— Espera, o quê? Para! Para! — gritou Gravis assim que pulou na Parede de Vento. Seu corpo inteiro foi arremessado de forma descontrolada. Ele tentou ativar sua Sincronicidade Elemental, mas simplesmente não funcionava! Seu corpo era jogado violentamente para cima, depois para baixo, e para cima de novo.
“Por que não consigo ativar minha Sincronicidade Elemental? Isso tem a ver com o meu avanço anormal?” ele pensou, enquanto era jogado de um lado para o outro, já ficando tonto. “Vamos lá, funciona!”
Mas não adiantava. O vento simplesmente não obedecia! Depois de cerca de um minuto disso, Gravis invocou raios ao seu redor, resistindo ao vento. “Droga, claro que não haveria só vantagens em fazer isso.”
Whoop Tack!
Gravis saiu da Parede de Vento e pousou no Continente Intermediário. Com seus raios e seu Espírito, ele manipulou o corpo para ser empurrado para fora da Parede de Vento. Após aterrissar, ele se virou e olhou para a Parede de Vento de novo com uma careta. — Por quê? — murmurou.
Ele refletiu sobre isso por um tempo e teve várias suspeitas, mas a principal era seu novo Espírito. A Energia era a base de todos os elementos. Sua mente não tinha se acostumado à Energia, o que provavelmente significava que sua afinidade com a Energia tinha diminuído.
Gravis tentou absorver a Energia do ambiente e sentiu-a fluir pelo seu corpo. — Não tem diferença aqui. Consigo absorver e manipular a Energia sem problemas. Então, esse não é o problema — concluiu Gravis após alguns testes.
Então, Gravis moveu parte da Energia para o seu Espírito. Para sua surpresa, assim que a Energia entrou em seu Espírito, foi imediatamente absorvida pelos raios intensos. Quando viu isso, ele sorriu amargamente. — Nem consigo adaptar meu Espírito à Energia retroativamente. Acho que vou ter que viver com isso, né? — murmurou.
— Meu Espírito e minha mente são os núcleos para controlar os elementos. Ao enchê-los com raios, provavelmente matei qualquer chance de manipular outros elementos. Os elementos são diferentes e não se gostam. Acho que agora o raio tem o monopólio sobre o meu corpo — Gravis murmurou.
Gravis estava certo. Sua Sincronicidade Elemental era baseada numa afinidade natural com cada elemento. Quando ele pensava nas disposições dos diferentes elementos, percebia que podia se identificar com qualquer um deles. Porém, agora, só restava o raio dentro dele.
Enquanto Gravis pensava nos refinamentos dos diferentes elementos, notou algo que até então não havia percebido. Seus pensamentos haviam mudado. Quando pensava nisso, ele percebia que não conseguia mais se conter como o elemento terra ou ser tão ganancioso quanto o elemento escuridão.
— O que está acontecendo? — Gravis perguntou com uma expressão séria. — Quando pensava nos outros elementos no passado, sempre via uma conexão entre mim e eles, mas agora, parece que estão desconectados.
Gravis imaginou uma situação hipotética em que alguém o atacava, mas ele só se defendia sem revidar. Antes de formar seu Espírito, isso não seria um problema. Sim, poderia parecer estúpido ou desnecessário, mas ele conseguiria se forçar a fazer isso.
No entanto, ao pensar nessa situação hipotética agora, parecia que fazer isso ia contra todo o seu ser. Se alguém atacasse, ele tinha que revidar! Haviam invadido seu território, o que significava que mereciam o que viria.
De repente, os olhos de Gravis se arregalaram. — É igual naquela época na Guilda-Proxy do Relâmpago! — exclamou Gravis. — A disposição do raio está me influenciando!
Mas, em comparação àquela época, Gravis não perdia sua razão de forma irracional. Naquela época, parecia que o raio estava manipulando ele, ao invés de apenas o influenciar. Agora, Gravis ainda conseguia pensar racionalmente, mas ir contra a disposição do raio parecia antinatural para ele, por algum motivo.
Gravis riu amargamente. — Acho que é assim que os cultivadores normais se sentem — disse para si mesmo.
Cada Guilda Elemental tinha uma disposição específica, e cada membro das guildas refletia essa disposição. Naquela época, Gravis poderia imaginar-se sendo parte de outras Guildas Elementais, mas não mais. Agora, parecia que ele não pertencia a essas guildas. Parecia que todas elas tinham escolhido o caminho errado.
— Bem, o bom vem com o ruim, né? — disse Gravis, dando de ombros, e saiu da área da Parede de Vento.
Será que Gravis ainda teria refinado seu Espírito com raio se soubesse que perderia sua Sincronicidade Elemental? Sim, ele teria!
Perder sua Sincronicidade Elemental foi um golpe, que destruiu uma de suas cartas na manga, mas não chegava nem perto dos seus ganhos. Gravis sentia uma conexão intrínseca com seus raios, e ele sentia que poderia fazer qualquer coisa com eles. Além disso, Gravis tinha certeza de uma coisa.
“Eu sou absolutamente imune ao raio”, concluiu. “Eu sou o raio, e quando mais raio aparece, mais de mim aparece. Por que eu me machucaria?”
De repente, Gravis parou ao ter uma ideia. Ele olhou para sua mão e pensou um pouco. — Eu me pergunto…
Gravis olhou ao redor até encontrar três grandes rochas. Ele apontou um de seus dedos para uma delas.
BANG!
Um raio saiu de seu dedo, e a rocha foi obliterada. Então, Gravis se concentrou e lançou outro raio em uma rocha diferente.
BANG!
Dessa vez, apenas uma parte grande da rocha explodiu. Não foi destruída por completo como a anterior. Gravis se concentrou ainda mais e lançou um raio na terceira rocha.
Quando o raio atingiu a rocha, um trovão alto foi criado, mas a rocha permaneceu intacta. Quando Gravis viu isso, ele sorriu em êxtase. — Consigo controlar a proporção de Energia de Destruição e de Vida! — ele gritou.
Neste mundo inferior, algo assim nunca havia acontecido. Um cultivador só podia usar seu elemento enviando Energia através de uma Semente Elemental. Portanto, a composição do Elemento sempre era idêntica à Semente Elemental.
Mas Gravis quebrou essa crença e conseguiu controlar livremente seu tipo de raio. No entanto, não era tão fácil quanto parecia.
— Isso consumiu muita Energia — disse para si mesmo.
Não se deve esquecer que Gravis havia movido uma segunda Semente de Raio recém-criada para o seu Espírito. E sua Semente de Raio original? Quando Gravis pensou nisso, ele percebeu algo, e seus olhos se arregalaram.
— Ela sumiu!? — ele gritou.
Sua antiga Semente de Raio havia sumido. Mas então, como ele conseguia criar raios? Gravis olhou para o seu dantian e encontrou a resposta.
BZZZZZZ!
Assim como seu Espírito, seu dantian estava completamente preenchido com raios. Ele não conseguia ver nenhuma Energia dentro dele. — Minha Semente de Raio foi para o meu dantian? Quando isso aconteceu? — disse ele.
Infelizmente, Gravis não sabia que, ao fazer seu avanço, havia se tornado uma manifestação física do conceito de raio. Ele sabia que algo tinha acontecido, com base no que Aion havia lhe contado, mas não conhecia os detalhes. Por que uma manifestação assim se importaria com pura Energia? A manifestação havia convertido o máximo possível em raio imediatamente, antes que o Céu supremo a interrompesse.
Normalmente, ter um elemento dentro do dantian era impossível. Um dantian fortalecido mal conseguia resistir à pressão da Energia, que era suave e calma. Se tivesse raios dentro dele, explodiria imediatamente. No entanto, com a afinidade sem precedentes de Gravis com o raio, o raio sequer pressionava o dantian, muito menos o machucava.
— Espera — disse Gravis. — Então, como senti a drenagem de Energia quando mudei a proporção do meu raio, se não tenho Energia no meu dantian?
Gravis rapidamente encontrou a resposta. A Energia não era armazenada apenas no dantian. O corpo em si também funcionava como um recipiente passivo de Energia, embora muito inferior ao dantian. Quando ele reduziu a proporção de Energia de Destruição no raio, retirou a quantidade adequada de Raio de Destruição do dantian.
Em seguida, ele suplementou a Energia de Destruição com a Energia convertida de seu corpo. A Energia passiva do corpo se transformou em Energia de Vida e se misturou ao Raio de Destruição, reduzindo sua proporção.
— Espera, então se eu não retirar nenhum Raio de Destruição do meu dantian, teoricamente eu deveria ser capaz de…
Gravis apontou para uma flor e disparou um raio.
BANG!
A flor não sofreu nenhum dano. Pelo contrário, começou a crescer violentamente em questão de segundos. Gravis sorriu ao ver isso. — Raio de Vida! — ele gritou. Gravis havia criado um raio com 0% de Energia de Destruição e 100% de Energia de Vida.
No entanto, para criar o Raio de Vida, ele usou uma grande quantidade da Energia inerente de seu corpo. Com seus vários testes, Gravis perdeu cerca de 70% da Energia inerente dentro de seu corpo. A perda da Energia não afetava sua força de combate, mas o deixava exausto.
Gravis fez alguns cálculos em sua cabeça. — Um corpo mais forte precisa de mais Energia de Vida para se curar. Quando o corpo se machuca, a Energia inerente dentro dele se transforma lentamente em Energia de Vida ao longo do tempo, curando o corpo. Então, teoricamente, ao transformar toda a Energia no corpo, eu posso criar tanta Energia de Vida quanto meu corpo puder conter — murmurou para si mesmo.
— Pela força do meu corpo, eu provavelmente poderia me curar até meu estado máximo de um estado quase mortal uma vez — concluiu.
Gravis sorriu, coçando o queixo pensativo.
— Mais uma carta na manga pra coleção.