Kiehl e tornou-se Duque, Moron fundou o Reino Ruhr no norte, Anise tornou-se Santa em Yuras e, quanto à Sienna…

— Aquela garota… Ela voltou ao território élfico e compareceu ao serviço memorial. — Lembrou Signard.

— O serviço memorial? — Eugene repetiu.

— As almas dos elfos que morrem ‘do lado de fora’ eventualmente retornam à Árvore do Mundo. — Signard começou a explicar.

Este era o princípio central da fé élfica. No centro do domínio élfico havia uma árvore encantada de mil anos. Os elfos chamavam essa gigantesca árvore encantada, de ‘Árvore do Mundo’ e acreditavam que as almas de todos os elfos falecidos, incluindo seus ancestrais élficos, residiam naquela árvore.

— Com o fim da guerra, o território élfico realizou um serviço memorial para as vítimas. Embora Sienna não tenha nascido elfa, ela fazia parte da família élfica. Além disso… Conseguiu infligir mais ‘vingança’ ao inimigo por nós do que qualquer outra pessoa.

Quando estourou a notícia de que Iris e seu corpo de elfos negros haviam aniquilado os elfos patrulheiros, Sienna arrancou os cabelos enquanto gritava em desespero.

“Aaaaah!” Sienna gritou até que sua garganta inchou e ela chorou lágrimas de sangue.

Sua raiva e ódio fizeram com que sua mana corresse solta, sacudindo os céus e a terra. Moron se aproximou de Sienna para tentar acalmá-la, apenas para ser atingido por sua magia e ser enviado voando a dezenas de quilômetros de distância; Anise teve que manter uma barreira com o suor escorrendo pelo rosto para impedir que a magia enfurecida engolisse o resto do grupo.

Hamel arriscou sua vida para acalmar a descontrolada Sienna. Se Vermouth não tivesse conseguido suprimir o poder mágico de Sienna, não teria parado apenas arriscando sua vida; Hamel realmente teria morrido, despedaçado.

Era por isso que Eugene odiava os elfos negros. As atuais gerações de elfos negros podem ser vistas como lamentáveis, mas toda vez que ele via sua pele escura, olhos vermelhos e orelhas compridas, ele se lembrava da visão de Sienna chorando amargamente. Segurando-a em seus braços, enquanto suas roupas estavam encharcadas de lágrimas, nariz escorrendo e sangue… Eles sempre o lembravam de Sienna chorando com uma expressão tão feia no rosto.

—E-E-Eu vou matá-los.

—U-Uhuh.

—Sério… Eu vou… Vou acabar com todos eles. Os elfos negros, e I-I-Iris, e o Rei Demônio da Fúria também.

—Não tente matá-los sozinha, vamos matá-los juntos.

No final, eles falharam. Conseguiram matar o Rei Demônio da Fúria, mas não conseguiram matar Iris. Ninguém ali poderia realmente imaginar que o Rei Demônio da Fúria sacrificaria sua própria vida para ajudar Iris e Oberon a escaparem, e isso valeu para Sienna também.

—Sinto muito.

—Não se desculpe.

—Eu não deveria tê-la deixado ir—

—Eu disse, não se desculpe, seu filho da puta. Não é como se você tivesse deixado ela ir porque queria.

Hamel foi até ela de cabeça baixa e se desculpou, mas Sienna gritou com ele e o chutou na canela. Eles não conseguiram matar Iris, mas ainda assim mataram com sucesso o Rei Demônio da Fúria. Sienna tinha que ficar satisfeita com isso.

Depois de uma pausa, Eugene perguntou: 

— O que aconteceu depois disso?

— Sienna partiu para Aroth e eu fiquei no domínio élfico. — Disse Signard.

— Mas você não está aqui agora? — Eugene apontou em confusão.

— Isso porque trezentos anos é muito tempo. — Disse Signard com um torcer irônico dos lábios. — Eu… Ainda queria me vingar de alguma forma. Então deixei a floresta e vaguei pelo mundo. Esperava matar aqueles malditos elfos negros.

— Parece que você não pediu ajuda à Sienna. — Observou Eugene.

— Isso porque aquela garota é uma figura incomparavelmente maior do que eu. — Explicou Signard. — Posso ser apenas um elfo em uma cruzada, mas se Sienna fizesse um movimento… A paz obtida por meio do juramento poderia ter sido quebrada.

Ele não conseguiu matar Iris. A elfa negra ainda estava viva e liderando o Exército da Independência da Fúria. Ela afirmava ser a herdeira legítima do Rei Demônio da Fúria enquanto fazia campanha para se tornar a próxima Rainha Demônio.

Signard falhou em se vingar.

— Ouvi dizer que Sienna voltou ao território élfico e se isolou. — Mencionou Eugene.

Signard negou. 

— Isso é apenas um boato.

— Será que você não confia em mim? — Eugene levantou uma sobrancelha.

— Hamel. — Signard bufou. — Desde quando éramos próximos o suficiente para haver uma confiança incondicional entre nós?

Bem, esse foi um bom ponto. Eugene sorriu e assentiu.

Signard continuou. 

— Posso ter aceitado que você é Hamel, mas ainda não consigo confiar totalmente em você. Você… Morreu no castelo do Rei Demônio do Encarceramento trezentos anos atrás. Mesmo que tenha reencarnado milagrosamente, isso ainda não me dá o suficiente para acreditar que você está livre de más intenções.

— Entendo o que está querendo dizer. Eu também tive muitos pensamentos angustiantes no começo. Eu era realmente Hamel? Por que reencarnei? Já que reencarnei, o que diabos devo fazer? Se minha reencarnação fazia parte do plano de alguém, isso não significa que o que quer que eu faça agora que reencarnei é parte de mim dançando como a marionete de alguém? — Eugene riu enquanto enfiava a mão em seu manto.

— No entanto, Signard, é inútil eu me preocupar com essas coisas. Eu sou Hamel. Contanto que eu esteja certo disso, isso é o suficiente para mim. O que eu queria em minha vida anterior como Hamel? Queria matar todos os Reis Demônios. E o eu atual? Ainda quero a mesma coisa. Vou matar todos os Reis Demônios. O Rei Demônio do Encarceramento e o Rei Demônio da Destruição morrerão por minhas mãos. Também vou exterminar todos os demônios que estão fazendo confusão em Helmuth.

— …

Signard ficou em silêncio.

— O problema é este. Está claro o que eu quero, mas fazer isso é muito difícil. Ou pelo menos é muito difícil para mim agora. — Eugene murmurou.

— Não é apenas difícil, é impossível. — Retrucou Signard.

— Não, não é impossível. — Negou Eugene enquanto se levantava da cadeira. Ele olhou para Signard sem tirar a mão do manto. — É tão difícil que pode ser infinitamente próximo do impossível, mas não é impossível. Eu posso fazer isso. Eu definitivamente farei isso.

— …

Signard ficou em silêncio.

Eugene o pressionou. 

— Signard. Preciso me encontrar com Sienna.

— Ela está morta… — Signard respondeu em voz baixa, apenas para Eugene cair na gargalhada.

— Não diga besteira. — Eugene xingou enquanto puxava a folha da árvore do mundo que estava guardada dentro de seu manto.

Ao vê-la, os olhos de Signard tremeram violentamente. Ele engasgou. 

— Isso é…?

— Se alguém me dissesse que Sienna morreu, eu não acreditaria até ver pessoalmente seu cadáver. Então, se você quer me convencer de que ela está morta, traga-me o corpo dela. Ou pelo menos me leve até onde o corpo dela está sendo mantido. — Eugene exigiu.

A outra mão de Eugene ainda não havia saído de dentro de seu manto. Signard não conseguia sentir nenhuma intenção assassina vindo de Eugene, mas sabia que ele ainda seria capaz de brandir uma espada mesmo sem a intenção de matar.

— Ao contrário da minha vida anterior, aprendi bastante sobre magia. — Revelou Eugene.

A barreira ao redor desta vila era algo que nenhum mago comum poderia sequer começar a imitar.

— Se você quer me convencer de que ela está morta, primeiro precisa me explicar sobre a barreira desta vila. Essa barreira, quem fez foi a Sienna, não foi? — Eugene perguntou.

Signard soltou um longo suspiro antes de se levantar,

— Hamel. O que você faria se eu me recusasse a confiar em você até o fim e me recusasse a lhe dizer qualquer coisa? — Signard propôs.

— Então farei o que fiz com você trezentos anos atrás. — Respondeu Eugene. — Vou bater em você até que esteja à beira da morte, e fazer com que você não tenha escolha a não ser falar, mesmo que não queira.

— Do jeito que você está agora, isso é impossível.

— Não é impossível.

Fwoosh.

As chamas da Fórmula da Chama Branca envolveram o corpo de Eugene.

— Quando comparado com as coisas que quero realizar, não é nem da mesma ordem de grandeza. — Vangloriou-se Eugene.

Ele poderia vencer se lutasse contra Signard? Se usasse tudo o que tinha, a Espada do Luar, a Espada Devoradora, a Lança Dracônica, o Raio, a Espada da Tempestade e a Espada Sagrada, então sim. Como tinha armas suficientes, se usasse a Ignição desde o início, definitivamente venceria.

— É mesmo… — Signard aceitou sua afirmação com uma risada e olhou para a folha da árvore do mundo.

Eventualmente, ele disse a Eugene. 

— Siga-me…

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Josepan 77
Membro
Josepan 77
2 meses atrás

Que capítulo maravilhoso, hamel como sempre, brabo.

Flavin
Membro
Flavin
4 meses atrás

E sério que ninguém comentou nesse capítulo maravilhoso??? Meu irmão a dúvida bate muito forte cara será que ela ainda tá viva só sei que quando ele falou da barreira percebi na hora que só existe 1 mago que pode fazer algo desse nível nossa querida maga sienna

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