— Está pronto. Por favor, venha para testarmos! — uma voz soou na mente de Gravis. Era o Vice-Mestre da Guilda do Fogo, que vinha forjando a prancha de Gravis nos últimos dois dias. Durante esse tempo, Gravis ficou próximo à Guilda do Fogo, relaxando e pensando em várias coisas. Era bom fazer uma pausa.
— Estou indo — Gravis respondeu enquanto se levantava do galho em que estava sentado. Ele se espreguiçou e seguiu em direção à Guilda do Fogo. O Vice-Mestre da Guilda, junto com o Vice-Mestre visitante da Guilda da Terra, já o aguardavam na fronteira da guilda. O Vice-Mestre da Guilda da Terra não sabia o que havia acontecido em sua própria guilda. Se soubesse, talvez nem tivesse ajudado a forjar a prancha.
Quando Gravis chegou, viu o Vice-Mestre segurando a criação. A prancha era completamente prateada com quatro rodas pretas. Obviamente, eles haviam usado um material diferente para as rodas, mas Gravis não questionou. Eles sabiam mais sobre forja do que ele.
Na parte de trás da prancha, Gravis viu que ela se curvava para cima, formando uma parede com pouco mais de 90°, que se estendia um pouco para além da borda da prancha. A parede era arredondada, e Gravis podia imaginar sua perna encaixando perfeitamente ali. A altura da parede chegava até o joelho de Gravis.
— Está incrível — disse Gravis com um sorriso empolgado. Finalmente, ele não precisaria mais andar na lâmina de sua espada. Essa prancha deveria aumentar ainda mais sua velocidade.
— Experimente antes de elogiar — disse o Vice-Mestre da Guilda com uma risada, embora sua expressão revelasse sua satisfação. Ele estava claramente feliz com o elogio de Gravis. Ele jogou a prancha para Gravis, que rapidamente a pegou.
Gravis ficou um pouco surpreso com o peso. A prancha devia pesar mais de 200 quilos. Mas, em comparação ao corpo de Gravis, não era tão pesada. Quanto mais forte o corpo ficava, mais densos seus músculos se tornavam. Atualmente, Gravis pesava mais de uma tonelada. Era compreensível que a prancha fosse pesada, já que precisava suportar seu peso enquanto se movia em velocidades insanas.
Plonk!
Gravis jogou a prancha no chão, notando que ela quicou um pouco. As molas estavam funcionando. Ele pulou sobre ela, e a prancha balançou levemente, sem fazer nenhum som de rachaduras ou rangidos, o que mostrava que não havia problemas em suportar seu peso.
Gravis se posicionou sobre a prancha e inclinou-se para trás. Notou que era mais confortável ficar de pé sobre ela com o corpo voltado para o lado. Ele sentiu sua panturrilha direita encostar na parede traseira da prancha e percebeu que ela o apoiava firmemente. A parede tinha o ângulo perfeito para sustentar sua perna. Gravis não tinha dúvidas de que a prancha suportaria sua aceleração.
— Está perfeita — disse Gravis, animado.
— Claro que está — disse o Vice-Mestre da Guilda da Terra, falando pela primeira vez. — Ajustamos ela durante quase meio dia. Se não conseguíssemos isso, poderíamos muito bem nunca mais forjar nada.
Gravis assentiu com um sorriso. — Obrigado. Vou testar agora — disse ele, olhando para eles com uma expressão questionadora. — Devo usar minha força total logo de cara?
O Vice-Mestre da Guilda do Fogo sorriu. — É para isso que ela foi projetada.
— Certo, lá vou eu — disse Gravis e disparou raio para frente.
SCRRRRRR!
A prancha inclinou-se para trás e sua traseira bateu no chão, criando um som de arranhão enquanto começava a se mover para frente. Gravis quase caiu, e a única razão pela qual não caiu foi o magnetismo do raio que mantinha a prancha em movimento.
— Não! Não! Pare! — gritou o Vice-Mestre da Guilda do Fogo. Gravis recolheu seu raio e a prancha se endireitou. — Se você disparar o raio para frente, o magnetismo vai puxá-la diagonalmente para cima, fazendo-a raspar no chão. Você precisa invocar o raio no chão, para que a prancha seja puxada para frente e um pouco para baixo.
Gravis deu um tapa na testa. Por que não tinha pensado nisso? Normalmente, era tão criativo com o uso de seu raio. Bem, até as pessoas inteligentes cometem erros bobos às vezes. Gravis parou a prancha e seguiu as instruções. Ele invocou o raio no chão, a alguns metros à frente dele.
WHOOOOSH!
A prancha manteve o equilíbrio, e Gravis sentiu sua perna direita ser empurrada violentamente. Ele perdeu o equilíbrio, mas conseguiu se manter na prancha inclinando-se sobre a parede.
SCRRRRRR!
O magnetismo não foi suficiente para contrabalancear o peso de Gravis sendo empurrado para trás. A prancha inclinou-se novamente. Gravis forçou seu peso para frente, endireitando a prancha. Mesmo sem invocar novo raio, a prancha ainda se movia. As rodas estavam funcionando maravilhosamente.
Gravis ajustou sua posição, de modo que a maior parte de seu peso ficasse sobre sua perna esquerda, que estava na parte frontal da prancha. Então, invocou mais raio.
WHOOOSH!
Dessa vez, a prancha não se inclinou. Gravis ainda sentiu o empurrão violento da parede em sua panturrilha direita, mas agora estava preparado. A prancha disparou para frente, e Gravis se manteve sobre ela. Aos poucos, Gravis invocou mais raio, fazendo a prancha acelerar ainda mais. Ele ainda não estava acostumado a manter o equilíbrio na prancha, mas sua coordenação era excelente. Em segundos, ele pegou o jeito de estabilizar seu corpo.
Conforme Gravis invocava mais raio, a prancha acelerava, e logo ele estava se movendo mais rápido do que nunca. Ele também aprendeu a fazer curvas. Só precisava ajustar o peso para um dos lados, fazendo a prancha virar levemente. Infelizmente, curvas fechadas eram impossíveis, pois a inércia faria a prancha e ele caírem.
Gravis circulou a Guilda do Fogo enquanto sua velocidade aumentava cada vez mais. Em determinado momento, ele sentiu uma força impedindo seu corpo de acelerar. Ficou surpreso com isso. — É a barreira do som? — ele disse, mas sua voz soou estranhamente em seus ouvidos. Provavelmente estava se movendo rápido demais para ouvir o som de sua própria voz, sentindo apenas a vibração das cordas vocais.
Conforme Gravis continuava a viagem, a força que o impedia de avançar tornou-se mais forte. Ele invocou mais raio para acelerar ainda mais a prancha.
BOOOOOM!
Gravis sentiu uma espécie de explosão, e a força que o segurava desapareceu. Com essa resistência sumindo, sua velocidade aumentou drasticamente. Ele continuou invocando raio, sorrindo como um louco. Queria ver até onde poderia chegar!
Suas redondezas estavam completamente borradas, e, se não fosse por seu Espírito, ele teria perdido a noção do ambiente. Graças ao Espírito, conseguia monitorar seus arredores e a rota. Gravis continuou acelerando até não ser mais possível.
Ele já estava invocando raio constantemente à sua frente, mas a resistência do ar empurrava forte contra seu corpo. Agora, estava inclinado completamente para frente, com o pé direito praticamente já no fundo da parede da prancha. A essa altura, ele estava basicamente de joelhos sobre a prancha.
Gravis já havia dado várias voltas ao redor da Guilda do Fogo e já notara as expressões chocadas e empolgadas dos dois Vice-Mestres das Guildas. A prancha estava funcionando perfeitamente. Ao passar por eles, ele gritou — Está maravilhosa!
Os Vice-Mestres ouviram um ‘Estáma’, que rapidamente desacelerou e ficou mais grave, até ouvirem apenas ‘aaaaaaravilhoooooooosa’. Primeiro, os dois ficaram confusos com o som da voz de Gravis, mas logo entenderam e riram da voz estranha dele.
— Tudo do seu agrado? — o Vice-Mestre da Guilda transmitiu para Gravis.
— Perfeito! — respondeu Gravis.
— Fico feliz em saber. Como vai chamá-la? É uma nova invenção, afinal — perguntou o Vice-Mestre.
Gravis pensou por um momento. — Jimmy — ele enviou de volta.
O Vice-Mestre arregalou os olhos de surpresa. Jimmy?
— Hehe, só brincando — Gravis enviou novamente.
— Acho que vou chamá-la de Prancha de Relâmpago…