Depois de um tempo, Gravis levantou a cabeça e olhou para o Mestre da Guilda. — As intenções por trás do que ele fez não importam. Ele arriscou sua vida por mim e me deu tudo o que podia. As razões por trás dessas ações não mudam as ações em si. Eu me lembrarei dele pelo que ele fez, não pelo que ele pode ter pensado.
Os olhos do Mestre da Guilda brilharam levemente, com um pequeno vislumbre de reconhecimento e interesse. — Já conversamos o suficiente — disse o Mestre da Guilda, voltando para o seu trono. Ele se sentou e olhou para Gravis. — Agora nos conhecemos melhor, e também compreendemos o outro lado, mas nosso relacionamento não muda. Precisamos manter a justiça para todos os nossos discípulos. Nada vai mudar.
— Mas — disse em voz alta, após se sentar — esse Jaimy teve um grande papel nessa situação trágica. Esse discípulo matou alguém da própria guilda, e isso não é o comportamento que esperamos dos discípulos da minha Guilda do Relâmpago. — Ele se virou para um ancião. — Encontre esse Jaimy e traga-o aqui.
O ancião assentiu para o Mestre da Guilda e saiu do salão. O Mestre da Guilda se voltou para Gravis e acenou com a mão em sinal de despedida. — Isso é tudo!
Gravis assentiu e se levantou. — Vou compensar todas as mortes no futuro — disse Gravis enquanto se virava. Ele chegou à porta fechada e usou seu raio para abri-la. — Farei da Seita do Relâmpago a soberana deste mundo. — Gravis passou pela porta. — Sem exceções!
BOOM!
A porta se fechou, mas as pessoas dentro do salão permaneceram em silêncio. Elas refletiam sobre toda a inimizade e como era trágica. Podiam entender Gravis, assim como podiam compreender que talvez fosse melhor para todos se não tentassem mais o matar. No entanto, isso era apenas uma fantasia. A Guilda do Relâmpago precisava manter a justiça! Se poupassem Gravis, trairiam todas as vítimas e criminosos perseguidos no passado.
— Nossa reunião acabou — disse o Mestre da Guilda depois de cerca de um minuto. — Vice-Mestres da Guilda, fiquem.
Os anciãos assentiram e fizeram uma leve reverência em despedida. Todos saíram do salão, restando apenas as três pessoas no Reino da Formação do Espírito. Ficaram em silêncio por um tempo até que o Mestre da Guilda finalmente falou. — O que vocês notaram sobre ele?
O primeiro Vice-Mestre da Guilda apoiou a cabeça nas mãos, refletindo. — Ele de alguma forma cultivou raio com pelo menos 80% de Energia de Destruição — comentou. — Todos no salão perceberam. Simplesmente não havia outra maneira dele abrir a porta.
A porta do salão funcionava conforme a densidade de Energia de Destruição no raio. O mais cedo que alguém poderia abrir a porta seria no quinto nível de Reunião de Energia, com 40% de Energia de Destruição. Logicamente, alguém com raio com uma proporção de 30% de Energia de Destruição ou menos precisaria estar no sexto nível de Reunião de Energia para abri-la.
A densidade da Energia dobrava a cada nível. Era impossível comprimir mais a Energia sem aumentar o próprio reino. Todos tinham a capacidade de sentir a Energia de Gravis, e todos viram que sua Energia não era mais densa do que a de alguém no quarto nível de Reunião de Energia. Portanto, a única explicação para ele ter aberto a porta era que a Energia de Destruição em seu raio fosse pelo menos o dobro dos 40%.
Se Gravis soubesse que seu segredo sobre o raio havia sido exposto para todos na Guilda do Relâmpago, ele certamente não estaria tão calmo. Se percebessem seu poder e potencial, poderiam sacrificar toda a Guilda do Relâmpago para proteger a Seita do Relâmpago. Seu status de Nascido dos Céus não o protegeria.
Essa foi a primeira vez que Gravis não percebeu um esquema do Céu após ele ter se manifestado. Foi coincidência que Gravis fosse enviado para a Guilda do Relâmpago justamente quando alcançou a força necessária para abrir a porta? Claro que não! Se Gravis estivesse no quinto nível de Reunião de Energia, ninguém teria se importado. No entanto, ele veio estando no quarto nível.
Gravis não percebeu o esquema do Céu dessa vez, o que o tornava ainda mais perigoso. Seu segredo foi exposto! Aos olhos de todos, ele era um Nascido dos Céus e estava sob o comando do Céu. Gravis ainda tinha apenas 16 anos, e seu refinamento ainda não estava completamente formado. Ele permaneceria o mesmo quando chegasse aos 40? E aos 100? Sua garantia de que não era inimigo da Seita do Relâmpago se tornava insignificante se ele mudasse no futuro.
— Precisamos discutir isso adequadamente — disse o segundo Vice-Mestre da Guilda. — Ele ainda é jovem, e seu potencial é assustador. Já enviamos muitos discípulos fortes para caçá-lo. Quando ele se acomodar no futuro, pode decidir vingar velhas inimizades para se sentir jovem novamente. Todos sabemos que os Nascidos dos Céus não ascendem. Quando ele parar de cultivar, provavelmente estará no auge da Formação do Espírito ou talvez até…
O Vice-Mestre da Guilda estremeceu ao pensar no Alto Sacerdote da Seita Celestial. Se Gravis alcançasse aquela força, a Seita do Relâmpago sofreria. Um Nascido dos Céus no Reino da Formação do Espírito era problemático, mas não aterrorizante. Se um Nascido dos Céus agisse sem uma missão oficial, seu feito seria considerado pessoal, o que significava que as vítimas poderiam retaliar e até matar o Nascido dos Céus.
No entanto, o que a Seita do Relâmpago poderia fazer se alguém com a força do Alto Sacerdote os atacasse? A Seita do Relâmpago não tinha ninguém naquele reino. O crescimento de Gravis poderia muito bem significar o fim da Seita do Relâmpago. A questão não era se Gravis se acomodaria no futuro, mas quando.
Os Nascidos dos Céus não podiam ascender e, portanto, também não podiam perseguir o auge. Permaneceriam para sempre neste mundo, e sua ambição e sede de poder chegariam ao fim. Seus sonhos morreriam, e eles buscariam emoção de outras maneiras. O Alto Sacerdote já havia mostrado isso no passado, exterminando a Seita da Madeira. Desde aquele dia, as oito Guildas Elementares Principais se tornaram sete.
— O perigo é grande demais — disse o primeiro Vice-Mestre da Guilda. — Precisamos matá-lo. Nossa Guilda do Relâmpago pode ser destruída, mas é para o bem de toda a Seita do Relâmpago. Também temos uma boa justificativa para matá-lo, já que há inimizade entre nós. Talvez nem todos na Guilda do Relâmpago morram.
O segundo Vice-Mestre da Guilda também assentiu. — Concordo. O perigo é grande demais. Precisamos dar nossas vidas pelo bem da Seita do Relâmpago.
Os dois Vice-Mestres da Guilda olharam para o Mestre da Guilda. Os olhos do Mestre da Guilda se estreitaram, e relâmpagos brilharam ao redor deles.