Gravis ficou bastante surpreso com o que viu, pois toda a Guilda da Terra estava construída dentro da montanha. O tamanho gigantesco da caverna fazia parecer que a montanha inteira havia sido esculpida, deixando apenas a casca externa. Claro, isso não era verdade. Gravis tinha visto o quão grande a montanha era, e ainda havia muita pedra sólida restante. No entanto, ele se perguntou se eles não se preocupavam que a montanha pudesse desmoronar sobre suas cabeças.
Ele podia ver muitos edifícios esculpidos na pedra e uma infinidade de cavernas nas paredes. Julgando pela quantidade de cavernas, Gravis deduziu que eram as cavernas pessoais dos discípulos. Havia literalmente milhares delas. Mas uma coisa chamou ainda mais a atenção de Gravis do que o tamanho da Guilda da Terra.
Uma cacofonia de barulhos atingiu Gravis. Ele ouvia o alto som de armas colidindo com pedras e muitas vozes imponentes. As vozes se misturavam em uma confusão de gritos, irritando Gravis. Embora ele não entendesse o que estavam dizendo, não sentia nenhuma agressividade nelas. Só eram muito altas.
Gravis olhou para o discípulo que o acompanhava, que continuava caminhando. Gravis rapidamente o alcançou e o seguiu. Quanto mais se aproximavam, mais alto tudo ficava. Gravis começou a se irritar com todo aquele barulho, mas não havia como evitar. A Guilda da Terra era respeitosa, e ele teria que lidar com o barulho.
Conforme se aproximavam, Gravis começou a distinguir as vozes mais próximas. Ficou surpreso com o conteúdo do que diziam. A maioria estava discutindo seus caminhos e filosofias. Eles falavam sobre os atributos da terra e suas crenças associadas.
Embora discutissem de maneira alta, todos permaneciam respeitosos e não agressivos. Estavam apenas argumentando sobre por que acreditavam que seu caminho era verdadeiro, sem desmerecer as crenças dos outros.
— Ei, vocês dois — gritou o guarda principal para duas pessoas discutindo. — Vão para o salão de discussões! — ele ordenou. Os dois discípulos olharam para o recém-chegado, mas ao vê-lo, apenas assentiram e foram em direção a um grande prédio.
Gravis os observou sair e se virou para o guarda que o acompanhava. — O que foi isso? — perguntou.
A expressão do guarda, obviamente, não mudou. — Discutir suas crenças fora do salão de discussões é proibido! — ele declarou em voz alta. — Se permitíssemos que todos discutissem suas crenças abertamente, a guilda ficaria barulhenta!
Gravis olhou incrédulo para o discípulo. “Então, agora não está barulhento?” pensou ele. Gravis estava sendo constantemente bombardeado pelo som de armas colidindo e pessoas gritando. Como isso não era barulhento? Gravis apenas permaneceu em silêncio.
Em vez de continuar andando, o guarda se virou para Gravis. — Você tem algum destino especial em mente? — perguntou.
Inicialmente, Gravis pretendia explorar mais, mas o barulho estava irritando seus nervos. Ele mal conseguia ouvir seus próprios pensamentos. Se fosse um barulho temporário, não se importaria, mas era constante e sem pausa.
Devido à Energia em sua mente, Gravis já lidava com uma dor de cabeça constante, então não precisava de mais uma. Ele podia bloquear o barulho com sua força de vontade, mas isso seria exaustivo a longo prazo.
Agora, Gravis só queria sair dali. Sim, a Guilda da Terra era interessante, mas ele já havia aprendido o suficiente com o guarda. Ele não iria enganar essas pessoas. Havia alvos mais adequados para isso.
— Eu tenho um Núcleo de Besta de uma Besta de Energia Avançada comigo. Onde posso trocá-lo? — perguntou.
— O quê? — perguntou o guarda.
— Eu disse que tenho um Núcleo de Besta que gostaria de trocar! — gritou Gravis mais alto, achando que o guarda não havia ouvido.
O guarda olhou para Gravis com irritação. — Eu ouvi você! Não precisa gritar! — ele gritou de volta, ironicamente. — Só fiquei surpreso que veio de uma Besta de Energia Avançada! Você deve ser forte!
Gravis esfregou o nariz para aliviar o estresse. “Eu não preciso gritar? Você não ouve os seus arredores!?” pensou ele, irritado. Gravis respirou fundo para se acalmar. — Sim, eu a matei no caminho. Onde posso trocá-la? — perguntou.
O guarda o olhou mais de perto. — O que você disse? — perguntou.
— Eu disse, eu a matei no caminho para cá! — gritou Gravis.
O guarda olhou para Gravis com desagrado. — Eu ouvi o que você disse! Não deve gritar tão alto em público! É falta de educação! — ele gritou, ainda mais alto.
A pálpebra de Gravis tremeu com a raiva suprimida. “Esse desgraçado…”
Gravis estreitou os olhos. — Então por que perguntou!? — perguntou Gravis, claramente irritado. Esse sujeito estava testando seus limites mais do que qualquer outra pessoa que ele já havia conhecido.
— Só fiquei surpreso porque você fez parecer que matou a besta sozinho! — ele gritou de volta, o que deixou Gravis ainda mais irritado. Esse sujeito dizia que Gravis não deveria gritar, mas estava gritando ainda mais alto.
— Sim, eu a matei sozinho. Onde posso trocar o Núcleo de Besta? — perguntou Gravis novamente.
O guarda estreitou os olhos e olhou intensamente para Gravis. Após alguns segundos de silêncio, ele finalmente falou. — O quê?
— Ah, quer saber, foda-se! Eu vou embora! — gritou Gravis, virando-se e correndo em direção à entrada.
— Não precisa xingar! — veio o grito do guarda atrás de Gravis.
Gravis apenas rangeu os dentes. “Calma! Eles são boas pessoas. Não faça algo do qual se arrependerá, Gravis,” ele pensou. “Seja a pessoa maior e apenas vá embora. Não precisa fazer uma cena.”
— Adeus, Nascido do Céu! — ouviu ele um grito imponente vindo do local de onde havia saído.
Gravis não tinha certeza, mas achava que havia detectado um leve tom de felicidade na voz. “Será que aquele desgraçado fez isso de propósito?” pensou, mas decidiu ignorar. — Tchau — gritou de volta.
— O quê? — ele ouviu novamente e parou imediatamente.
Dessa vez, Gravis definitivamente detectou alegria na voz. Aquele desgraçado estava fazendo isso de propósito! Claro que a Guilda da Terra não ficaria feliz com a presença de alguém da Seita Celestial. Eles tinham que ser respeitosos, mas ninguém gostava da Seita Celestial. Era a hegemonia desse mundo e oprimia todos sob seu governo. Eles talvez não tivessem poder para ir contra a Seita Celestial, mas podiam incomodá-los.
Gravis voltou-se para a Guilda da Terra e olhou mais de perto. Agora, ele notava várias coisas estranhas. A maioria dos discípulos havia se reunido em um ponto mais próximo de onde Gravis estava antes. As outras regiões não estavam tão povoadas e, portanto, provavelmente mais silenciosas. Ele também notou algumas pessoas falando com uma linguagem corporal mais reservada. “Eles orquestraram tudo isso?” pensou Gravis.
Gravis ficou irritado ao perceber que tudo isso havia sido planejado apenas para incomodá-lo. Ele estreitou os olhos, mas ainda assim foi embora. Se fizesse uma cena dentro da Guilda da Terra, a alta hierarquia poderia detê-lo até que Aion chegasse. Na mente deles, isso seria uma humilhação para a Seita Celestial. Claro, Aion não viria buscá-lo, mas para matá-lo. Por essa razão, Gravis recuou por enquanto.
Embora tivessem testado sua paciência, ainda poderia haver guildas piores por aí. “Vocês acabaram de subir na minha lista. Vou dar uma olhada na Guilda da Escuridão e, se eles não forem piores que vocês, volto aqui!”
Gravis rapidamente deixou a caverna e subiu nas costas de Skye. Skye ficou surpresa por Gravis ter voltado tão rápido, mas não se importou. Sem se despedir do guarda, eles partiram para a distância.
A Guilda da Escuridão era o próximo destino, e Gravis carregava uma carga de irritação dentro de si.
Eles não poderiam ser piores do que a Guilda da Terra!