— O que você vai fazer agora? — perguntou o Vice-Mestre da Guilda do Fogo.
Gravis esticou o pescoço, gerando alguns estalos satisfatórios. — Vou ficar perto da Guilda do Fogo por alguns dias e depois vou embora. Vocês, cultivadores de fogo, podem ser agressivos, mas prefiro isso à hipocrisia que vi aqui. Quer me acompanhar? — perguntou Gravis com um sorriso casual.
O Vice-Mestre da Guilda apenas sorriu amargamente. — Não, obrigado. Já sou muito velho para tanta agitação. Vou ficar aqui e fazer meu trabalho. Obrigado pela oferta, no entanto — respondeu.
Gravis deu de ombros. — Beleza, como preferir. Divirta-se!
Com isso, ele partiu em direção à Guilda do Fogo. Todo esse episódio com a Guilda da Terra havia demorado mais do que esperava, mas, no fim, foi melhor assim. Gravis testou várias coisas e conseguiu ampliar seu arsenal de técnicas de combate. Além disso, ele finalmente lutou contra pessoas no Reino de Formação do Espírito. Embora fossem relativamente fracos, a luta ainda lhe deu muitas informações.
E se eles estivessem no Estágio da Semente, com armamentos adequados? Nesse caso, Gravis provavelmente teria precisado ativar sua Aura de Vontade. A supressão de nível ainda permitiria que os especialistas se movessem, mas eles seriam enfraquecidos em mais de 30%. No entanto, Gravis não teria conseguido quebrar suas defesas tão facilmente. Provavelmente teria que usar sua arma para esgotar a Energia deles.
Além disso, com elementos mais fortes, talvez eles pudessem usar outros tipos de ataques. Quando perceberam o corpo poderoso de Gravis, provavelmente já haviam abandonado a ideia de feri-lo com seus elementos. Mas teria sido diferente se estivessem no Estágio da Semente. Também teria se tornado quase impossível bloquear ou aparar seus ataques.
O que surpreendeu Gravis foi a aparente vulnerabilidade deles ao raio. O magnetismo do raio foi muito útil contra suas armas. Seu raio também permitiu que ele fosse mais rápido do que eles. Por fim, também era muito eficaz ao atacá-los. Em todos os aspectos, o raio parecia superar a terra, o que era estranho. Normalmente, pensar-se-ia que a terra superaria o raio, mas aparentemente, não era o caso.
Quando Gravis se afastou, o Vice-Mestre da Guilda do Fogo suspirou, aliviando parte da tensão. Em seguida, foi até o Mestre e o Vice-Mestre da Guilda da Terra. Ele precisava relatar o que havia acontecido.
Quando chegou, viu-os sentados, concentrados na cura. A essa altura, já pareciam bem melhores. Tomar pílulas de cura exigia que o usuário se concentrasse em distribuir os efeitos da cura. Por isso, ninguém usava essas pílulas durante uma luta, pois não teriam concentração de sobra.
— O que ele fez? — perguntou o Mestre da Guilda, de maneira impassível, ao perceber o retorno do Vice-Mestre da Guilda do Fogo.
— Ele cumpriu sua palavra — disse o Vice-Mestre da Guilda do Fogo. — Entrou na guilda, derrubou as entradas das cavernas residenciais e saiu. Os pertences dentro das casas não foram danificados e ninguém se feriu. Ele fez exatamente o que disse. Apenas irritou a guilda.
BANG!
A terra diante do Mestre da Guilda explodiu quando ele socou o chão com fúria. — Merda! — gritou, enfurecido. — Isso não é uma simples irritação! Isso é uma humilhação! Ele entrou em nossas casas, destruiu nossas coisas e saiu como se fosse o dono do lugar! Como podemos manter a cabeça erguida quando qualquer zé-ninguém pode entrar aqui e destruir nossas coisas!?
O Vice-Mestre da Guilda da Terra também cerrou os dentes de raiva, com fúria irradiando de seus olhos. Ele compartilhava da mesma opinião. Gravis tinha ido longe demais! Ele teria que pagar!
— Então, o que vai fazer? — perguntou o Vice-Mestre da Guilda do Fogo. — Você não pode vencê-lo.
A intenção de batalha fervia nos olhos do Mestre da Guilda. — Eu não posso — disse ele, cerrando os dentes — mas a Seita da Terra pode!
O Vice-Mestre da Guilda do Fogo ergueu uma sobrancelha. — Você vai envolver a Seita da Terra por causa disso? Não acha isso um pouco drástico? Ninguém se feriu ou morreu.
Os olhos do Mestre da Guilda se estreitaram de raiva ao encarar o Vice-Mestre da Guilda do Fogo. — Silêncio! Você não entende os caminhos da nossa terra! Fique fora disso! — gritou o Mestre da Guilda, furioso.
O Vice-Mestre da Guilda do Fogo franziu as sobrancelhas. — Não aja como se eu não tivesse ajudado vocês por mais de 50 anos. Eu até me considero parte da Guilda da Terra. Seus assuntos são meus assuntos.
O Mestre da Guilda o encarou por alguns segundos, então suspirou. — Eu sei, mas se você se vê como parte de nós, então deve entender por que não podemos deixar isso passar — explicou, agora um pouco mais calmo.
Agora foi a vez do Vice-Mestre suspirar. — A terra não se dobra — disse ele.
— A terra não se dobra — repetiu o Mestre da Guilda com um aceno de cabeça. — Vou relatar isso à Seita da Terra. Quando ele chegar ao Continente Central, ele pagará por essa humilhação!
Gravis não sabia que havia feito inimigos em toda a Seita da Terra com essa ação. Ele teria feito o mesmo se soubesse o que aconteceria? Essa pergunta tem uma resposta complicada.
Normalmente, ele teria evitado fazer algo assim. Provocar pessoas ligeiramente mais fortes oferecia um bom desafio, mas provocar outro poder de topo nesse mundo era estúpido aos seus olhos. Ele provavelmente teria apenas pedido alguma compensação.
No entanto, com ele ficando cada vez mais próximo do raio, tudo isso mudou. O raio dentro de sua mente exigia vingança por todas as transgressões. Quando Gravis vingou-se da Guilda do Vento e da Guilda do Relâmpago, já percebeu que controlar seu raio ficou ainda mais fácil. Dívidas abertas foram pagas, e inimizades, vingadas. À medida que sua consciência se limpava, o controle sobre seu raio se suavizava.
Quanto mais Gravis se aproximava do raio, mais o estado de sua consciência importava. Pessoas que o ajudaram mereciam retribuição, enquanto aqueles que o antagonizaram mereciam vingança. Ao ir contra sua própria consciência, ele criaria uma desconexão entre ele e seu raio. Controlá-lo se tornaria mais difícil e, talvez, ele até perderia sua imunidade ao raio se a desconexão se tornasse muito significativa.
Essa afinidade sem precedentes com o raio lhe dava muitas vantagens, mas essas vantagens vinham com algumas restrições. Sua Sincronia Elemental havia desaparecido, e o estado de sua consciência se tornara mais crucial do que nunca. Além disso, não havia mais volta. Sua mente já estava formada, e uma dependência inquebrável do raio foi criada.
Agora, para ele, o raio era literalmente o único caminho que restava.
Não havia outra saída…