O tempo passou e a neve começou a cair.
Oliver aprendeu muito com Kent.
Aprendeu que tipo de trabalho é ser um Solucionador. Também aprendeu os princípios do trabalho, grupos humanos, pontos a prestar atenção, conhecimentos básicos, etc.
Além disso…
TAK TAK~
Kent falou enquanto brandia o bastão.
— Eu me aposentei há cerca de 20 anos… então, sendo honesto, não sei o quanto as coisas mudaram.
TAK TADUK~
Oliver respondeu, empunhando um bastão: — Entendi.
Os dois brandiram o bastão juntos.
— Sim, é um mercado orientado para habilidades, e Landa também se desenvolveu, então tudo deve ter mudado muito. Não sei quão útil será o conhecimento que ensinei. Em particular, não está tentando ganhar dinheiro em um buraco de merda como eu, você está indo para um lugar mais alto.
O que Kent disse era verdade.
Um Solucionador que podia tirar proveito do mercado negro sem ser afiliado a uma organização. Até mesmo Kent não tinha noção de que tipo de reputação ou conexões eram necessárias para conseguir isso.
Ele tinha ouvido falar que tais seres existiam, mas cada um deles era lendário.
Mas, ironicamente, Kent pensou que não seria impossível para o menino de quinze ou dezesseis anos que estava suando bem na frente de seus olhos.
Ele não sabia o porquê. Talvez fosse por causa das habilidades excelentes de magia negra. Ou, sua capacidade de aprendizagem surpreendentemente rápida?
Não, tinha uma razão mais fundamental acima disso tudo.
Kent não conseguia explicar em detalhes, mas estava convencido de que esse garoto, que era diferente de todos os outros, poderia colocar as mãos em qualquer coisa que quisesse.
Foi a primeira vez que Kent se sentiu assim ao ver uma pessoa, então não conseguia explicar direito.
— Ha… Ok, vamos parar por aqui.
Kent abaixou o bastão e recuou. Depois disso, Oliver também recuou do mesmo jeito.
Apenas três meses atrás, o cara magro, que nem sabia como segurar um bastão, agora tinha mudado completamente e dominado todos os conceitos básicos.
Ao ponto em que podia lutar contra Kent.
Kent controlou sua força com moderação, mas ainda era uma velocidade de aprendizado assustadora.
— Como estou? Sr. Kent.
— É o suficiente para não ser espancado por um pé de chinelo. Mas não baixe a guarda, continue praticando como eu te disse. Não se esqueça de comer e se exercitar.
Kent resmungou como um pai, e Oliver assentiu: — Sim, entendi.
Após responder, Oliver se enxugou com uma toalha e começou a se vestir.
Calças de algodão marrom e um sobretudo cáqui, era uma roupa velha que comprou especificamente para este dia.
— Vai agora?
— Sim, é melhor — Oliver respondeu enquanto carregava sua bolsa.
— Ok… Sua voz tem poder. Sua voz é importante para o trabalho. Dá confiança… Eu queria ter trabalhado mais um pouco nas suas expressões faciais.
— Foi mal. Não sei como expressar o que estou sentindo por meio da expressão.
— Relaxa, está tudo bem. Não tem ninguém que possa ser bom em tudo… Pode ficar na minha frente por um momento?
A pedido do Kent, Oliver ficou na frente dele.
Não estava muito formal nem muito exagerado, então transparecia confiança natural, porém relaxada.
— Por que você quer usar o mercado negro?
— Para obter livros de magia negra.
— Não está interessado em livros sobre demônios?
— Ainda não estou interessado nisso.
— Beleza. Excelente… Mesmo se você estiver na parte inferior da liga, qualquer um interessado em demônios será alvo de cautela. Continue respondendo somente até este ponto. Mas nunca negue nada com veemência. Vai parecer mais suspeito. Então sempre negue em um nível moderado.
— Hm, sim, entendi.
— E, de novo, não fique perguntando sobre isso e aquilo. Não importa o quanto você esteja curioso, se não for o momento certo, é melhor ter paciência e esperar um pouco. Ao mesmo tempo, tem que tomar cuidado com a boca. Você será exposto se perguntar demais, e vai ter muitas pessoas que vão se aproveitar disso. Não importa o quanto esteja curioso, seja paciente até que a situação certa surja para você perguntar. A oportunidade bate à porta de quem espera. E para um Bruxo do seu nível, ela definitivamente baterá.
— Sim. A propósito, quando é o momento certo?
— Quando eles sentem medo de você ou precisam desesperadamente de você. Então, naturalmente, será mais fácil obter a resposta que deseja.
— Sim, manterei isso em mente.
Ao ouvir a resposta, Kent entregou uma carta para Oliver.
— O que é isso?
— Uma carta de recomendação. Esta é a carta de recomendação que você dará ao agente que falei. Está selada, então não abra. Ele pode suspeitar que foi adulterada se for aberta. É meio perfeccionista, mas não é uma má escolha para a primeira pessoa com quem vai trabalhar. E é muito competente no que faz — Kent disse com sinceridade.
Oliver assentiu e colocou a carta no bolso, depois saiu do covil dos mendigos.
— O que você deve fazer antes de ir ao encontro do agente?
— Colocar uma máscara de couro.
— Sim, ele é um homem bom, mas não revele sua identidade ainda. Só será um fardo para a sua segurança e atividade.
— Sim… Então, adeus, sr. Kent.
Oliver disse enquanto saía do covil do mendigo sob o céu nevado.
— Ah, é mesmo… Aqui, fique com isso.
— Isso…?
Oliver perguntou enquanto olhava para o bastão que Kent estendia em sua direção.
— É um presente. Recebi um monte de coisas, então não posso simplesmente deixar você ir de mãos vazias.
— Um presente?
— Sim, pode ser um bastão velho, mas é a coisa mais importante para mim. Por favor, aceite.
Oliver observou o bastão sem falar nada.
O punho era liso e estava enfaixado no meio, onde estava esfarrapado, revelando o quanto era antigo.
Sobretudo, os sentimentos do Kent estavam no bastão, já que era algo que usou em toda a sua vida.
— Você… não vai aceitar?
— Está mesmo me dando? Não é uma coisa preciosa?
— Exatamente por isso que estou te dando.
Oliver pegou o bastão com uma expressão mais séria do que o normal.
Então, Kent falou: — Mas se lembre de uma coisa. Você não é estranho ou quebrado. Só é diferente. Mantenha isso em mente e viva sua vida.
— Sim… vou manter isso em mente.
Oliver respondeu e saiu do covil dos mendigos. Kent acenou com a mão até não poder mais vê-lo.
*
CHIIII~
Um táxi cinza sombrio parou bruscamente no acostamento da estrada.
Olhando de perto, dava para ver que o exterior do carro estava enferrujado e empoeirado.
— Distrito T, Rua 27. Chegamos, senhor.
O motorista à paisana disse enquanto bebia algo de uma garrafa embrulhada em um saco de papel marrom.
— Aqui está, senhor. Obrigado.
Após o pagamento, Oliver o cumprimentou conforme praticado.
Por sorte, foi natural, já que o motorista sorriu e acenou com a mão.
— Espero que tenha um bom dia, senhor.
O táxi saiu assim que Oliver saiu.
Foi um bom começo.
Primeiro, foi direto para um beco escuro, então tirou uma máscara de couro da bolsa e a colocou no rosto.
Era uma máscara que Oliver pegou do Marionetista Glifo.
Após um momento, depois de confirmar que até sua mão havia mudado, Oliver pegou um bilhete e olhou.
Distrito T, uma área residencial de classe trabalhadora em Landa.
Realmente parecia melhor do que o Distrito X ou W, e embora não fosse tão bom quanto o centro de Landa, havia muitas pessoas nas ruas e a maioria dos prédios estavam sendo utilizados.
Não havia grafites ou totens estranhos nos edifícios.
Oliver começou a caminhar ao longo da estrada principal a partir da entrada da rua 27 de acordo com a direção desenhada no bilhete.
Logo, chegou a um cruzamento de três vias.
— Hm…
Os olhos do Oliver pararam em um lugar.
Era um restaurante com uma placa dizendo FORREST.
TRING~
Assim que abriu a porta, um funcionário vestido de forma simples apareceu.
O funcionário tinha uma pele distinta de cor vermelha e uma etiqueta com o nome Al no peito.
— Olá, cliente. Veio sozinho?
— Ouvi dizer que estavam procurando um funcionário.
— Oh, me desculpe, Cliente. Estamos sem vagas.
— Tenho uma carta de recomendação.
— Carta de recomendação?
— Sim, aqui.
Oliver tirou do bolso a carta de recomendação e estendeu.
O funcionário recebeu a carta com um sorriso suave.
— Me desculpe… mas pode esperar um momento?
— Sim, claro.
— Obrigado. Voltarei o mais rápido possível.
O funcionário o cumprimentou e foi para algum lugar por um momento.
Logo, voltou para guiar Oliver.
— Se não for um problema, pode me seguir? Senhor.
Oliver assentiu e o seguiu.
Eles atravessaram o restaurante e o bar, entraram na área de funcionários e pararam em frente a um portão.
— Chefe, eu trouxe a pessoa.
— Deixe ele entrar, Al.
O garçom abriu a porta e gesticulou para Oliver entrar.
Oliver cumprimentou o garçom levemente e entrou, onde um velho estava sentado.
Ele parecia bem-vestido, com colete, calças e luvas, e também parecia bem robusto.
Pelo menos, foi o primeiro velho que Oliver conheceu a ser tão forte.
— Oi… Meu nome é Dave.
— Dave?
— Sim.
— Prazer. Dave, eu sou Forrest. Perdoe a grosseria, mas posso ver o bastão?
Olive olhou para o seu bastão e perguntou: — Este?
— Sim, esse mesmo, Dave.
— Tome…
Olive entregou o bastão, que foi um presente do Kent.
— Hmm… é realmente o bastão do Kent. Eu não esperava que ele ainda estivesse vivo. E é ainda mais chocante que enviou uma carta.
O velho olhou para a carta.
— Não gosto de perder tempo, então vou ser direto. Você veio aqui porque quer ser um Solucionador?
— Sim.
— Você é um Bruxo? É talentoso?
Oliver se lembrou de uma conversa que teve com Kent.
— Acho que tenho algumas habilidades básicas.
— Bem, ok… Não adianta falar com a boca mesmo. Você se importa se eu te testar?
— Testar? — perguntou Oliver.
Kent disse que se o velho pegasse a carta de recomendação, ele seria aceito imediatamente.
Forrest explicou gentilmente: — Não me entenda mal. Não é que eu queira te enganar ou te fazer trabalhar de graça. Vou pagar o preço. Só que esse campo mudou muito desde que Kent trabalhou.
— Sério?
— Sim, a competição na Torre Mágica se tornou feroz, e os magos começaram a entrar neste campo, e também há alguns humanos reforçados que fortaleceram seus corpos. Dos soldados da guerra colonial aos aposentados… Este campo está agora cheio de pessoas poderosas.
As palavras do Forrest foram sinceras.
Oliver assentiu com a cabeça: — Sim, entendi.
— Obrigado por compreender. Tem alguns caras que não entendem, na verdade, nem tentam ouvir.
— Pode explicar os detalhes do teste, senhor?
— Você é uma pessoa educada. Gostei. Primeiro, vamos começar com uma tarefa simples que não tem penalidade para o fracasso, como pegar uma pessoa que tem uma recompensa, recuperar os itens roubados, ou… Opa! Vou perguntar de novo. Você está confiante nas suas habilidades?
Oliver respondeu de acordo com o conselho do Kent: — Sim.
— Então me traga um animal.
— Um animal?
— Sim… Está mais para uma besta do que um animal.
Com essas palavras, Forrest pegou uma pasta de arquivo do armário.
Oliver abriu a pasta de arquivo e verificou, então viu os textos claros junto com uma foto em preto e branco.
— É um animal estranho.
— …? Claro que é estranho. É uma quimera… parece que saiu de sua estação de treinamento no subsolo.
Oliver olhou para o animal na foto sem responder.
Parecia uma fusão de todos os tipos de criaturas a partir da base de um cão gigante, com uma asa de galinha nas costas e garras de aves de rapina nas patas dianteiras.
Mas o que mais se destacou foram os espinhos na sua lateral.
— Uma quimera feita pelo Laboratório Mágico Mattel, e eles disseram que escapou para o esgoto durante um experimento. O laboratório colocou uma recompensa secreta na criatura.
— Devo capturar essa coisa?
— Sim, mas não mate ou machuque no processo. Eles disseram que vão responsabilizar quem ferir a criatura, já que é uma amostra importante.
— Certo.
— A recompensa atual é de 42 milhões. É bem alta. Já se passaram quase duas semanas desde que escapou, e ninguém conseguiu pegar porque é uma arma biológica. É sorrateira, forte e ardilosa porque dispara espinhos na lateral. Quatro Solucionadores já morreram, só que não eram muito experientes. E os civis estão também em estado de pânico, porque a criatura já provou o sabor da carne humana no processo. A área onde ela está atualmente desenfreada é nas favelas do Distrito V. E se continuar assim, o departamento de polícia vai acabar pegando o rastro dela, então os caras do laboratório estão começando a ficar nervosos. Ainda quer tentar? Posso recomendar outra coisa, se quiser.
— Não. Vou tentar.
— Está falando sério?
— Sim, mas tenho uma pergunta.
— Pergunte.
— Depois de capturar, é pra trazer a criatura para aqui?
— Esqueci de explicar essa parte. Não precisa fazer nada disso. Os funcionários do laboratório estarão de prontidão perto do local onde a quimera está desenfreada. Assim que capturar a criatura, só tem que encontrá-los e dizer o meu nome. Bem, vou te dar os outros detalhes que precisa saber para rastreá-la.
Oliver assentiu com as palavras sinceras do Forrest.
— Vou perguntar de novo. Tem certeza mesmo? Não estou te menosprezando, mas pode ser muito perigoso. Estou perguntando como um amigo do Kent.
— Hm… Não quero morrer, mas acho que vai ficar tudo bem. E também quero ver essa tal de quimera.