Gravis deu um sorriso. — Mas sabe de uma coisa? Assim que eu alcançar o Estágio da Muda, posso me tornar poderoso o suficiente para lutar contra pessoas no Estágio do Eu, e tenho absoluta certeza de que você não pode criar provas no nível do Reino da Unidade. Então, vou entrar no seu jogo.
O Céu ficou eufórico ao ouvir isso.
— Mas! — Gravis gritou. — Só com uma condição! Você não vai me forçar a matar ou lutar contra minha própria equipe!
Nenhuma resposta veio.
— Ficar em silêncio não é mais suficiente. Ou você se comunica diretamente comigo agora, ou eu não vou! Você vai prometer que não me colocará contra minha equipe.
Gravis olhou para o céu, esperando uma resposta. O Céu não tinha mais a opção de permanecer em silêncio se quisesse que ele participasse da provação. Mesmo assim, nenhuma resposta veio.
— Ele concorda — a voz do Opositor apareceu na mente de Gravis, surpreendendo-o agradavelmente.
— Como você está me dizendo isso, pai? — Gravis perguntou.
— Ainda é contra as regras se comunicar com cultivadores, e o velho desgraçado está fazendo valer essa regra. Portanto, ele me informou, já que não estou sujeito a essa regra. Afinal, posso falar com você enquanto ele não estiver contra isso. Você não será colocado contra sua equipe. O velho desgraçado e eu garantiremos que este Céu inferior cumpra sua palavra — o Opositor explicou.
Gravis sorriu de coração. — Fico feliz por ouvir sua voz novamente, pai. Só me observe! Vou enfrentar diretamente os esquemas desse Céu inferior e matá-lo depois! — Gravis gritou, motivado.
— Heh, mal posso esperar — disse o Opositor.
Gravis tinha certeza de que ouviu um tom de diversão na voz de seu pai, algo quase inédito para ele. Seu pai sempre foi distante e frio. Ouvir um toque de alegria na voz de seu pai deixou Gravis contente.
Diante de seu pai, Gravis ainda se sentia como uma criança. Todo filho quer deixar seus pais orgulhosos, contanto que ainda exista um laço familiar. Seu pai nunca demonstrou diretamente amor por ele, o que fazia com que parecesse mais um chefe distante do que um pai, mas ele sempre o apoiou em seu caminho desde que permitiu que Gravis cultivasse.
Gravis também compreendia agora por que seu pai era tão contra ele cultivar quando era jovem. Se Gravis não almejasse poder ou liberdade com todo o coração, esse caminho teria terminado apenas em tragédia e arrependimento. Claro, o que ele não sabia naquela época era que seu pai ainda lhe concederia uma força incrível, mesmo que Gravis decidisse não cultivar.
Ele ouviu esses detalhes de Orfeu naquela época. Aparentemente, quando um dos filhos do Opositor não era adequado para o cultivo, o Opositor lhes concedia uma quantidade incrível de poder. Essa pessoa então estaria no mesmo Reino dos novos ascendentes que chegavam ao mundo mais alto. Orfeu chamou esse Reino apenas pelo título e não pelo nome real: o título era Imperador Imortal.
No entanto, como aquele filho não passava pelos Reinos por si mesmo, nunca seria capaz de dar sequer um passo de progresso. Seriam mais fracos do que todos os outros Imperadores Imortais. Se ainda quisessem cultivar, teriam que se refinar em batalhas de vida ou morte contra cultivadores mais fracos por milênios. Isso seria humilhante, frustrante, cansativo e difícil. Mesmo que conseguissem, não teriam forjado seu próprio caminho, tornando ainda mais difícil o progresso.
Somente passando por todos os Reinos passo a passo, com o próprio poder, seria possível progredir de forma constante. O Opositor concedia o cultivo apenas para propósitos de longevidade. Esses filhos ainda estariam sob a proteção do Opositor. Afinal, não precisariam se refinar.
Assim, esses filhos poderiam viver suas vidas em paz, sem perigo. No entanto, nunca teriam verdadeira liberdade, pois ainda dependeriam de seu pai. Além disso, poderiam ser mortos acidentalmente por dois cultivadores muito poderosos lutando nas proximidades. Claro, o Opositor mataria o assassino depois disso, e todos sabiam disso, mas acidentes ainda aconteciam.
Depois que Gravis recebeu a confirmação do Céu inferior, ele saiu de seu quarto e voltou para Joyce. — Vou com você — disse ele.
Joyce sorriu de felicidade ao ouvir isso. — Ótimo! Eu já conversei com meu pai, e ele deu a permissão!
Gravis riu secamente. — Porque ele ouviu toda a conversa. Eu senti o Espírito dele — disse Gravis com um sorriso.
Joyce ficou um pouco vermelha e franziu a testa. — Sim! Fiquei tão brava quando descobri que ele estava ouvindo minha conversa particular! Afinal, não consigo sentir o Espírito dele, já que estou dois Reinos inteiros abaixo dele. Hmph! Se eu tivesse uma Vontade de Unidade, poderia sentir o Espírito dele! — Joyce deu uma pequena demonstração de raiva, batendo o pé no chão. — Grrr! Estou tão frustrada com ele! Já sou adulta, e também sou bastante poderosa! No entanto, ele ainda me vê como seu pequeno tesouro inocente!
Gravis apenas sorriu, sem jeito.
Joyce fez bico e cruzou os braços. — Pelo menos, meu mestre não escutou! Você deveria ter visto o rosto chocado dele quando contei que participaria da guerra de recursos! Ele tentou de tudo para me impedir, e foi preciso meu pai para acalmá-lo. Meu pai queria manter em segredo que ouviu nossa conversa, mas a recusa obstinada do meu mestre em me deixar ir o forçou a confessar. Hmph!
Gravis coçou a cabeça, meio sem jeito. Joyce tinha sido fria e direta antes, mas agora agia como uma garotinha mimada. Se ele não tivesse visto sua força de vontade e convicção anteriormente, acreditaria que ela era apenas uma criança. Talvez essa fosse a maneira dela de se distrair de sua dor.
Os olhos de Joyce se arregalaram ao lembrar algo. — Ah, certo! Precisamos falar sobre os detalhes!
Gravis se animou. — Quais são?
— Primeiro de tudo, você deveria se sentar! Eu ainda não te ofereci chá! — De repente, Joyce se aproximou rapidamente de Gravis e o empurrou para trás. Gravis sabia que aquilo não era um ataque, então deixou acontecer.
Plomp!
Gravis caiu numa cadeira confortável, e uma mesa apareceu à sua frente do nada. Outra cadeira também surgiu do lado oposto da mesa. Joyce se sentou na cadeira e sorriu para Gravis.
— Não tenho certeza se empurrar um visitante para uma cadeira é considerado educado — disse Gravis com uma sobrancelha levantada.
Joyce acenou com a mão, como se não fosse nada. — Para de reclamar! Como foi que você disse? — perguntou Joyce com um sorriso. — Sua autoconfiança é tão frágil que você precisa de gentilezas? Você disse algo assim, certo?
Quando Gravis ouviu isso, riu genuinamente. — Certo, você ganhou. — Então, ele olhou para a mesa e as cadeiras. — Você realmente usa seu Espaço Espiritual para guardar essas coisas inúteis?
Joyce fez bico de novo. — Essas coisas não são inúteis! Eu posso convocá-las sempre que quiser para entreter um convidado. Além disso, você realmente acha que eu levo isso comigo quando saio do meu Clã para me refinar?
Gravis sorriu. — Quem sabe? Talvez você leve.
Joyce zombou. — Ah, cale a boca! Você sabe muito bem que eu não levo. Está só tentando me provocar.
Toc, toc, toc!
— Entre! — Joyce gritou com um tom divertido. Logo depois, uma empregada entrou com chá fresco e algumas xícaras. Primeiro, ela colocou uma das xícaras diante de Gravis e a encheu.
— Obrigado — disse Gravis educadamente.
A empregada fez uma pequena reverência em agradecimento e depois serviu a xícara de Joyce. — Obrigada, Anna.
A empregada fez outra pequena reverência e saiu da sala.
Quando Gravis olhou para o chá, lembrou-se de algo. — A propósito, vocês têm café? — perguntou.
Joyce franziu a testa, confusa. — O que é café?
Gravis suspirou. — Esquece.
Ele estendeu a mão para pegar o chá, mas a xícara flutuou repentinamente em direção a Joyce. — O que é café? Me diga, ou você não vai pegar seu chá!
Gravis sabia que ela estava apenas brincando, mas ele não estava muito acostumado com esse tipo de interação. Não estava mais deslumbrado pela beleza dela, como na primeira vez que se encontraram, mas ainda era inexperiente em conversar com mulheres. — É uma bebida do meu mundo natal. Nunca vi aqui neste mundo inferior. O chá me lembrou disso, então perguntei se vocês tinham.
— Ah, é? Como se faz café? — perguntou ela, interessada.
E assim, a conversa mudou de rumo. Joyce começou a fazer perguntas sobre o café, o que logo se estendeu a perguntas sobre grãos. Depois, foi para como o mundo de Gravis cultivava plantas e culminou numa discussão sobre a sociedade geral de seu mundo natal.
Normalmente, Gravis não se interessava por conversas sobre assuntos triviais, mas, pela primeira vez, ele realmente apreciou a conversa. Talvez fosse o bom chá, ou talvez fosse a atitude genuína de Joyce. Todas as conversas mais longas que Gravis havia tido nesse mundo inferior eram com pessoas sérias, e sempre abordavam apenas temas relevantes para a liderança de uma organização ou sobre cultivação em geral.
Assim, eles conversaram por horas. Gravis não ganhou nada de útil com a conversa, mas, pela primeira vez em muito tempo, foi bom falar sobre coisas comuns. Pela primeira vez em muito tempo, Gravis passou algumas horas sem pensar em seu cultivo.
Para ele, isso foi meio relaxante. Ele estava sob constante pressão desde que chegou a esse mundo inferior. Se não era sobre algum problema imediato, era sobre seu progresso no cultivo. Ele só havia tirado uma pausa nesse período, quando acabou de alcançar o Reino da Formação do Espírito.
Agora, pela primeira vez desde que chegou ao Continente Central, Gravis ‘desperdiçou’ seu tempo sem pensar em cultivo.
Sua vontade era poderosa, e a pressão constante não o afetava tanto, mas ele percebeu que, na verdade, precisava de uma pausa. Algo que não se curva, eventualmente quebra. Gravis logo percebeu que uma fadiga oculta, que ele nunca havia notado, começou a desaparecer à medida que a conversa continuava.
Aparentemente, essa conversa não era apenas ele desperdiçando tempo, mas tirando uma pausa muito necessária.